Volume 1
Capítulo 2: Ele tolerava tudo
“Então…o que eu posso mudar?” Para Si Yehan, esmagá-la seria tão fácil quanto esmagar uma formiga — nada estava fora do seu alcance. Ye Wanwan respirou fundo, forçando o medo a abandonar a mente. “Deve ter algum jeito!”
Ao menos, ela não era mais a mesma adolescente estúpida, cabeça oca e impulsiva de antes.
— Meu deus! Wanwan…
Ao escutar a voz súbita, virou o rosto para a porta do quarto e sua postura ficou tensa. Ali estava um rosto que nunca iria esquecer. Aquela feição bonita, que encantava a todos ao seu redor, pertencia a pessoa que foi sua melhor amiga na vida passada!
— Wanwan! Como o senhor Si pôde fazer isso com você?!
Shen Mengqi correu até ela e, segurando ambas suas mãos, olhou chocada para a bagunça que estava os lençóis e para o corpo coberto de marcas da jovem sentada na cama. Os seus dedos estavam sendo esmagados pelo aperto da recém-chegada. Desta vez, ela não deixou de notar os sentimentos de inveja escondidos detrás da máscara de surpresa da amiga.
— Você está bem? Como está se sentindo? Wanwan, não me assuste assim! — disse de forma ansiosa, pois notando o olhar estranho que recebia, se perguntou se a mulher tinha ficado traumatizada.
— Estou bem. — respondeu, balançando a cabeça para os lados e puxando as mãos de volta.
Na sua vida passada, a razão pela qual ela era atormentada de forma incessante era em parte por causa de Shen Mengqi. As brigas e discussões entre ela e o homem eram frequentes, mas não tinha coragem de contar a ninguém o que acontecia, exceto a sua melhor amiga, a pessoa que mais confiava. Quem diria que Mengqi, na verdade, possuía sentimentos por Si Yehan, e há muito tempo tinha olhos para a posição de “Senhora Si”.
Na superfície, fingia ajudar, mas por trás, seu verdadeiro propósito era se aproximar do homem, e até mesmo tentou separar os dois várias vezes, o que apenas levou Wanwan a sofrer mais nas mãos do Si Yehan.
A jovem estúpida de antes nunca percebeu o quão falsa a amiga era, e até se sentia grata por tê-la como confidente. Agora, olhando o próprio reflexo no espelho, não pôde deixar de abrir um sorriso irônico. Aquele disfarce ridículo também tinha sido ideia da Mengqi, e concordou, porque na sua visão, desde que o demônio ficasse enojado, valia a pena. Só não previa que, não importava o quão ruim fosse sua aparência, Si Yehan toleraria tudo.
— Como você pode estar bem nesse estado? Wanwan, não se preocupe, vou te ajudar! — exclamou, olhando-a com bondade.
“É claro que vai.”, zombou. A Shen Mengqi da sua vida passada também agia dessa forma; generosamente oferecendo ajuda para que escapasse ou pedisse ajuda a outro homem. No final, sua grande amiga a traiu, e ainda disse a Si Yehan que ela tinha voltado com Gu Yueze, o que apenas intensificou as brigas — o temperamento do sujeito se tornou mais imprevisível e irritadiço, e sua possessividade beirava a níveis intoleráveis.
Bater de frente com Si Yehan era cortejar a morte. Por que ela foi tão teimosa antes? Tinha continuado escutando e obedecendo tudo que a enganadora dizia, mesmo isso significando se machucar uma vez atrás da outra.
A família Ye ainda não tinha executado sua vingança; seus pais estavam em casa, vivos e esperando que ela retornasse, e ainda poderia guiar seu irmão mais velho para o caminho certo. Tantas coisas pra mudar. Por essa razão, sua prioridade era apaziguar a raiva de Si Yehan primeiro; não devia fazer mais nada para provocá-lo, ou estaria batalhando contra um inimigo terrível.
— Wanwan, espere por mim! Eu vou voltar por você! — A “amiga", que apenas pensava em si mesma, pronunciou aquelas palavras sem qualquer sinceridade, e então, saiu.
Depois de ficar sozinha, a expressão dócil e frágil de Ye Wanwan foi substituída por uma camada de frieza. As incontáveis tentativas de fazê-la fugir, desta vez, foram em vão. Da última vez, ela foi acusada de ter um caso, porque Shen Mengqi estava decidida a arruinar a sua vida.
“Veremos quem será arruinada agora.”