Volume 2
Prólogo
Eu estava sonhando.
Era um sonho longo e fantástico, quase como um conto de fadas.
A dez mil metros acima da Terra, encontrei uma garota e, pelos três anos seguintes, embarcamos em uma série de aventuras inesquecíveis.
Em Cingapura, jogamos em cassinos, brincamos nas praias e buscamos um tesouro lendário escondido.
Em Nova York, assistíamos a um musical até que terroristas apareceram.
Em Veneza, a Cidade da Água, perseguimos um ladrão fantasma notório em uma dramática perseguição de barco pelos canais.
Atravessamos desertos, desbravamos selvas, cruzamos montanhas, navegamos por oceanos—viajamos pelo mundo inteiro.
Finalmente, em Londres, encontramos um vilão diabólico, cuja base secreta provou ser nosso destino final.
A garota que era minha parceira confrontou o vilão.
Eu observava a cena de trás dela, mas de repente minha visão ficou turva, e minha audição começou a falhar.
Tentei gritar rapidamente, mas não consegui emitir nenhum som.
Isso tem que ser um sonho. Apenas um pesadelo horrível.
Eu sabia disso logicamente, mas não conseguia me livrar do medo.
Enquanto lutava com meus pensamentos, o inimigo ergueu uma enorme lâmina. Ele iria atacar minha parceira, a menos que alguém interviesse.
Gritei seu nome, ou pelo menos tentei, mas minha voz ainda não funcionava.
Quando o desespero tomou conta de mim, minha parceira se virou pela metade na minha direção.
Ela estava dizendo algo. Tentando me dizer alguma coisa.
...Mas eu não conseguia ouvir sua voz.
Desesperado, tentei ler os lábios dela, mas minha visão estava sumindo.
Um momento depois, o sangue tingiu o rosto da garota.
Ela estava morta.
No entanto... Consegui entender uma coisa. Apenas uma. Pouco antes de morrer, minha parceira me olhou com um sorriso solitário.
Esse foi o tipo de sonho que tive.
"Você é o detetive estrela?"
Essa pergunta ridícula foi o que me tirou do sonho.
A sala de aula estava vazia, e o sol estava se pondo lá fora.
Eu devia ter cochilado em algum momento, e alguém teve a gentileza de me acordar. Esfregando os olhos sonolentos, levantei minha cabeça.
Era uma garota do meu ano, mas eu não a reconhecia.
Então, por alguma razão incompreensível, ela me ergueu pela camisa e começou a me ameaçar de formas que eu não entendia muito bem. Minha habilidade de me meter em confusões não havia melhorado.
"Ah, entendi. Sim, claro: você queria que eu te abraçasse, não é?"
Esse não era um pensamento que eu estava tendo, mas ela me puxou contra seu peito mesmo assim.
A maciez parecida com marshmallows e o doce perfume ameaçaram dissolver meu cérebro.
Também consegui ouvir o coração dela.
Tum-tum, tum-tum.
Tum-tum, tum-tum.
O som era tão familiar. Por quê?
Achando aquilo estranho, perguntei o nome da garota.
E ela me disse que era—
"…Hmm?"
Um cheiro doce e uma sensação macia contra minha bochecha me acordaram.
Ah—acordar também fazia parte do sonho.
O quarto estava escuro, e eu mal conseguia distinguir algo. Mas o cheiro e a maciez do sonho estavam definitivamente ali. Então, o que era isso?
“Waaaaaaaaaaaaaaaaaaaagh!”
Houve um grito, e uma dor aguda percorreu minha bochecha. Que injusto…
“—! Por que você fez isso, Natsunagi?”
Eu encarei a garota, assumindo que tinha sido ela quem me deu um tapa.
“O que você estava fazendo?! Não agarre o peito da sua colega de classe assim que acordar! Tenha um pouco de vergonha!”
“Da primeira vez que nos conhecemos, tenho quase certeza de que você me forçou a tocar no seu peito.”
“—! Já te disse, eu não estava no meu estado normal quando fiz aquilo!”
A garota que estava gritando era Nagisa Natsunagi. Ela estava no meu ano no ensino médio e era uma detetive de primeira linha.
Nos conhecemos quando aceitei um certo trabalho. Depois, nos envolvemos em mais alguns casos, e, ao longo do caminho, ela se tornou a detetive, eu o assistente dela, e desenvolvemos uma espécie de amizade da qual nenhum de nós parecia conseguir se livrar. Dito isso, eu não me lembrava de dormir juntos fazer parte do acordo…
“Então, onde estamos?” Natsunagi se virou curiosamente. Estávamos deitados no chão frio de concreto. Ela parecia tão confusa quanto eu.
“…É, onde estamos?”
Eu revirei minha memória, algo que deveria ter feito antes. Por que Natsunagi estava deitada ao meu lado quando acordei? Que horas eram, e onde era esse lugar? O que eu estava fazendo ontem…?
“Uhmm… Vocês dois podem se calar já?”
Senti algo pousar no meu joelho com um leve baque.
“Aquela voz… Saikawa?”
Eu não me lembrava de ter autorizado ninguém a usar meu colo como travesseiro… Mas, de qualquer forma, era definitivamente a voz dela.
Yui Saikawa era a maior idol do Japão e a primeira cliente que Natsunagi e eu havíamos aceitado. Desde que resolvemos o caso dela, tínhamos nos tornado próximos o suficiente para trocar provocações… Mas…
“Saikawa, por que você está aqui também?”
“Hã? Quer dizer, por que eu estou dormindo com você? É isso que está perguntando?”
“O que há com essa frase sugestiva? …Espera, eu não te trouxe para cá, trouxe?”
“Espera aí, é isso que está acontecendo?” Natsunagi gritou. “Você trouxe Yui aqui, me jogou no chão duro, me amarrou, e depois—!”
“Natsunagi, suas fantasias podem estar afetando sua memória. Você não está amarrada, tudo bem?”
Isso era um desastre. Comecei a achar que descobrir onde estávamos daria mais trabalho do que valeria a pena. Mas então:
“Se vocês vão brincar, acham que podem deixar isso para depois, Kimizuka?”
A voz era fria e irritada, e o tom severo dirigido a mim especificamente me disse instantaneamente quem era.
“Então você está aqui também, hein, Charlie?”
Charlotte Arisaka Anderson. Outra velha conhecida da qual parecia impossível me livrar: uma garota da minha idade com quem trabalhei frequentemente. Após um caso recente, gradualmente fizemos as pazes… mas, claramente, ela não tinha suavizado sua atitude em relação a mim.
“Vocês realmente não se lembram? Estávamos a caminho do túmulo da Chefe quando alguém nos sequestrou e nos trouxe para cá.”
“…!”
Ah, certo. Agora eu me lembrava. Ontem, nós quatro estávamos a caminho do túmulo da minha antiga parceira.
Tudo começou alguns dias antes, quando o cruzeiro que Saikawa estava organizando foi sequestrado. Depois que derrotamos o pseudohumano Camaleão, Charlie e eu nos reconciliamos ao assumir o último desejo de Siesta e prometemos visitar seu túmulo.
Claro, teria sido uma viagem extremamente constrangedora apenas com nós dois, então ontem Natsunagi e Saikawa se juntaram a nós na visita ao túmulo dela… Mas, no caminho, alguém nos atacou e nos trouxe para cá.
"Eu juro, vocês são sempre tão descuidados," Charlie resmungou, cruzando os braços de maneira arrogante (estava escuro demais para realmente vê-la, mas apostaria qualquer coisa que foi isso que ela fez).
"Ah, e você também foi sequestrada, sabia?"
"Charlie, você também foi sequestrada."
"Você não está na mesma situação que a gente, Charlie?"
"…! Argh, tá bom, desculpa!" A voz estridente de Charlie ecoou pelo quarto escuro.
Não estávamos agindo nem de perto com a preocupação que deveríamos. Nosso sequestrador provavelmente estava se arrependendo de ter perdido tempo com a gente, pensei com um sorriso divertido—
"Ahh…!" Natsunagi levantou a mão para proteger o rosto da luz repentina.
Uma tela na frente da sala se acendeu.
"Celas escuras e telas misteriosas, hein?"
Vários cenários de "jogos de morte" passaram pela minha mente. Por exemplo, em um instante o sequestrador apareceria naquela tela, usando uma máscara, e explicaria um conjunto de regras cruéis.
"Ghk! Primeiro eles nos amarram, e agora o quê? O que mais eles vão fazer…?"
"Natsunagi, você está corando?" perguntei.
"Se bem me lembro, Kimizuka, você não ia ao casamento da sua irmãzinha depois que essa batalha acabasse?" provocou Saikawa.
"Não tenta me amaldiçoar para melhorar suas chances de sobrevivência," retruquei.
"Está tudo bem, Kimizuka," disse Charlie. "Não importa que tipo de jogo de morte seja, com minha inteligência, não teremos problemas."
"Que sorte a nossa!" exclamei. "Charlie acabou de amaldiçoar todo mundo ao mesmo tempo."
"Eu não estava tentando ser engraçada!"
Sério, pelo menos mostrem um pouco de medo. O pobre sequestrador não vai nem saber como fazer uma entrada grandiosa depois disso.
Bem, não importa o que aconteça agora ou quem apareça naquela tela, definitivamente não vou me deixar abalar, pensei. Todos nós estávamos pensando isso.
Por isso, no instante seguinte…
Quando vimos quem apareceu na tela, não conseguimos dizer nada.
"Se esta filmagem está sendo reproduzida, significa que Kimihiko Kimizuka, Nagisa Natsunagi, Yui Saikawa e Charlotte Arisaka Anderson estão todos presentes."
Fazia um ano desde que eu ouvira aquela voz—firme como uma rocha e ainda assim tão calorosa.
"Sie—"
"Chefe!"
"Gweh."
Senti um peso súbito quando Charlie subiu nas minhas costas para ter uma visão melhor da tela.
A garota no vídeo tinha cabelos prateados pálidos e olhos azuis. Era minha antiga parceira, a detetive lendária falecida. Siesta.
Charlie tinha sido aprendiz dela por um tempo, e não conseguia esconder sua excitação ao ver Siesta novamente depois de um ano separadas. Contudo…
"Charlie, isso é uma gravação."
"O quê?!"
Não podíamos deixar emoções fugazes nos enganarem. Precisávamos manter a calma e sermos racionais. Não havia como Siesta estar ali agora. A detetive já estava morta.
"Faz tempo, Charlie, mas sinto muito. Isso é apenas um vídeo; gravei há um ano, prevendo este dia."
Como se Siesta tivesse previsto até mesmo esta pequena interação, ela sorriu suavemente para Charlie.
"Chefe…" Charlie olhou para Siesta através da tela, visivelmente emocionada.
"Desculpa perguntar isso agora, mas poderia sair de cima de mim antes de ter essa conversa?"
Mais uma vez, nós quatro nos viramos para a TV.
"Então ela está…," sussurrou Natsunagi.
"Então essa é a Siesta...," Saikawa murmurou.
Provavelmente era a primeira vez que ela ou Natsunagi viam Siesta.
"Agora, existe uma razão para eu ter reunido vocês aqui," Siesta disse, mais uma vez parecendo saber exatamente o momento de silêncio. "Acho que está na hora de vocês saberem... o que aconteceu comigo, há um ano."
Há um ano—ela estava falando sobre o dia em que morreu? O dia em que foi supostamente morta por Chameleon?
"Chameleon não me matou."
Mais uma vez, parecia que Siesta lia meus pensamentos.
"Não, mas ele disse que—"
Eu tinha certeza de que Chameleon havia dito que a matou. Charlie me lançou um olhar confuso. Ela também tinha ouvido essa informação diretamente de Chameleon, durante a batalha no navio.
"Assistente, quero que você se lembre." Siesta olhou diretamente para mim.
"Há algo que você quer que eu me lembre?" Eu estava esquecendo algo? Esquecendo o quê?
"Também gostaria que o resto de vocês soubessem. Uma vez que saibam—quero que decidam."
No momento seguinte, a tela mudou para uma imagem diferente. Era o interior do avião onde conheci Siesta quatro anos atrás, a dez mil metros de altitude.
"O que é isso...?"
"É um registro de tudo que eu vi até agora. Os três anos que passei com você."
...! Não podia ser. Ela estava planejando nos contar sobre aquele registro, sobre essas memórias, agora? Isso era para me ajudar a lembrar o que ela precisava que eu soubesse?
"Certo, estão prontos? Vamos começar há quatro anos."
Mal Siesta apareceu novamente na tela, ela nos disse: "Quero que assistam até o final. Vocês verão o que aconteceu conosco. A verdade sobre a minha morte. E a minha última luta—"
NOTAS DOS TRADUTORES/ REVISORES:
Jeff: Opa bão pessoal? ehh como podem ver sou o novo tradutor responsável pela obra, espero que curtam a leitura, a equipe tentou organizar as ilustrações e os capítulos com a melhor qualidade possível ;) Venho aq só pedir para entrarem no nosso server do disc para dar uma força, e peguem o cargo de fã para ficarem ligados nos lançamentos, (Quanto mais fãs no cargo, maior é a prioridade na tradução viu.)
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Créditos para os Revisores Nix e Makinohara Shoko_404