Volume 2 – Arco 1

Capítulo 79: Abóboda Celeste

Diego estava correndo atrás dos três valentões para os fazer sofrer. Já tinham se passado dois anos desde que o rapaz tinha começado sua briga com Cleiton, Rubio e Piti, quando eles bateram no rapaz e o esfaquearam simplesmente porque não tinha lhes trazido um item que deveria ter roubado de seu tio, Elizel.

Agora, com 14 anos, estava mais do que satisfeito em, todos os dias em que encontrava o trio, bater neles até os fazer se arrepender por ter nascido.

Perseguindo suas vítimas, Diego virou a esquina aqui e ali, desviou de carros e atravessou sinais, apenas para continuar no encalço dos rapazes. É claro, como Diego tinha muito mais aptidão física graças ao treinamento que fazia no Craveiro, sua escola mágica, o rapaz logo alcançou os rapazes para iniciar a briga.

O primeiro que ele conseguiu pegar foi Rubio, o mais avantajado e com menor aptidão física. Era um jovem gordo, mais velho que Diego, que naquele instante se encontrava com muito medo de apanhar. 

— Vai inventar de me roubar de novo? — perguntou Diego, levantando o punho para começar a socar o rosto de Rubio. — Você vai? Você vai?!

Rubio mal pôde assentir com a cabeça, já que sua cabeça foi arremessada para trás com tanta força que o rapaz caiu no chão como um boneco de pano. Quando aterrissou, o sangue se derramou por todo o seu corpo, formando manchas vermelhas ao seu redor. O cheiro fez o nariz de Diego se contorcer.

— Não! Não me mate! — Rubi implorou enquanto rolava tentando se proteger.

— Você vai aprender uma lição — disse Diego enquanto se aproximava de Rubi, porém Piti chegou para intervir. 

Diego ficou irritado por não conseguir impedir que a menina continuasse a lhe apertar. Estava começando a se aborrecer de verdade. Piti era realmente mais determinada do que ele imaginava, já que a menina estava aguentando o calor que emanava do rapaz.

Não era uma tarefa fácil fazer isso, já que o calor que emanava dele era o seu maior poder: A Fúria. Essa Fúria o tornava fisicamente mais forte, embora perdesse completamente a razão quando usava a habilidade por completo. Outra característica era justamente o calor que emanava de seu corpo. Quando mais irritado, mais quente ficava.

— Desgruda de mim! — gritou o rapaz.

Piti começou a gritar, já que estava queimando sua pele. Diego, irritado, conseguiu puxar o rosto da meninas pelos cabelos e enfiar seu punho no nariz dela, explodindo  muitas espinhas e por conseguinte fazendo sangue e pûs escorrer.

A garota se desgrudou dele, porém o rapaz não teve paz. O terceiro valentão finalmente apareceu: um sujeito pequeno e magro chamado Cleiton, que apesar de ter uma boa aptidão para luta, nem se comparava com as habilidades de Diego. 

Mesmo assim. Diego não se importava em machucar aquelas pessoas. Estava tão frustrado consigo mesmo e com as coisas que aconteceram em casa que queria muito uma distração. Sua distração era incomodar aqueles três garotos.

Ele foi atrás de Cleiton, mas este se moveu rápido, ficando fora do alcance de Diego. Não percebeu de início, mas Cleiton tinha uma faca, dá qual usou para apunhalar o rapaz pelas costas. 

Sua Fúria acabou. Diego, cambaleante graças a dor que sentia, teve de se apoiar em uma parede para não cair no chão. A dor que sentia em suas costas era absurda e queimava. Em pouco segundos se viu cercado pelo trio. Estavam realmente animados.

— Covardes… — falou Diego, cansado. Pensava que uma facada nas costas não se tratava de um ferimento grave. Pensava que já tinha passado por muita coisa pior do que aquilo. Porém, ele não imaginava que aquilo realmente poderia lhe matar se não fosse tratado suficientemente rápido.

Pensando em alguma estratégia para se ver livrar da sua situação incômoda e escapar, quase, ileso, o rapaz teve uma surpresa.

Uma fumaça cinzenta começou a se espalhar pelos pés do rapaz, se expandindo como uma serpente até conseguir formar e subir, formando uma parede entre Diego e os jovens que queriam lhe matar. 

O trio ficou impressionado com o que estavam vendo. Foi aí que a parede de fumaça os abraçou, como se uma mão gigante os estivesse agarrando. Isso fez eles tremerem de medo e saírem correndo em disparada, tossindo e gritando de horror.

— Você realmente deveria me dar mais ouvidos, idiota. — Era uma voz familiar que vinha pela calçada, se aproximando do rapaz.

Assim que Diego olhou, teve o vislumbre de seu tio, Elizel, aparecendo com o cigarro na boca, por onde a fumaça acinzentada saia. Assim que ele segurou o braço do rapaz, a fumaça se dispersou.

Elizel puxou mais fumaça para seus pulmões e soprou nas costas de Diego, onde estava cravado a faca. Aquilo aliviou momentaneamente a dor que o rapaz sentia.

— Vamos cuidar desse ferimento — disse ele, enquanto arrastava o rapaz em direção a um outro beco.

Diego tentava resistir, porém não tinha muito sucesso com isso. Chegou até o beco e ficou de frente para uma parede de tijolos muito manchada e suja. Seu tio fez alguns gestos e então uma força invisível começou a puxar os dois para cima, até em direção ao céu.

Eles pararam quando atravessaram uma nuvem e então ficaram de cara com um castelo apoiado quase que nas nuvens, que tinha um letreiro: ABÓBODA CELESTE.

O queixo de Diego caio no chão, pois nunca tinha visto aquele lugar e nem sabia de sua existência. Eles andaram pela estrutura do local até em direção a entrada. Diego ficou impressionado com o fato de corvos serem os únicos animais parados ali, na nuvem, apenas observando.

E quando as portas da Abóbada Celeste se abriram, permitindo a entrada de Elizel e Diego, o rapaz teve um vislumbre do que parecia, de fato, o céu.

A aparência do lugar era a seguinte: longos corredores cobertos de mármore com paredes brilhantes de várias cores que levavam a diferentes salas ou salas de reuniões com móveis dourados; escadas acarpetadas de pelúcia, que levavam a belas escadarias de vidro que permitem desfrutar de vistas magníficas sobre a cidade, longe da realidade abaixo. 

Os tetos em todos os lugares foram decorados com detalhes, incluindo mosaicos. Em todos os lugares havia música, flores, incensos e perfumes exóticos. Havia também pessoas estranhas andando com roupas extravagantes que não pareciam notar nada além de sua própria importância.

Havia várias crianças brincando sob árvores coloridas dentro de pequenos pátios floridos, onde estátuas de criaturas angelicais sorriam para elas toda vez que passavam.

Diego sentiu-se tonto ao entrar no primeiro corredor, tanto que não sabia mais para onde estava olhando. 

Ele olhou para seus arredores com admiração, imaginando como alguém poderia criar tal beleza. Parecia que seus olhos viam tudo de forma diferente agora que ele estava vendo coisas que estavam escondidas até então, fora do alcance da maioria da humanidade.

Essa nova perspectiva o faria perceber mais do que nunca que já era hora de começar uma nova aventura cheia de diversão e liberdade.

Elizel, que segurava a mão de seu sobrinho, Diego o levou até um lugar onde seu ferimento foi tratado sem demais complicações. O rapaz mal sentiu a dor da faca sendo retirada de seu corpo, estava completamente imerso na decoração do lugar.

Foi quando um homem passou na frente de Diego e o rapaz voltou a realidade. Aquele homem tinha alguma coisa que o intrigava. Olhou com atenção e notou: Aquele homem estava com um colar estranho, de tom alaranjado. Era o mesmo colar que viu em seus sonhos.

Imediatamente Diego foi em direção ao homem.

 


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