Classroom of The Elite Japonesa

Tradução: slag

Revisão: slag


Volume 3

Capítulo 4: O Silencioso Início da Guerra

NO NOSSO QUARTO dia, chegamos a um ponto de virada. Os gritos e reclamações diminuíram, dando lugar ao som de risadas. Junto com o milho que havíamos encontrado, Ike e os outros haviam pescado alguns peixes. Também não havia mais resistência em beber a água do rio. Graças às frutas que nossos colegas encontraram, havíamos economizado mais pontos do que o esperado e estávamos conseguindo avançar nesse teste.

Até então, havíamos gasto um total de cerca de 100 pontos, incluindo contratempos como a aposentadoria de Koenji. Se continuássemos assim, terminaríamos o teste com muitos pontos sobrando. Comparando com o estado em que a Classe D estava antes, os números eram simplesmente fenomenais. Até Yukimura, que no início resistira mais, não tinha reclamações. Cada pessoa estava satisfeita com nossos resultados.

Comecei a sentir uma pontada na cabeça, que latejava. Peguei uma caneta esferográfica, coloquei no bolso junto com o papel dobrado que eu havia guardado antes e saí do acampamento base.

Comecei a entender melhor esse teste. Se fosse para analisar, oitenta por cento dele era defensivo, avaliando se a sua classe conseguia formar relações cooperativas. Portanto, determinei que os vinte por cento restantes do teste eram ofensivos, julgando se você tinha capacidade de explorar e coletar informações.

No entanto, essa proporção de 8:2 não se refletia nos resultados do teste.

Na verdade, esses vinte por cento influenciavam ainda mais o resultado.

Já entendíamos os planos de cada classe. Nesse caso, sabíamos o que tínhamos que fazer: atacar as outras classes. Então, comecei a me mover em direção à área da Classe A. Como a Classe D se baseava em torno do rio, a Classe A provavelmente centralizava suas atividades em torno da caverna.

O verdadeiro atrativo daquele local não era apenas o abrigo contra os elementos; o próprio lugar tinha significado. Enquanto eu vagava pela floresta, ouvi o som distante das ondas do mar. Acelerei o passo e consegui atravessar as árvores em direção à costa.

— Uau… — murmurei. Parei de repente diante da beira de um penhasco.

— Definitivamente vi algo do navio. Estava bem abaixo daqui.

Percebi várias instalações localizadas bem próximas à caverna. Não parecia haver nenhuma rota alternativa, mas, enquanto caminhava pelo penhasco, notei uma escada montada em um ponto cego. Qualquer pessoa teria deixado passar despercebida à primeira vista. Segurei firme na escada. Parecia resistente, então a usei para descer até a base do penhasco.

Pouco depois de descer, encontrei uma pequena cabana. Perto da entrada, vi um dispositivo — prova de que aquele era um ponto estratégico. Quando olhei pela janela, vi equipamentos de pesca. Em outras palavras, ocupar aquele ponto significava que você poderia pescar sem precisar pegar equipamentos emprestados da escola.

Ao verificar se o ponto estava ocupado, vi as palavras "Classe A" exibidas no dispositivo. Parecia que eles ainda tinham quatro horas restantes. Não duvidava que Katsuragi e os outros tivessem vindo até aqui e assumido a área depois de dominar a caverna. Você não saberia da existência do ponto a menos que o tivesse descoberto quando estávamos no barco. Como a pequena cabana ficava bem embaixo do penhasco, não precisava se preocupar com ninguém na área ao redor vendo você.

As ferramentas dentro pareciam nunca ter sido usadas. Havia poeira acumulada sobre elas. Tirei o mapa do bolso e anotei algumas informações sobre a localização da cabana. É claro que só registrei a posição aproximada. Medir com precisão teria levado um tempo absurdo.

Depois de marcar no mapa, refiz o papel e coloquei de volta no bolso. Como não parecia haver mais nada, subi a escada de volta ao penhasco.

— Quando contornamos a ilha, eu vi uma torre ali…

Enquanto observava a área, confiava na memória. Desloquei o olhar para o solo que tinha marcas de passos humanos e continuei pela floresta, seguindo o caminho. Eventualmente, cheguei a um ponto mais alto. Haveria um ponto aqui? — pensei.

Embora fosse possível observar toda a praia subindo pela escada instalada, a instalação não parecia muito útil. Parecia que alguns pontos eram melhores que outros.

Aproximei-me para confirmar os equipamentos na parede da instalação. Diferente do último lugar que verifiquei, este não parecia ocupado. A instalação em si era bastante grande, então, mesmo sendo bem no meio da mata, seria fácil de encontrar. Em outras palavras, não sabia quem estava monitorando a área. O fato de ninguém ocupar a torre mostrava que mantê-la significava o risco de ser observado pelo inimigo.

Katsuragi era um homem cauteloso, dependente de estratégias sólidas e seguras. Ele não cairia em uma armadilha levianamente, nem que fosse uma armadilha tão tentadora e tão próxima. Os arbustos próximos se mexiam, apesar da ausência de vento.

— Então, você não vai ocupar este ponto por mera prudência?

— O que você está fazendo aqui? Este lugar está sendo usado pela Classe A.

Dois caras surgiram dos arbustos como se estivessem esperando alguém cair na armadilha. Eu estava cercado. Um deles foi imediatamente até o terminal para checar o status. Provavelmente verificava se eu havia reivindicado o ponto ou não.

— Quem é você? Nunca vi seu rosto antes.

Ele provavelmente não reconheceria um excluído da Classe D, um autoproclamado tatuzinho que se escondia debaixo de uma pedra. O cara à minha frente brandia um galho de árvore como se fosse uma arma, apontando-o para a minha garganta. Ele estava tentando me ameaçar.

— Sou Ayanokoji, da Classe D.

Claro, imediatamente cedi e falei meu nome.

— Revistem-no. Veja se ele está com algo suspeito.

Eles meteram as mãos nos meus bolsos e até checaram meus tornozelos, como se eu fosse um suspeito cercado pela polícia.

— Isso não é um ato de violência. Entendeu?

Provavelmente só havia uma resposta para essa pergunta: apenas acenar com a cabeça. Eles revistaram meu corpo e pegaram minha caneta esferográfica e o mapa dobrado.

— Para que serve a caneta? E um mapa desenhado à mão?

O mapa tinha um esboço rudimentar da ilha, além das minhas anotações sobre os pontos ocupados.

— Devolvam.

Estendi a mão, mas eles não me entregaram. Acabei apenas agarrando o ar.

— Qual é o seu objetivo? Está agindo sozinho?

Enquanto me bombardeavam com perguntas, permaneci em silêncio. Três segundos, quatro segundos. Limpei a garganta.

— Não posso dizer.

— Entendo. Então você não pode falar sobre alguém da Classe D que está puxando as cordas? A Classe D como um todo está planejando algo? Ou apenas alguns alunos estão tramando?

Eles fizeram uma série de perguntas rápidas, quase como um interrogatório.

— Não posso dizer. Se eu falasse… talvez não pudesse voltar para minha classe.

— Ser um subordinado parece duro, Ayanokoji. Bem, seja como for. Não sei o que lhe pediram para fazer, mas não cause problemas desnecessários. É melhor você ficar quieto no acampamento base.

Eles jogaram a caneta aos meus pés, mas ficaram com o papel. Esses caras não tinham autoridade para dar ordens, mas agiam de forma coercitiva.

— Há mais uma coisa sobre a qual quero falar com você. Se você nos disser a identidade do seu líder, estamos preparados para oferecer uma recompensa generosa. 100.000 ou 200.000 pontos.

— Você está me pedindo para trair minha classe por dinheiro?

— Você é livre para interpretar minhas palavras como quiser, mas fiz a mesma oferta para outras pessoas. Esta oferta é por ordem de chegada. É melhor você se adiantar e nos contar agora mesmo.

A estratégia da Classe A, essencialmente, não tinha riscos. Era um método simples, que poderia ser implementado desde que você possuísse recursos em abundância. Embora a probabilidade de dar certo fosse baixa, não se podia descartar que alguns alunos se deixassem seduzir pelo dinheiro e traíssem seus amigos.

— Desculpe, mas não acredito. Como você pagaria alguém? Não temos celulares aqui, certo?

— É verdade que não podemos fazer isso agora. Se necessário, não nos importamos de redigir um memorando.

Em outras palavras, eles pretendiam assinar um contrato agora e transferir os pontos privados após o teste.

— Um memorando, é? Deixe-me perguntar algo por curiosidade… Você pode me dizer quantos pontos eu receberia se falasse alguma coisa?

— Depende da sua atitude.

— Posso ter alguém confiável para resolver isso? Por exemplo, alguém como Katsuragi. Ou talvez Sa—

No momento em que pronunciei o nome do primeiro, a expressão de um dos garotos mudou.

— Por que você disse Katsuragi?

— Ouvi rumores de que Katsuragi é o representante da Classe A.

— Não me faça rir. Sakayanagi é a representante da Classe A. Não Katsuragi. Pode ir agora.

Pelo que eles disseram, parecia que não tinham mais utilidade para mim. Abriram caminho para eu passar. Parecia que aqueles dois caras eram inimigos de Katsuragi. Se fosse verdade, estariam trabalhando sob as ordens de Sakayanagi? Era Sakayanagi quem liderava, e não Katsuragi? Precisava esclarecer isso.

*

 

Desci até a praia para ver como a Classe C estava se saindo e conferir seu acampamento base. Ontem, o lugar estava cheio de barulho ensurdecedor. Agora parecia uma cidade fantasma.

— Uau, isso é realmente surpreendente! Eu sabia que ele não era normal, mas não percebi até que ponto.

Ouvi vozes atrás de mim, enquanto duas outras pessoas chegavam.

— Você também veio aqui para espioná-los, Ayanokoji?

Eram Ichinose e Kanzaki, da Classe B. Imaginei se eles também tinham vindo para observar a Classe C.

— Estou encarregado de encontrar comida. Estava procurando pela floresta e acabei aqui.

— Mesmo sendo meio-dia, acho perigoso ficar andando sozinho.

Depois do alerta gentil de Ichinose, assenti em concordância. Enquanto os dois se escondiam na sombra, observaram como a Classe C estava. Quanto ao motivo de estarem escondidos, bem, havia uma razão.

— Uau, não há mais ninguém por aqui. É exatamente como você disse, Kanzaki-kun. Parece que a estratégia deles foi se retirar.

Ichinose coçou a bochecha e suspirou desapontada.

— Pensamos que ao menos conseguiríamos descobrir quem era o líder da Classe C. Mas foi em vão? Se todos se retiraram, não encontraremos nenhuma pista.

— A Classe C não tinha usado todos os seus pontos já? Mesmo descobrindo quem é o líder, isso não significa que não sofrerão penalidade?

— Disseram que não veríamos efeitos negativos durante o segundo semestre, então nossos pontos não poderiam cair abaixo de zero.

Ichinose franziu os lábios, entediada. Tudo o que restava do antigo acampamento era um grande espaço vazio. A única coisa que sobrava era a tenda fornecida pela escola. Alguns alunos ainda brincavam na água, mas era só questão de tempo até irem embora.

— Não quero elogiar uma estratégia que gasta todos os pontos, mas é impressionante.

— Não importa como olhe, parece que não vai funcionar. Este teste é sobre acumular pontos para terminar positivo. Ryuen perdeu quando abandonou essa ideia.

Ichinose e Kanzaki olharam tristes para a praia deserta.

— Então, descobrir quem é o líder deles será incrivelmente difícil. É simplesmente impossível. Impossível!

— Acho que seria uma boa ideia levar este teste adiante silenciosamente e seguir um plano sólido.

— É, é. Estratégia sólida é o melhor.

Não sabia se os dois estavam mentindo ou dizendo a verdade, mas não estavam escondendo seus planos de mim de forma alguma. Ichinose e Kanzaki perceberam que espionar a Classe C era inútil. Essa era a oportunidade perfeita. Eu havia planejado, relutantemente, perguntar a Hirata e Kushida sobre Sakayanagi, mas os dois não pareciam bem informados sobre o assunto. Além disso, queria evitar que os alunos da Classe D soubessem sobre meus movimentos tanto quanto possível.

— Só ouvi um pouco sobre isso, mas Katsuragi e Sakayanagi da Classe A têm grupos opostos?

— Dizem que eles realmente não se dão bem. Parece que brigaram intensamente. Por que pergunta?

— Ah, nada. Horikita apenas me deu uma ordem. Disse que, se eu tivesse tempo, deveria descobrir algo. Ela se perguntou se essa seria nossa chance de nos vingar da Classe A. Bem, mesmo que digam que eles brigam intensamente, imagino que vão se unir durante o teste.

— Bem, ao invés de se unirem, acho que Sakayanagi-san está levando o teste de forma tranquila. É por isso que todos pensam que Katsuragi-kun é o líder. Certo?

Ichinose inclinou a cabeça, buscando a opinião de Kanzaki. Quem poderia imaginar que Sakayanagi seria uma ausente?

— Katsuragi é um cara esperto. Mas mesmo que Sakayanagi não esteja por perto, provavelmente não haverá ninguém sob seu comando que ofereça resistência. Eles provavelmente não fariam nada para deliberadamente criar um conflito. Não haveria nenhum mérito nisso.

Se eu aceitasse essa história sem questionar, então os dois caras que encontrei antes estavam agindo exatamente conforme Katsuragi havia instruído.

— É… parece que é verdade. Mas os alunos que trabalham sob Sakayanagi-san não ficariam realmente insatisfeitos? Quero dizer, esses dois são tipos completamente opostos. Imagino que suas opiniões também seriam claramente diferentes.

— Completamente opostos?

— Liberais e conservadores? Ataque e defesa? Perseguir e proteger? Coisas assim. É por isso que eles sempre parecem entrar em conflito. Dá medo pensar na Classe A se esforçando ao máximo nessa situação. Se eles conseguirem se unir, a Classe A realmente mostraria seu verdadeiro poder.

— Entendi. Bem, vou contar à Horikita depois. Ah, droga, ela me disse para investigar sozinho. Ela se atrapalha trabalhando com os outros. Bem… finjam que não ouviram essa última parte. Vai ser complicado se ela ficar brava comigo.

— Haha, não se preocupe, vamos manter segredo. Mas preciso dizer, Horikita tem razão. Supondo que duas pessoas sejam completamente opostas e estejam em conflito, não seria estranho que acabassem se destruindo. Bem, não é como se pudéssemos fazer alguma coisa nesta fase.

Kanzaki conferiu o relógio e sugeriu à Ichinose que voltassem.

— Está na hora de eu procurar comida. Eles vão ficar irritados se eu voltar de mãos vazias.

— Então vamos tomar cuidado para não nos machucar. Por favor, não façam nada imprudente.

Agradeci a Ichinose pela preocupação.

*

 

Voltemos ao período antes do início do nosso teste especial na ilha deserta. Vamos falar sobre a cerimônia de encerramento do primeiro semestre. Eu me sentia eufórico, pois estava saboreando a alegria de poder aproveitar as férias de verão plenamente pela primeira vez na vida. Porém, a Ceifadora apareceu diante de mim, com a foice em mãos, pronta para arrancar minha felicidade.

— Ayanokoji. Preciso falar com você antes de sair. Vá até a sala dos professores — disse Chabashira-sensei imediatamente após o fim da chamada, antes de deixar a sala.

— Por quê? Você fez algo? — perguntou Sudou, pronto para sair com a mochila nas costas.

— Não me lembro de ter feito nada.

— É… você não é bom nem ruim. Vive uma vida comum, chata, estável.

— Por que você soou tão sarcástico?

— Sarcástico? Não foi minha intenção. Pareceu assim?

Que pessoa horrível… Meu coração ferido chorava lágrimas amargas. Ouvi alguém me chamar e supus que fosse Sudou, preocupado por me ter magoado. Ele era um bom cara.

— Oi, Horikita. Hum, bem, já que é férias de verão… você está livre? Talvez possamos sair um pouco.

Sudou era louco por Horikita, minha colega de carteira. Ele não estava nem um pouco preocupado comigo.

— Por quê? — ela perguntou.

— Bem, porque são férias de verão, sabe? Seria uma pena se você não se divertisse. Podemos assistir a filmes ou ir às compras.

— Que estúpido. Não importa nem um pouco que sejam férias de verão. Por que você está me convidando para sair, afinal?

— Por quê? Por que você está sendo tão obtusa?

Sudou coçou a cabeça. Ele não entendia os sentimentos de Horikita, mas então parecia que um interruptor havia sido acionado.

— Bem, é tipo assim, sabe? Certo? Garotos convidam garotas para sair durante as férias…

Embora eu quisesse ver o esforço de Sudou dar resultado com Horikita, Chabashira-sensei havia me chamado. Era melhor resolver as coisas desagradáveis o quanto antes.

— Ei! Para onde você vai? — chamou Sudou, me detendo.

— Para onde você acha? Fui chamada pela professora, então não tenho muita escolha.

— Pode esperar só um pouco? Só um pouquinho?

A expressão dele me incomodou. Ele agarrou meus pulsos com suas mãos grossas e musculosas e não soltou.

— Você vai me assistir em ação. Seja meu braço direito.

— Não diga besteira—

— Tchau.

Enquanto discutíamos, Horikita terminou de se preparar e levantou-se do assento. Saiu da sala sem hesitar. Sudou simplesmente a observou ir embora, completamente pasmo.

— Droga. Acho que foi inútil, afinal. Bem, acho que vou fazer as atividades do clube.

A ausência de Horikita significava que eu não era necessário, então saí. Ao chegar à sala dos professores, vi Chabashira-sensei esperando na porta.

— Entre.

— Não entendo por que me chamou.

— Falaremos lá dentro.

Meu "medidor de depressão iminente" subiu rapidamente, enquanto ela respondia minhas perguntas com respostas tão curtas. Eu esperava que ela tivesse me chamado aqui como uma brincadeira.

— Você pode esperar coisas ruins quando é chamado à sala dos professores, mas, ao contrário do que imagina, é um bom lugar. Não há olhos por toda parte aqui. Muitas coisas são melhor ditas com alguma privacidade.

Percebi que a câmera de segurança, que deveria estar instalada em uma sala como esta, estava ausente.

— Então, sobre o que queria falar? Estou ocupado planejando minhas férias de verão agora.

— Que engraçado. Pensei que você não tivesse amigos.

— Não, não, estava exagerando quando disse isso. Tenho pelo menos alguns amigos.

Embora eu pudesse contar meus amigos em duas mãos, a quantidade não era importante. Ou pelo menos é o que dizem. Além disso, não seria perfeitamente normal passar as férias de verão sozinho?

— Chamei você aqui hoje porque queria contar minha história pessoal.

A história de Chabashira-sensei? Isso estava tomando um rumo bem diferente. Eu não entendia por que ela me chamaria pelo nome e queria contar sua história. Nem estava interessado.

— É algo que não contei a ninguém desde que me tornei professora titular. É bobo, mas, por favor, escute.

— Antes disso, deveríamos tomar um chá? Deve estar com sede — disse eu.

Levantei-me da cadeira de encosto e abri a porta da pequena cozinha. Não havia ninguém lá dentro, certo?

— Não conte essa história para mais ninguém. Se puder fazer isso, por favor, volte para o seu lugar.

— Certo.

Fechei a porta e voltei a sentar com Chabashira-sensei.

— Como pareço para você como professora titular da Classe D?

— Outra pergunta abstrata, vejo. Posso dizer que acho você bonita?

Ela nem mexeu uma sobrancelha quando fiz essa brincadeira. Mas eu podia sentir sua determinação aumentando.

— Hum… Bem, se você não se importa de ser comparada a outros professores, eu diria que você não se importa nem um pouco com o futuro da Classe D, e que é uma professora fria, sem interesse pelos alunos. Essa é minha resposta.

Ela não era tão amigável quanto a professora titular da Classe B, Hoshinomiya-sensei, nem tão disposta a ajudar os alunos como a professora titular da Classe C, Sakagami-sensei.

— Estou errado?

— Não, é como você diz. Não vou negar. Mas a verdade é diferente.

Chabashira-sensei fez uma pausa e olhou para o teto, como se tivesse acabado de se lembrar de algo.

— Eu fui uma vez aluna desta escola. Estava na Classe D, assim como você.

— Devo dizer que é surpreendente. Eu teria pensado que a senhora era mais capaz, Chabashira-sensei.

— Hã… Bem, no meu tempo, a diferença entre classes não era tão extrema. Pode-se dizer que estávamos em uma batalha de quatro lados, não de três. Até nos aproximarmos da formatura, no terceiro semestre do terceiro ano, a diferença entre A e D não chegava nem a 100 pontos. Era uma disputa acirrada, onde até um erro trivial poderia desequilibrar tudo.

Eu não sentia que ela estivesse se gabando. Ao contrário, sua história parecia uma de arrependimento.

— Estou supondo que alguém cometeu um erro trivial, certo?

— Sim. Aconteceu de forma inesperada. A Classe C foi para o inferno por causa do meu erro. No fim, meu objetivo de alcançar a Classe A e meus sonhos foram destruídos.

Senti muita pena dela, mas trazer o passado à tona era realmente incômodo. Se alguma coisa, isso me deixava desconfortável.

— Não estou entendendo. O que isso tem a ver comigo?

— Sinto que sua presença será vital para alcançar a Classe A.

— O que eu devo dizer a isso? Está brincando, né?

Fiquei feliz por ter sido elogiado de forma tão inesperada, mas não sabia como responder.

— Há alguns dias, um certo homem entrou em contato diretamente com a escola. Ele disse: "expulsem Ayanokoji Kiyotaka".

Chabashira-sensei mudou completamente de assunto. Estava chegando ao verdadeiro problema.

— Ele disse para me expulsar? Bem, isso é um absurdo. Não sei quem foi, mas você ignorou o pedido dele e não vai me expulsar. Certo?

— Claro. Não podemos expulsar alguém apenas pelo capricho de terceiros. Enquanto você for aluno desta escola, está protegido pelas regras. No entanto… se você causar algum problema, isso é outra história. Fumar, intimidar, roubar, colar… se causar algum escândalo, a expulsão será inevitável.

— Desculpe, mas não pretendo fazer nada.

— Não tem a ver com suas intenções. Se eu determinar que algo parece ser um problema, isso se tornará realidade.

— Está me ameaçando? — achei sua forma de falar suspeita.

— O acordo é o seguinte, Ayanokoji. Você vai mirar na Classe A por mim. Eu vou acompanhar o quanto puder para protegê-lo. Não acha que soa como uma boa oferta?

Pensei que ela havia mudado muito desde a primeira vez que a encontrei, mas nunca poderia imaginar que ela chantagearia um aluno. Eu ri.

— Posso ir agora? Não vou ouvir mais nada disso.

— Que pena, Ayanokoji. Você será expulso e, mais uma vez, a Classe D não alcançará a Classe A.

Suas palavras e comportamento não eram apenas para efeito. Ela realmente pretendia me pressionar. Estava colocando seus sonhos não realizados sobre os meus ombros.

— Deixe-me perguntar mais uma vez. Você vai mirar na Classe A? Ou será expulso? Você escolhe.

Com a mão esquerda, alcancei por cima da mesa e agarrei a gola de Chabashira-sensei.

— Lembro quando Horikita disse que você a fez se sentir desconfortável. Pergunto-me se ela se sentiu assim. É como entrar na casa de alguém com sapatos.

— Certo. — Chabashira-sensei, que até então se comportava com confiança, riu de forma autodepreciativa. — Surpreendi a mim mesma. Percebo agora que ainda não desisti de alcançar a Classe A.

Seus olhos estavam levemente marejados. Sua habitual indiferença fria havia desaparecido. Quando ela segurou meu braço esquerdo, minha mão ainda presa à sua gola, vi a determinação firme voltar aos seus olhos.

— Eu pensei que você lideraria a Classe D voluntariamente, mas não temos tempo a perder. Você precisa decidir aqui e agora. Vai me ajudar ou não?

Luke, protagonista de Star Wars, originalmente escolheu voltar à fazenda do tio e rejeitar o chamado à aventura. No entanto, ele acabou sendo arrastado para os horrores da guerra. Esse era o seu destino. Pode-se dizer que eu deveria ter levado a história desta mulher com cautela. Eu não sabia quanto dela era verdade.

— Você vai se arrepender de tentar me manipular.

— Relaxe. Minha vida já está cheia de arrependimentos.

Esse foi o evento problemático que iniciou minhas férias de verão. Era algo que eu não gostava de pensar. De qualquer forma, eu não podia perder minha vida escolar atual. Jogar fora sua liberdade para protegê-la… Que ridículo.



 

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