Volume 4

Capítulo 189: Dia dos Heróis - parte 1

Ainda estava no terceiro dia desde que o sol havia brilhado pela última vez. Um grupo de pessoas vagava por onde antes existia uma enorme fenda no solo, a Grande Falha havia sido fechada no momento em que André libertou o Guardião e os deuses.

Agora aquele lugar era uma paisagem normal, com exceção das árvores tombadas, rochas empilhadas e solo irregular. Mas a natureza deveria consertar tudo um dia. Era natural.

Durante a grande dispersão, quando heróis, guerreiros e Pessoas Livres tomaram diferentes rumos, uma das lideranças foi Amanda. Graças a seu poder amplificado desde que achou o artefato sagrado da areia, ela estava muito mais confiante em seu poder.

Além dela, Mirian também estava no grupo, assim como Arlene e Bruno. A sacerdotisa de Água estava muito confusa desde a morte de sua “rival”, Zita. Arlene e Bruno pareciam só querer fugir de todos aqueles problemas, Amanda sabia, eles nunca quiseram nem estar ali.

O medo era visível nos olhos dos outros três, então caberia a Amanda permanecer calma. As pessoas que estavam com eles poderiam perder a confiança e até se voltar contra os heróis se percebessem que estavam com o estado psicológico abalado.

Amanda queria que aquilo acabasse logo também, mas agora tinha mais confiança em si mesma do que nunca. Seu poder estava em outro patamar, e graças ao que aprendeu sobre as propriedades do vidro quando esteve em seu mundo natal, ela sabia que poderia ser uma das mais fortes.

Conhecimento é um tipo de poder. E ela tinha ambos, conhecimento e poder mágico. Isso a fazia pronta para enfrentar praticamente qualquer um...

PRATICAMENTE.

Quase todos.

Mas não aquele em específico.

À sua frente estava um homem de aparência desgastada. Usava uma túnica simples e esfarrapada. Seus cabelos eram longos e castanhos, assim como sua barba. Ele lembrava até André em alguns pontos...

Seria um André do futuro? Não. Aqueles olhos não podiam ser de um humano. Nem mesmo todo o rancor que André guardava poderia passar um sentimento de morte daqueles.

O homem só estava parado à sua frente, mas Amanda sentia a ameaça que vinha em sua direção. Ele nem chegou, apenas apareceu do nada, como se sempre estivesse ali.

Uma sensação bizarra que fazia ele querer desviar os olhos dele. Ao olhar para seus companheiros, percebeu que nenhum deles conseguia encarar a figura. Somente Amanda era capaz de se mover perante uma presença tão esmagadora.

— Então você consegue resistir a mim? — A voz tenebrosa da figura fez algumas das pessoas perderem as forças nas pernas e caírem de joelhos, mas Amanda permaneceu.

— Alguém tão poderoso... — Amanda o encarou mais uma vez — Você não é apenas um deus, tenho quase certeza.

— Ou talvez eu seja o único e verdadeiro deus. — O homem sorriu — O que vocês chamam de deuses são apenas imitações baratas usando frações da minha alma, e eu as quero de volta.

— Mas não temos nenhum deus aqui, então nos deixe ir. — Amanda tentou parecer o mais séria possível, e ainda disfarçar seu medo.

— Não... Você não está me entendendo... — O homem deu um passo em direção a Amanda — O seu poder é uma dessas frações, e eu QUERO ele de volta.

Isso sim era um problema. Ela era a única pessoa ali que conseguia se mover, e havia outros três alvos no grupo. Amanda não podia deixar seu poder ser tomado dessa forma, mas não poderia arriscar a segurança do grupo.

— É possível que eu te dê o que você deseja sem que você me mate? — Amanda sabia que nem tudo poderia ser resolvido com violência — Não gostaria de arriscar minha vida em uma luta perdida, e nem arriscar quem não tem a ver com isso.

O deus original a encarou com um sorriso travesso.

— Você é bem diferente do outro garoto... — Ele comentou, parecendo feliz.

— Se está falando do André, saiba que eu e ele vemos o mundo sob diferentes perspectivas!

— Que coisa boa de ouvir! — O homem bateu palmas, parecia estar se divertindo — Ele foi muito útil para mim, mas agora não passa de um problema. Você é diferente, então pode ser a solução!

No instante que ele terminou a frase, uma rocha do tamanho de um carro o atingiu, lançando fragmentos em várias direções. Amanda foi rápida em criar um muro de vidro em diversas camadas, o que protegeu ela e as outras pessoas do grupo.

Graças à confusão que a rocha causou, as pessoas se libertaram da opressão causada pela presença do Guardião. Bruno conseguiu criar um túnel e mandar as pessoas para dentro, enquanto Arlene rapidamente criou uma dúzia de golens com todo tipo de material que conseguiu achar. De cacos de vidro a galhos de árvores, tudo que estava solto foi usado na construção das criaturas enormes e de aparência humanoides.

Vendo seu vidro sendo utilizado na construção dos golens, Amanda deu a eles um aspecto mais afiado, fazendo que os golens possuíssem “garras” nas mãos e “espinhos” nas costas.

Dos quatro heróis, apenas Mirian estava em desvantagem, já que o local não possuía nenhuma fonte de água. Assim, na hora de preparar a formação de combate, Mirian ficou no centro, Bruno ficou na frente, já que seu poder era, literalmente, destruição.

Amanda ficou do lado direito, e Arlene, do lado esquerdo. Uma poderia proteger e atacar com vidro, e a outra poderia proteger a atacar com os golens. Qualquer detrito que sobrasse do ataque de Bruno e Amanda poderia ser utilizado para a construção de golens por Arlene.

Era uma combinação de poderes quase perfeita.

Até poderiam se sentir confiantes, se o que estivesse bem na sua frente não fosse um ser cuja existência ignorava todos os conceitos humanos. Eles enfrentariam um deus de verdade, uma criatura que deu origem aos trinta e dois deuses.

Não era um bom momento para fazer isso, Amanda sabia. Ela até queria resolver as coisas ser ter que lutar, mesmo que tivesse que abrir mão de seu poder. Mas aquela rocha veio apenas para atrapalhar.

— Não quero tirar a concentração de vocês, — disse Mirian — mas vocês sabem quem poderia ter jogado aquela rocha nele?

Como nenhum dos outros três respondeu, Mirian comentou:

— É... Eu também não faço ideia.

Então eles viram, à sua frente, o homem permanecia intacto. E ao redor dele havia uma barreira translúcida semelhante ao poder que pertencia a Jonas. Diferente de antes, sua expressão estava muito zangada.

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