Volume 1

Capítulo 31: Massacre

Quando André viu Zita tendo seu poder sugado por aquela coisa misteriosa, ele rapidamente compreendeu do que se tratava, mas suas tentativas de ajudar a garota foram em vão. Ninguém conhecia a sensação de perder seu poder melhor do que André, ele sabia a dor que havia suportado, mas no seu caso, ele estava consciente do que estava fazendo.

Zita não teve a oportunidade de escolher, seu poder foi sugado como parte de um experimento para controlar os heróis, e com o resultado positivo, o futuro se tornaria mais nebuloso.

Mas não era com o futuro que André estava preocupado, no momento em que viu a sua pessoa amada em agonia, ele não pensou muito, soltou um dos cristais no chão e pisou em cima, o cristal se transformou em uma névoa negra que foi rapidamente absorvida pela mão direita de André.

Esse era um cristal muito raro, ele tinha a capacidade de armazenar qualquer forma de poder, e André havia preparado 3 imaginando que chegaria a hora em que precisaria usar, só não esperava que fosse tão cedo e sob tais circunstâncias.

Assim que o poder tocou o corpo de André, a porta da sala foi arrobada com muita violência. Enquanto a porta ainda estava no ar, André apressou-se em retirar Zita e a carregou para fora o mais rápido possível, depois ele precisaria gastar todo o resíduo do poder vindo do cristal, o ideal era usar todo o poder antes que este se impregnasse em seu corpo mais uma vez.

Assim que deixou Zita sob os cuidados de pessoas responsáveis, André caminhou em direção aos soldados fortemente armados, que Josiley tinha apenas desarmado. André não teria a mesma piedade que Josiley, e ao mesmo tempo sabia que aquelas pessoas não estavam ali para um piquenique.

1 segundo.

O som estridente de tiros ecoou, mas André, com toda a sua experiência de batalha, mesmo que estivesse com apenas 1% do poder de outrora, permaneceu firme, apenas usou a névoa negra para formar um manto de proteção, que segurou todas as balas que tinham André como endereço certo.

2 segundos.

3 segundos.

Vendo que o resultado foi bem diferente do esperado, os soldados vacilaram por um segundo, tempo suficiente para alguém que já sobreviveu em diversas batalhas agir. André rapidamente comprimiu o manto negro junto com os projéteis em uma esfera, ou como ele costumava chamar aquilo: Bola de Rancor.

4 segundos.

Arremessado em alta velocidade, a esfera de poder e destruição colidiu com cada um dos soldados da Aliança Internacional em um ziguezague frenético, não deixando sobreviventes.

5 segundos.

6 segundos.

Os dois helicópteros que davam apoio aéreo aos soldados, vendo que não estavam em capacidade de competir com um herói que admitiu matar, recuaram, mas antes que a manobra evasiva fosse completada, um flash negro atravessou os dois como se fossem folhas de papel.

7 segundos.

Duas bolas de fogo surgiram dos helicópteros junto a um estrondo ensurdecedor.

8 segundos.

André já estava de costas para as aeronaves que explodiam, caminhando de volta para onde os outros, de boca aberta, se perguntavam o que tinha acontecido. André estava ciente de que a última gota de poder fora gasta no ataque aos helicópteros, assim, não precisava temer aquele poder retornando ao seu corpo tão cedo.

— VOCÊ RECUPEROU SEUS PODERES? — Gritou Léo.

— Não… — André estava sentindo muita dor, depois de tanto tempo, seu corpo não lembrava mais como é ter poder.

— O que aconteceu com a Zita? — Perguntou Josiley — Ela está com o cabelo diferente… e fria!

André, ofegante, contou o que havia acontecido, conforme seu relato detalhado ia sendo descrito, o sentimento de impotência corroeu a alma dos heróis, apenas Shiduu e Valmir não compreendiam a gravidade de situação.

Léo sugeriu ir até Felipe para contar o que tinha acontecido, além de oferecer suporte na empreitada de desligar o portal. Assim que Léo correu para dentro, os demais concordaram em retornar para o helicóptero em que haviam chegado, e esperar o retorno do restante das equipes. Valmir seguiu apontando a sua arma para a nuca de Shiduu, que havia sido revistada e desarmada por Catarina e Mirian.

Para a surpresa geral, ao chegaram em seu transporte aéreo, haviam pessoas os aguardando, estas usavam roupas de executivos, porém, desarmadas. Um homem de terno, com cabelos grisalhos, aparentando cerca de 60 anos, uma mulher de cabelos castanhos, usando um vestido vermelho, que aparentava ter não mais do que 50, e uma loira, usava um terninho executivo, parecia ser bem jovem e sorridente.

— Em nome da Aliança Internacional, nós gostaríamos de nos desculpar sobre o que houve aqui… — Falou a mulher de cabelos castanhos.

— Quem é esse pessoal estranho? — Perguntou Shiduu para Valmir — O senso de modas deles não é muito intimidador…

— São pessoas que mandam… — Explicou Valmir — Eles são muito perigosos…

Vendo que os heróis, Valmir e aquela mulher sob ameaça de uma arma estavam confusos, o homem tomou a palavra.

— Eu sou Getúlio! Um dos conselheiros da AI. Estas são Sônia e Alice, elas também são conselheiras… É realmente uma pena que não tenhamos nos conhecido antes…

— Tou nem ai! — Resmungou Josiley.

— O que fizeram com a Elizabeth? — Mirian gritou quase ao mesmo tempo.

Sônia, a de cabelos castanhos, respirou fundo e disse:

— Não estamos sabendo de nada… Viemos verificar o que estava acontecendo após um pedido de ajuda, e quando chegamos nossos soldados cometeram alguns erros ao atacá-los por engano! Mas esperamos que isso não interfira nas relações positivas entre a AI e os Heróis do Outro Mundo.

Só então os três conselheiros observaram que Zita estava sendo carregada, e os seus cabelos estavam em uma cor diferente, mais natural.

— Não me diga que isso foi o projeto KRIP! — Alice quase gritou, em uma mistura de curiosidade e felicidade.

— Que problema! — Exclamou Getúlio — Logo Elizabeth, que era a mais forte…

Alice, diferente de Getúlio, parecia estar feliz em saber que o equipamento que seria capaz de suprimir os poderes dos heróis estava em funcionamento, Sônia, por sua vez não expressava emoção alguma, e por algum motivo, André não parava de olhar para ela, como o cão prestes a morder alguém.

— Vamos embora! — Disse Sônia de forma ríspida — Entrem no helicóptero, os outros iram depois, a AI mandará uma equipe para levar todos à sede.

O sentimento de perigo percorreu a espinha dos heróis, eles sabiam que não poderiam resistir a uma segunda onda de ataques, mas não poderiam se entregar facilmente. André lançou-se com todo seu corpo sobre Sônia, os dois caíram quase embaixo do helicóptero.

— JOSILEY! — Gritou André — Tira o Valmir e a Shiduu daqui! Leva eles pro outro lado!

Josiley não pensou duas vezes, agarrou Shiduu e Valmir, e correu com os dois em direção ao prédio, entrando direto para os andares inferiores, buscando atravessar para o outro mundo.

No mesmo instante em que os 3 desapareceram, a lâmina fria de uma espada brilhante encostou no pescoço de André, era Alice. A loira estava com uma espada escondida atrás do seu corpo, e não hesitou em usá-la para ameaçar a vida de André.

— Pare… — A voz fraca de Zita pode ser ouvida — Nós não vamos resistir mais… O sol já se pôs… É o fim para todos…

André suspirou, levantou os braços e declarou sua rendição, os demais o acompanharam, todos entraram na aeronave que decolou sem perda de tempo. Enquanto sobrevoavam o prédio arrodeado de corpos e destroços de helicópteros em chamas, puderam ver quando a sede da divisão de pesquisa e desenvolvimento começou a ruir, girando em torno de si mesma, como se estivesse sendo engolida pela terra, uma luz azul encobriu tudo, e no segundo seguinte, apenas um buraco gigante restou no local.

— Que comece a Era do Caos! — Sussurrou André, enquanto assistia tudo aquilo.



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