Volume 1

Capítulo 16: Resultado da Reunião

Após os resultados da reunião do dia anterior, Felipe estava esperançoso pela união dos heróis em prol de salvar o Outro Mundo mais uma vez, e como André tinha conseguido a oitava chave, seria fácil de ir ao outro mundo e voltar. Mas precisavam achar o Cavaleiro de Prata, que, ao que tudo indicava, estava no mesmo mundo que os heróis.

Após terminar as suas obrigações diárias, que eram várias, já que ele era o chefe da Divisão de Inteligência e Segurança Mundial, cabia a Felipe revisar relatórios vindos dos demais países que faziam parte da nova aliança internacional que surgiu após a volta dos heróis, Felipe resolveu consertar os estragos da reunião do dia anterior.

Felipe pensou em conversar com André, no dia anterior ele acabou por deixar seu hóspede muito chateado, ao ponto de gritar algumas verdades difíceis de aceitar, se ainda tivesse seus poderes, André teria acabado machucando alguém ali, ou melhor, era arriscado que a reunião virasse uma batalha sangrenta. Felipe suspirou e saiu em busca de André, só haviam três possibilidades de localização: cozinha, sala de treino e o quarto dele, exatamente nessa ordem.

Na cozinha Felipe encontrou Eduardo, que disse que estava ajudando a preparar a comida desde cedo, mas ainda não tinha visto André, Eduardo se prontificou a ajudar na busca, já que as suas tarefas estavam finalizadas, Felipe aceitou. Na sala de treino, estavam Jonas e Kawã usando alguns aparelhos de musculação.

— Então o Jonas está tentando perder peso! — Pensou Felipe.

Quando perguntados sobre o paradeiro de André, os dois deram a mesma resposta que Eduardo. E também se ofereceram para ajudar na busca. Por mais que Felipe só visse o quarto como possibilidade, se ocorresse a chance de André sair por aí, sem conhecer totalmente o lugar, seria problemático, ele só estava acordado há 4 dias, não deu tempo de conhecer todos os andares.

Assim, os quatro foram em direção ao quarto de André, se ele não estivesse lá, eles se separariam em busca do 33º herói, que não aceitava o título.

— Ele não pode estar lá! — Afirmou Eduardo — André sempre foi de dormir pouco, e já é quase meio dia.

— E também não é de ficar emburrado — Completou Kawã — Em vez de se esconder em um quarto, ele é mais do tipo que avança para cima, apenas aquela leve discussão de ontem não deve ser o suficiente para fazer ele se trancar, e ficar deitado abraçando as pernas em posição fetal…

— Não sei… — Questionou Jonas — Pode ser que agora que ele perdeu seus poderes, as coisas tenham mudado…

— Acho que não! — Disse Felipe, parando em frente à porta do quarto de André — Ele ainda não sorriu uma vez sequer, fala sempre em tom de ódio, e parece estar se contendo para não nos atacar, ainda é o André que eu conheci!

Após terminar de falar, Felipe bateu três vezes na porta, mas nenhum sinal de vida foi notado no quarto. Felipe bateu de novo, dessa vez foram cinco batidas bem mais fortes.

— André, abra essa porta! — Gritou Felipe enquanto esmurrava a porta.

— Acho que ele não está aí — Comentou Jonas — No fim eu estava errado… Eu estou sempre errado!

Jonas, Eduardo e Kawã saíram, ficando apenas Felipe parado de costas para a porta, que abriu lentamente.

— O que foi? — Perguntou André sonolento.

Ao ouvirem a voz de André, os três retornaram.

— Por que não abriu logo? — Reclamou Kawã.

— Eu estava… Ocupado… — Respondeu André, desviando o olhar.

Foi só então que perceberam que André estava enrolado em um lençol da cama, e parecia não estar usando nada por baixo, até mesmo seus braços não estavam enfaixados, deixando à vista a aparência carbonizada e diversas cicatrizes. Felipe forçou a porta para entrar tirando André do caminho, os outros seguiram Felipe, mas até mesmo ele não podia esperar que tivesse outra pessoa no quarto.

— Ei! Ao menos pede licença! — Zita esbravejou— Que falta de educação!

Ela estava deitada na cama de André, com cara de sono e o cabelo bagunçado, coberta com lençóis enquanto suas roupas estavam jogadas pelo chão do quarto.

— O que você está fazendo aqui? — Perguntou Kawã, levemente confuso.

— Estou nadando de costas… Ora! O que parece? — Reclamou Zita em tom alto.

— Parece que vocês dormiram juntos — Respondeu Jonas.

— Não! Não dormimos juntos! — Negou André — Passamos a noite acordados!

— Fazendo o que quê? — Perguntou Kawã.

— Cara… Um homem e uma mulher, a sós em um quarto, roupas no chão… Precisa mesmo que eu desenhe! — Comentou Eduardo para Kawã.

Como a situação estava muito constrangedora, os quatro intrusos saíram do quarto, deixando apenas o recado de que Felipe queria falar com André depois.

. . .

Durante a tarde, André foi ao escritório de Felipe e após conversarem civilizadamente, Felipe pediu desculpas, André também se desculpou pela forma que falou, o que fez todos ficarem em choque. Após amenizada a tensão, eles começaram a conversar sobre coisas menos importantes de forma bem descontraída.

Durante o papo, entre os velhos conhecidos, os heróis tentaram obter informações sobre o relacionamento de André e Zita.

— Desde quando? — Perguntou Eduardo.

— O que? — André parecia não entender.

— Você e Zita… Quanto tempo juntos?

— Das 8 da noite às 11 da manhã… 15 horas!

— Não… Quando vocês começaram a ter um relacionamento?

— Foi há 11 anos! — Jonas se intrometeu.

— Ah! — André pareceu finalmente entender a pergunta.

— Não me diga que o que aconteceu na festa de 1 ano da nossa chegada teve a ver com isso. — Felipe parecia estar juntando peças de um quebra-cabeças.

— Não sei ao certo… — Respondeu André.

— Com toda certeza tem! — Respondeu também Jonas, ao mesmo tempo que André.

André olhou com desprezo para Jonas.

— Não me diga que você ficou com ciúmes da Zita. — Comentou Eduardo.

— Não eu… — Jonas respondeu baixando a cabeça.

— O príncipe Flek! — Concluiu Felipe — Ele sempre desejou a Zita, até propôs um noivado, e Jonas como segundo mais forte respondia diretamente a ele. Agora tudo faz sentido?

— Você sabia? — André perguntou para Felipe.

— Sempre soube, mas não queria me intrometer nos assuntos de vocês. — Felipe respondeu dando de ombros.

Alguns segundos de silêncio se fizeram, ficando meio constrangedor, de novo, parecia que todos estavam tentando entender a situação sem precisar entrar em detalhes de assuntos do passado.

André respirou fundo e começou a mostrar uma expressão mais leve, Jonas parecia ter um peso das costas. A situação estava aparentemente contornada, e prestes a chegarem a um final feliz, foi quando Léo entrou descontrolado na sala de comando.

— Preciso voltar… — Disse Léo recuperando o fôlego — Não posso perder tempo.

— O quê? Para onde? Nova York? — Perguntou Felipe.

— Não! Para o Outro Mundo…

O silêncio novamente tomou conta do ambiente, a tensão podia ser sentida por qualquer um, mesmo que não tivesse poderes.

— Então vamos todos. — Disse André em tom sério — Como fazemos para reunir os outros 24?



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