Volume 1

Capítulo 1: A Última Página do Diário

4.487º dia nesse mundo de merda, são exatamente 12 anos 3 meses e 11 dias. Já não sei se o que vejo é real ou parte das minhas constantes alucinações… Escrever esse diário é a única coisa que mantém minha sanidade mental.

O sol já se põe no horizonte e em alguns minutos não conseguirei ao menos saber para qual direção fica o castelo da senhora Miraa. Com toda certeza não serei capaz de sobreviver novamente ao frio congelante que faz neste deserto a noite.

Depois de tudo que aconteceu, tantas batalhas, tantas mortes, tanto sofrimento, eu sou o último que restou, o único que não conseguiu voltar, um infeliz amaldiçoado com o poder que me permite fazer quase tudo, exceto encontrar o caminho de volta para o meu mundo.

Mas parece que isso está perto do fim. Assim como a 8ª chave, as respostas que encontrei no Templo dos Mortos de alguma forma parecem fazer sentido e condizem com o que minha mestra me contou, não posso perder mais tempo então, não posso me despedir, tenho que usar o que me resta ao meu favor e me livrar dessa maldição.

Além do mais não tenho outra opção, a água acabou fazem três dias, nem lembro a última vez que comi, achei que tinha encontrado o meu fim, mas pode ter sido o meu começo.

As respostas que encontrei me levam a crer que se eu não morrer poderei atravessar o véu que separa os dois mundos, e finalmente depois de mais de 12 anos preso aqui nesse inferno, farei o que nem aqueles que chamam a si mesmos de deuses foram capazes de fazer.

A Era do Caos está chegando, os heróis conseguiram impedir a guerra dos sete reinos, e achando que já tinham cumprido seus deveres sagrados, voltaram para nosso mundo original, mal sabem eles que tudo está apenas começando e somos apenas pequenas engrenagens nessa incrível máquina que é o mundo.

Ainda me lembro do olhar deles ao atravessarem a porta, digo, dos outros, os heróis, os 32 escolhidos, mesmo que estivessem a ponto de morrer, eles sorriam. Essa é uma felicidade que apenas sente quem volta para casa. Então me pergunto: Será que serei capaz de sorrir?

Enfim, se você que está lendo este meu relato souber quem sou eu, acredite, antes que um mortal possa se sentar sobre o Trono de Pedra da Montanha Solitária, eu voltarei e trarei a esse mundo “a resposta para a maior pergunta, ou a pergunta para a maior resposta”.

Deixo este diário que conta os segredos deste mundo, ele não estará seguro no lugar para onde eu vou, use-o com sabedoria, ele contém tudo o que descobri nos meus 12 anos de viagem por esse continente.

Mal posso esperar para ver a cara de idiotas daqueles imbecis que ousaram me deixar para trás. Espero ainda que não seja mais uma alucinação.

Que o sol continue a nascer todos os dias, e seu brilho jamais seja ofuscado.

André Lima, o último dos 33.



Comentários