Volume 1

Capítulo 9: Demônio VS Lobos

 

Após correrem por alguns segundos, Mio e Zethnniyr chegaram no local onde os lobos de Amarek se escondiam: um beco sem saída. Aos olhos de Mio, havia nada de muito diferente no local, só várias caçambas de lixo, algumas tralhas eletrônicas e, claro, nenhum sinal de qualquer ser vivo.

Porém o maou sabia que eles estavam ali, pois podia sentir a reserva mágica das criaturas, como se fosse um cheiro impregnando suas narinas. Além disso, podia sentir a alma furiosa dos lobos, muito provavelmente porque invadiram o território que os pertencia.

Percebendo o perigo que se aproximava, Zeth tocou no ombro de Kawano e proferiu algumas palavras mágicas. Nesse momento, o corpo de Mio foi envolto por uma aura roxa escura e logo desapareceu e, assim, a barreira defensiva foi invocada.

— Vamos entrar nesse beco, eles estão aqui — disse o demônio, com a voz um pouco ofegante.

— Tem certeza? Pra mim parece só um beco qualquer, apesar de que parece que esqueceram de recolher o lixo aqui… — Mio ainda parecia estar em dúvida se aquele lugar era onde estavam os lobos. — Aliás, você está bem? Ficou ofegante do nada.

— Muito provavelmente estão escondidos, por isso, vamos investigar. — Recompondo-se, começou a andar na frente de Mio e continuou: — Como ainda não estou com 100% do meu potencial, usar magias de rank C é desgastante. Ainda mais que minha reserva mágica está abaixo da média.

— Eu sinto muito por te dar esse trabalho…

— Você é minha serva, então é o meu dever protegê-la. — Mio não conseguia ver que tipo de expressão Zethnniyr estava fazendo, só viu um pequeno movimento de encolher os ombros. — Aliás, é melhor você ficar parada nesse canto e fechar os olhos. Você não deve estar acostumada com isso, certo?

— S-Sim… Quando você queimou aquele goblin, foi bem…

— Mio.

Zeth apenas chamou pela garota, o que fez Mio ficar ainda mais preocupada com a situação. Deixando a garota de maria-chiquinha para trás, o demônio colocou as mãos no bolso da calça e deu passos lentos enquanto observava o local.

Assim que estava na metade do caminho, ele parou os passos. Sem qualquer aviso prévio, duas criaturas peludas e com caninos afiados apareceram no ar, cercando o Rei dos Demônios. Os monstros tinham como alvo a parte vital e sensível de qualquer humano: o pescoço.

Zeth, com os olhos fechados, deu um suspiro decepcionado. Assim que levantou as pálpebras, a íris de ambos os olhos brilharam intensamente. Sua alma fervia, pois fazia um tempo que não lutava contra grandes grupos inimigos. O olhar de Zethnniyr abalou ambos os monstros, o que os fizeram vacilar na investida.

Percebendo a brecha que tinha, o demônio desviou dos ataques e agarrou o pescoço dos lobos. A força do aperto era tanta que, se demorasse dois minutos ou menos, as criaturas morreriam asfixiadas. Mas Zethnniyr não queria dar esse privilégio, queria matá-los imediatamente.

Movendo as mãos — que antes estavam no pescoço —, agarrou o crânio dos lobos e se moveu para a parede mais próxima, batendo a cabeça de ambos no concreto, intensamente. A parede, que antes era lisa e sem deformidades, estava com um buraco enorme e manchada de sangue.

Foi tudo muito rápido aos olhos de Mio, ela não conseguia pensar em quantos minutos toda a ação foi realizada por parte de Zethnniyr. 5 minutos? Não, isso é muito. 3 minutos? Menos. Talvez um pouco mais que um minuto? Kawano entendeu naquele momento o aviso prévio de seu mestre.

O interior do estômago de Mio se embrulhou ao ver tal cena e, como recomendado por Zeth, ela decidiu fechar os olhos, confiando no seu amigo.

O Rei dos Demônios, vendo que seus alvos já estavam mortos, os jogou para um canto qualquer. Os corpos dos lobos foram arremessados contra uma caçamba de entulhos, espalhando o lixo em volta. O cheiro de sangue se intensificou no beco. A ira dos lobos selvagens de Amarek aumentou após ver a morte de seus companheiros.

— Droga, minhas mãos agora estão cheias de sangue… Seria mais fácil se eu apenas queimasse esse lugar todo, mas não quero gastar a pouca mana que tenho. — Zeth falava enquanto olhava para as mãos, ambas pintadas de vermelho. Enquanto conversava consigo mesmo, os lobos começaram a aparecer um por um, no total havia 6 deles. — Oh? Então vocês resolveram aparecer, ao contrário daqueles dois? Muito corajosos, eu diria.

Zethnniyr sabia que eles não responderiam verbalmente, ao invés disso, ele recebeu um rosnado furioso de todos os lobos presentes. O demônio aceitou isso como uma resposta a sua pergunta.

— Bem, parece que isso vai ser interessante!

Os monstros de duas patas começaram a cercar Zeth, enquanto analisavam todas as características do oponente e pensavam em um ataque efetivo. O mais velho dos lobos uivou, como sinal para seus companheiros.

Então, um lobo com pelos acinzentados correu em direção ao maou. A agilidade de um lobo selvagem de Amarek era superior a de um lobo comum. Eram tão velozes quanto o felino mais rápido da Terra, o guepardo. 

O alvo eram os braços de Zethnniyr e, dando um impulso, avançou para cima. O demônio sabia qual lugar a criatura iria atacar, então desviaria antecipadamente. Porém, o lobo se esquivou propositalmente. Ele não queria acertar primeiro o braço de Zeth, mas sim enganá-lo.

Colocando suas patas na parede, deu outro impulso, dessa vez mais poderoso e veloz. Em contrapartida, um lobo de pelos curtos avançava com rapidez, aproveitando que Zethnniyr não tinha previsto o plano do companheiro. Ambos os lobos estavam em perfeita sincronia.

O Rei dos Demônios esboçou um pequeno sorriso. Assim que as duas criaturas se aproximaram o bastante, Zethnniyr deu um salto que nenhum humano naquele mundo era capaz de dar. Em seguida, agarrou a cabeça do lobo de pelos acinzentados, fazendo ambos se colidirem.

Um som desagradável invadiu o local assim que as cabeças dos monstros se chocaram. Mio desconfiava que aquilo era o som de algum osso quebrando. Mesmo com os olhos fechados, ela podia sentir o cheiro de sangue que impregnava o local. 

Mais rosnados foram ouvidos. A alcateia se enfureceu ao ver mais dois da família derrotados. Zeth apenas olhou um tanto desinteressado, o que irritou ainda mais os lobos.

— Esse é o máximo que vocês podem fazer? Pensei que podiam fazer melhor. — Terminando de falar, colocou uma das mãos na frente da boca e deu um bocejo, expressando seu tédio. — Bom, eu sou o Maou também, então é esperado.

Enquanto se gabava, os lobos restantes começaram a cercá-lo novamente. Dessa vez, apenas um único lobo correu em direção às costas de Zethnniyr.

Quando o monstro abriu a mandíbula para morder o ombro do adversário, o Maou virou o rosto rapidamente e, assim, olhares foram trocados. O lobo foi surpreendido pelos olhos sedentos do Rei dos Demônios. Era como se olhasse dentro da alma, como um ceifador. 

Sem qualquer hesitação, Zethnniyr puxou a criatura pelo pescoço e desferiu um soco na barriga do alvo. Mais uma vez, um estalo foi ouvido, dessa vez eram costelas sendo quebradas. Sangue saia dos olhos, ouvidos e boca do animal, manchando a roupa do homem de cabelos negros.

Mio não conseguiu se segurar. A vontade de colocar tudo para fora assolou o corpo de Kawano. O cheiro forte de sangue, os rosnados dos lobos, sons de corpos sendo massacrados…

A garota de maria-chiquinha abriu os olhos por um instante, e o cenário que viu foi o suficiente. Não conseguindo se conter, ela levou a mão até a boca e, então, liberou todo o ácido preso em sua garganta.

— Me desculpe, Zeth…

— Mio? O que foi, Mio?!

O gemido de Kawano fez com que Zethnniyr perdesse o foco na batalha, e a sua atenção foi toda para a jovem adulta. Ele ameaçou correr em direção a Mio, mas os lobos não o deixariam escapar. A alcateia aproveitou a distração do maou e os últimos três lobos avançaram.

O demônio não teve tempo de pensar em um contra-ataque, então apenas deu o seu máximo para desviar dos ataques combinados. Assim que recuperou a compostura, ele gritou para Kawano:

— Mio! Aguente mais um pouco, por favor! Feche os olhos e não os abra, não importa o que aconteça!

— C-Certo… Me desculpe… — Depois de limpar o canto da boca com um lenço que estava dentro da mochila, ela fez aquilo que foi ordenado.

— Pare de pedir desculpas, às vezes me irrita — Zethnniyr sussurrou, desejando que a garota não tenha ouvido a reclamação.

O Rei dos Demônios parou seus movimentos, os lobos restantes continuaram a cercá-lo, rosnando e babando. Zeth deu um suspiro e fechou os olhos, concentrando-se. Uma aura roxa envolveu o homem, o que surpreendeu os monstros. Assim que levantou as pálpebras, as íris assumiram uma cor avermelhada, indicando o quão sério estava.

A seriedade fez com que os lobos perceberem com quem realmente estavam lidando. À frente estava o governante de Amarek, o Senhor das Trevas, Lorde Zethnniyr. 

Percebendo que os inimigos vacilaram, o demônio esboçou o típico sorriso diabólico quando se deparava com o medo alheio. Nada o fazia se sentir melhor do que ver o terror que colocava em suas presas.

O demônio analisou o entorno e avistou algumas garrafas de saquê jogadas perto de uma caçamba de lixo, pensando que poderia ser útil. Dando um salto em direção ao seu objetivo, Zethnniyr agarrou uma das garrafas e, com a mão livre, fez um sinal para os lobos avançarem em sinal de deboche.

Os monstros não tinham mais opções: lutar ou recuar. Os três últimos restantes não consideraram fugir depois de verem seus companheiros mortos no chão, então lutariam até o fim.

Dois lobos avançaram e um ficou na retaguarda. Zeth deu uma investida, indo em direção aos monstros. Assim que aproximaram-se o suficiente, ambos os lados prepararam seus respectivos ataques, os lobos prontos para dar uma mordida mortal e Zethnniyr pronto para quebrar a garrafa em seus inimigos.

Para o azar dos caninos, Zethnniyr foi mais rápido do que eles. Uma garrafa foi quebrada bem na mandíbula aberta e a outra havia quebrado na cabeça. 

Ambos os lobos estavam atordoados, os pedaços da garrafa de vidro entraram profundamente na pele, causando um sangramento intenso no local.

Vendo que  não podiam mais lutar por um tempo, o lobo de pelo preto que estava na retaguarda se posicionou na frente dos companheiros. 

— Oh? Acho admirável você proteger os seus companheiros. É uma atitude muito nobre. — Zethnniyr parecia surpreso com a atitude daquele que estava atrás dos outros até então. O sorriso irônico sumiu e deu lugar a uma expressão indiferente. — Acho que já me diverti demais hoje, derrotar seus outros companheiros fez a minha magia voltar.

Novamente a aura roxa envolvia o corpo de Zethnniyr, dessa vez de forma mais intensa. Seus inimigos tremiam com tamanho poder que emanava do demônio, por mais que fosse apenas uma porcentagem de sua magia real. Ele realmente estava sério.

Vendo o choque e o medo de seus oponentes, o maou não conseguiu segurar a risada. Rindo da covardia e do fracasso dos monstros.

— Agora vocês podem descansar em paz em outro mundo...

Estalando os dedos, uma espécie de círculo mágico apareceu no chão onde os lobos estavam. Era como se a gravidade os forçasse a ficarem parados no mesmo lugar, pois não conseguiam mover um músculo sequer. Tudo o que podiam fazer era rosnar em irritação.

Esticando o braço em direção aos lobos e olhando-os com um olhar afiado — com as íris brilhando —, Zethnniyr proclamou:

— Queimem!

E assim, o círculo mágico brilhou fortemente e um fogo de cor roxa saiu do círculo, queimando os corpos dos monstros de maneira intensa e impiedosa. 

As chamas se alastraram por pouco tempo, uns 20 segundos, até cessarem de vez, deixando apenas as cinzas carbonizadas dos lobos.



— Zeth…?

Percebendo que o local estava em silêncio fazia uns minutos, Mio começou a se perguntar o que havia acontecido. Abrindo os olhos lentamente, a primeira coisa que viu foi Zethnniyr bem a sua frente, o que fez a garota levar um susto.

Gah! Por que você não me respondeu?! — Seu corpo recuou um pouco com a surpresa repentina.

— Eu só estava te observando tremendo de medo — disse com um sorriso presunçoso, fazendo com que Mio mostrasse uma irritação em seu rosto. — Não sinto a minha alma ferver quando te vejo com medo igual aos outros, na verdade, eu sinto é pena.

— Por que você tem que me provocar agora? Não deveria perguntar se eu estou bem? Não deveria falar que estava preocupado comigo? Igual nos mangás!

— Isso não teria nenhuma graça, eu prefiro te ver assim. É mais divertido!

— Me pergunto se ter você é alguma espécie de castigo…

— Talvez seja, mas eu acho que não. — Zethnniyr levou as mãos até o bolso da calça e enfiou-as lá dentro. Um pequeno sorriso se formou nos lábios do demônio. — Tenho sorte de ter uma serva como você.

— C-Certo, certo, não vem com esse papinho depois de tudo… — Mio virou o rosto, como se não se importasse com a fala do maou. Apesar da reação, um fio de cabelo que ficava em pé no topo de sua cabeça dizia o contrário, típico ahoge.

— Bem, fiz uma bagunça aqui. Acho que é melhor eu pelo menos empilhar os corpos perto desses latões de lixo.

Pegando os corpos dos lobos um por um, Zeth os levava até uma caçamba de lixo próxima. Por algum motivo, Mio podia ver que ele estava se divertindo com isso.

Crack.

Um som estranho reverberou no local. A garota de maria-chiquinha procurava a fonte do som com atenção. Zethnniyr parecia não ter ouvido o barulho e continuou empilhando os corpos.

Um sentimento estranho invadiu a mente de Kawano, como um alerta de perigo. Segurando a mochila e a abrindo vagarosamente, ela coloca uma das mãos dentro, ainda ligada no entorno.

— Zethnniyr, atrás de você!

— O quê…?!

Um vulto se aproximou rapidamente do Maou, visando atacá-lo. Sem nem pensar duas vezes, Mio tirou um objeto redondo de dentro da mochila e o arremessou com toda a força que tinha. O arremesso não foi perfeito, pois o objeto caiu no chão próximo ao "vulto". Mas esse era o objetivo da garota.

O objeto se abriu e uma fumaça avermelhada invadiu o local. O cheiro foi forte o suficiente para atordoar o "vulto", e a fumaça fez com que a criatura tivesse pouca visibilidade.

— Zeth, por aqui! E tampe o seu nariz!

— Não precisa me falar!

O demônio saiu do lugar onde estava e se aproximou de Kawano, ficando na frente dela e em posição de combate. Ambos esperaram a névoa abaixar para poderem ver o que se escondia atrás dela. Assim que a fumaça cessou, revelou-se aquilo que tentou atacar Zethnniyr. 

Pelos curtos e azul-claros, quatro patas, orelhas pontiagudas, focinho pequeno e um corpo em desenvolvimento. Não era nada menos que um lobo de Amarek.

— Um lobo… espera, um filhote de lobo de Amarek? — disse o demônio bastante surpreso com a revelação. — Eu não senti mais nenhuma presença mágica.

— Ele parece um filhote… — Mio o olhava com atenção, reparando em todas as suas características. — Talvez ele estivesse escondido enquanto os outros lobos lutavam?

— Por ser um filhote, ele não tem muita experiência de batalha, além de sua magia ainda estar em desenvolvimento — respondeu a pergunta, então acrescentou: — Por isso não senti a presença dele.

— Então provavelmente aqueles eram seus pais…

O filhote de lobo Amarek estava atordoado com a bomba de pimenta, contorcendo-se por conta do cheiro forte. Mio observava a pequena criatura e não conseguia evitar de sentir pena. Por mais que a alcateia estivesse causando problemas para a província assim como os outros monstros, doía pensar que seus pais foram mortos.

Assim que se recuperou, o pequeno lobo voltou seu olhar para Zethnniyr, transbordando irritação. O demônio não teve nenhuma reação em seu rosto perante a isso, apenas se aproximou lentamente da criatura.

Vendo o que estava prestes a acontecer, Kawano deu um passo à frente e segurou a bainha da camisa de Zeth, fazendo-o parar. Por algum motivo, ele não virou o rosto para encarar Mio.

— Espere, Zeth! Sabe, talvez… — Mio queria falar, mas não conseguia transmitir seus verdadeiros sentimentos. Com a voz trêmula, novamente tentou falar: — Você não precisa… Quer dizer, ele…

— Eu sei.

? O que você…

— Não precisa me dizer, sei como você está se sentindo. — Zethnniyr continuava encarando o pequeno lobo.

Mio afrouxou o aperto até retirar totalmente a mão da camisa do demônio, ainda confusa e preocupada com o que aconteceria a seguir. 

O Rei dos Demônios voltou a andar em direção ao filhote e, estando a sete pés de distância, agachou-se. O lobo estava confuso com a ação do homem, mas continuava alerta caso fizesse algum movimento perigoso.

— Lobos de Amarek seguem aqueles que são mais fortes em suas alcateias e respeitam os oponentes de outras espécies — começou Zeth, sem vacilar o olhar. — Sua família lutou muito bem, continuaram até o final pelo o que achavam certo. Infelizmente para você, eu fui o vitorioso.

— Zeth, você não precisa falar assim…!

— Então. — Ignorando a reclamação de Kawano, ele a interrompeu, não se importando com o que sua amiga sentia em relação ao que havia sido dito. — Você tem duas opções: viva e me reconheça como o mais forte, ou morra aqui assim como os seus familiares.

— Zeth…!

O demônio esboçava uma expressão de seriedade do início ao fim, algo que Mio achava diferente por ele ser brincalhão na maior parte do tempo. Enquanto a garota de maria-chiquinha estava surpresa, o filhote estava um tanto pensativo quanto a proposta do Maou.

O lobo de pelos azul-claros se aproximou de Zethnniyr e lançou um olhar determinado para o mesmo. Um silêncio se instaurou no local, Mio não entendia muito bem o que estava acontecendo, mas acreditava que ambos não precisavam de palavras para se entenderem.

— Eu vou aceitar isso como um sim. — Pela primeira vez desde que chegaram no esconderijo, Zethnniyr sorriu genuinamente. 

— Isso quer dizer que ele vai ficar com a gente?! — Mio não conseguia esconder sua felicidade e alívio, estava claro em seu rosto e voz.

— Sim, eu vou ser o “lobo alfa” para ele, ou o líder como chamam por aqui. — Levantou-se e estendeu a mão em direção ao filhote. — Venha, eu te reconheço como digno de estar ao lado do Rei dos Demônios!

O lobinho tinha um olhar sério e avançou na mão de Zeth, sem qualquer aviso prévio, mordeu a mão do demônio. Zethnniyr deu um grito, surpreso pela ação da criatura.

— Seu maldito…! Você não iria me respeitar? Você tem sorte de que eu sou imune a veneno!

Soltando a mão do Maou, o filhote deu uma pequena corrida até Mio e subiu nas costas dela, descansando em um dos ombros. O lobo até esfregou a cabeça na bochecha de Kawano. Claro, a jovem mulher não evitou e deu um sorriso de orelha a orelha.

Ownnn, que bonitinho! Acho que ele gostou de mim, Zeth!

— Você vai mesmo ignorar o fato de que ele me mordeu?! 

— Você é muito fofinho, né? Coisinha linda da Mio! Estou feliz que você tenha escolhido ficar com a gente! — Levou uma das mãos até o focinho do lobinho e o acariciou.

— Ei, Mio! Você está me ouvindo? Mio!

— Vamos para casa, Zeth. Nós precisamos cuidar dele e dar um nome! Ah, comprar brinquedinhos e uma cama também é importante!

Ignorando completamente o chamado de Zethnniyr, Mio começou a andar na frente, saindo do beco enquanto enchia o pequeno lobo de elogios. O Rei dos Demônios nunca pensou que seria tão facilmente ignorado pela sua serva. Esse fato só o fez questionar se foi uma boa ideia ter deixado o filhote vivo.

“Criaturinha maldita!”











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