Volume 2
Capítulo 175: Película de Poder. A Primeira Transcendência.
Naquela sala a repleta de lanternas laranjas onde Qin Xa passaria pela prova de Han Lining, a garota permanecia de pálpebras fechadas, em um sono leve. Porém, já era possível ver os movimentos de seus olhos. Ela estava acordando.
Na sua frente, Han Lining observou isso enquanto soprava o instrumento. A melodia ainda era bela e suave, mesmo depois de todo o tempo que passou dela sentada na mesma posição.
Han Lining se alegrou, sentindo nas ondas mentais de Qin Xa ela se libertar de seus grilhões emocionais. Sim! Essa garota realmente era boa para o Dao do Entretenimento!
Enquanto pensava em como seus discípulos tratariam a nova irmã que os fez esperar tanto, subitamente, do corpo de Qin Xa, uma película semitransparente explodiu e se expandiu numa velocidade arrebatadora!
A força monstruosa da expansão fez Han Lining tomar uma rajada de poder na cara sem conseguir nem mesmo reagir, só ficando atordoada quando aquela coisa se espalhou pelo mundo mais rápido que a luz. Muito mais rápido.
Tão rápido que ela mesma quase não conseguiu acompanhar nem com seu Sentido Astral, nem mesmo entrando na Dimensão Parada!
Em 1 segundo já estava fora da sua percepção. E continuou aumentando sua velocidade.
Han Lining olhou para Qin Xa, abismada. O que foi isso?
*****
Instantes antes, no pátio traseiro do Pavilhão das Flores Sorridentes quase todos os discípulos estavam dispostos embaixo de uma árvore fruteira, brincando entre si, comendo ou fazendo qualquer outra coisa para passar o tempo.
Uma atividade comum quando eles terminavam seus deveres e lições. Pelo menos quando ninguém tinha suas próprias coisas para fazer individualmente.
Encostadas no tronco da árvore, Xue Ran e Xue Song disputavam uma partida num jogo de tabuleiro, enquanto comiam algumas sementes cítricas. E faziam caretas. Essas sementes tinham um gosto muito ruim.
— Irmão Deng, já posso parar de comer essas coisas? — Xue Ran perguntou ao velho, que abaixou o livro que lia e sorriu por trás da barba branca e longa.
— Não. Vocês propõe que eu coma essa coisa e quando perdem querem ficar sem punição? Tch, vocês já foram mais honestas.
— Eu estou comendo! — Xue Song jogou um monte de sementes na boca, tentando esconder a careta de desgosto que estava fazendo. — Eu estou comendo tudo!
— Mas foi você que começou isso. Por que está irritada? — Shi Deng balançou a cabeça e Xue Song fez sua jogada. Xue Ran fez o mesmo, quando sentiu algo cobrir seu corpo inteiro, como um toque fantasma, lhe causando arrepios.
Os outros discípulos pareceram sentir a mesma coisa porque num instante tudo ficou silencioso, com muitos se juntando — apesar de não haver intenções maliciosas, sentir de repente algo tocando seu corpo inteiro era tenebroso.
As duas irmãs se entre olharam, pavor transparecendo em seu olhar, mas Shi Deng quebrou o silêncio com uma tosse suave: — Parece que a nova irmã despertou e isso veio dela. E ela passou no teste.
O grupo encarou o velho, ainda em silêncio, e seus rostos de repente ficaram vermelhos de excitação! Principalmente Ye Ti e Hong Qing que bateram as mãos e gritaram: — Eu sabia!
E quase ninguém — tirando Shi Deng — perceberam o alívio tomar conta das expressões das gêmeas. Elas até mesmo perderam todas as forças quando ouviram as palavras do velho. Que bom que aquilo veio da nova discípula...
*****
Em um dos pontos mais altos do mundo, uma montanha que estava praticamente toda na vertical, como se um bastão se projetasse da terra e tentasse tocar o céu, um homem velho se encontrava sentado sobre uma pedra.
E ele cantarolava.
Ao seu lado, uma pequena árvore de folhas amarelas balançava seus galhos com a força do vento. Fora do cume da montanha, uma tempestade ocorria, com raios explodindo a todo instante, cada um com mais de 5 quilômetros de grossura.
Alguns viraram em direção do velho, mas assim que chegavam a alguns quilômetros dele, os mesmos se desvanesciam no ar, e voltavam para o interior das nuvens negras.
A montanha estava deslocada com o restante do mundo, e aquele velho sequer notou o movimento do raio.
Ele apenas cantarolou. Estava contente com algo.
Foi então que um pulso de poder atravessou toda a tempestade de raios, muito mais rápido que os raios, e cruzou o corpo do velho sem deixar nem mesmo uma parte para trás. Seu canto parou.
"O Dao Primordial foi tocado. Quem fez isso? Hmmm... Não vem de lugar nenhum, vem de todas as direções e está em todos os lugares."
Os olhos do velho se abriram, revelando pupilas repletas de raios, estrelas em colapso e uma sabedoria infindável. As estrelas que explodiam em seu olhar recuperaram sua glória resplandecente, os raios transformaram-se em flores e a sabedoria foi substituída por um toque de travessura.
1 segundo depois, fechou os olhos. Atrás de suas costas uma cauda felpuda balançava de um lado para o outro.
E o velho cantarolou.
Estava contente. Ganhou uma pequena iluminação depois de muito tempo. Que coisa rara.
*****
Dourado e reluzente, os pilares que sustentavam um palácio colossal faziam questão de deixar a luz cobrir cada canto daquele imenso lugar.
A arquitetura era simples. Uma grande construção retangular, de 9 andares, com 55 pilares nas laterais, e 25 na frente e atrás. O teto, feito de um material diferente do ouro que cobria os pilares. Era uma joia verde esmeral, fosca.
Estava localizado numa ilha flutuante, que tinha uma cachoeira na lateral para deixar a água despencar para baixo, criando arco-íris nas nuvens.
Outras ilhas vizinhas fervilhavam com os movimentos dos inúmeros discípulos e discípulas que treinavam arduamente sob o sol escaldante.
Quando a onda de poder que emanou de Qin Xa passou por eles, nenhum teve qualquer reação. Sequer perceberam ela. Mesmo aqueles que detinham um poder avassalador.
Mas houve alguém que sentiu.
No andar mais alto do palácio luxuoso, uma mulher se encontrava sob os corpos de 2 homens — estavam cobertos de suor e outras coisas. Sejam elixires para aumentar suas energias, seu vigor, e até mesmo seu tesão, ou a urina e o sêmen que fazia o local ficar impregnado com o cheiro.
O prazer presente em suas expressões luxuriosas não poderia ser descrito com palavras, principalmente nos homens. Ao lado da cama onde o ato ocorria, mais de 20 outras mulheres presenciavam tudo com olhares baixos.
Foi então que aconteceu...
No meio do ato, a mulher sobre a cama repentinamente sentiu uma onda de poder violenta ao extremo passar por seu corpo inteiro. E todo o seu mundo congelou. Escureceu.
Para ela o que veio não foi o prazer do sexo que estava ocorrendo, mas uma intenção assassina tão poderosa e violenta que no mesmo instante que ela percebeu a coisa...
Inúmeros pares de olhos, vermelhos e chorando sangue, apareceu no mundo inteiro. O som de passos preencheu seus ouvidos e o choro de bebês — o choro de bebês que estavam sendo rasgados e mutilados — ecoou junto aos passos.
A mulher estremeceu, vendo seu corpo definhar e se tornar uma massa disforme e contorcida de carne, coberta de pus e bichos. Moscas varejeiras rondaram seu corpo todo, se é que poderia chamar assim, e devoraram sua carne.
Aqueles inúmeros olhos então se fecharam, o sangue que escorria formou uma frase — um conceito — no ar. Na sua mente. Na sua alma. Na sua existência.
"EU TE PERDOO."
E o mundo voltou ao normal.
Quebrando todo o fluxo de Qi da sua técnica sexual, e fazendo seu sangue inteiro explodir de dentro para fora, aquela onda de poder rasgou a vagina da mulher de baixo para cima, abrindo sua barriga, arrancando seus peitos e explodindo seu coração.
Subiu dilacerando sua garganta e partindo sua mandíbula.
Estourou seus olhos.
— AAAAAAAAAAAAH!
Berrou, se regenerando, vomitando e mijando sangue como uma cachoeira, enquanto se encolhia contra o próprio corpo — a dor lancinante que lhe cobria desapareceu assim que a película de energia passou, e a regeneração da mulher fez com que absolutamente todos os seus ferimentos desaparecessem!
— O QUE FOI ISSO!?
Sua explosão de fúria mandou os dois homens — já horrorizados e tremendo — contra a parede, explodindo suas cabeças e fazendo seus miolos sujarem as tapeçarias!
As 20 mulheres instantaneamente pegaram utensílios de limpeza, mais pálidas que as nuvens que rondavam a ilha flutuante. Mas com um mover de mão da que estava sobre a cama, as cabeças delas foram separadas do corpo. A rajada de energia bateu na parede...
BOOOOM!
E destruiu metade do palácio!
A expressão da mulher — coberta de sangue, enraivecida — endureceu, sua respiração irregular, e seu Sentido Astral explodiu com todo o poder, buscando aquela onda de poder assustadora.
Mas aquela coisa desapareceu do mundo. Porém, ela sentiu algo.
O sangue que lhe cobria inteira se moveu, formando centenas de frases iguais pelo chão e pela parede.
"EU TE PERDOO."
A mulher mordeu os dentes, uma fúria borbulhante nascendo em seu âmago. Com certeza queria achar o responsável por isso e fazê-lo se arrepender até do dia em que nasceu.
Saltou da cama deixando a sujeira para trás, criando roupas com Qi. Quando se vestiu e deu um passo, percebeu sua vagina sangrar tanto que escorreu pelas coxas. E sangue formou a mesma frase bem na sua frente.
"EU TE PERDOO."
*****
A película de energia viajou por todo o mundo, em todas as direções. Despertando existências lendárias e seres medíocres de seus descansos.
Parecia completamente indiferente a presença de qualquer que fosse a barreira ou impedimento que havia em seu caminho, continuado a se expandir mesmo nos lugares mais estranhos e distorcidos.
Em menos de meia hora, todas as criaturas que desdenhavam do mundo sentiram seus sangue formigar, pelo menos aqueles que tinham sangue, e os que tinham outra coisa no lugar foram tomados por uma empolgação, ou medo, descomunal.
Mas a energia não parou apenas nesse mundo. Sem diminuir em nada sua potência, pelo contrário — somente ficou mais rápida quanto mais distância percorria — a película se espalhou para fora do planeta, do sistema estelar, momentos depois para longe das Bolhas de Origem e além.
Muito além.
*****
Nos confins de tudo o que existe e deixa de existir. No início de tudo. No fim de tudo. No meio do nada.
Um sorriso surgiu nos lábios de um homem e uma mulher. Se é que essas palavras poderiam chegar perto de descrever suas posições. Porém, preferiam assumir a simplicidade do que era fútil.
Era 1 homem. Era 1 mulher.
— Parece que chegou a hora. — a mulher disse suspirando, seus olhos contemplando a infinitude do que não deveria ser visto.
— Tem certeza que precisa fazer isso? — indagou o homem.
— Ela precisa disso. Não podemos deixar que faça tudo o que quer e você sabe disso perfeitamente.
— Se você sabe o que está fazendo, tudo bem então. Ela vai se irritar.
— Já passei por coisas muito piores. — com uma risadinha, a realidade se fragmentou perante os dedos da mulher, deformou-se de tal maneira que sequer poderia ter tido uma forma diferente em momento algum, e passou a ser uma lâmina.
A mulher fez um corte no vazio.
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