Volume 2
Capítulo 152: Pedir Desculpas
Chegando ao local onde a sacola ficava, Ranyu Sheng avistou uma de suas companheiras de viagem.
Pele negra que brilhava ao sol, cabelos longos e lisos, feito tranças, várias delas, sobre suas grandes asas negras, muito parecidas com asas de borboletas. Eram asas quase do tamanho do seu corpo, e que tinham um tom de preto tão intenso que causava um contraste bonito com a pele dela.
— Hmm? Você também veio trazer algo? — perguntou ela, largando a sacola.
Ranyu Sheng sabia que ela era uma das pessoas que veio junto com ele, mas não fazia ideia de qual era o nome da garota. Ela também não lhe causou nenhuma grande impressão, tirando a de quê: por ela ter asas lhe causava uma certa inveja.
— Sim, já não dá para caçar mais com essa quantidade sendo arrastada por aí…— ele disse isso enquanto chegava mais perto da bolsa.
— Você caçou bastante nesse pouco tempo, que tal a gente se juntar para caçarmos juntos? — sua pergunta inocente saiu um pouco tímida, Ranyu Sheng podia ver claramente que havia alguns hematomas e queimaduras no corpo da garota.
Ela, assim como ele, deve ter sofrido bastante na sua caçada.
— Por que quer se juntar comigo? Pensei que todos estavam ressentidos comigo por ter deixado o humor de Fei Ling daquele jeito.
Em um mundo onde a morte podia estar embaixo de uma planta, as crianças tinha uma maturidade emocional muito desenvolvida, então Sheng estava bem ciente de que essas pessoas não eram muito favoráveis com ele. Essa garota não deveria ser muito diferente, já que eles sequer chegaram a trocar palavras.
— É verdade que eu estava brava com você por ter se atrasado antes, mas esses Patos de Fogo Perpétuo são fortes demais para eu lidar sozinha... Eu não tenho muito poder bruto, minha força está na minha velocidade de vôo, mas eles também podem voar e são rápidos. Alguns até mais rápidos do que eu... Então...
Ranyu Sheng entendeu, sem muita dificuldade, o que a garota queria dizer. Mesmo quando ela claramente não queria falar. Ele empurrou o último pato na bolsa.
— E por você ser fraca, agora quer a ajuda da pessoa que estava odiando até poucas horas atrás? Você não deveria pelo menos pedir desculpas antes de qualquer coisa?
Ranyu Sheng disse friamente, relembrando o olhar de seus companheiros. Não iria se ressentir daquilo, mas era curioso ver a atitude da moça em falar com ele como se não fosse nada.
No que ele disse isso, com frieza, o rosto negro da garota se fechou, seus lábios se apertando, com ela soltando um bufo. Fosse de raiva ou vergonha, ele não sabia.
— Se você não vai aceitar meu pedido, que seja! — a garota bateu o pé no chão e voou por cima de algumas árvores de folhas azuis que ficavam perto do lago.
Ranyu Sheng olhou para isso e ficou atordoado. "Por que ela está brava? Eu só disse a verdade."
Maturidade não é sinônimo de inteligência.
Ranyu Sheng balançou a cabeça e quis pôr a bolsa onde estava antes. Mas ele não pôde deixar de olhar dentro para ver a quantidade de Patos de Fogo Perpétuo que já foi colocado.
— Mas… como? — ele não pôde acreditar no que viu, já havia mais de 100 patos, pelas contas dele.
Mas havia algo que o incomodava mais. "Não está nem perto de ficar meia..."
Mesmo com essa quantidade, ainda faltava muito para encher a bolsa. Parece que as contas que eles fizeram estavam erradas e não seria necessário apenas 2000 patos para encher a bolsa. Talvez 3 mil ou 3500 fosse o certo…
…
Ranyu Sheng continuou sua caçada. Dessa vez com muito mais cuidado ao andar perto da beirada do lago.
Ranyu Sheng, resignado, voltou para sua caçada. Agora muito mais cuidadoso do que antes, e muito mais amedrontado também. Assim que esquecia sua última experiência, o menor movimento na superfície fazia a imagem horrenda daquela massa de escamas aparecer na sua mente.
Seu coração acelerava cada vez que isso ocorria, e foram longos minutos querendo não se ver sendo mastigado e engolido. Conseguia facilmente se imaginar sendo triturado por aqueles dentes macabros...
Podia até jurar que os passos da criatura soavam nas suas costas quando baixava a guarda.
Quase morrer na boca de uma criatura aterrorizante se tornou um trauma para ele, não que ele soubesse disso em primeiro lugar, ainda.
Mas algo lhe dizia para não deixar o medo controlar suas ações… A vontade de querer se afastar da beirada do lago aos poucos foi suprimida.
Depois de um tempo ele viu um dos patos, lá longe no lago. Seu primeiro pensamento quando ele olhou para isso foi: — Eu não vou entrar lá nem morto!
Vasculhou o chão com as vistas, procurando algo que coubesse bem na mão. Algo que pudesse ser bem aproveitado para estourar a cabeça de um dos patos… mas assim que avistou a coisa, o farfalhar incomum de folhas caiu em seus ouvidos.
Não virou o rosto, esperando… e quando não ouviu mais nada, sem hesitação ou pressa pegou uma pedra vermelha… essa encaixou bem em seus 5 dedos. Seu peso era ótimo também.
Olhando para o lago, ele levantou a mão, na altura do pescoço, contraindo todos os músculos... E virou seu corpo em um ângulo estranho, mandando a pedra em direção de uma árvore que estava atrás dele com uma potência absurdamente alta.
Bah!
A pedra voou e bateu mole, causando um som agradável, exatamente onde Sheng mirou. Um grito agudo rugiu da árvore e algo grande caiu de lá de cima.
Ranyu Sheng franziu a testa, preparado para lutar contra o que quer que fosse e que estivesse olhando para ele. Cerrando os punhos um brilho surgiu nos seus braços.
Seja o que for, se for inimigo… vai morrer!
*****
Pei Chuyan bateu o pé contra o chão e decolou para longe do garoto com quem estava conversando. "Quem ele pensa que é para dizer que eu sou fraca? Só porque eu pedi para nos juntarmos na caçada não quer dizer que eu sou fraca!"
Depois de voar por alguns poucos minutos, avistou um dos alvos nadando calmamente sobre aquelas águas claras. Suspirou, preparando seu corpo e mente para a batalha que estava prestes a ocorrer.
Bateu asas em direção do Pato de Fogo Perpétuo, com sua velocidade máxima. Assim que o Pato de Fogo Perpétuo percebeu que algo estava vindo em sua direção, mergulhou e suas penas incendiaram, transformando-se numa ilógica bola de fogo que queimava embaixo d'água.
Estalou a língua, parou seu vôo, vendo a criatura vaporizar a água e partir contra sua pessoa. Mais uma vez sua vantagem em vôo foi combatida…
"Por que os sentidos deles são tão bons? Além disso, por que a primeira coisa que fazem é atacar seu atacante? Eles não sabem reconhecer o cultivo dos outros? Como essas coisas sobreviveram até hoje?”
Pei Chuyan mudou de direção e com um bater de asas, ela subiu para o alto. O Pato de Fogo Perpétuo não deixou que isso atrapalhasse seu vôo em nada, e a perseguiu como se quisesse arrancar sua alma. Seus gritos eram assustadores.
Vendo a bola de fogo seguindo-a, Pei Chuyan estalou a língua. — Por que vocês têm que ser tão rápidos?
Ela bateu suas asas rapidamente e mudou de direção abruptamente, saindo da rota do Pato de Fogo Perpétuo, que passou reto. Movendo-se igual o vento, se estabilizou no ar, e golpeou com sua palma.
Palma do Lótus Dourado!
Assim que sua palma tocou o pato, ela mordeu os dentes de dor pela queimadura. Mas graças a baixa defesa do seu adversário, ele foi mandado para longe pelo impacto. Centenas de penas caíram sobre o lago, e algumas ficaram presas entre os dedos da garota.
O pato, desesperado, bateu asas se incendiando ainda mais, porém, a garota se aproximou e rompeu seu manto de labaredas, fazendo sua palma estourar contra o peito gordo da Besta. As chamas se apagaram em um instante, e Pei Chuyan segurou o pescoço do bicho e o quebrou.
Creck!
Olhou sua mão e xingou mentalmente. Mais uma vez ela estava ferida sem nem mesmo ter tido uma luta tão violenta. A raça dela tinha uma baixa defesa no início de suas vidas, por isso ela estava ferida apenas por tocar no fogo. De outra forma nunca que chamas da Classe Bronze iriam ferí-la tão gravemente.
— Droga, eu só tenho que pedir desculpas, não é? Mas por que eu faria isso? Eu não fiz nada de errado para ele!
Pei Chuyan não queria aceitar que ela fez algo de errado, mas ela não podia ficar sendo ferida dessa forma também. Ceder um pouco de dignidade, ou arriscar um ferimento grave e eventualmente cair em uma situação fatal?
Mas a ideia de abaixar a cabeça… que deplorável. Realmente deplorável demais, tanto que sua alma doía e seu ódio por certas “coisas” se aprofundava só de pensar nisso! Pei Chuyan não queria abaixar a cabeça para mais ninguém…
Talvez ela tivesse um pouco de culpa por tratá-lo mal, sendo que a mais errada era Fei Ling… mas queimaduras não eram coisas boas para sentir!
Que escolha difícil.
Ela bufou com raiva e disparou de volta por onde veio, procurando Ranyu Sheng. Seus pensamentos eram contra pedir desculpas por algo que não fazia ideia se podia ser considerado uma ofensa.
Desde quando sentir raiva de alguém era uma ofensa? Isso não fazia sentido!
Conforme seguia seu caminho, demorou um pouco até ver uma sombra a distância, andando despreocupadamente como se alí fosse o quintal da sua casa.
Pei Chuyan estalou a língua "Tch!" e estava pronta para falar, mas ela então viu Ranyu Sheng olhar para o lago — ela, claro, fez igual, e na mesma direção viu um dos alvos ao longe.
"Bem, antes de tudo vamos ver a força dele, se ele for mais fraco do que eu pensei, vai ser uma perda me juntar a ele."
A regra sempre foi clara — a força ditava as leis.
Ela viu que Ranyu Sheng foi colocar vários Patos de Fogo Perpétuo na bolsa, mas ela também estranhou ele não estar ferido. Apesar de estar com suas roupas queimadas, ele estava relativamente ileso. E isso era muito estranho! Como que alguém tão esbelto e de pele tão frágil podia ser mais resistente que ela?
Por esse motivo ela estava no seu direito de saber da força de Ranyu Sheng. E se ele tivesse usado algum truque idiota para caçar? Isso seria humilhante para ela, já que cultivadores prezavam pela força, não pelos seus truques!
Tirando os Mestres de Matrizes e Armadilhas. Essas eram pessoas sem vergonha.
Ela bateu asas e pousou em uma árvore a vários metros de onde Ranyu Sheng estava, o mais silenciosamente possível. Por poucos segundos observou o garoto encarar as pedras no chão, e então pegar uma relativamente grande.
"Humph, parece que ele realmente não tem força e se garante apenas com tuques!"
Mas assim que esse pensamento surgiu, viu Ranyu Sheng dobrar seu corpo para trás e jogar a pedra contra ela com tanta força, que ela nem sequer teve tempo para reagir.
Um medo irracional surgiu dentro dela naquele momento.
Só viu a pedra cortar o ar, se transformando num vulto.
A pedra atingiu seu abdômen com tudo, fazendo com que os órgãos internos dela revirassem. Pei Chuyan despencou do galho, em posição fetal, mordendo os dentes e lacrimejando com ódio!
"Por que??!!! FILHO DA PUTA…”
O choque era uma expressão em seu rosto. Também havia um ódio intenso por esse desgraçado maldito. E uma pitada de medo.
E foi assim que o casal se conheceu.
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