Volume 1

Prólogo: Um Fim Desastroso

A noite já havia caído, e murmúrios, ou melhor, conversas abafadas, ecoavam em uma rua estreita, conhecida por sua passagem incomum, fazendo com que as pessoas optassem por contorná-la, movidas pelo medo. Naquele local, cinco figuras se destacavam, junto a manchas vermelhas esparramadas no chão.

— Me deixe aqui e fuja — pedia Gideon, agonizando no solo, sentindo uma dor excruciante. Parte de sua pele parecia queimada.

— Não irei te deixar aqui Gideon, você é meu melhor amigo e meu salvador, lembra? Não posso simplesmente te abandonar! — rebateu Alaric, portando um semblante que misturava o desespero e no fundo a coragem.

A atmosfera tornou-se intensa; o jovem garoto no chão exibia um ferimento aparentemente irreversível. Ao lado deles, uma menina, da mesma idade, trajava roupas outrora belas, agora destroçadas. "O que faço?" ecoava em seus pensamentos. "Como chegamos a essa situação?" O medo se instalava de maneira intensa.

— Eu disse para vocês, garotos, que se tivessem sido bonzinhos e escutado, não estariam nesta situação — falou em um tom de deboche, o primeiro homem.

O segundo homem ficou em silêncio, uma estranha expressão de dúvida era o que pairava sobre seu rosto.

"Se ao menos eu possuísse mais poder!" refletiu Gideon em um tom amargo. 

"Nasci destinado como o escolhido, um fardo imposto desde cedo, e eu o aceitei. Mesmo que nunca tenham realmente se importado com esse título, mesmo que ser o escolhido não signifique nada, pois sempre foi sem qualquer glória... Ha, ha... Auxiliei todos em meu caminho. Mesmo que ser escolhido seja tão banal que poucas pessoas no mundo ficaram sabendo. No fim, isso me trouxe algo bom; encontrei meu grande amigo e irmão, e junto com a garota que considero minha família. Contudo, no fim, ser o escolhido não me concederá a capacidade de me salvar e salvá-los.” Esses pensamentos consumiam sua mente já fragmentada, mas, lamentavelmente, não surtiam efeito.

O segundo jovem, Alaric, preso em um momento que se estendia como uma eternidade, viu-se completamente envolto pelo desespero. A situação, por si só, era desesperadora, e sua mente ecoava uma urgência incontrolável: "Salvar Gideon e Astrid.” 

Alaric escutou algo em seu ouvido, palavras que ele deveria…recitar.

— Pela lua que ilumina o céu, pelo vento que sopra ao norte, me de poder, ó deusa da noite, Luna....! — Imediatamente o céu que estava iluminado pela lua cheia escureceu, o vento soprava a uma descomunal força na direção de Alaric... Algo estava ocorrendo.

— O que é isso!?? — exclamou o primeiro homem, seus olhos arregalaram, manter-se em pé se mostrava difícil.

— Eu realmente estou vendo isto!? — questionou o segundo homem focando seus olhos no jovem, enquanto usava uma mão para proteger o rosto, das agressões ostensivas daquele descomunal massa de ar.

Uma luz intensa envolveu Alaric, um resplendor que emanava diretamente da imponente lua no céu noturno, enquanto os ventos o faziam levitar. E a deusa falou: — Ó pequeno garoto, eu ouvi teu lamento e tuas preces, e por terem sido verdadeiras, e do fundo de tua alma, atenderei a ti, mas uma vez. — Alaric transformou-se instantaneamente; seus cabelos vermelhos agora ostentavam uma coroa com formas lunares, em sua mão uma espada, nas costas um arco

e em sua mente... O ódio



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