Volume 1

Capítulo 52: Novo Pacto

Da luminosidade intensa que invadiu a caverna de Fuxi, uma silhueta começou a se formar. Suas curvas eram nada menos que magníficas, emergindo de uma figura feita de luz. Gradualmente ganhando cor, sua pele clara irradiava um brilho suave, como a lua cheia no céu noturno. 

Estrelas pontilhavam seu corpo, enquanto seus cabelos escuros como a noite caíam até a cintura. Os olhos da divindade brilhavam em azul, como o céu ao meio-dia. Uma coroa dourada adornava sua cabeça, e seu corpo estava envolto em vestes brancas, conhecidas como togas, ornamentadas em dourado luxuosos.

Seu sorriso era puro e belo, enquanto seu olhar percorria o local com benevolência, buscando por aqueles que clamavam por sua ajuda. Logo encontrou dois jovem que já conhecia.

— Meu filho, percebo que mais uma vez necessitas da minha intervenção — Em um átimo, ela surgiu diante de Gideon. — O que angustia tua alma, minha amada criança?

“Mas o que!?” Foi algo tão rápido e repentino que Alaric não pôde acompanhar com os olhos, nem qualquer pessoa ali presente. Apolo então explicou: “Acostume-se, Luna é a deusa mais poderosa entre muitos deuses. Essa velocidade foi lenta como uma tartaruga andando para ela”.

Gideon, por outro lado, não demonstrou surpresa. Não porque ele conseguisse acompanhar, mas sim porque tinha outra preocupação em mente.

— Por favor... Ajude meu avô — Ele olhou para o corpo de Dolbrian tombado ao solo, com pesar, mas mantendo esperanças de que tudo acabaria bem.

Mais afastada, Nadine observava atônita. Uma deusa estava diante dela, pronta para atender a um pedido. Então, baixou o olhar em tristeza, cerrou os punhos e murmurou: — Por que... Por que, quando eu precisei, ninguém veio? Por que, quando rezei, uma divindade não apareceu para me socorrer!?

Luna a observou, mesmo que a jovem murmurasse tão baixo que apenas ela poderia ouvir. A deusa captou suas palavras, mas optou por ignorá-las, concentrando-se no pedido.

— Está bem, eu lhe ajudarei — Ela caminhou em direção ao ancião com graça, cada passo lançava uma pressão anormal em quem a observava. Ao se abaixar perto de Dolbrian, estendeu sua mão. — Trata-se de uma ferida grave; meus poderes encontram-se diminuídos devido à influência da barreira. Será necessário firmarmos um novo pacto para prosseguirmos.

Alaric ficou confuso, novo pacto? Desde quando Gideon tinha um pacto com Luna? Seu olhar ficou fundo, suas sobrancelhas arquearam.

— A qual pacto você se refere? Eu nunca soube de nada — perguntou Alaric, ao passo que se posicionava ao lado da deusa agachada. 

— Ainda não descobriu? — Ela então percebeu a aura no jovem, uma aura mais intensa e divina do que da última vez. — Muito bem, permitirei que desvendem isso por conta própria…

— Ela tem razão, Alaric, deixemos isso para outro momento — começou Gideon. — Por agora, estou disposto a aceitar qualquer pacto que seja necessário.

Todos ficaram surpresos com a rapidez com que o jovem aceitou tal proposta, sem sequer compreender completamente suas implicações.

Fuxi avançou até próximo de Gideon e o alertou: — Tem certeza, garoto? Seu irmão conhece bem o significado de um pacto e a dor que pode causar.

— Não me importo, desde que seja para salvar meu avô — Gideon cerrou os punhos, erguendo o queixo com determinação. — Não há dor neste mundo que eu não possa suportar!

Todos foram tocados pela determinação do jovem; ele estava disposto a suportar qualquer dor por seu avô. Não importava o quão terrível fosse, ele sacrificaria até seus próprios membros para salvar Dolbrian.

Seu irmão é realmente um jovem determinado. Você deve se orgulhar muito dele, não é mesmo?” pronunciou Apolo, e Alaric respondeu: — Sim, ele é a pessoa da qual mais me orgulho.

Luna levantou-se lentamente e virou-se na direção do jovem. Ela pousou a mão em seus cabelos brancos e disse: — Está pronto? Não vou esconder a verdade de você. Será uma dor indescritível, diretamente em sua alma.

Gideon hesitou por um momento mesmo com a confiança anterior, abaixando o olhar. Sua vontade era recuar alguns passos, mas fazê-lo significaria abandonar seu avô à morte. Enquanto seus pensamentos vacilavam, ele sentiu um calor reconfortante tomar sua mão e um toque suave acariciou sua pele. Ao olhar para baixo, viu uma mão delicada segurando a sua; seguindo o braço, encontrou o olhar da jovem Astrid.

— Estou com você... — Ela falou quase num sussurro, sua mão apertava a dele enquanto seu olhar vacilava de vergonha. — Você vai conseguir…

Com isso, ele reuniu um pouco de coragem, mas ainda buscava por um apoio crucial, então olhou para Alaric que sorria confiante.

— Está esperando minha confirmação? Com medinho, é? — Alaric sabia que a melhor forma de encorajar seu irmão era agir como sempre, confiante e sarcástico. — Vai em frente, você consegue. Afinal, é meu irmão.

Aquelas foram as palavras de que ele precisava, os apoios de que necessitava. Sua postura se ergueu como a de um rei, seu olhar firme, encarando Luna.

— Estou pronto. Façamos o que for necessário! — proclamou em um tom assertivo e claro, sua voz não demonstrava mais nenhuma hesitação.

— Informarei a você sobre a natureza deste pacto — O olhar de Luna, que já vasculhava a alma de Gideon, intensificou-se de maneira penetrante.

De repente, todos na caverna ficaram imóveis, perdendo a capacidade auditiva. As expressões deles eram confusas; era uma situação nunca antes vivenciada. Nadine pensou em se aproximar de Alaric em busca de segurança, mas ainda nutria ressentimento por ele.

Alaric observava atentamente Luna e Gideon; pareciam estar conversando, mas tudo que o jovem escutava baseava-se num silêncio absoluto, onde seus ouvidos captavam apenas o vazio. Mas observando bem, a deusa parecia falar tranquilamente, enquanto o jovem à sua frente expressava confusão e até mesmo temor.

E então, os gestos de ambos cessaram, e Gideon, com um singelo sorriso, fitou Alaric. No entanto, o jovem percebia por trás daquela aparente expressão alegre e pura, havia uma dor e um medo descomunal escondidos.

Em instantes, o som foi restaurado, trazendo de volta o eco do pingar das goteiras e o canto dos grilos próximos.

— Qual foi o pacto!? —  questionou Alaric assim que sua audição foi restaurada. — Me diga!

— Me perdoe, Alaric, mas não posso falar… — respondeu Gideon.

Alaric ouviu aquelas palavras e seus olhos se estreitaram enquanto ele se dirigia à deusa. Ele sabia que ela tinha feito algo, e o jovem não ia aceitar não saber.

— Você! Não me importa se é uma deusa ou o que for — disse ele, se aproximando e apontando o dedo para ela. — Você vai me dizer o que fez, quer queira quer não...

Acalme-se, Alaric”, advertiu Apolo. “Ela é uma deusa muito poderosa. Seus poderes, mesmo com a barreira, são acima de especiais. Um passo em falso e todos serão mortos." Mas o aviso de Apolo chegou tarde demais.

A aura dela intensificou-se tanto que o ar se tornou difícil de respirar; podia-se sentir os pulsos que ela emitia. Nadine caiu de joelhos, enquanto Fuxi lutava para manter a firmeza de suas patas. Alaric tentava resistir, mas estava prestes a ser arremessado para trás. Gideon e Astrid, que estavam mais próximos, pareciam não ser afetados.

— Meu jovem, acalme-se. Você saberá no momento certo — Ela falava com calma e compreensão, mas seu tom foi mudando, seu olhar se intensificando, suas sobrancelhas se franzindo. — No entanto, se ousar elevar o tom comigo novamente, não hesitarei em apagar sua existência. Se voltar a apontar esse dedo em minha face, não hesitarei em arrancar sua mão. Não ouse confundir minha benevolência e amor por todas as criaturas com fraqueza. Sou uma deusa, e agirei como tal, implacável quando necessário.

Alaric sucumbiu à pressão que ela impôs no local apenas aumentando minimamente sua aura, e caiu de joelhos; seus braços perderam a força e seu olhar se arregalou. Ele sentia medo... um sentimento que nunca pensou em experimentar em toda sua vida. 

Ele podia sentir a aura assassina dela, uma aura de morte e dor. Luna não era uma divindade qualquer; a assassina de deuses estava muito além do que Alaric poderia alcançar um dia.

Nadine, ainda amargurada com as palavras que o jovem havia dito momentos antes, não suportou ao vê-lo cair ao solo. Correu em sua direção e, ao chegar próxima, lançou-se ao chão, deslizando de joelhos até parar e agarrá-lo.

— Está tudo bem!? Alaric! — Ele estava atônito, sem qualquer reação. O olhar da garota se ergueu em um estado de ódio, seus olhos semicerrados encararam a deusa diretamente. — Por isso não devemos confiar em deuses! 

Seu ódio pelas divindades só aumentava; elas não a salvaram quando implorou por ajuda, não salvaram sua família, e no final, ela foi escravizada, sem nenhum ser superior vindo em seu socorro, não importava o quanto ela orasse ou pedisse. E agora, ela testemunhava uma divindade agindo daquele modo com quem deveria proteger, impondo medo em quem pediu por sua ajuda.

— Percebo o seu ódio por mim, ou pelos meus semelhantes, minha jovem. Entendo que há motivos que escapam à minha compreensão —  disse ela, virando-se e dirigindo-se a Dolbrian. — Não me darei ao trabalho de investigar. Apenas cumprirei minha parte no pacto.

"Pois é por isso que te odeio, Luna. Eu realmente espero que você esteja cumprindo sua parte do acordo comigo...", disse Apolo.

Nadine, ao ouvir as palavras da deusa, respondeu com silêncio e abraçou Alaric, tentando confortá-lo. Gideon nada podia fazer, mas desejava profundamente confrontar a deusa por ter tratado seu irmão daquela maneira. No entanto, fazer isso só iria adiantar sua morte e, em segundo lugar, precisava dela para curar seu avô.

Enquanto Luna observava o ancião, que repousava com uma respiração ainda pesada, notou que o fluxo de sangue, onde deveria haver um chafariz, parecia ter cessado, como se o próprio tempo no local tivesse parado.

— Quem deteve o tempo? — Ela desviou o olhar pela caverna, procurando alguém que assumisse a responsabilidade, e o lobo se adiantou.

— Fui eu, este domínio inerte me pertence.

— Entendo. Filho de Inari, fez bem. Agora, por favor, restaure o fluxo temporal — solicitou a deusa.

— Conforme desejar. — O lobo fechou os olhos, e de onde o sangue havia cessado seu fluxo, voltou a escorrer e escapar do corpo do ancião. — Está feito.

Ela agradeceu e colocou a palma em seu ferimento, que começou a ficar vermelha de sangue, enquanto o ancião começava a se mexer. Em seguida, estendeu a outra mão na direção de Gideon, que a segurou.

— Prepare-se, tente não desmaiar no processo — alertou Luna, seus olhos azuis se fechando lentamente. — Jovem, me prometa que cumprirá sua parte do pacto!

— Eu… Aaaaah — Como Alaric sentiu da última vez, sua alma queimava, era como um fogo infernal consumindo cada parte de seu ser. — Eu!

— Aguente firme, Gideon! — Astrid o abraçava forte. Ela não podia imaginar a dor que o jovem estava sentindo e tendo que suportar, mas tudo que podia fazer era dar todo apoio necessário. — Você consegue!

Gideon apertou os olhos com determinação, e em sua mente ecoaram todos os momentos com seu avô desde sua infância, momentos irrecuperáveis. No entanto, o passado pouco importava; o que realmente contava eram os momentos que ainda estavam por vir. Ansiando por esses momentos com toda a força de sua alma, ele gritou:

— Prometo!!!

Uma luz intensa irrompeu do peito do jovem, enquanto uma luz semelhante brilhava no ferimento de Dolbrian; era a conexão do pacto. Essa energia fluía de Gideon, passava pela mediadora Luna e chegava até Dolbrian.

Um pacto que cobraria um alto preço do jovem, mas ele mal se importava. Salvar seu avô tornava tudo válido.

Alaric começou a recobrar parcialmente os sentidos e percebeu um aroma agradável, ao averiguar notou que vinha dos cabelos roxos da jovem que o abraçava.

— Receber conforto de uma dama tem seu valor — disse Alaric, tentando agir com bom humor ao sair do transe.

— Vejo que voltou a si. Estava parecendo um gatinho assustado… — Nadine diferente do que Alaric imaginava não se acanhou.

O jovem sorriu, sentindo-se alegre por tê-la ao seu lado. Apesar de mal conhecê-la, já nutria certo apreço pela jovem, chegando até a se arrepender do que havia dito anteriormente.

Porém, não estava pronto para pedir perdão. Ao perceber uma forte luminosidade, dirigiu seu olhar primeiro para seu avô, que tinha uma expressão tranquila, como se estivesse em paz. Em seguida, voltou-se para seu irmão, que exibia um misto de dor e determinação, enchendo-o de orgulho.

— Isso, Gi, mostre sua força... — encorajou Alaric, observando o garotinho que mal conseguia empunhar uma espada, suportando uma dor que o próprio Alaric jurou nunca mais querer sentir.

— Alaric... — Nadine olhava para baixo, parecendo aflita e apreensiva. — Depois que seu avô estiver melhor e as coisas se acalmarem, preciso conversar com vocês três… 

— Finalmente vai parar de esconder segredos? Um milagre acontecendo? Oh, não, será que irá chover pedras... — Alaric brincou, acariciando suavemente os cabelos roxos de Nadine. Sua provocação fez com que ela perdesse o semblante aflito e exibisse um sorriso meigo.

— idiota…

O sangramento de Dolbrian começou a diminuir, e a atadura que antes estava encharcada começou a secar e clarear, como se nunca tivesse sido usada. O pulmão perfurado se regenerou e a pele cobriu o rombo feito pela lança. Ao final, o ancião estava inteiro novamente, como se nunca tivesse sido ferido.

— Aqui encerra-se, pacto concluído — afirmou Luna, soltando a mão de Gideon e retirando a outra do ferimento de Dolbrian.

— Gideon! — gritou Astrid ao ver o jovem perder a consciência e começar a tombar.

Como um borrão vermelho, Astrid e Fuxi viram apenas o rápido movimento. Sem entenderem, sentiram apenas a massa de ar batendo em seus corpos. Ao limparem os olhos, notaram que Gideon não havia caído no chão. Na verdade, estava nas mãos de Alaric, que saiu da companhia de Nadine às pressas para segurar seu irmão.

— Descanse, Gi — Alaric suavemente ajeitava as mechas brancas dos cabelos de Gideon enquanto o segurava nos braços. Então, ergueu seu olhar em direção a Luna. — Você pode ter um poder imenso, capaz de me matar em segundos, mas, Luna, se eu descobrir que, de alguma forma, você causou ferimentos a meu irmão com esse pacto…

As palavras de Alaric alcançaram a deusa, que manteve um semblante sereno, parecendo não ser afetada por elas. No entanto, ela pousou a mão em seu ombro e aproximou seu rosto do dele.

A mente de Alaric foi tomada pela confusão, sem saber o que aconteceria em seguida. No entanto, essa confusão se dissipou assim que o agradável aroma de rosas invadiu suas narinas, hipnotizando-o. Seus olhos se perderam no vasto azul daqueles olhos celestiais, transmitindo uma imensa paz. Ele acabou relaxando diante de tudo isso.

A deusa aproximou-se mais e mais, fazendo-o corar a cada centímetro que avançava em direção ao seu rosto. Quando finalmente chegou próximo ao seu ouvido, sussurrou em um tom delicado:

— Meu jovem, quem está falando agora, você ou Apolo? — questionou Luna, demonstrando conhecer muito bem o deus do sol, sabendo que ele se expressaria da mesma maneira que Alaric estava falando. Ao questioná-lo, percebeu a surpresa no rosto do jovem. — Achou que eu não notaria?

Em um sussurro tão suave que somente Alaric conseguiu ouvir, aquelas palavras, ditas com tanta delicadeza e meiguice, enviaram arrepios por todo o seu corpo.

— Minha aura? — indagou Alaric também em sussurro, sabendo que muitos usavam esse método para distinguir as pessoas, e sua aura divina era facilmente reconhecível por aqueles com habilidades.

— Não se trata da sua aura, minha criança. Tem a ver com o fato de que você não seria uma divindade sem minha intervenção.

Alaric ouviu aquelas palavras, que soaram um tanto confusas. Como assim, intervenção? Luna estava relacionada de alguma forma com Apolo em seu corpo? Aquela deusa escondia mais do que revelava. No entanto, outra questão surgiu em sua mente: ela havia mencionado que Galdric foi levado ao paraíso, mas Apolo o chamara de demônio. Quem estava mentindo?

— Você não vai me explicar o que acabou de dizer, então vou descobrir por conta própria. Mas há algo que eu preciso saber... Galdric, você disse que o levou ao paraíso, mas Apolo o chamou de demônio... como?

Ah, como as coisas mudaram, meu caro amigo Apolo. Eu sei que você está me ouvindo… Sabia que até mesmo os demônios agora têm um lugar reservado no paraíso. No final das contas, se a criatura for verdadeiramente pura de coração, sempre encontrará seu lugar nos recantos celestiais.

"O que aconteceu enquanto eu estive morto!?" Na época em que Apolo vivia, uma guerra entre demônios e deuses era travada dia após dia, com inúmeras mortes em ambos os lados. Ele jamais imaginou que haveria paz entre essas duas raças, mas parecia estar enganado. 

— Mais uma... — Antes que Alaric pudesse concluir sua sentença, foi interrompido pelo som de passos firmes que ecoavam em sua direção.

— Eu preciso saber! — Era Nadine, determinada, mas as lágrimas brotavam em seu rosto. — Por que não respondeu às minhas preces!? Por que nos abandonou, eu e minha família!? Você... você...

Luna a fitou e sorriu, finalmente compreendendo a origem de tanto ódio.

— Ora, minha criança, o motivo é simples e óbvio: barreira. Só posso atender às preces que me invocam por meio das recitações.

— Mas... Mas... Se você... tivesse... — Nadine não conseguiu concluir a frase, rompendo em soluços. Seus olhos perderam o brilho, já não havia forças para mais perguntas. — Mãe... Pai... Irmão...

Alaric olhou para Astrid, e ela entendeu imediatamente, correndo em direção a Nadine e abraçando-a, tentando confortá-la.

— Calma, calma — murmurou Astrid, dando tapinhas nas costas dela. — Vai ficar tudo bem...

Nadine não conseguiu conter as lágrimas, soluçando nos ombros de Astrid. Suas mãos tremiam, seu olhar estava vazio. O clima se tornou pesado, Fuxi não sabia como reagir e permaneceu em silêncio.

Vendo a situação e percebendo que seu tempo estava acabando, Luna decidiu retornar ao lar dos deuses. Sem se despedir, simplesmente desapareceu.

Ao final daquele dia, a caverna se transformou na casa das lágrimas, um lugar de tristeza e desamparo. Mas a felicidade ainda existia, apenas precisava ser trazida à tona. No entanto, ninguém ali tinha forças para isso, optando pelo silêncio momentâneo até que um momento melhor chegasse.. 



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