Sessão 8
Capítulo 199 — Uma História de Família
Nós atravessamos o jardim e entramos no café que havíamos reservado.
Ainda está quente, e minha garganta está seca.
“Eu não consigo decidir. Todos parecem deliciosos.”
Ichijou-san observa o cardápio, indo e voltando várias vezes.
“Esse lugar não é famoso pelas massas?”
“Sim. O prato principal é a carbonara, mas eles também têm um espaguete napolitano no menu secreto. Ouvi dizer que tem um sabor retrô, bem do estilo antigo.”
“Parece delicioso.”
Nós também temos algo chamado “napolitano à moda antiga” no nosso cardápio.
Eu realmente gosto desse estilo japonês da Era Shouwa.
Não pude deixar de me lembrar disso.
“O que o Senpai vai escolher? Eu já decidi, vou de carbonara.”
Então eu também decidi.
“Acho que vou de napolitano.”
Quando ela ouviu minha resposta, não conseguiu esconder a surpresa.
“Sério?”
Sua expressão tímida destoava de sua personalidade habitual — e era adorável.
“Sim, eu gosto de napolitano. E se é um prato secreto de um restaurante famoso, posso aprender a fazer em casa.”
“Hum... Senpai, você está tentando me fazer dividir os dois pratos, como sempre, não é?”
Fui pego.
“Não é isso!”
Foi meio patético tentar negar com tanta força e só conseguir dizer algo assim.
“Moo. Senpai, se quiser comer algo, pode escolher pelo que você quer. Eu gosto da sua gentileza, mas...”
“Sim, obrigado. Mas dessa vez eu realmente quero provar os dois. Vamos compartilhar.”
“Não deveria ser eu quem agradece?”
Dizendo isso, ela começou a rir. Ela realmente tem sorrido mais ultimamente.
Nunca imaginei que riríamos juntos desse jeito.
Algumas semanas atrás, isso seria impensável.
****
“O napolitano estava delicioso, né?”
Ela sorri satisfeita enquanto toma o chá após o almoço.
“Sim, e a carbonara também.”
Eu termino meu chá gelado de maçã.
É assim que normalmente passamos nosso tempo juntos.
Ao colocar a xícara sobre a mesa, ela diz, com uma expressão um pouco mais séria:
“Senpai, você está livre depois daqui? Tem um lugar onde eu quero ir com você.”
Ela já tomou sua decisão. Então, eu também preciso encarar isso com seriedade.
“Sim, vamos.”
Respondi brevemente. Isso foi o suficiente para ela entender.
“Obrigada.”
Ela abaixou a cabeça e começou a mexer no celular — provavelmente para providenciar um carro.
“Então, vamos.”
Um carro preto de luxo estava estacionado num estacionamento não muito longe do café.
Agora, ela exibia aquele ar intimidador de sempre, difícil de se aproximar, mas eu não me importei e entrei no carro.
Curiosamente, ela parecia uma pessoa completamente diferente daquela que estava rindo comigo há pouco. Eu sei que essa é a postura de Ichijou Ai quando está em um ambiente formal.
“Por favor, entre, Senpai.”
Ela me conduziu até o banco de trás, e eu entrei, um pouco nervoso.
O carro começou a se mover.
“Provavelmente chegaremos ao destino em cerca de uma hora. Por favor, relaxe.”
Depois de ouvir isso, relaxar parecia impossível.
Se eu não soubesse que tudo isso tinha a ver com a família da Ichijou-san, a situação me deixaria ainda mais tenso.
“Desculpe. Está sendo demais?”
“Está tudo bem. É bem mais confortável do que viajar de trem.”
Quando disse isso em tom de brincadeira, Ichijou-san riu.
“Senpai, isso é mais difícil do que eu imaginei!”
Enquanto voltava a seu jeito um pouco mais habitual, ela completou:
“Como eu esperava, não dá. Com o Senpai, eu sempre volto a ser eu mesma. Não consigo manter a imagem da Ichijou Ai forte que todo mundo acredita que eu sou. Não é uma história muito interessante... E ainda era pra ser um encontro de folga, me desculpe.”
“Está tudo bem. Eu também quero conhecer mais sobre você, Ichijou-san.
Por isso, fico feliz que tenha decidido conversar comigo.”
Ela fechou os olhos e assentiu lentamente.
Seguiu-se um pequeno silêncio. O interior do carro escureceu quando entramos no túnel da Aqua-Line. Eu não conseguia ver sua expressão.
O carro começou a sair do túnel, atravessando o trecho sobre o oceano. Sob a luz clara dentro do veículo, ela olhava diretamente para mim enquanto falava:
“Logo chegaremos ao destino. Você vai ouvir... a minha história de família?”
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