Sessão 8

Capítulo 182 — Eiji Vs. Presidente

 

— Perspectiva do Eiji —

   Embora a presidente parecesse um pouco assustada, ela me deixou entrar na sala do clube.

   Toquei levemente o bolso e respirei fundo ao entrar no ambiente. Senti uma pontada de nostalgia. Não fazia tanto tempo assim, então não dava para dizer que tinha mudado algo.

   Sentamos frente a frente.

“Então, qual é o assunto?”

   Ela me instigou a falar logo. Não é surpresa, já que nossa relação já está quebrada.

“Você recebeu a mensagem da Matsuda-san?”

“Uma mensagem?”

   Aparentemente, ela ainda não tinha recebido. Isso era conveniente.

“Sim, eu disse a ela. Se vocês tentarem machucar novamente as pessoas de quem eu me importo, eu não vou perdoar.”

   Expressei minha raiva de forma clara, e ela respondeu com calma, soltando um suspiro.

“Do que exatamente você está nos acusando? Não fale coisas irresponsáveis.”

   Parece que ela quer se manter em silêncio. Até aqui, tudo dentro do esperado.

“Isso é um aviso. E não é só isso.”

   Não me importo mais com as desculpas da presidente. Por favor, não tente mais escapar.

“…”

“Presidente, vou ser direto com você. Por favor, devolva meu manuscrito.”

   No momento em que pronunciei essas palavras, ela fez uma expressão estranha.

   Ela não parecia perceber minha carta na manga.

“Do que você está falando? Eu já havia contado isso ao professor durante a investigação da escola. Quando percebemos, o manuscrito do Eiji-kun tinha sido roubado da sala do clube. Foi obra do clube de futebol, os principais culpados que te intimidaram. Nós não tivemos nada a ver com isso. Então, você não tem motivo algum para nos pedir de volta.”

“Sério? Não sobrou nenhum?”

“Sim. Não sobrou um sequer. Está convencido agora?”

   Ela continua mantendo uma postura firme. Mas há uma contradição em sua fala.

“Não, não estou convencido de jeito nenhum. Presidente Tachibana. Existem contradições na história que você inventou. Então, eu não estou convencido.”

   Escolhi minhas palavras de forma a atingir o orgulho dela no ponto mais sensível. Se eu dissesse isso, ela não teria escolha a não ser seguir o rumo que eu ditasse.

“Do que você está falando? Só estou dizendo a verdade. Por que você está tão insistente hoje, Eiji-kun?”

   Como alguém que já a admirou, é triste ver a presidente tão agitada. Como ela pôde ficar tão acuada a ponto de deixar passar uma contradição tão simples? Isso é uma prova indireta de que ela está mentindo.

“Bem, deixe-me perguntar. Como meu manuscrito estava guardado? Eu me lembro de que estava encadernado em um grande arquivo junto com os manuscritos dos outros membros, não é? Dentro de uma estante trancada?”

   Os manuscritos do jornal do clube de cada ano são encadernados e guardados na estante. E ainda estavam dispostos do mesmo modo e na mesma ordem, dentro do armário trancado.

“O-o que tem isso…?”

“Não é estranho? Se houvesse um criminoso tão sorrateiro, ele teria que encontrar a chave e roubar apenas o meu manuscrito, com precisão cirúrgica, entre os inúmeros manuscritos guardados no arquivo. Não há como alguém de fora fazer isso em tão pouco tempo. A menos que tivesse ajuda de alguém de dentro.”

   Na verdade, quando Ichijou-san recuperou alguns dos meus manuscritos na sala do clube, ela só conseguiu porque Hayashi-san lhe disse onde a chave estava escondida e como os manuscritos eram armazenados. Ou seja, se alguém de fora tivesse roubado meu manuscrito, seria impossível sem ajuda interna.

“Além disso, a presidente disse que nenhum dos meus manuscritos sobrou. Então o tal criminoso sorrateiro simplesmente escolheu os meus, entre dezenas de outros, e levou todos? Um estranho faria algo assim? Normalmente, pelo menos um deveria ter ficado para trás, não acha?”

   O rosto da presidente empalideceu quando me olhou. Se ela tivesse dito que poderia devolver alguns manuscritos, eu não teria conseguido usar essa estratégia. Parece que ela cavou a própria cova.

“Não, eu não sei. Talvez alguém além de mim tenha colaborado. Então, eu também fui armada.”

   Ela tentava se defender, falando rápido e de forma confusa.

“Entendo. Mas eu não confio em você. Vou repetir quantas vezes for necessário. Presidente, por favor, devolva meu manuscrito.”

   Essa declaração a identifica claramente como a culpada, e eu disse isso de propósito para encurralá-la.

“Chega! Não existe nada para devolver! Eu sei, Eiji-kun, você vai estrear como profissional, não é? Isso não é o bastante? Agora que sua estreia está garantida, vai continuar forçando? Pare de brincar!!!”

   Vi um livro de bolso cair e se partir aos pés dela.

   Esse deve ser o limite dela.

“Presidente, você já sabe, não é? Tenho certeza de que sabe. Se você destruiu meu manuscrito… então você está desqualificada como escritora. Suas ações são nada menos do que uma negação de tudo o que você conquistou com esforço.”

“Eu mandei você calar a boca!!! Não quero mais ouvir nada. Saia!!! Saia daqui e desapareça da minha vista!!!”

   As negociações estavam completamente rompidas. Então, eu disse o que era mais importante.

“Entendi. Mas quero dizer uma última coisa. Eu nunca vou deixar você machucar novamente as pessoas de quem eu me importo.”

 

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