Sessão 4

Capítulo 89 — Kondo Começa a Chorar e os Colegas se Revoltam

 

 

— Perspectiva do Advogado Sawabe —

A situação era séria. Pedi imediatamente uma reunião com Seiji Kondo como seu advogado.

Perguntei o que estava acontecendo com a polícia.

“Sawabe-san, me tira daqui. Eu não quero ser preso.”

Ele costumava ser tão confiante, mas agora parecia exausto e chorava de maneira miserável através do vidro enquanto eu ouvia aquilo tudo com raiva contida.

“Calma. Primeiro me conta o que aconteceu.”

Consegui acalmá-lo às pressas e perguntei sobre o ocorrido. …

Ao que parece, a polícia foi à casa dele para interrogá-lo sobre a agressão de um calouro. Ele se assustou e fugiu.

Para piorar, atirou coisas contra os policiais enquanto corria pelo beco!

Presumivelmente, os agentes não tinham mandado de busca quando apareceram — estavam lá apenas para perguntar o que ocorrera. No máximo seria um acompanhamento voluntário. Por que ele transformou aquilo em algo tão grave? Se não tivesse feito nada daquele jeito, talvez ainda estivesse livre para aproveitar a vida. Como cobrir isso depois de se tornar um escândalo? Sério…

A polícia deve ter decidido que a situação havia escalado a ponto de temerem que ele fugisse novamente. Acho que o prenderam por perturbação da ordem, já que ele atirava objetos neles.

“Ouça, Seiji-kun. Por favor, não faça nada. Seja o que for que a polícia diga, fique calado.”

É tudo o que posso dizer por esse idiota mimado.

“Mas eu tenho tanto medo. Me ajuda, Sawabe-san. Minha carreira no futebol…”

Isso é exaustivo. Como controlo um garoto assim?

“Ei, Sawabe-san, Sawabe-san… Eu ainda vou jogar futebol, né? Me diz que eu vou. Vou ser jogador e vou surpreender o mundo… com meu talento no futebol.”

E então ele começou a chorar sem parar.

Não sei mais o que posso fazer por esse adolescente que parece mais um bebê do que qualquer outra coisa. E quanto ao futebol, realmente?

Segurei a cabeça e senti vontade de chorar também.

 

— Perspectiva da Miyuki —

Voltei da enfermaria para a sala. A professora me disse para ficar em casa até decidirem a punição. Também disse que a punição seria severa.

Quando retornei à sala, desesperada, minha amiga Murata Ritsu se aproximou.

“Ei, Miyuki. Você tá escondendo alguma coisa? Mais cedo, o Kondo-senpai foi levado pela polícia no portão da escola. Ei, Miyuki. Isso é estranho, né? Você foi machucada pelo Aono-kun, não foi? E o Kondo-senpai foi o cara que te protegeu, não foi?”

Ritsu aparentava certo pânico.

Os outros alunos também me olhavam.

Como se olhassem para uma pecadora. O mesmo que fizeram com o Eiji voltou para me assombrar. Tremi, à beira do choro.

Será que o Eiji teve que suportar tanta hostilidade? Não consigo acreditar no quanto isso assusta…

“Desculpa.”

Foi uma voz que mal se podia ouvir.

“Desculpa? Que porra, Miyuki? Você nos traiu. Eu confiava em você porque você sempre foi boazinha e tira boas notas. A gente também pode ser punido, sabia?”

Ao ouvir aquelas palavras frias, percebi a gravidade do pecado que cometi. Eu sabia que era irrevogável.

“Sinto muito. Traí o Eiji. Tive medo de ser descoberta, então menti para todo mundo.”

Tudo o que pude fazer foi pedir desculpas.

Nem sei como reparar isso.

Uma atmosfera fria e sem esperanças se espalhou pela sala.

 

— Perspectiva do Conselheiro Kondo —

“Chefe. Descobri quem registrou a queixa. Provavelmente foi a mãe de um estudante chamado Eiji Aono. A família do aluno tem um restaurante chamado Kitchen Aono, em frente à estação.”

Fui informado por minha secretária, que enviei até a escola para coletar informações.

A excelente secretária também enviou a localização do restaurante.

Agora posso ir até lá e conversar diretamente com eles.

Não se preocupe, não há nada que o dinheiro não resolva.

Farei o que for preciso para resolver esse caso.

Era a única forma de eu sobreviver politicamente.

Liguei o carro.