Sessão 4

Capítulo 81 — Pai e Garota Má

 

 

 Perspectiva do Conselheiro Kondo 

“Pai, me ajuda. Estou encrencado.”

Meu filho entrou no meu escritório e, de repente, começou a chorar.

“O que houve? Por que você não está na escola?”

Tive um mau pressentimento. Ele é um mulherengo, igual a mim. Será que a escola descobriu a confusão que ele arrumou outro dia? Que verdadeiro pé no saco

“É que...”

Meu filho me contou o ocorrido.

Que se meteu em problemas por causa de um caso amoroso e agrediu umo calouro.

Que ficou tão irritado que o isolou espalhando boatos falsos online.

Que os membros do time de futebol, que o idolatravam, passaram dos limites e intimidaram o calouro.

Aparentemente, o incidente foi denunciado como agressão, e tanto a escola quanto a polícia estão investigando.

Ao ouvir tudo, senti o sangue gelar. Nessa fase crítica antes da eleição para prefeito... esse escândalo poderia ser mais devastador que o do hotel.

Isso tem que ser resolvido imediatamente.

Soube que nenhuma ação séria foi tomada ainda. Se for verdade, tudo bem.

Vou pressionar a escola e tentar encobrir isso.

Se não funcionar, usarei meu poder e dinheiro para pressionar a família da vítima a retirar a queixa. O fato de a polícia estar envolvida significa que a família provavelmente registrou formalmente a ocorrência.

Resta ver se há provas claras. Se não houver, pressionamos até que se calem.

“Escuta, se isso vazar, você e eu estaremos arruinados. Não faça mais besteira. Não me atrapalhe. Deixa o resto comigo. Quase tudo se resolve com dinheiro e influência.”

Aconselhei-o. Já é tarde para arrependimentos. O que vamos fazer agora? Tranquilo — sempre conseguimos antes.

“Certo. Vou falar com a escola. Fica em casa por enquanto. E olha, não saia de casa, hein.”

 

 Perspectiva da Presidente

Começou a entediante aula de japonês.

Essa professora não fazia ideia do que estava ensinando.

Então finjo estar lendo o livro-texto de japonês.

Uma introdução à literatura russa na minha mochila chamou minha atenção.

Adoro “Crime e Castigo” de Dostoiévski.

“Um pequeno pecado pode ser expiado por muitas boas ações.” “Então um gênio capaz de trazer grande desenvolvimento à sociedade não precisa estar preso a éticas triviais.”

Meu modo de pensar favorito.

Amo escrever desde criança. Ganhei medalha de ouro num concurso nacional de redação em japonês. Venci prêmios em concursos de slogan, resenhas de livros e muitos outros. Todos me elogiavam como se eu fosse uma gênia.

No ensino fundamental, percebi que o mundo era como uma história. Com uma pequena intervenção minha, podia facilmente arruinar o destino de pessoas estúpidas. Eu manteria as mãos limpas enquanto outros faziam o serviço sujo. Bastava eu dar um empurrãozinho.

Por exemplo, eu poderia cochichar num idiota como o Kondo-kun: “Ela é fofa, sabe. Mas acho que ela tem namorado. Ouvi dizer que são amigos de infância,” e ele, que adora destruir a dignidade alheia, agiria exatamente como eu queria. É tão simples.

O destino das pessoas repousa na palma da minha mão. Eu sou a autora da história deles.

Kondo-kun foi um brinquedo excelente. O personagem mais fácil de manipular.

Na minha vida, que vinha andando tão bem, tive meu primeiro revés por causa de Aono Eiji, um aluno mais novo.

Em termos de talento para escrever, achava que não tinha rival na minha idade. Mas ele tinha... um talento que me superava. Quando li o manuscrito dele, comecei a suar frio. Como um garoto desconhecido, um calouro, podia escrever tão bem?

Fiquei com inveja. Também desejei que ele desaparecesse. Meu status desmoronou. Minha confiança no meu trabalho parecia de repente barata, e apaguei os dados do manuscrito dele.

Seu talento precisava ser destruído. Gênios frequentemente se autodestruem por relações emaranhadas. Assim justifiquei.

O talento dele tinha que ser extinto antes de florescer. Só assim minha posição permaneceria segura.

Pensei em corrompê-lo, mas desisti. Sua natureza honesta e o amor de infância tornavam isso impossível. Isso feriu ainda mais meu orgulho. Fiquei furiosa por não ter sido escolhida.

Minha próxima tática foi usar o Kondo-kun. Aono-kun feriu meu orgulho como mulher, então decidi destruir sua dignidade como homem. Manipulei Kondo-kun para ele mirar na Miyuki Amada. Planejei que fossem pegos juntos no aniversário do Aono-kun, deixando as fotos do hotel na carteira dele.

Mas algo ainda mais divertido aconteceu. Nunca pensei que eles realmente se encontrassem. O destino é divertido. Então decidi reescrever a história numa direção ainda mais interessante. Incendiei o Kondo-kun e isolei o Aono-kun.

Aliás, o app de SNS que usamos era meio peculiar: se alguém apagasse o histórico de mensagens, tudo sumia sem deixar rastros. O app era hospedado no exterior, com servidores fora do país. No pior cenário, a polícia não conseguiria fazer nada. No fim, isso seria apenas um caso de bullying. Duvido que a polícia fosse tão longe. Como apaguei o histórico, quando o Kondo-kun abrir o app, as mensagens vão desaparecer automaticamente.

Sinto pena dele. Por mais que o Kondo-kun insista na minha participação, não há prova. E com a reputação manchada que ele tem, ele jamais me alcançará — a gentil aluna exemplar.

Aono-kun devia ter largado o Clube de Literatura e abandonado a escrita criativa. De qualquer forma, meu objetivo original foi cumprido. Ah, foi divertido.

 

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