Sessão 11

Capítulo 267 — Tio Ugaki e Eiji

  Era uma tarde de sábado sem planos pela primeira vez em um bom tempo. Eu estava passando o tempo lendo um livro quando meu telefone tocou. Era o Tio Ugaki.

[Quero conversar um pouco.]

   A mensagem era breve, bem ao estilo dele. Quando respondi com [Entendido], ele me disse para encontrá-lo no estacionamento perto da estação. Eu sabia que ele queria conversar de homem para homem. Saí de casa e fui em direção à estação. Do lado de fora, o ar frio já carregava o som da aproximação do inverno.

 

****

 

“Desculpe por chamá-lo assim de repente.”

“Tudo bem mesmo? Ai-san disse que ia assistir a um filme com o senhor hoje. Ouvi dizer que sua família costumava assistir a filmes juntos nos fins de semana.”

“Não imaginei que ela falaria sobre esse tipo de coisa. É um pouco constrangedor.”

   Depois de trocarmos algumas palavras, entramos no banco de trás de um carro de luxo preto.

   O motorista era o Kuroi-san.

“Tenho algo dentro de mim como uma bomba, então estou evitando dirigir. Não se preocupe demais. Não é algo que vá causar problemas neste exato momento.”

“Por favor, cuide-se. Se algo acontecesse, Ai-san, todos nós e Minami-san ficaríamos tristes.”

“Obrigado. Pretendo ir cumprimentar todos no Kitchen Aono em breve.”

“Nossa conversa anterior foi interrompida. O filme ainda vai acontecer?”

“Sim, não há problema. Em nossa casa, assistir a um filme à noite é o costume. Ai está preparando o jantar agora, então será depois que comermos.”

“Que bom saber disso.”

   Com isso, nós dois rimos.

“Você continua tão atencioso quanto sempre, Eiji-kun. Se preocupa tanto assim.”

   O tio riu com uma satisfação gentil.

“Bem, depois de ver o quão feliz Ai-san estava.”

“Então ela tem estado tão feliz assim.”

   Ele sorriu com uma timidez calorosa. Parecia mais leve do que antes, como se um grande peso finalmente tivesse sido tirado de seus ombros.

“Sim. Ela estava com dificuldade em decidir o que assistir. Até me pediu recomendações.”

“Entendo. Então o que você sugeriu, Eiji-kun?”

“‘Rio, Não Corra.’” (リバー、流れないでよ: River, Nagarenaide yo.)

“‘Rio, Não Corra’ é um filme japonês construído em torno de um loop temporal de dois minutos. Sugeri esse porque achei que algo muito pesado ainda poderia ser difícil para eles, então recomendei algo leve e fácil de aproveitar.”

“Lembro de ter ouvido falar desse. Ainda não assisti, então estou ansioso para ver.”

“Não há garantia de que Ai-san vá escolher esse.”

“Ela vai. Porque foi você quem recomendou. Tenho certeza de que ela já está se preparando para assistir.”

   Ouvir isso me deixou envergonhado.

“Espero que goste.”

   Foi a única coisa que consegui dizer. Ver o quanto eu estava sem jeito provavelmente o fez lembrar de alguém. Provavelmente um velho amigo. O tio estreitou levemente os olhos.

“Eiji-kun, obrigado. Sei que nenhuma quantidade de gratidão será realmente suficiente. Duvido que Ai consiga sequer imaginar ficar longe de você, e não acho que ela jamais escolheria algo assim. Sei que estou sendo um pai coruja, mas, se possível, espero que continue assim.”

   Assenti lentamente.

   Ainda não posso dizer, mas também tenho uma promessa com Ai-san. Não tenho intenção de deixá-la.

   Depois disso, passamos nosso tempo conversando calmamente, principalmente sobre memórias do passado.

 

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