Volume 3 – Parte I

Capítulo 45: Sonho de treinamento: Magic Moreno III

                     

Meu corpo está só o resto agora e Alicia — mais por compensação que uma recompensa de fato — me dá uns três dias de folga para me recuperar em um dos quartos luxuosos do cafofo do Magic, com a benção dele.

Quando me encontrei com o resto do grupo, coberto por hematomas, escoriações, calombos e arranhões em tudo que era lugar, quase quiseram chamar uma ambulância. Ainda assim, Nymph comunicou com alegria que eu tinha sido o primeiro a passar no teste, o que motivou o restante da galera.

Pelo menos, meu espancamento serviu para algo.

Suspiro, assistindo um filme de ação em uma televisão de mais de quarenta polegadas colada à parede do quarto, com um balde de pipoca na mão e uma copada de refrigerante a poucos metros. Em uma cadeira, também assistindo ao filme, está uma Sashi magnetizada pelos efeitos especiais.

Nada comparado ao que ela podia fazer, obviamente, mas ainda assim são fascinantes para ela.

— Esse cara é bem forte, né? — comenta a samurai, os olhos brilhantes grudados à tela. — Olha só! Nenhum desses zé ruelas consegue nem triscar nele. Será que ele se daria bem contra pesadelos?

— Acho que já é um pouco demais para ele — respondo, desconcertado.

— Ah, mas olha como ele acaba com tudo sozinho! Acho que eu pagaria para ver — argumenta ela.

— Sim. Acho que pode ter razão.

Assisto a ele atirando, rolando, socando e chutando. Explodindo e acabando com tudo sozinho. Uma besta independente, cuidando de tudo sem precisar de ajuda.

Sem... ajuda. Sozinho.

 


Você não confia 100% no seu persona, não é?


 

A voz de Nymph ainda me questiona até agora. Naquele dia, mais que o corpo físico foi surrado. Aqueles olhos felinos cor de âmbar... eles conseguiam ver além do que eu mesmo conseguia. Espiaram minha alma. Me senti tão pequeno e ridículo que parei de reagir.

Não era verdade, mas também não era totalmente mentira. Eu confio plenamente na Sashi e na capacidade dela. Desde o dia que ela me salvou no campus, devo minha vida a ela.

Mas não queria que ela carregasse esse fardo pesado demais. O peso que é essa missão quase impossível, essas escolhas sem qualquer tipo de garantia do futuro... como eu poderia lidar com as consequências, caso a afetassem?

 


Você acha mesmo que quem teve a coragem de dar o primeiro passo vai conseguir se manter ileso para sempre?


 

Talvez eu só esteja sendo mesquinho. Não quero que ninguém se machuque por minha causa, mas também estou querendo tirar essa escolha deles. Eu tenho esse direito? Afinal, cada um que está ali tem um motivo para lutar, não é?

Até mesmo a... Sashi?

 


Eu te amo, Calebe.


 

Pelo que você luta, Musashi? É o que me pergunto enquanto olho para ela. 

— O que você tá me olhando, Calebe? Tá perdendo todo o filme! — reclama a samurai, apontando para a televisão. — Olha, olha! Agora que eles se reencontram!

Volto minha atenção para o final do filme, onde o herói machão com músculos suados, depois de dar cabo de um mar de inimigos sozinho, resgata sua amada que era mantida de refém. Eles se abraçam e se beijam calorosamente enquanto voltam para casa. Explosões de estrelas irrompem nos olhos da Sashi enquanto ela assiste.

Assisto aquilo e sinto um misto de sentimentos bons e ruins. Mas assistia ao personagem fixamente, imaginando como seria incrível poder cuidar de tudo tão fácil como ele, sem precisar se preocupar em machucar aqueles que amo... ou a mim mesmo. Sem ter que envolver a Sashi ou os outros nessa batalha...

Suspiro.

Mas não sou ele. E agora, sendo só eu mesmo, só posso fazer o que eu puder.

Demorou mais alguns dias até que todos conseguissem passar. O primeiro depois de mim foi Roberto, que entendeu que precisava aplicar o que nos foi ensinado por Nádia para sobreviver ao minuto que Magic estipulou. A partir daí, para o restante foi intuitivo. Alguns com mais dificuldade que outros, mas todos foram aprovados.

— A Gnosis — Nymph começa a falar ao fim do terceiro dia da minha recuperação para os presentes na sala. — Esse era e sempre foi o segredo. — Ela abre as mãos e faz movimentos ao redor da cabeça, descendo pelo corpo. — Vocês aprenderam sobre o polo passivo para liberar a Gnosis de seus personas. Mas até então, vocês só a usavam pontualmente em certos picos, como para atacar ou reforçar suas habilidades.

Todos se entreolham. Rostos murchos e cansados. A rotina e os testes tem sem mostrado esmagadores para a saúde de todos. Ingrid, por exemplo, está com olhos baixos e fatigados, a expressão ainda mais mal-humorada que antes; Jamal está marcado em vários lugares do corpo com hematomas e calombos, olheiras profundas e até parou de tagarelar como antes.

Roberto massageia as têmporas, sentindo fortes dores de cabeça e no corpo e Emma mal consegue se manter acordada, dormindo em todo o lugar que puder se escorar. Eu, mesmo tendo descansado os últimos três dias, ainda sinto dores e uma certa dificuldade de andar. As maçãs do meu rosto também ainda estão um pouco inchadas.

— Para sobreviverem ao treinamento do Magic, vocês têm que começar a ver a Gnosis como uma... — Ela se interrompe, escolhendo palavras. — Segunda pele!

— Como assim? — Jamal pergunta, bocejando. — Pode ser mais direta, minha nobre? Meu cérebro tá raciocinando pouco esses dias...

— Pensei que esse fosse seu normal — Ingrid solta uma tirada ácida.

— É bom ver que você ainda tem alguma energia para bostejar depois de quase ter vencido da amigona aqui — Jamal retruca com ironia.

Uma veia se projeta na testa de Ingrid. 

— Vocês já vão começar? Tô com tanta dor de cabeça, cara... — lamenta Roberto.

Nymph riu com certa vergonha. Acho que até ela agora percebe o quão pesado pegou com a gente.

— Certo, certo. Vou tentar resumir.

— A todo momento, seus personas tem que liberar Gnosis — fala uma voz grave e poderosa da porta que ligava a sala de visitas à cozinha. Um homem alto, careca e musculoso, está parado ali.

Magic Moreno! O verdadeiro! E o mais incrível é que olhar para ele é a quase a mesma coisa de olhar para o seu persona, tirando o volume extra em certos músculos. Para mim, que vejo tanto personas e pesadelos quanto pessoas, é difícil distinguir se o que está na minha frente é a pessoa ou o persona.

— Oi, Magic! Voltou cedo da academia — Nymph o cumprimenta com o punho fechado.

Ele retribui o gesto com um largo sorriso e olha para os presentes ali.

— Ei, man. Que que houve com vocês? Tudo esculhambado. Cara feia pra mim é fome, viu? — diz o Executivo, jogando sua bolsa de academia em cima da mesa de vidro e então se joga no canto vazio do sofá ao lado de Nymph.

Sua postura é largada e irreverente. Ele fede a suor e a testosterona e nunca parece preocupado com nada, nem com boleto. Cada músculo de seus braços, pernas e tronco saltam em movimentos vigorosos. Realmente, não há quase nenhuma diferença do persona para a pessoa, o que deixa todos ali intrigados. Claro, ninguém ousou pontuar isso e ninguém tinha nem mesmo energia para isso.

— Negócio é o seguinte, bando de peido azedo: A Gnosis é como uma capa de chuva, mas ao invés de proteger da chuva, vão proteger vocês de chibata mesmo. Se não quiserem o couro de vocês moído na tábua de passar dos pesadelos e dos Orus, vão ter que aprender a manter essa capa sempre fluindo pelo persona de vocês.

Ingrid estreitou os olhos, mas não retrucou nada. Mesmo que quisesse, está cansada demais para discutir.

— Todos eles passaram mesmo, Alicia? — pergunta ele.

— Sim — ela responde rindo. Que assustador! — Acho que posso ter exagerado com alguns, mas todos estão inteiros.

— De rocha! Agora que o treinamento começa de verdade, cambada! — Ele se levanta de uma vez do sofá, os músculos dos braços cruzados a ribombar debaixo da pele bronzeada. — Se seus corpos estão na merda, se suas mentes estão um lixo e seus emocionais estão à beira do colapso, esse é o melhor momento para treinar!

Todos franzem os cenhos e Emma até mesmo acorda. Sashi é a única que parece animada com a ideia. Então, ele prossegue enquanto cata uma toalha dentro de sua mochila.

— Depois do treinamento de hoje, escolherei dois que ficarão na vigília diurna da semana e dois para a vigília noturna. O que sobrar, irá fazer alguns exercícios extras! 

— Você não tá falando sério, não é? — Ingrid enfim abre a boca.

— Qual foi, cumade? Já tá pedindo arrego? Logo você, a que mais me cobrou para ser treinada! 

— Nós estamos acabados! Não temos sequer como...

— Deixe de putaria. O que vocês querem tá mole! — grita, a voz explodindo no ambiente silencioso. Alicia se mantem quieta. — Para ser um fictor sigma e invocado como nós, que lida com qualquer bucho, vocês têm que mostrar serviço e garra! É quando o fictor está na merda que ele mostra o seu verdadeiro potencial!

Ingrid abre a boca para contestar, mas nenhuma palavra sai. Jamal segura seu braço, um convite silencioso a se sentar e calar a boca. Acho sensato da parte dele. Roberto também agradece com um sorriso seco. Emma funga.

— Sosseguem. Vou ser bonzinho e dar uma colher de chá pra vocês, já que cumpriram com o combinado mais rápido do que eu esperava — Ele se vira para ir ao banheiro, concluindo: — Quem puder, volte para o quarto e ponha seu SDM. Nos vemos na cobertura em 15 minutos.

É impossível conter os suspiros e murmúrios de cansaço.

— Mais uma sessão de espancamento, meu deputado? — A voz de Jamal se arrasta. — Agora é você que vai nos trucidar?

Magic ri, os músculos potentes de suas costas se retraindo como se tivessem consciência própria. Credo, é bizarro.

— Não. Não vai haver chibata hoje pra vocês. Mas aviso que se interem ou podem acabar bem machucados.

O resultado da sessão extraordinária de treino não pôde ser outro. Nenhum de nós aguentou nem o primeiro minuto. Fomos para a casa da Alicia naquele dia com uma ardência severa no corpo e uma fadiga mental e física que não se podia exprimir em palavras. Só a liberação da aura de Gnosis de Magic foi o bastante para deitar todos os personas ao redor dele ao mesmo tempo.

Depois de reafirmar sua superioridade sobre o mundo de novo, ele fez o tal do sorteio, o que me fez cair nas vigílias diurnas junto de Yatsufusa. Roberto e Jamal pegaram as noturnas e, Zeppelin, ficou com as lições extras. As piores, na minha opinião, mesmo que as pessoas não dormissem tanto quanto à noite.

Elas foram divididas em três dias na semana, assim como as sessões de treinamento, divididas em duas etapas. A primeira, como foi mostrado no primeiro dia, consistia em apenas ficar na presença de Magic com as auras de gnosis fluindo constantemente por nossos personas, enquanto ele projetava sua própria gnosis contra nós.

À primeira vista, falando dessa forma, parecia fácil, mas caramba... por várias vezes, sequer conseguimos ficar mais do que alguns segundos em sua presença sem perdemos a consciência ou acordarmos. A sensação era como ser engolido e esmagado por um tsunami. Um prédio caindo sobre nossas cabeças, sendo arremessado contra os nossos corpos.

Tanto que só aguentei a primeira vez. Nas sessões seguintes, tive que me proteger usando o corpo da Sashi e, ainda assim, não durava muito mesmo colocando tudo de mim para manter a barreira de gnosis levantada. Magic chamava aquilo de “corpo de gnosis”.

O verdadeiro fictor invocado consegue manter seu corpo de gnosis constantemente levantado, expandi-lo ou contraí-lo para deixar mais denso nos lugares certos para reduzir o maior dano possível.

Depois, Alicia explicou que o motivo pelo qual Magic propôs o desafio inicial foi que entendêssemos que precisávamos liberar a gnosis para resistir mais do que se usássemos somente o persona. Por isso, Nádia disse que dominar o polo passivo da gnosis seria fundamental para o restante do treinamento.

Mas o treinamento não consistia apenas em ter nossos personas esmagados pela aura insana do Executivo. Ele revelou que as viagens de ônibus, as rotinas matinais de caminhada a que Alicia nos submetia todo o santo dia... tudo isso fortalecia a mente e calejava o corpo.

 


A qualidade do sono melhora a conexão com o persona, assim como estar bem fisicamente e blindado mentalmente vai deixar sua gnosis mais robusta. Não dá pra se confiar somente no SDM para protege-los de despertares súbitos, ensinou Magic certo dia. Além disso, o caba tem que estar sempre praticando o Knowself, como Nádia já deve ter ensinado.


 

A cada dia que passava, acordar cedo já não era mais um problema. As viagens de ida e volta para a casa de Magic se tornaram tranquilas e até mesmo o calor era familiar para nós agora. E, à medida que íamos nos acostumando a essa rotina opressiva, sentimos a diferença em nossos corpos.

E personas, é claro.

O que antes não passava de alguns reles segundos, transformou-se em minutos. Mesmo diante da gnosis devastadora de Magic, conseguimos manter os corpos de gnosis fluindo constantemente, bloqueando grande parte da torrente energética. Esse foi o resultado do fim da terceira semana.

— Você tá voando demais, Calebe. Tá tudo bem? — Sashi me acorda da corrente de memórias que me deixava fora do ar.

Balanço a cabeça, trazendo minha atenção de volta para o presente.

— Ah, nada. Só estava me lembrando das semanas passadas.

Sashi solta um risinho bobo da minha falta de jeito e senta do meu lado, repousando a katana entre nós. Suas pernas balançam do batente do shopping onde estamos vigiamos agora. Pessoas e pesadelos menores passam por nós em ritmo cadenciado.

— Quanto evoluímos, não é? — Sashi olha para mim com otimismo na forma de um sorriso brilhante.

— Pois é... finalmente estamos fazendo algum progresso.

— Está feliz, Calebe? — Sashi pergunta. — Quero dizer... estamos conhecendo lugares que nunca sonharíamos em conhecer, estamos fazendo progresso como você queria e a cada dia mais próximos de salvar o Enrico.

A menção ao nome dele fez algo dentro de mim gelar. Aperto a borda do batente onde estamos sentados tão forte que ouço um estalo das juntas brancas dos dedos.

— É... estamos mesmo.

— Algum problema, Calebe? Você tem parecido mais deslocado desde que saímos de São Paulo. O que foi?

— Pensei que, você sendo meu persona, saberia o que passa na minha cabeça — comento com certa ironia, mais para evitar o assunto que continuar.

Sashi infla as bochechas enquanto franze o cenho em resposta. 

— Você é um mala às vezes, sabia?

Me levanto, as mãos nos bolsos enquanto observo a multidão ir e vir. Alguns pesadelos inofensivos, encarnando preocupações e temores das pessoas, rastejam e cercam os arredores, com olhares curiosos. Alguns pontos do ambiente estão distorcidos, preto e branco ou rachados.

Desde quando minha mente aceitou toda aquela loucura como algo normal?

— Sashi... eu queria te perguntar uma coisa.

— Sim, Calebe?

— Pelo que...?

Não dá tempo de terminar uma pergunta quando sinto algo ruim. Uma vibração negativa no ar que chama tanto minha atenção quanto o da Sashi. Com o treinamento da Nádia, aplicado ao treinamento de Magic, já conseguia sentir a ação de campos lúdicos a uma certa distância... como um persona faria.

— Que foi isso!?

— Sentiu também? — Sashi desembainha sua katana. — Parece que veio de lá.

Ela aponta para o que seria, em meu parco senso de direção, o leste. Eu consigo dizer que aquela energia... não, energias, estavam longes o suficiente para não causarem mudanças significativas naquele ambiente, mas fortes o suficiente par a serem sentidas daqui.

O que está acontecendo?

Saímos do shopping pelas escadarias e fomos para a avenida. Até então, nada de muito anormal além do movimento habitual. Seguindo a avenida, num cruzamento com outra maior de quatro faixas, tem a reitoria da UFC, a maior universidade do Ceará.

Segundo a Sashi, a energia se concentra ali. Mas aonde?

O largo cruzamento está cheio de carros e pessoas passando. Nenhum pesadelo à vista. O ambiente está cinzento e com a velocidade modo tartaruga, indicando que entramos no domínio de um campo lúdico. Há até mesmo alguns cantos que estão severamente distorcidos ou faltando.

Deve ser um pesadelo muito forte para conseguir materializar um campo lúdico daquele tamanho... e principalmente, perigoso.

Mas onde está? Onde estão? Sinto...

— Calebe! Cuidado! — Sashi me empurra de repente.

Aperto os olhos tempo o suficiente para sentir um forte choque no corpo. Um som estridente entorpece meus ouvidos e sinto terra e poeira voando no meu corpo quando bato as costas no muro do prédio atrás.

Logo após o estrondo, um silvo metálico perfura meus tímpanos e filetes de ar empurram meu corpo para lá e para cá, até pararem em um fagulhar inquietante. Abro os olhos lentamente e encontro duas lâminas afiadíssimas que refletem minha imagem pálida, cruzando-se com um par de garras serrilhadas, lembrando patas de louva-a-deus.

Holy sh*t...

— Não precisava ter vindo... Musashi! — A voz é de Yatsu, um dos que está trocando forças com a aberração enorme à frente.

Sashi ri.

— Vi que você estava demorando demais e imaginei que precisaria de alguém para salvar sua pele — retruca ela com petulância. O mascarado solta um estalo de língua.

Yatsufusa força os músculos do braço, as veias saltando por baixo da pele branca demais enquanto grita. As chamas violeta de Sashi se libertam da espada no mesmo instante em que ela também usa toda a sua força e os dois, juntos, conseguem empurrar aquela coisa para longe.

O bicho, que devia ter pelo menos uns 3 metros de altura, sai voando até parar no outro lado da avenida. O sinal da avenida maior se fecha e ambos permanecem fechados. Os carros param, as pessoas desaparecem... aquela coisa estava mudando a realidade daquele lugar?

— Esse monstro irá sentir o fio da espada — Yatsufusa levanta sua nodachi sobre sua cabeça, em sua posição de luta. A máscara muda para a de raposa.

Sashi monta sua postura de batalha também, as chamas espiralando ao redor de sua espada.

— Fique para trás, Calebe — diz Sashi, sem se virar. — Esse não é um pesadelo comum!

E com um rugido da fera, que faz aquela realidade congelar estremecer, a luta se inicia!



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