O Apocalipse de Yohane Brasileira

Autor(a): Enrico Ferr


A1 – Vol.3

Capítulo 56: O certo a ser feito.

Tia Natalya… a Yelena não passou por aqui.

O que? Não. Ela tem que estar aqui, Olívia. Será que ela não está escondida? Yelena! Yelena, se você não aparecer em cinco segundos, vai se arrepender! — A mulher começou a chamar pela filha, torcendo para a criança estar escondida na casa.

Tia Natalya, se acalma! Por favor! — A loira segurou a mulher pelos ombros, encarando fixamente seus olhos cansados se marejando. — Eu vou encontrar a Yelena, ta bom? Ela deve estar brincando na igreja ou juntando mais neve pra jogar em mim.

Mas…

Ei, fica tranquila. Vou revirar toda a vila atrás dela, e trazê-la em segurança pra ela poder receber uma bela surra por nos preocupar dessa forma.

“Mesmo que, na verdade, você já saiba onde a menina está.” A voz murmurou.

Natalya respirou fundo com o calor das mãos de sua sobrinha em seus ombros enquanto limpava o canto dos olhos.

Certo. Vamos achar ela.

Não. Você vai ficar aqui e beber um chá para se acalmar. Eu vou atrás dela.

Olívia, mas ela é minha responsabilidade. Você não pode simplesmente pedir pra que eu fiquei aqui sem fazer.

Não estou pedindo, tia Natalya.

Em um ato quase intrusivo, a mulher soltou uma risada meiga, olhando para sua sobrinha mandona.

— Você é mandona igualzinha à sua mãe. Tá certo, querida. Por favor, traga minha pequena de volta pra casa.

Olívia acenou e pediu para sua tia ir deitar na cama um pouco enquanto ela se despedia dos convidados. Logo após isso, voltou a atenção para as visitas estrangeiras.

— Bom, sinto muito novamente, Yohane. Mas agora, vou ter que pedir para vocês irem embora. Surgiu um contratempo e eu…

— Por onde começamos a procurar? — A ruiva se levantou de imediato do sofá, com uma expressão totalmente diferente de antes. Adam olhou confuso, sem entender do que a garota estava falando.

Entendendo as intenções dela, Magda sorriu sem jeito enquanto passava a mão em seu rosto.

— Como assim, “procurar”?... Você entendeu a conversa?

— Sim. Sua prima, Yelena, sumiu. Agora temos que achar ela.

— Como você entendeu?! — Adam exclamou. — A conversa foi inteira em russo!

— Foi? Bem que achei estranho elas falarem nosso idioma… acho que tem algo a ver com a Nik... Mas enfim, nós quatro vamos ajudar a encontrar a Yelena.

— Quatro? — Tera olhou para Yohane, que retrucou com um olhar furioso. — Sim, nós quatro!

— Yohane — Olívia se aproximou, estranhando a atitude da garota. — Eu acabei de dizer que não posso te ajudar a encontrar a Abigail. Se isso é alguma tentativa de…

— Não estou tentando nada, Srta. Romanova. E nem pedindo nada em troca. Eu vou te ajudar, não importa a sua resposta pro meu pedido.

— Mas por que você faria isso? Cada minuto gasto me ajudando, poderia estar sendo usado para achar sua irmã.

— Eu sei. Mas estou aqui agora e não posso simplesmente ignorar a situação.

— E o motivo disso seria?

Yohane inclinou levemente a cabeça, confusa. Era como se a resposta já fosse óbvia pra ela, e também deveria ser para os outros.

— Ué. É o certo a se fazer.

Olívia estava incrédula com a resposta, que parecia ter saído direto de algum herói de histórias em quadrinhos.

— É melhor aceitar. — Magda cruzou os braços. — Ou é capaz dela ir sozinha atrás da menina.

A loira olhou para Vernichter, ainda sem acreditar que a garota falava sério.

“Você sabe que não tem chance de voltar viva se for sozinha, já que não quer me soltar” disse a voz.

— Merda… tudo bem. Quanto mais ajuda, melhor, eu acho. Fiquem a vontade pra comer algo na geladeira, vai ser um longo dia. Em dez minutos saímos para o bosque.

Yohane assentiu, seguindo e gritando com Adam, que tinha revirado os olhos e ido direto para a cozinha junto do bule de chá assim que a conversa terminou.

Enquanto isso, Magda se aproximou de Olívia com um olhar sério, um pouco preocupada com toda a situação.

— Como você sabe que temos que procurar no bosque? — Vernichter perguntou.

— A Yelena é uma pestinha, mas é uma boa menina. Não fugiria de casa por vontade própria.

— E então?

— Alguma coisa a levou. A única coisa que teria coragem de fazer isso pra me atingir. — A raiva no olhar de Olívia se misturava com tristeza, se lembrando de um dos maiores traumas de sua vida. — A mesma coisa que matou meus pais naquele bosque.

— Você não pode achar que… pensei que aquela mulher tinha ido embora.

— Não. Ela tava com medo da Liv, então se escondeu. Mas desde que eu bloqueei a Liv, aquela mulher começou a trabalhar. Não sei se você percebeu como os moradores da vila parecem zumbificados.

— A Yohane comentou algo assim quando chegamos. Todo mundo agia de modo muito robótico, mesmo.

— Pois é. Isso é sintoma de desconexão astral, quando a alma da pessoa começa a se esvair lentamente. Eu já vi esse tipo de coisa quando meus pais morreram, mas foi bem mais agressivo naquela época. Ela deve estar fraca, então essa é a nossa chance.

“Sua atitude mudou bem rápido, hein?” disse a voz, em tom de escárnio.

— Vai ser uma luta difícil…

— Por que você vai me ajudar? Entendi o heroísmo da Yohane e a preguiça de argumentar do seu irmão. Mas se bem me lembro, você nunca gostou de ajudar ninguém.

— Eu já te disse. Você é minha amiga. — Magda falou com seriedade no olhar esmeralda e foi até a cozinha se juntar aos outros.

Olívia, incrédula em como Magda mudou desde a última vez que se viram, se sentou no sofá, refletindo.

— Ela mudou muito, né? — Uma raposinha que estava em silêncio até aquele momento se pronunciou, olhando para as costas de Magda, que partia metade de um pão para comer junto do chá. — Eu estava muito preocupada com ela, com aquele caminho sangrento que ela estava trilhando. Todos aquelas mortes em Londres… não que eles não tenham merecido, mas não deveria ser a Maggie a fazer aquilo, e de um modo tão violento.

— Como pode uma menina tão pequena causar tamanha mudança nela? — disse Olívia, que olhava para Yohane tentando pegar o pão que Adam levantou para o alto.

— A Magda também já foi como a Yohane. Esperançosa e cheia de energia, querendo usar seu poder para o bem. Mas a mãe dela nunca permitiu, sempre a treinou para matar demônios, e matar demônios foi o que ela fez depois que Asmodeus deu aquela cicatriz pra ela, a tornando amarga e triste. E conforme mais pessoas foram tiradas dela, isso se transformou em ódio. Achei que isso ia mudar quando ela conheceu a Astrid, mas sempre que ela voltava para o continente, o rastro de corpos aumentava.

— E como a Yohane mudou isso?

— Enfrentando ela. A Yohane questionou tudo que a Magda acreditava, e recebeu o mesmo questionamento em troca. As duas começaram aquela jornada se odiando, chocando seus princípios um contra o outro. E, mesmo assim, a Yohane salvou a Magda, de mente e alma, e as duas lutaram como uma no fim... Mas claro, realizar o sonho de usar um vestido de noiva pode ter deixado ela mais doce.

Olívia olhou para Magda, que tomava um chá enquanto observava a briga infantil de Adam e Yohane.

— Entendi. Fico feliz dela estar bem… — Apenas para dar uma risada singela logo em seguida. — E você ensaiou esse monólogo?

Tera não respondeu, apenas rosnou e abocanhou o calcanhar de Olívia, que gritou com a raposa e voltou a briga de mais cedo.

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