O Anjo da Porta ao Lado Me Mima Demais Japonesa

Tradução: DelValle

Revisão: Mon, Kurayami


Volume 11

Capítulo 6: Encarando o Futuro

“Esta época do ano sempre me deixa para baixo...”

   Amane não estava trabalhando hoje, então ele e seus amigos decidiram fazer uma sessão de estudos na classe depois da aula.

   O tom sombrio de Chitose combinava com suas palavras enquanto juntavam as carteiras, sua expressão tão sombria quanto sua voz. Ela tirou um livro da bolsa com um suspiro.

   Tanto Itsuki quanto Chitose vinham levando os estudos a sério e tinham motivação para se esforçar. Mas, ao contrário de Itsuki, Chitose simplesmente não gostava de estudar, então era difícil para ela se animar. Não era algo que valesse a pena de se repreender. Sentir-se desmotivada nesta época do ano era completamente normal. Mas forçar-se a passar por isso sem nenhum impulso real só tornariam as coisas mais difíceis.

   Amane olhou para ela e a viu soltar um longo e cansado suspiro, já parecendo esgotada antes mesmo de começarem.

“Porque temos uma quantidade absurda de coisas para revisar?”

“Exatamente. Eu estava nas nuvens desde o Dia dos Namorados, e agora parece que fui jogada de um penhasco. Por que temos que revisar tudo do ano inteiro em vez de só o que caiu na última prova?”

   Chitose gemeu enquanto batia repetidamente o livro contra a mesa, claramente sem saber o que fazer. Os olhos de Mahiru se voltaram para os cantos já desgastados do livro de Chitose e gentilmente avisou: “Você vai estragá-lo.”

   Só para constar, o livro de Mahiru estava impecável — sem nada desfiado, sem manchas, sem rabiscos. Apenas anotações manuscritas nas margens, onde necessário. Enquanto isso, o exemplar de Chitose parecia ter sobrevivido a um pequeno desastre, completo com animações de flipbookay e grafites desfigurando figuras históricas.

“Bem... não podemos exatamente culpar os professores por passarem tanta tarefa,” disse Mahiru. “É essencialmente uma maneira de eles verem o quanto retivemos ao longo do ano. E também serve como prática para os vestibulares. O de verdade vai cobrir muito mais do que isso.”

“Isso, a repetição ajuda a fixar as coisas. Se você começou a esquecer alguma coisa, agora é a hora perfeita para revisar.”

“Isso não me faz sentir melhor! Tem muita coisa para revisar!”

   Com um baque dramático, Chitose bateu o livro contra a mesa novamente. Amane só pôde observar, em silenciosa compaixão, enquanto o pobre livro já surrado absorvia mais um golpe.

[Kura: Eu aqui com sono, imaginando essa cena kakakaka.]

“Nossa escola realmente enfia muita coisa nos dois primeiros anos,” murmurou ele.

“Você pode muito bem aceitar, Chi,” interrompeu Itsuki. “Não estaríamos nessa confusão agora se tivéssemos sido mais consistentes com nossos estudos.”

“Argh, essa doeu…”

“É agora que todo esse conhecimento e hábitos de estudo começam a importar, então vamos dar o nosso melhor.”

“Urk...” Itsuki estremeceu, embora as palavras de Mahiru fossem claramente dirigidas a Chitose. Ainda assim, eles não estavam errados. Ninguém podia mudar o passado, e seus hábitos malfeitos finalmente os haviam alcançado. Tudo o que restava agora era seguir em frente.

“Os vestibulares são um teste abrangente de tudo o que aprendemos, do ensino fundamental ao médio. Então, vamos pensar nisso como uma forma de prática para isso. É uma oportunidade valiosa.” 

“Waaaah!” Chitose lamentou dramaticamente.

“Por volta dessa época no ano que vem, as coisas serão muito mais fáceis,” explicou Mahiru, tentando confortá-la. “Os alunos do terceiro ano têm um horário de frequência mais flexível.”

   Depois que os alunos concluíram o Teste Comum para Admissão à Universidade e fizeram os vestibulares, eles não eram mais obrigados a frequentar a escola diariamente — apenas em dias específicos. Em teoria, isso lhes dava mais liberdade, embora, na realidade, a maioria ainda aparecesse por hábito. Não parecia tão livre quanto parecia.

“É, mas temos que passar pelo inferno primeiro...”

“Todo mundo passa,” o tom de Amane era inexpressivo. “Não tem jeito. Você sempre pode escolher não ir para a universidade, mas se esse é o seu plano, é melhor ter uma reserva sólida para o seu futuro.”

“Que frieza!”

“O quê, você achou que eu ia te mimar?”

   Se palavras gentis e reconfortantes fossem tudo o que ela precisava, Amane poderia tê-las dito facilmente. Mas será que isso realmente a ajudaria? Ele achava que não. Não queria vê-la escolher o caminho mais fácil. Mais do que tudo, queria que ela chegasse onde sonhava — mesmo que isso significasse despertar um pouco a sua motivação. Ainda assim, essa não era exatamente a sua área de especialização. Se alguém conseguia arrancar isso dela, era Mahiru.

   Ele se perguntou brevemente o que faria se Chitose pedisse para ser mimada, mas ela se livrou desse pensamento sozinha.

“Hã, não, obrigada. A ideia de você ficar mole comigo é simplesmente nojenta.”

“Entendo o que você quer dizer, mas... será que você poderia ser mais gentil?”

“Mas é verdade! Você acha que me dar um choque de realidade é muito melhor do que me mimar e me deixar na mão, né?”

[Moon: Os melhores amigos são aqueles que não só comemoram as suas conquistas com você, mas que te repreendem quando necessário!]

“Ela não está errada,” Itsuki olhou para Amane. “Você sempre faz isso, cara. Deixa a Shiina-san cuidar do apoio emocional enquanto você lida com a dureza. É como se vocês dois estivessem comandando uma situação de policial bom e policial mau. Você sabe que a abordagem direta nem sempre funciona, então você assume esse papel. Mas quando alguém está realmente se sentindo mal, você se segura e espera o momento certo. Você não fica falando sem pensar.”

“...Se você percebeu tudo isso, não precisava dizer tudo. Idiota.”

   Amane lançou-lhes um olhar penetrante, claramente irritado com a precisão da análise deles. Não que nenhum deles parecesse nem um pouco arrependido.

“Sim, sim, eu entendo. Mas se estamos falando de quem é realmente rigoroso, na verdade é a Mahirun,” acrescentou Chitose com um suspiro. “Claro, tenho muito o que melhorar, mas mesmo assim.”

“Eu acredito em você, Chitose-san. Por tudo que vi até agora, tenho certeza de que não vai desistir tão facilmente.”

“Hmm... Você realmente sabe como animar as pessoas, Mahirun.”

   Entre os dois, Mahiru era facilmente a mais rigorosa. Mas o que a destacava era que ela nunca se sentia rigorosa. Suas palavras e ações tinham um jeito de animar as pessoas, incentivando-as a se aprimorarem sem que se sentissem pressionadas. Mesmo quando dava instruções firmes, elas soavam encorajadoras em vez de duras.

   Ela tinha sido quase implacável com Amane quando se conheceram, e em suas próprias palavras, isso se devia ao fato de: ‘Se eu tivesse tentado te persuadir com conversa mole, você teria me achado esquisita.’ Ela era realmente perspicaz.

“Não é como se eu não quisesse estudar, okay?” murmurou Chitose. “Só estou desabafando sobre o quanto isso é chato. Não significa que eu não vá me esforçar ao máximo.”

“Entendemos; não se preocupe.”

   Mahiru sabia que as reclamações de Chitose eram apenas sua maneira de desabafar. Uma vez que se sentava, sempre cumpria o prometido.

   Apesar dos resmungos, Chitose já havia pegado o estojo e o caderno. Ela podia estar se arrastando, mas estava claramente se preparando para trabalhar.

   Com um suspiro dramático, girou a caneta entre os dedos, pegou-a e se virou para Mahiru, que lhe sorria daquele jeito calmo e reconfortante de sempre.

“Você não odeia toda essa coisa de vestibular, Mahirun?”

“Hmm... Se eu tivesse que escolher, diria que sim.”



“Ah. Surpreendente.”

   Até Itsuki ficou atordoado. Ele piscou algumas vezes, os olhos fixos em Mahiru como se não conseguisse acreditar no que acabara de ouvir.

   Mahiru calmamente passou o dedo pela capa do livro de referência que havia tirado. Sua expressão permaneceu serena como sempre. Só Amane sabia que ela já havia resolvido todos os problemas daquele livro.

“Eu realmente gosto de estudar. Valorizo ​​aprender coisas que eu não sabia antes e tornar esse conhecimento meu. É uma sensação ótima quando algo que costumava me confundir finalmente faz sentido, ou quando consigo fazer algo que não conseguia antes.”

   Ela era naturalmente diligente, mas, além disso, Mahiru era uma garota surpreendentemente curiosa. Ela tinha um impulso para explorar e compreender.

   Como gostava genuinamente de aprender, frequentemente lia livros ou assistia a vídeos sobre todos os tipos de assuntos. Ela também experimentava diferentes hobbies, adquirindo novas habilidades com facilidade. Para ela, adquirir conhecimento nunca foi uma tarefa árdua.

   Mas estudar para o vestibular? Essa era uma história completamente diferente.

“Estudar para o vestibular é um pouco diferente da alegria que costumo sentir ao aprender.”

“É mesmo?”

“Quer dizer, eu gosto das matérias em si,” esclareceu Mahiru. “Mas ser forçada a estudá-las tira um pouco do meu tempo. Adoro aprender coisas novas do meu jeito. Mas quando tenho que fazer só porque alguém diz que preciso... perde um pouco do charme. Mesmo assim, sei que faz parte de ser estudante.” O sorriso irônico de Mahiru se transformou em um sorriso mais conflituoso. “Para que você acha que serve a universidade?”

“Hã? De onde veio isso?” Chitose piscou. “Acho que... sei lá, preparação final antes de entrar no mercado de trabalho? Um lugar para ganhar credenciais e coisas assim?”

“Essa é uma maneira de ver a questão. No fim das contas, muitas vezes se torna apenas isso: um trampolim para o emprego. Especialmente em uma sociedade que filtra as pessoas pelo seu histórico acadêmico.”

   Embora as universidades servissem como centros de pesquisa e educação, Mahiru entendia como o mundo tendia a vê-las: como fábricas para produzir adultos prontos para o trabalho.

[Moon: Apesar de já ter pensado nisso, nunca realmente prestei atenção… Até que faz sentido… | Kura: Bom, elas fazem trabalhadores, mas os melhores são os que gostam e se esforçam, não é?]

“E você, Mahirun? O que acha?”

“Bem,” começou Mahiru, “eu vejo a universidade principalmente como um lugar para buscar conhecimento. Claro, eu também entendo sua função como uma instituição educacional para fornecer treinamento especializado e uma educação completa.”

“...E isso se relaciona com o motivo pelo qual você não é fã de vestibulares?”

“Sim, na verdade.” Ela assentiu levemente. “Para mim, os vestibulares modernos parecem uma forma de moldar as pessoas para se encaixarem nos moldes predefinidos da sociedade. As universidades hoje em dia parecem menos lugares de exploração e crescimento e mais linhas de produção destinadas a produzir alunos moldados para serem trabalhadores. Quando estudar se torna apenas mais um passo para se tornar uma engrenagem na máquina da sociedade, é natural perder a motivação. A paixão por aprender desaparece quando você não está mais fazendo isso por si mesmo.”

[Del: Otonari críticas. | Kura: Concordo, é chato ter que estudar algo por obrigação. Prefiro que sejam mais humanizadas, já que na verdade, elas são formadoras de sonhos.]

“...Então, em português simples?”

“Ela está dizendo que você vai estudar porque precisa estudar, mas se começar a ver isso apenas como um caminho para se tornar mais uma engrenagem no sistema, perderá a vontade de continuar,” esclareceu Amane.

“Mais ou menos, sim,” confirmou Mahiru com um pequeno sorriso.

   Amane havia sido um pouco direto, mas não estava errado. Com um toque de aprovação divertida, Mahiru lhe deu uma leve salva de palmas.

“Apesar do que eu disse,” continuou Mahiru, “não sou tão diferente assim da Chitose-san. A maioria dos alunos pensa da mesma forma em relação aos exames de admissão. A única diferença real é que eu realmente gosto de estudar, enquanto ela não.”

“Entendo... não sei como você consegue gostar de estudar.”

“Hmm. Para mim, é a sensação de realização. Aquele momento em que algo que não fazia sentido finalmente faz sentido. Mas acredito que seja um pouco diferente para você, Chitose-san. Imagino que você sinta uma sensação de realização mais forte por meio da ação do que do estudo. Por exemplo, você não se sentiria como se tivesse conquistado algo se não conseguisse fazer um giro para trás na barra no início, mas praticasse e finalmente conseguisse?”

[Del: Nota interna, eu passei um momento complicado com a trad nesta parte, só que eu já corrigi / Moon: Grande Del]

“Ah, com certeza! Eu diria: ‘Aí sim, consegui!’ O mesmo acontece com o atletismo. Fico tão animada quando meu tempo melhora.”

“Não é exatamente a mesma coisa,” admitiu Mahiru, “mas é assim que estudar me faz sentir.”

“Ooohh, agora entendi!” O rosto de Chitose se iluminou, seus olhos arregalados de compreensão.

   É claro que só entender a comparação não fez com que ela magicamente gostasse mais de estudar do que antes. Os outros três trocaram olhares cúmplices, silenciosamente se perguntando o que, se é que alguma coisa, poderia realmente mudar isso.

“A Chi provavelmente odeia estudar tanto que, mesmo quando finalmente consegue algo, está exausta demais para aproveitar. Tipo, ‘Ugh, finalmente acabou’. Esse tipo de humor mata qualquer alegria que ela pudesse ter ao aprender,” disse Itsuki, pensativo.

“Sim,” concordou Amane. “Ela pode sentir uma sensação de alívio ao terminar, mas não muita satisfação real ao entender a matéria.”

“Exatamente! Vocês dois me entenderam... Espera aí, espera aí — por que parece que vocês estão dissecando toda a minha personalidade? Parem de me psicanalisar! Eu me sinto exposta!”

“Bem,” começou Mahiru, “agora que te expusemos, acredito que o próximo passo é descobrir como aumentar sua motivação.”

   A maneira como ela disse isso foi perfeitamente inocente, mas dependendo de como você ouviu, soou um pouco... questionável. Chitose instintivamente cruzou os braços sobre o peito, visivelmente assustada. Mas Mahiru já estava imersa em pensamentos, claramente tentando encontrar maneiras de ajudar como uma verdadeira amiga faria.

   Chitose, no entanto, não via dessa forma. Ela parecia um pequeno animal encurralado, tremendo por ter sido completamente lida. Enquanto isso, Itsuki não ofereceu resgate. Seu silêncio deixou claro que ele também acreditava que isso era necessário.

“A maneira mais fácil e eficaz é se recompensar,” sugeriu Mahiru.

“Mas não se recompense sempre,” alertou Amane. “Caso contrário, você vai se acostumar e não vai funcionar. Você precisa de recompensas para se manter focado, então, embora os incentivos sejam bons para te manter em movimento, o truque é variar a frequência com que você os recebe para que continuem funcionando.”

“Sim, é tudo uma questão de equilibrar recompensa e disciplina,” concordou Mahiru.

“Você também não pode depender de nós para te manter motivada,” acrescentou Amane. “Seria melhor se você encontrasse seu próprio sistema de recompensas. Mas, no fim das contas, tudo se resume à sua determinação.”

“Ikkun, eles estão me assustando...” Chitose sussurrou, aproximando-se de Itsuki.

“É para o seu próprio bem, Chi. Apenas faça.”

“Maldito! Você também não, Ikkun!”

[Kura: Akakakaka, traição.]

   Chitose se sentiu traída, mas, na verdade, ela não estava sendo abandonada, mas sim cuidadosamente vigiada. E só para deixar claro, Mahiru ofereceu um sorriso tranquilizador e disse: “Não se preocupe. Não vou obrigar você a fazer nada que não queira.”

“O ideal é que você encontre o que te motiva,” propôs Mahiru. “Mas, honestamente, se você não gosta de estudar, tudo bem. Forçar-se a gostar de algo muitas vezes tem o efeito oposto. Ser obrigado a fazer algo sem que lhe digam o porquê é especialmente desagradável, e esperar que alguém se mantenha motivado nessas condições é simplesmente irreal.”

   Ninguém gostava de receber ordens sem saber o motivo. A verdadeira motivação não vinha da pressão — tinha que vir de dentro. O máximo que qualquer outra pessoa podia fazer era criar o ambiente certo, dar um empurrãozinho e esperar que a faísca se acendesse sozinha.

“Mas essa é a realidade,” continuou Mahiru. “Quer você goste ou não, você precisa fazer. Então, mesmo que não goste de estudar, faça o mínimo necessário para conseguir. O que importa é garantir que seus resultados não se tornem obstáculos para o que você realmente quer seguir na vida.”

   Por isso, a compreensão era importante. Às vezes, o coração não se movia até que a mente aceitasse a lógica. E às vezes, era o contrário.

“O que eu quero seguir na vida…”

“Por exemplo,” começou Mahiru, “digamos que um dia você decida por uma carreira. E esse trabalho exige uma certa qualificação. Normalmente, você simplesmente seguiria em frente e conquistaria essa qualificação, certo?”

“Sim, acho que sim.”

“Mas e se… essa qualificação estivesse disponível apenas para pessoas com diploma universitário? O que você faria então?”

“…Então eu teria que ir para a universidade.”

“Exatamente. Mas se você não tivesse ido quando teve a chance, teria que começar do zero mais tarde. E recuperar o atraso? Isso poderia levar pelo menos dois anos — talvez até quatro. Nesse tempo, você provavelmente se pegaria pensando: ‘Ah, eu deveria ter estudado mais naquela época. Talvez eu não devesse ter perdido tanto tempo com preguiça.’”

   Enquanto falava, Mahiru casualmente tirou um pedaço de papel do caderno e começou a esboçar. Com alguns traços rápidos, ela produziu um desenho em estilo chibi de Chitose segurando a cabeça em desespero. Era inesperadamente bom — uma prova da curiosidade e dedicação de Mahiru ao aprender, mesmo nas pequenas coisas.

   Amane não pôde deixar de sorrir ao ver.

“Bem, isso foi apenas um cenário hipotético. Mas acho que todo mundo tem momentos em que olha para trás e pensa: ‘Eu deveria ter feito isso’ ou ‘Queria ter me esforçado mais’. Esse tipo de arrependimento tende a ficar com você.”

   Mahiru provavelmente falou por experiência própria. Talvez tivesse algum arrependimento pessoal que nunca havia compartilhado. Mas, mesmo enquanto dizia isso, seu olhar permaneceu calmo e firme. Não havia tristeza em sua expressão, nenhuma amargura persistente. Apenas convicção enquanto olhava para Chitose.

   Chitose, por outro lado, parecia incerta. Seus olhos tremulavam como ondulações se espalhando pela superfície de um lago parado.

“Para evitar tais arrependimentos, você precisa se esforçar para abrir as portas certas. É por isso que estudar nunca pareceu um obstáculo para mim.”

“Ahh... Meus pais também costumavam dizer algo assim,” compartilhou Chitose. “Eles me disseram que arrependimento se chama ‘arrependimento’ porque só aparece depois que você já cometeu um erro. Então, você deve fazer tudo o que puder para não deixar nenhum para trás. Eles também me disseram para continuar alimentando minha curiosidade e meus interesses, pois são eles que expandem suas opções na vida.”

   No caso de Amane, Shuuto e Shihoko sempre adotaram uma abordagem gentil e descomplicada em relação à criação dos filhos, deixando-o escolher seu próprio caminho. Mesmo assim, frequentemente o lembravam de que fazer as coisas cedo fazia toda a diferença no futuro. O esforço que ele dedicava agora moldaria a vida que ele teria no futuro.

   Naturalmente, houve momentos em que ele resistiu. Mas, quando isso acontecia, eles nunca o forçavam. Em vez disso, explicavam pacientemente por que isso importava, encorajavam-no com a ideia de que ele poderia acabar gostando depois de tentar e, às vezes, até se juntavam para tornar o processo menos intimidador. Sempre faziam questão de elogiar seu esforço, orientando-o com apoio em vez de pressão.

   E quando Amane expressava um desejo genuíno de assumir algo sozinho, eles lhe davam espaço para fazê-lo. Ele se transformou na pessoa que é hoje graças à orientação e ao apoio deles.

“Agora que penso nisso,” disse Amane, “meus pais sempre me deixaram tentar tudo o que eu quisesse. Desde o começo, eles me ensinaram o quão valioso é encarar desafios e o quão gratificante pode ser quando você persevera. Acho que é por isso que não me importo de estudar. Se eu encarar isso como uma forma de me preparar para o futuro, na verdade parece divertido. Saber que vale a pena fazer torna mais fácil dar o meu melhor.”

“A Shihoko-san e o Shuuto-san devem ter te ensinado essa mentalidade desde pequeno. Se eles tivessem te forçado a fazer as coisas sem explicar o porquê, você poderia ter se sentido muito diferente,” respondeu Mahiru.

“É, provavelmente.”

   Se os pais de Amane o tivessem forçado a fazer as coisas sem dar motivos, ele provavelmente teria se rebelado e estaria muito menos motivado do que está agora.

“De qualquer forma,” continuou ele, “acho que se você conseguir se convencer de que o esforço que faz agora valerá a pena depois, será um pouco mais fácil se manter motivado. Eu só... não quero que você tenha que desistir do que quer fazer, Chitose.”

   Chitose soltou um pequeno suspiro, os ombros caindo um pouco. “No fundo, eu sei que...” Ela deu um sorriso torto. “Você e a Mahirun têm uma boa cabeça. Sério.”

   Suas palavras eram uma mistura de admiração e descrença. Amane e Mahiru trocaram um sorriso irônico. Ambas estavam bem cientes de sua tendência a analisar demais as coisas.

“Dizem que nada que vale a pena é fácil. Eu não acredito em sofrer por sofrer, mas... se eu tiver que lutar, lutarei quantas vezes forem necessárias. Se suportar tempos difíceis pode me tornar uma pessoa mais forte, então acho que vale a pena.”

   Em uma época, a firme postura de Mahiru em relação ao autoaperfeiçoamento deixou Amane sem palavras. A julgar pelas expressões, tanto Itsuki quanto Chitose sentiam o mesmo.

   Mahiru lançou-lhes um sorriso radiante. “Eu ainda pego leve quando posso. Não é como se eu gostasse de me esforçar. Só quero me tornar alguém de quem possa me orgulhar. O importante é se esforçar, mas apenas dentro dos seus limites.”

“Mesmo assim, Shiina-san... você é bem impressionante. Estou genuinamente tocado,” admitiu Itsuki. “Quer dizer, sim, é melhor se arrepender de ter feito algo do que se arrepender de não ter tentado... Cara, eu realmente preciso me recompor.”

   Comovido com as palavras de Mahiru, algo mudou dentro dele. Debaixo da mesa, onde apenas Amane podia ver, Itsuki silenciosamente cerrou o punho. Ele sempre fora o tipo de pessoa que perseguia seus objetivos, mas lhe faltava um propósito claro. Não mais. Agora, parecia que havia encontrado seu equilíbrio. Seus olhos tinham a firmeza de alguém pronto para seguir em frente.

   Chitose suspirou. “Vocês estão levando isso muito a sério, então eu odiaria ser a única a enrolar. E... bem, eu tenho que fazer isso de qualquer maneira, então é melhor dar o meu melhor.”

“Esse é o espírito. O resto é com você, Chitose-san.” Mahiru não a forçaria. Ela nunca forçou.

   Chitose gostava de brincar que Mahiru era muito rigorosa com os estudos, mas a verdade era que ela tinha sido a primeira a pedir ajuda. Mahiru nunca forçava nada. Ela entendia melhor do que ninguém que a motivação não podia ser forçada a existir. Mas agora, com a mudança de atitude de Chitose, isso não era mais uma preocupação.

“Eu farei o meu melhor! Não quero acabar separada do Ikkun. Na pior das hipóteses, vamos fugir juntos, então preciso ter certeza de que consigo me sustentar.”

“É mais ou menos isso. Farei o que puder para ajudar você também. Agora, vamos começar a nos preparar para as provas de fim de ano,” insistiu Mahiru. 

AHHH—!!!

   O momento tinha sido sério, até sincero, com todos compartilhando sua determinação renovada. E então, com uma única frase de Mahiru, tudo desmoronou.

   Um grito agudo e trêmulo irrompeu de Chitose — tão estridente e lamentável que só poderia ser descrito como um grande lamento. Era mais bobo do que sério, fofo demais para ser considerado um grito de verdade.

   Amane suspirou, estreitando os olhos enquanto lançava um olhar impassível em sua direção.

“Assim que voltamos ao assunto, você começa a gritar. O que houve?”

“Ela provavelmente só se lembrou do horror que é o livro didático à sua frente. Eu acredito em você, Chitose-san.”

[Kura: Deveria ser o contrário.]

“Vocês dois parecem tão calmos e serenos, mas como estão indo os estudos?” Itsuki perguntou.

“Eu?” respondeu Amane. “Eu reviso mesmo quando não há prova chegando. Quanto às provas de fim de ano, tenho trabalhado gradualmente no material e usado livros de referência. Repetição é fundamental para fixar a informação.”

“Eu estudo com o Amane-kun,” respondeu Mahiru, calma como sempre. “E quando estou sozinha, costumo revisar ou consultar livros de referência. Então, não há motivo para pânico.”

   Amane, por sua vez, tinha o hábito de estudar durante o trajeto para o trabalho e depois de voltar para casa. Mesmo com um emprego de meio período, ele se certificava de que suas notas nunca caíssem. Revisar o material do dia, preparar-se para o próximo e estudar com Mahiru ajudava a reforçar tudo. Era um ritmo ao qual ele já havia se acostumado há muito tempo.

   Mahiru, por outro lado, já havia estudado tudo o que era necessário para o vestibular. A maior parte de seus estudos agora era apenas consolidar o que já sabia. Em vez de se concentrar nas tarefas escolares diárias, ela priorizava o que seria importante para as provas.

   É por isso que ela sempre ocupava o primeiro lugar na turma. Sua inteligência não era apenas uma questão de talento — era o resultado de um esforço focado e consistente.

“Eu deveria ter pensado melhor antes de perguntar para esses dois...” Itsuki murmurou. “Chi, vamos dar o nosso melhor, okay?”

“Sim...”

   Enquanto Amane e Mahiru inclinavam a cabeça, genuinamente intrigados por não entenderem por que estudar regularmente não era a norma, Itsuki e Chitose só conseguiam suspirar e se render, derrotados.

 

-DelValle: Como atual vestibulando, esses caps são pesados, admito. Saeki costuma escrever com algodão, mas desta vez ela largou mão disso e escreveu com pedras.

-Moonlakgil: Apesar de ser universitária agora, isso realmente me quebra bastante… Parece que estão dizendo isso na minha cara! Agora eu não posso decepcioná-los né kkkkk! Tô indo estudar, faloousss!!

-DelValle: Né pô, parece tá mostrando na cara e ainda dando tapas no rosto para prestar atenção kkkkkk. Enfim, estudemos, vamos lá. .

-Kurayami: Rapaz, Saeki-san pegou pesado dessa vez… Como o Del disse, foram pedras kkkkkkk. Mas, eu concordo com ela em certas partes.



Apoie a Novel Mania

Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.

Novas traduções

Novels originais

Experiência sem anúncios

Doar agora