Volume V – Arco 15
Capítulo 144: OPERAÇÃO MOTIM.1 (Força Invisível)
DIA 1, DISTRITO DA RESERVA — MANHÃ COM NEVE FINA.
Parado na entrada para a fazenda, estava um batalhão de Heishis. Seu líder, uma figura encapuzada vestia roupas robustas de lã em tom azul turquesa, que contrastavam com a pálida neve fina que caía no começo do dia, apoiava-se na cerca aguardando o homem protuberante de capa branca chegar até ele. Quando se encontraram, o homem revelou seu rosto pintado de preto ao redor dos olhos.
— Eu me lembro de você em Nokyokai. Não tivemos tempo de nos apresentar direito — estendeu a mão — Sou Onochi Shiro.
— Kurome Tsuki — apertou a mão — Enviado do imperador como comandante.
— Devo admitir, ter a cooperação do império em nosso lar mesmo depois de tudo que aconteceu em Doa é aliviador — suspirou Onochi — principalmente com os Aka.
— Não há alívio em uma batalha, senhor — ofereceu um cavalo para ele — já estabelecemos nossa base, é hora de ir.
— Pode me chamar só de Onochi mesmo, por favor — estalou as rédeas tomando a frente.
A região era cercada por colinas intercaladas por campos de prados, cuja época os vestia de branco cor da neve. Entre subidas e descidas, os cavalos dos homens traçaram um caminho já rasgado pelo chão sem cor.
— Meus homens me contaram de seu pedido, e não pude acreditar no começo ao ponto que quis vir até aqui para vê-lo com meus próprios olhos — acelerou ficando lado a lado.
— Qual era o problema com meu pedido?
— É ruim que você como líder do fronte não esteja lá para coordená-lo.
— Pensei que viriam buscar quando tudo estivesse pronto — respondeu Onochi.
— Quase tudo, os Aka chegaram agora pouco. Eles nos entregaram um mapa do terreno que mandei ao meu próprio time de batedores para vasculhar a área à frente.
— Cooperação. Se estamos unidos nas guerras, por que parar por aí? Juntos podemos…
— Nossos batedores encontraram restos de um acampamento há alguns quilômetros daqui — Kurome cortou o raciocínio, fazendo um sinal com as mãos — ainda podiam ouvir a chama crepitar mesmo com esses ventos gélidos — deu uma parada repentina no cavalo.
— Entendi, me chamaram porque o inimigo está adiantado — cerrou os punhos Onochi, puxando sua rédea bruscamente.
Chegando no topo de mais uma colina, eles encontraram o acampamento, entocado entre a que haviam chegado no topo e a próxima. As moradas ficavam na margem de um lago, com dez cabanas ao redor só na base.
— Nossa base está em uma localização favorável, praticamente escondida por esse morro — apontava Kurome — seja de onde o inimigo vier, veremos ele do alto.
— A margem do lago foi uma boa sacada, é seguro.
— Hoje será o último dia que poderemos trazer suprimentos por ele. A previsão é que o frio piore, congelando a água — completou enquanto desciam.
— Estamos no inverno — deixava um floco de neve cair sob a palma da mão — Mesmo sem nunca ter pisado aqui, você fez tudo direitinho — se aproximavam dos estábulos — é até difícil pensar que as coisas não deram certo em Nokyokai.
— Inteligência sozinha não será o suficiente, precisamos força — descia, amarrando seu cavalo — Vi o que fez em Nokyokai, reconheço quando alguém está se segurando. Por que fugiu? Podia ter lidado com o restante da Guarda Pacificadora se quisesse.
— Nós Shiro somos pacificadores não guerreiros. Vamos aonde somos necessários para agirmos como defensores. O mundo já tem agressores o suficiente.
— Pois muito bem, agora estão batendo na porta de sua casa — tirava a espada do cavalo, alocando em seu cinto — ou você ataca, ou será atacado. Qual vai ser a sua desculpa hoje?
Esperando por eles estavam as tropas Aka, com todos os seus Senshis e mirins formados em fileiras. Kurome recebeu uma lista com seus nomes, e passou a chamar um por um com Onochi:
— Não reconheço o comandante vermelho. Isso é o melhor que podem enviar?
— Nosso trabalho aqui é minar as forças periféricas para que o território Aka não sofra uma invasão que divida suas forças. Os esforços maiores estão dedicados à Capital de meu antigo povo: Novo Caminho.
— A famosa capital do Velho Mundo — coçou a barba — Nunca achei que fosse estar aqui em vida, sendo sincero.
— É lindo, não é?
— Vai ficar feio, muito breve — lia a lista.
Os dois conversavam a medida que os últimos nomes eram chamados, restando apenas jovens na fila, quando um nome chamou a atenção de Onochi:
— Kazuya Aka.
— Aqui — respondia o garoto com olhos inexpressivos.
Onochi encarou sorrindo brevemente para os jovens, lembrando-se das palavras:
“…Kazuya é o mais estranho de todos, uma vez disse que nem ao menos tem sentimentos.”
— Algum problema com esse aí? — Kurome o despertou do transe.
— Não, nada. Só comi algo que me fez mal. Vou superar.
No meio dos meninos, um se inquietava. Saltitante sem parar, ele cruzava suas pernas de forma involuntária enquanto era advertido pelos cochichos de seu irmão:
— Eu disse para você vir bem agasalhado, Nakama! Agora fica aí tremendo que nem um animal perdido. Como vamos encontrar algo que sirva?
— Não… — batia o queixo — não é nada, eu só preciso ir ao banheiro e…
— Nakama Takahi! — chamou o instrutor.
— Eu! — levantou a mão tremendo de frio.
Bastou seu nome riscado, para ele correr para além da formação. Yachi ameaçou segui-lo mas foi segurado por outra figura maior:
— Deixe comigo, seu nome ainda não foi chamado.
— Obrigado, professor Tomio.
Para além do acampamento, de trás de algumas rochas, o professor seguiu Nakama para próximo da margem da água, onde estavam tanto Heishis como Senshis que aproveitavam da área para cumprir com suas necessidades. Nakama procurou o canto mais isolado que pôde e começou a se aliviar.
Assim que Nakama terminou, uma perturbação no lago chamou sua atenção. Bolhas se formavam na superfície, chamando a atenção dos adultos até que de repente algo emergiu das trevas saltando no pescoço do garoto. Tomio correu para ajudar, mas então tudo ficou preto.
Nos corredores da principal casa da capital Kagutsuchi, um dos visitantes do território Midori adentrava uma sala reservada, que contava com um companheiro de olhos da mesma cor que degustava uma maçã.
— Vamos embora — dizia Dai, juntando seus pertences.
— Mas o mestre Imichi pediu para que eu o esperasse — se levantou Mitensai.
— Ele pediu, não é uma ordem.
— Eu preciso encontrar o Yanaho também — insistiu — além disso, se voltarmos agora a visita terá sido em vão. Tem que acreditar, Dai.
— Isso não vai fazer diferença, ainda olham para gente como secundários, e por isso não temos a colaboração que…
Batidas na porta interromperam a fala do líder Midori. Dai abria de canto questionando:
— Estava me perguntando quando iria desistir de me seguir desde que saí da sala do trono.
— Eu não costumo desistir fácil do que acredito — respondeu Ryoma encostado do lado da porta — é o que espero de você e das pessoas: Esperança.
— As palavras que usa são bonitas, Supremo, mas na prática é completamente diferente — escancarou a porta, saindo — seu Rei e aquele Ancião expõem exatamente o que esperava de sua laia. Então não adianta falar como se tivesse algo de novo para presenciar por lá.
— A Matriarca da Dinastia Kiiro acaba de entrar nestes aposentos, e está se dirigindo para a sala do trono — ameaçou entrar na sala.
— A Yasukasa? — se conteve Mitensai — quer dizer, a Rainha?
— Achei que seria nobre a apresentação formal do representante Midori para com a dos Kiiro.
— Eu acho que…
— Nós vamos — tomou a frente Mitensai, arrancando um suspiro de insatisfação de Dai.
Ryoma apenas ofereceu a passagem aos dois hóspedes. Os três retornaram a enorme sala do trono, onde a audiência solicitada por Yasukasa já estava em andamento, com ela terminando sua explicação:
— …Então, acredito que o sucesso dos Senshis Principais no deserto, é um indicativo de que os esforços inimigos mudaram. E isso compactua perfeitamente com as evidências de presença Kuro em território Shiro.
Antes de terminar sua fala todos já haviam inclinado seus olhares para os recém chegados. Eles repararam no cabelo solto com luzes da matriarca ainda de costas, se virando logo depois de terminar sua opinião frente ao Rei, seu olhar afiado e luminoso como o ouro fez os olhos de Mitensai brilharem:
— Princesa… Que-quer dizer, alteza. Alteza Yasukasa.
— Quem são esses? — revirou os olhos para Ryoma.
— Está cega? — tomou a frente, Dai.
— Estes são representantes dos Midori — apontou Chaul — Dai é conhecido por ser o novo Chefão, cargo maior do território.
— Que seja — virou-se de costas novamente — onde estávamos? — trocou olhares com Naohito que batia sua bengala no canto da sala.
— Estamos aqui na capital Kagutsuchi — tomava um vinho — mas os mortos da batalha no deserto não tiveram a mesma sorte, tudo isso às custas de seu acordo fajuto com o imperador Ao — engolia o líquido todo antes de terminar — vocês são só crianças, sem coordenação alguma.
— Você parece ser só um velho que reclama de tudo e todos, sem apresentar solução alguma — voltou os olhos ao Rei.
— Mas quem coordenou os três frontes espalhados pelas fronteiras com o território Shiro, fui eu — se levantou Naohito — muito antes de chegar aqui. Novo caminho é nossa prioridade, mas um avanço desenfreado pela Reserva será catastrófico para o nosso Reino.
— Você fala isso como se tivesse feito tudo sozinho — retrucou Ryoma.
— Vocês me devem isso, por tudo que os ensinei.
— Não me interessa falar com um ancião, visitantes Midori ou o que quer que seja — se aproximou de seu cavaleiro — estou aqui para resolver o problema. Portanto irei oferecer a força que temos aqui para ajudar nas operações traçadas.
— Engraçado — Dai caminhou na direção da matriarca — meu companheiro falou muito de você, mas acredito que tudo que ouvi foi desiludido em poucos segundos, não é mesmo, Mitensai? — apontou para o jovem.
— Mitensai? — virou-se novamente Yasukasa — é você mesmo.
O garoto já havia perdido toda a empolgação com os ombros relaxados e olhos encarando o chão, respondeu:
— Faz muito tempo, a última vez que nos vimos foi quando fizemos a promessa.
— Isso ficou no passado.
A resposta da Matriarca junto com seu gesto indiferente, fez Mitensai dar meia volta, saindo da sala sozinho, Dai tentou impedi-lo mas foi advertido pelo mesmo:
— Fica aí e tenta fazer essa visita não ser em vão. Eu vou… só tomar um ar.
A grande porta se fechava, Yasukasa suspirou fundo retomando o foco:
— Muito bem, voltando ao assunto eu quero oferecer os serviços de Riki para ajudar na batalha em Novo Caminho.
— Já providenciamos mais um Principal como reforço — retrucou Naohito — temo que não será necessário.
— Toda ajuda é necessária — elevou a voz, Chaul — os relatórios não deram indícios de Súditos no deserto, o que sugere que todos eles estarão por lá. ]
— Dada a palavra do Rei Chaul, está decidido — completou Ryoma — Riki pode estar na segunda leva de homens coordenados pelo principal enviado por Oda. Busque informações com um dos meus confiados, Yato.
— Já o conheço — respondeu Riki recebendo sua missão, curvando a cabeça e vestindo seu capuz antes de sua saída — se me dão licença.
A sala era fechada, restando apenas aqueles que podem tomar decisões territoriais, trocando olhares entre si.
Os mirins permaneceram toda manhã no acampamento na base da colina. Através de barcos no rio, os equipamentos eram descarregados por eles para preparar a primeira tropa que já estava de partida. Faltava apenas uma dezena de Heishis na fila para se armar, quando Nakama retornou para perto dos mirins.
— Onde você tava? — Yachi levantou a voz, enquanto entregava uma espada para o Heishi na sua frente.
O seu irmão se manteve em silêncio ainda despido de roupas, porém dessa vez sem tremer um músculo.
— O professor Tomio não foi com você no banheiro? — Effei entregava o escudo para o membro do exército azul.
— Não vai responder? Ainda não achou uma roupa de frio — Yachi trouxe o irmão para perto — Se a gente for lutar, eu não quero ver esse sumiço. Prometemos pro pai e pra mãe que ficaríamos juntos.
— Esses Heishis, já notou como estão olhando para mim? — mudou o assunto, olhando por cima dos ombros do irmão — não são confiáveis!
— Com certeza porque você tá fazendo uma cena. Anda, volta ao trabalho.
— Nada disso — passou o irmão para trás — Quem ele pensa que é?
De repente, Kazuya, que abria as caixas de armas no fundo da tenda, tomou o irmão mais novo de Yachi pelo braço.
— Me solta, agora!
— O Heishi nem virou para encarar você — explicou Kazuya — A fila cresceu, abaixa a cabeça e vai trabalhar.
— Nakama, chega! — se irritou Yachi — deixe ele comigo, eu sou o irmão dele.
— Calma, gente — Jin intervinha entre os dois — Tá todo mundo do mesmo lado.
Yachi foi apenas ignorado por Kazuya, que pegou a caixa que abrira e a colocou em cima da bancada de entrega. A fila de Heishis, porém, permaneceu estacionada pela inatividade.
— Vão nos mandar para batalha sem armas? — um Heishi no fim da fila gritou — Isso é boicote.
— Que perturbação é essa? — Tomio chegava na fila, acompanhado por meia dúzia de Senshis — Falta pouco para a batalha.
Os Senshis levaram as mãos às suas espadas embainhadas, mas seus adversários não recuaram:
— Fala pros seus pirralhos voltarem ao trabalho. Já me arrastaram para fora de casa para lutar por vocês e agora tenho que ser babá?
— Desculpa, desculpa — Jin saltou por cima da bancada, chamando atenção de todos, batendo na mesa — Podem vir, um de cada vez. Foi só um mal entendido.
— Acho bom — o Heishi murmurou para si mesmo.
— Esperamos respeito em nossas terras. Como tivemos na sua — disse Tomio para o homem já de costas.
O Heishi na fila deu de ombros, fervendo a cabeça de Tomio, cujos dedos embranqueceram ao redor do cabo da espada na cintura. Reparando nisso, Jin encostou em seu antebraço prestes a atacar:
— Professor. Por favor, o que deu em você? — tentava conter o ataque de Tomio — piorar as coisas agora é uma ideia ruim.
— Você é só um garoto, nem mesmo é um Senshi ainda — empurrou o mirim para o lado, ao reparar no Heishi levando a mão a um objeto na cintura, ele gritou aos homens — Ele tem uma faca!
O avanço de Tomio, fez os Heishis que estavam próximos da bancada voarem para a caixa de espadas como leões. Nakama lutou pela caixa, mas terminou atropelado.
Jin mergulhou no meio da multidão, recolhendo o irmão mais novo de seu companheiro de volta para a cabana.
— Irmão — Yachi o acolhia — onde você tava com a cabeça?
— Estão fora de si — Kazuya olhava a briga.
— Que bicho mordeu eles? — coçou a cabeça Effei.
— O professor Tomio tá estranho também — disse Jin, logo se erguendo para voltar para a briga — A gente tem que fazer alguma coisa.
Um pandemônio se iniciou entre os dois grupos. Os Heishis ao redor se uniram aos seus companheiros na fila para se defenderem dos homens de Tomio. Espadas foram sacadas terminando com um Heishi caído no chão com a mão na orelha cortada:
— Malditos Aka!
O sangue na espada de Tomio acusava a sua agressão. Das mãos do Heishi sangrando todos puderam ver o que o professor dos mirins havia confundido como uma faca, e não passava de um cantil para água.
— Eu sei o que eu vi — justificou Tomio para seus homens — Essa é mais uma enganação. Os Azuis não são confiáveis!
Enfurecidos, os Heishis partiram para cima dos homens do rei Chaul. Apesar da corneta no topo da montanha ter sido soada, anunciando a chegada do exército inimigo, nada tirou o foco dos envolvidos na briga.
Na passagem para o outro lado da colina, Kurome e Onochi repararam no menor número do contingente. O capitão da família Tsuki recolheu um Heishi para perto de si:
— Que droga é essa? Meus batedores falaram que os inimigos viriam em uma hora. Eu mal contei mil homens!
— É uma briga, capitão. Os Aka começaram.
— Impossível — respondeu Onochi — Deve haver algum motivo para isso.
— É melhor não estar protegendo seus companheiros preguiçosos, Shiro — insistiu Kurome.
— Senhor, o comandante vermelho está com eles também.
Kurome virou para Onochi, esboçando um olhar confuso. Inclinando a cabeça para escutar melhor o que vinha do acampamento, ele engoliu seco. Antes que pudessem discutir o que fazer, os batedores de olhos pintados apareceram no topo do morro:
— O inimigo está avançando sob a colina!
Sem ao menos esperar uma decisão de Kurome, Onochi alçou voo se despedindo:
— Em menor número a vida deles está em risco. Eu irei conter os inimigos e delego a você que resolva essa briga, sem mortes!
— Ei, vocês — Kurome gritou ao seu subordinado no alto — Recuem os batedores e separe a briga. Prendam os cabeças e liberem o resto para o combate.
Acampamento a fundo, os mirins testemunharam a chegada dos batedores de Kurome no meio da briga. Os Heishis obedeceram prontamente, porém os Senshis se tornaram mais agressivos.
— Podem mandar quantos quiserem, não vamos lutar por traidores — insistiu Tomio.
— Por que então vieram para cá? — questionou um dos batedores — Vocês são completamente loucos.
— Professor — Jin chamou por ele, acompanhado dos outros mirins — Para, a gente tem que ajudar quem está na batalha agora.
— A batalha de verdade é aqui, sempre foi. Vocês nunca deixaram a Guerra do Sangue para trás.
— Eu admito, tem sido difícil superar mesmo — disse uma voz do lado dos Heishis.
Do meio do grupo do exército azul, saiu um homem de média estatura, ombros largos e com o corpo coberto de armadura, carregando até mesmo um capacete fechado:
— Vamos ter muito tempo para discutir o passado, Aka. Agora eu só quero sair daqui vivo mesmo.
Do bolso, ele tirou um esfera enrolada em cordas, a qual atirou aos pés dos Senshis. O batedor reconheceu o objeto, mas era tarde para agir. A bomba de seiva da noite escureceu os homens, imobilizando suas energias e os tornando presa fácil para o outro lado. Depois da explosão, o batedor checou seus bolsos onde guardava a bomba e estavam vazios.
— Qual é o seu problema, Yamiyo?
— Limpando a sujeira — tirou o capacete tomado pelo líquido negro, revelando seu rosto, olhos azul marinho, pele escura e cabelo grisalhos amarrado — Já que o nosso ilustre capitão se recusa a nos liderar.
— Andem logo — o batedor se irritava, mas agiu logo voltou a si — Encontrem jaulas para contê-los por hoje. Quem ainda quer lutar essa guerra precisa da nossa ajuda.
Enquanto os Heishis amarravam os Senshis, Jin relutou em agir, mas Kazuya o conteve:
— Não faça nenhuma besteira.
— Eles estão prendendo o professor! Isso já é uma besteira.
— Que tal ficarmos na nossa? — Effei abraçou os dois pelas costas — A menos que queiram terminar como eles.
Nakama, que assistiu a tudo em silêncio, se afastou de seus colegas mirins para alcançar uma espada que caíra no chão durante o motim. O homem de armadura tinha suas costas para o mirim. Prestes a andar até ele com dentes rangendo, ele ergueu sua espada quando alguém se jogou em cima dele. Ambos rolaram no chão. Os Heishis foram atraídos pela briga no meio do acampamento.
— Me dá, tira a mão — Yachi estapeou o irmão.
— Eles vão pagar por matarem o professor.
— Ninguém vai matar ninguém hoje! — enrolou o braço ao longo do pescoço do irmão.
O irmão de Yachi lutou para se livrar do mata-leão. Esperneou, deu cotoveladas e por um instante, ergueu o braço para usar a espada, mas já não tinha fôlego. O olhar escurecia e o corpo havia se tornado flácido. Cercado pelos homens do imperador, Yachi não sabia o que como reagir até que seus colegas se aproximaram.
— Esse moleque não tem jeito — Effei atravessava os guardas — seu irmão está louco!
— É, quer dizer — Yachi coçava a cabeça — isso está estranho, meu irmão não é assim. Ele mesmo sem roupa de frio, parou de tremer.
— Deve ser pela adrenalina, vamos torcer para acordar melhor — disse Effei tomando ele nos ombros.
Yachi por sua vez não tirou os olhos dos Heishis mais suspeitos. Tomio e seu grupo eram presos em gaiolas de madeira, ou amarrados em tendas feitas para moradia.
— Adrenalina? Mas e o professor? A guerra nunca subiu a minha cabeça desse jeito, por que então seria o caso deles agora? — questionava Jin.
— Querendo ou não eles tem que ser mantidos presos — respondeu Effei — Iam se matar cedo ou tarde. E para falar a verdade, antes esses Heishis sofrendo do que a gente.
Kazuya, que permaneceu em silêncio durante todo o caminhar até a tenda onde distribuíram os armamentos, esperou colocarem Nakama numa mesa para dizer:
— “O inimigo de hoje pode salvar sua vida amanhã”. Os Heishis devem sobreviver, goste você ou não. Um deles impediu muitas mortes hoje.
Os berros do comandante Ao ficaram distantes para Onochi. Em sua subida percebeu grandes acúmulos de terra no ar, prontos para descer sobre as tropas aliadas como lâminas de guilhotina. Havia quatro dessas monstruosidades no céu, ao redor de um ponto preto, uma garota. Os Senshis que tomaram a dianteira a cavalo, logo viram um dos objetos começar a descer do céu, bem no espaço entre eles e a Guarda Pacificadora.
“Isso só pode ser… é uma Súdita!”, concluiu Onochi flutuando em direção ao objeto.
A cavalaria ameaçou dar meia volta, quando o objeto voltou a congelar no ar. O Shiro apareceu para os Senshis, avisando entre a respiração pausada:
— Avancem… Eu vou segurar o quanto posso.
Sentando na ponta do pequeno meteoro, Mayuri chamou por ele.
— Não era aqui que a gente esperava alguém da sua raça.
No chão, pretorianos de terra abriram o chão, separando a cavalaria da Guarda Pacificadora. Nem os cavalos poderiam fazer tal salto. Mais ainda, a terra movida sofreu uma atração para o objeto no céu. O peso tombou aquela massa para baixo, as veias de Onochi saltavam da testa.
— Pesado, né? — Mayuri cruzava as pernas — Aqui vai uma dica: Melhor roubar as coisas grandes na surdina. Você não consegue correr se te pegarem.
— Você, é a Súdita do deserto que exerce a força invisível — reconheceu Onochi.
— Já tenho tal reputação? — estendendo a mão para forçar mais o objeto — assim que matar um Shiro, serei ainda mais conhecida.
Afastando-se um pouco da pedra, a aura de Onochi cresceu. Antes que o objeto caísse muito, ele uniu as mãos. O sopro de seu kazedamu penetrou nas cavidades do pequeno meteoro, explodindo seus pedaços para fora. Alguns deles saltaram pelo alto, expelindo Mayuri que se recompunha no céu. Finalmente, o controle gravitacional de Onochi vencia o peso do seu alvo.
O sobrevivente mais novo dos Shiro tomou o lugar da súdita no topo daquele acúmulo de terra:
— Não é a única que tem poderes divinos.
— Você também controla o invisível, isso está ficando interessante — sorria Mayuri que trazia três plataformas para perto de si.
Ao redor dela, surgia órbitas no qual um time uniformizado foi envolvido, flutuando de forma coordenada junto com as rochas. O time de Pretorianos acendeu sua chama. Seu alvo, no entanto, era a própria mulher no seu meio. As chamas rodopiavam ao seu redor até serem absorvidas por cada braço.
Onochi então desceu para usar todo o objeto de escudo, porém as pedras se aqueciam derretendo como magma e ardendo ao toque. Ele tomou espaço para outro kazedamu, mas quando sua luz se tornou visível pelo outro lado, os pretorianos flanquearam.
Do outro lado, Mayuri apenas viu a retaguarda arder em chamas com um sorriso convencido no rosto.
— Acho que não sabe do que sou capaz, balofo.
Contudo, as chamas dos pretorianos não se apagaram e em poucos segundos um vendaval as dissipou. Mayuri logo se deslocou para absorver o calor, afastando os pretorianos em sua órbita.
— Que tal parar de ficar se escondendo? — socou a massa de terra.
Emitindo a técnica de fogo que acumulara, Mayuri explodiu os pedaços para todos lados. Onochi foi atingido em cheio, rodopiando pelo céu três vezes antes de assumir o controle de seu corpo novamente.
“Absorção de técnicas, dissipação e…” reparou no posicionamento dos pretorianos ao seu redor, tal como das outras três enormes formações de terra, todos posicionados em eixos concêntricos. “Sua Manipulação do invisível, é semelhante a minha. Mesma teoria mas com a prática completamente diferente”
Os destroços serviram de artilharia para a retaguarda da aliança. Abandonando a luta, Onochi mergulhou no meio da chuva de fogo para salvar seus companheiros.
“Já entendi, a força que exerce está ao seu redor, só pode atrair as coisas, mas...”, ele olhou rapidamente para Mayuri, “Você não é só o centro, essas coisas também são. Então se eu cortar a ligação…”
Mayuri não perdeu tempo para persegui-lo. Colocando-se no meio dos destroços, Onochi uniu as mãos para soprá-los para longe, quando foi atingido por Mayuri, que vinha em alta velocidade.
“Que energia é essa dentro de mim?”, uma dor aguda afundava o peito de Onochi. “Ela me transformou num dos centros”.
— Escapa disso agora — Mayuri o chutou para longe.
Toda a terra e fogo dissipados passaram a convergir na direção do Shiro rapidamente. Em poucos segundos um grande bloco de terra no céu se acumulou ao redor do homem enquanto se precipitava sobre as tropas da aliança.
Ilustradora: Joy (Instagram).
Revisado por: Matheus Zache e Pedro Caetano.
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