Volume 1

Epílogo

 

Já era manhã quando uma frota de viaturas policiais entrou na vegetação para além do Shopping da Cidade e cercou uma casa de aparência acabada e completamente abandonada.

Os agentes desceram de seus automóveis, fortemente armados e protegidos por equipamentos de primeira. 

Ficaram em posição — agachados e com suas armas apontadas à frente de seus corpos — aproximaram-se da porta do imóvel, bateram nela e anunciaram o motivo de suas vindas:

— AMÉLIA CURTUS, AQUI É A POLÍCIA! NÓS TEMOS UM MANDATO DE PRISÃO PARA VOCÊ, IMPERATRIZ DO SEXO E DAS DROGAS DO VALE DO PARAÍBA. APAREÇA!

Apesar do pedido, ninguém veio atendê-los. Houve um silêncio momentâneo, e então um policial fez sinal para o outro. Este, por fim, assentiu e arrombou a porta.

Com a mesma força que a correnteza de um rio, os agentes entraram na casa, um a um, de forma sincronizada.

Frederico, Agostinho e sua equipe avistavam, a uma distância segura — no topo de uma pequena colina —, a operação em andamento.

Passou-se um bom tempo, o grupo ficou levemente preocupado; mas respiraram aliviados ao ver a força-tarefa saindo da casa, com Amélia algemada e detida. 

Antes de entrar no camburão da viatura, ela olhou fundo nos olhos de Frederico, e ele sutilmente assentiu com a cabeça.

— Aff… Lamento que as coisas tenham acabado assim — comentou Agostinho ao perceber aquela troca de olhares. — Creio que a parte mais difícil desse plano, para Vossa Reverência, seja cortar laços e trair essa relação de confiança que tanto trabalhou para ter…

Assim como o bispo, Alonso, Dimitri e Soryu se sensibilizaram com o colega e tentaram consolá-lo por meio de elogios.

Era curioso como a visão e a opinião que eles tinham acerca de nosso protagonista mudaram da água para o vinho. 

Pois, em teoria, o Falso Mártir só havia sido descoberto e capturado graças ao padre, kikiki…

— Com todo respeito, senhores, peço que não sejam bestas — Frederico interrompeu. — Me sinto aliviado. Temos uma ameaça a menos para nos preocupar, e fico feliz que nada tenha sido em vão. Foi tudo para um bem maior…

Agostinho retraiu os lábios e deu tapinhas no ombro do padre para consolá-lo. Provavelmente, achava que o discurso dele era uma mentira e que na verdade sofria em silêncio… Bom, totalmente errado ele não estava, kikiki.

Conforme a viatura onde Amélia estava presa se afastava e se perdia de vista, uma figura conhecida subia a colina e se aproximava do grupo.

— Bom dia, senhores — cumprimentou Tomás.

— Bom dia, detetive — Agostinho saudou por todos do grupo. — Como foi a apreensão da Imperatriz do sexo e das drogas do Vale do Paraíba?

— Foi tranquila, ela não resistiu nem nada tipo. Só… aconteceu uma situação inusitada…

— Oh, é mesmo? E o que foi?

— Como posso falar isso para os senhores… — Tomás parecia envergonhado. — De acordo com a equipe que realizou a operação, Amélia via um telejornal em sua televisão, com o volume nas alturas, enquanto ela… alisava a onça.

— Ela… o quê?

O detetive soltou um riso sem graça. — Me desculpe, é difícil falar isso na frente de homens religiosos como os senhores, mas… Aff… Vocês sabem, ela estava… siriricando.

Agostinho gargalhou com o embaraço do amigo. — Sim, sim, agora eu entendi… — E então falou de forma séria: — Por acaso, ela consumou o ato?

— Hã? Quê? Não… Quer dizer, não sei. Tudo que me informaram é que deram um tempinho para a suspeita se vestir na frente deles, antes de a levarem presa.

— Entendo… por isso demorou um pouco para saírem com Amélia de lá… — O bispo parecia tenso. — Espero que isso não tenha acontecido. Você pode não acreditar, mas é assim que o Falso Mártir mata suas vítimas…

Tomás arregalou os olhos. — Oi? Como é? Sinto muito, mas acho que não entendi direito… “Falso Mártir”???

— Peço desculpas, mas eu não te falei tudo quando nos reunimos ontem para a entrega da prova. Além do Mártir, existem outros dois que o imitam, provavelmente seus subordinados. Amélia era apenas um deles.

— Porra! Agora entendi por que você queria conversar com ela… — O detetive entrelaçou os dedos atrás da cabeça e olhou para cima. — Para capturar uma criminosa do calibre dela, precisamos de auxílio das delegacias das cidades vizinhas. Se eu soubesse disso, teria chamado, sei lá, o exército! Você tem noção de que essa meliante ficará detida na minha delegacia até a Justiça decidir para qual presídio eles irão mandar ela???

— Sim, eu sei. E espero que mantenha a sua parte do acordo. A vida de todos da sua delegacia corre perigo, se isso não for cumprido.

— Bispo, eu o conheço há anos… mas isso não foi uma ameaça, foi?

— Jamais, estou apenas constatando um fato. Amélia é uma pessoa imprevisível e mata pessoas de forma que a polícia nem imagina.

— Com todo respeito, Agosto, mas ela está atrás das grades, sob vigilância 24 horas e longe de qualquer arma ou objeto afiado.

— Mas ela tem uma genitália e duas mãos. Por acaso, na cela dela, tem algum objeto fálico? É de extrema importância que vocês não deixem ela se masturbar. Amélia fez um pacto com um poderoso demônio da espécie Luxuria, que a permite matar pessoas após consumar esse ato.

— Aff… lá vem você com essas baboseiras religiosas… — O detetive pressionou a têmpora com dois dedos. — Relutamos bastante em retornar com a aliança, em vista dos incidentes anteriores. Mas aceitamos em troca de um peixe grande. Então, por favor, não faça que a gente se arrependa de nossa decisão.

— Não se preocupe, Tom. Não iremos decepcionar vocês.

O detetive virou de costas ao grupo, para que eles não vissem o sorriso discreto que surgiu em seu rosto. 

— Enfim, me despeço dos senhores. Tenho um relatório para fazer e muita papelada para assinar e enviar. Preciso avisar minha equipe que a dona daquele prostíbulo não só era a Imperatriz do sexo e das drogas do Vale do Paraíba, como também um “Falso Mártir”. Então… até mais!

O grupo deu adeus a Tomás, e ele entrou em sua viatura. Com um olhar pensativo, Agostinho acompanhou o veículo se distanciando cada vez mais.

— Algum problema, Vossa Excelência Reverendíssima? — quem perguntou dessa vez foi Frederico.

— Hm? Ah… não. Não, não é nada. É só… uma coisa que passou pela cabeça de repente.

— Por favor, gostaria de compartilhar isso com a gente?

— Bom… eu estou achando estranho uma coisa. — O bispo colocou a mão no queixo. — Por que Amélia foi presa, e não morta? Faria sentido seus colegas a assassinarem para apagar rastros e evitar que ela os entregasse… Isso só pode significar duas coisas: primeiro, eles ainda não sabem sobre a prisão dela ou, segundo, estão planejando algo com essa captura. Seja como for, precisamos tomar cuidado e aproveitar o tempo em que Amélia está detida na delegacia, à espera de uma transferência para um presídio.

O trio de cavalheiros assentiu, concordando com a teoria que lhes foi apresentada. Frederico, por outro lado, abaixou a cabeça sem dizer algo. Seu rosto não podia ser visto.

Decidido, Agostinho formou um punho e o bateu contra a palma de sua outra mão. Tal qual um juiz batendo o martelo, anunciou o seu veredito:

— É isso então. A busca pelo Mártir continua. Posso sentir ele cada vez mais próximo de nós, em nome de Jesus!

O grupo vibrou, gritou: “Amém!”, mas Frederico não se manifestou, sequer comemorou. Apenas se afastou do grupo, indo em direção à mata.

— Ei, o que fo… — Alonso tentou o impedir, porém Agostinho colocou a mão no ombro do cavalheiro espanhol, parando-o.

— Deixe-o — ordenou. — Vossa Reverência é um homem durão, mas sei que, longe de nossos olhos, ele sofre sozinho. Não deve estar sendo fácil lidar com as consequências das missões que tem feito pelo grupo. Então vamos dar um espaço para o Senhor Padre poder respirar, sim?

O cavalheiro assentiu com a cabeça e observou as costas de nosso protagonista, conforme ele adentrava a floresta.

Frederico andou um bom bocado até parar em uma região longe de seu grupo, em um lugar onde ninguém o poderia escutar.

Ele estava em seu limite. Ergueu a sua cabeça, revelando um sorriso distorcido, e soltou uma risada maléfica tão alta que até fez os pássaros, que estavam por perto, voassem longe.

Seu bispo idiota! — Colocou a mão em seu rosto. — Você será uma pedra no meio do caminho até o fim, não é mesmo? Você é muito esperto…

O padre apoiou-se em uma árvore e arfou pesadamente. Tomado por um êxtase que nunca sentiu na vida, declarou:

Se aquela porca no cio não consegue te matar, então serei eu o responsável por te arrastar para o inferno! Farei de tudo para me aproximar de você, conquistar a sua confiança. E então… conseguirei o seu verdadeiro nome!


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