Volume 3

Caopitulo 2: Tenha medo do reinício.


Leia primeiro na Mahou Scan!


"Escuta. Estou te dizendo a verdade. Nem sabia que a Ayano e a Yuki estavam lá."

"Ah, sei."

"Você não acredita em mim mesmo..."

"E você não precisa se explicar para mim. O que há de errado em amigos de infância ainda se dando bem?"

Alisa poderia afirmar que isso não a incomodava, mas seu tom áspero e temperamento contavam uma história diferente. Até mesmo seus colegas de classe, que não tiveram problema em falar com ela esta manhã, agora estavam desviando o olhar, fingindo que nem percebiam.

Suponho que não posso culpá-la, porém. Quem ficaria feliz em ver seu parceiro se encontrando com um candidato adversário em uma sala vazia? Mas ainda assim... Yuki é basicamente a única amiga de Alya do mesmo sexo.

Masachika tinha decidido que era por isso que Alisa estava de mau humor. Alisa não estava com ciúmes como uma garota que pega o garoto que gosta com outra garota. Não era por isso que ela estava de mau humor. Não tinha nada a ver com amor. Nada a ver com amor mesmo.

Suspiro... Ela vai ser isolada na sala de aula novamente desse jeito...

Depois de suspirar mentalmente, Masachika decidiu deixar para lá e falar sobre outra coisa em vez disso.

"Ah, certo. Alya, quer estudar juntos para a prova depois da escola?"

Ela parecia chocada. Estudar. Foi essa palavra que nublou sua expressão com dúvida enquanto ela respondia:

"...Isso é algum tipo de piada?" 

"Nossa. Que rude."

Ele sorriu de forma irônica para sua resposta direta.

"Suponho que seja natural você se sentir assim, porém." Ele deu de ombros. "Mas, bem, tem algo me incomodando sobre toda essa questão de debate e a Sayaka também."

Alisa relembrou o que aconteceu na semana anterior e ficou em silêncio. Saber como Sayaka se sentiu quando desafiou-os para o debate renovou sua determinação para concorrer à presidência e vice-presidência do conselho estudantil.

Entendo... Então Kuze finalmente vai levar a sério.

Embora Alisa estivesse feliz por ver sua parceira motivada para uma mudança, ela tinha sentimentos mistos porque não foi a faísca. Ela guardou isso para si mesma, no entanto, e assentiu.

"Tudo bem. Podemos fazer isso."

"Oh, ótimo... Mas você não precisa se forçar a estudar comigo se for do tipo que não consegue se concentrar a menos que esteja sozinha," respondeu Masachika timidamente, como se houvesse algo na resposta direta de Alisa que o preocupasse. Ela franziu o cenho em irritação.

"Eu disse que podemos estudar juntos... Somos parceiros, afinal."

"Ah sim... Você está certa. Vamos para a sala do conselho estudantil?" 

"Claro."

Alisa ajeitou o cabelo, suspirando interiormente.

Hmph. Acho que é meu trabalho ajudar a Kuze a estudar. Meu parceiro com certeza dá muito trabalho.

Ela parecia satisfeita.

Acho que ela está em um humor um pouco melhor agora?

E com isso, Masachika soltou um suspiro mental de alívio.

***

Depois da escola, eles se dirigiram à sala do conselho estudantil. Embora houvesse muitos alunos na biblioteca e nas salas de aula a essa hora, Masachika e Alisa provavelmente conseguiriam estudar lá em paz, já que geralmente apenas membros do conselho estudantil visitavam a sala após a escola.

"Então vamos ser—...?"

Imediatamente após Masachika se sentar em seu lugar habitual, Alisa se instalou no lugar bem ao lado dele como se fosse natural, e ele congelou.

Uh... Não é comum as pessoas sentarem uma em frente à outra quando estudam juntas?

Não ajudava o fato de ela estar sentada extremamente perto também. Se alguém os visse, iria se perguntar por que estavam usando uma porção ridiculamente pequena de uma mesa tão grande.

"...O que?" 

"...Nada."

Mas Masachika não foi corajoso o suficiente para dizer algo, e o olhar afiado de Alisa imediatamente fez seus olhos voltarem para a mesa diante dele.

B-Bem, acho que ficaremos bem desde que ninguém nos veja assim. Um casal real como o presidente e vice-presidente do conselho estudantil deveria estudar em algum lugar onde possam ter total privacidade, e Masha fingiria que não percebeu nada de estranho mesmo se passasse por aqui. A única pessoa que poderia dizer algo seria a Yuki, mas ela pode estudar em casa com a Ayano, então definitivamente não vai nos pegar desse jei—

"Hmm? Oh meu. Peço desculpas por não bater. Não tinha ideia de que vocês dois estavam aqui."

Yukiiiiiiiii!! Maldita seja, prenúncio! Gritou Masachika em sua mente. Ele se virou lentamente para olhar para a porta, onde Yuki e Ayano estavam. Yuki poderia parecer arrependida, mas ele conseguia ver a alegria travessa em seus olhos.

Você achou que finalmente teria a chance de ficar sozinho com ela?

Nem pensar.

O que você está fazendo aqui? Não é óbvio?

Não?

Vim aqui para impedir vocês dois de brincarem de médico na sala do conselho estudantil!

Não estávamos brincando de médico!

Yuki inclinou a cabeça, mantendo sua inocência e comportamento elegante apesar de suas selvagens acusações telepáticas.

"Vocês dois estão estudando juntos? Acha que poderíamos nos juntar a vocês?"

Independentemente de seu raciocínio, não havia como Masachika recusar Yuki quando ela agia como uma jovem inocente. Embora ele a repreendesse levemente com os olhos, decidiu permitir que ela—

"<Уходите..>"

(Vá embora.)

Hã?!

Masachika se esforçou desesperadamente para não cuspir instantaneamente ao ouvir aquelas palavras russas levemente irritadas vindo de trás dele.

"...Alya? Yuki quer se juntar ao nosso grupo de estudo. O que você acha?"

Embora mentalmente derrotado, Masachika conseguiu manter sua expressão enquanto olhava para o lado.

"Claro. Não vejo por que não." 

Alisa deu de ombros com desleixo.

"...Certo."

Embora talvez não em russo, Alisa deu seu consentimento em japonês, então Masachika voltou sua atenção para Yuki e—

"<Я хочу побыть с тобой наедине.>" 

(Eu quero ficar sozinha com você.)

Gwah!

Seu doce russo atingiu Masachika com um golpe mental que quase o fez cair. Ele tremeu como um filhote recém-nascido.

Sua pestinha, agindo tão fofo assim! Pare com isso! Você vai me fazer corar e dizer "moeee" como algum otaku hardcore.

Em sua imaginação, ele tinha caído no chão de quatro e estava batendo a cabeça no chão, gritando de agonia o tempo todo. Ele queria muito olhar para ela, mas não estava 100 por cento certo de que seus lábios não estavam tremendo de forma estranha. Tudo que ele podia fazer agora era encarar silenciosamente sua irmã enquanto fazia o possível para controlar os músculos do rosto.

Droga. E agora? Não é como se eu pudesse dizer não para Yuki, porque se eu fizer isso... vai parecer que fui eu quem quis ficar sozinho com Alya! Mais importante, Yuki! Você ouviu ela dizer que estava tudo bem, então por que não se senta e agradece?! Você só quer me forçar a dizer que está tudo bem, não é?!

Yuki leu a situação perfeitamente e fez uma decisão consciente de ignorá-la, o que tornou o olhar desaprovador de seu irmão ainda mais forte. Mesmo assim, ela manteve o sorriso falso perfeitamente e inclinou a cabeça de forma inquisitiva como se ainda estivesse esperando por uma resposta. Ayano era basicamente uma com o ar.

Hff...! Relaxa. Seja legal. Primeiro as coisas primeiro, não tenho certeza de quão séria ela está, mas de qualquer forma, Alya não parece estar muito animada com Yuki ou Ayano se juntando a nós. Pessoalmente, não sou muito a favor da ideia de deixá-los se juntar, também... Ah, eu sei. Posso dizer algo como, "Somos inimigos. Não deveríamos nos conhecer. Só vai complicar as coisas para nós no futuro." Posso fazer parecer uma piada e recusá-los gentilmente ao mesmo tempo. Assim—

"Oh, quase esqueci. O presidente e a vice-presidente nos emprestaram cópias das provas do ano anterior, então, se estiver interessado, nós—"

"Bem-vindos ao nosso grupo de estudos. Fico feliz em tê-los conosco."

Masachika rapidamente mudou de ideia diante do irresistível poder da chave de resposta. 

"<Глупый придурок>."

(Seu idiota)

Mas o russo frio de Alisa ainda doeu quando perfurou suas costas.

***

Independentemente de como se sentiam individualmente, o grupo de estudo de quatro pessoas estava indo bem. Alisa estava resolvendo silenciosamente problemas de física em seu caderno, Yuki estava revisando provas de história anteriores em frente a ela, e Ayano estava ao lado de Yuki resolvendo equações de matemática. Enquanto os três diligentemente riscavam o papel com suas canetas, Masachika estava...

"....."

Masachika nem sequer tinha tirado uma caneta, mas em vez disso estava lendo silenciosamente as explicações das respostas em seu caderno de matemática.

"…Ei, Kuze?"

"Hmm?"

"Você está lendo as explicações das respostas há um tempo. Isso honestamente vai ajudar?"

Ler como resolver os problemas sem realmente resolvê-los pode fazer você pensar que sabe como resolvê-los, mas na verdade resolvê-los você mesmo é a única maneira de aprender de verdade. A maioria das pessoas acreditava nisso — incluindo Alisa. Por isso, ela o encarava ceticamente, já que ele não tinha resolvido um único problema sozinho ainda. Masachika, no entanto, deu de ombros como se não estivesse preocupado nem um pouco.

"Nenhuma quantidade de pensar vai ajudar se você não souber como resolver algo desde o início. Você só estaria perdendo seu tempo. Por isso prefiro usar meu tempo para memorizar como resolver cada problema."

"Claro, mas... teoria e aplicação são duas coisas diferentes, certo? Além disso, não é como se os mesmos problemas exatos fossem aparecer na prova. Duvido que você tenha tempo suficiente para resolver todos os problemas se não se acostumar a resolvê-los por si mesmo antes," alertou Alisa com um argumento totalmente válido.

"hehe. Ele vai ficar bem, Alya. É assim que Masachika sempre estuda. Certo, Ayano?" Yuki interveio com um sorriso levemente exasperado.

"Sim, é assim que ele sempre estudou."

Alisa olhou para os amigos de infância de Masachika, franzindo o cenho.

"…Sério?"

"Sim, ele só lê o livro didático e as explicações, depois verifica a chave de resposta em preparação para suas provas. E ele nunca deixa de tirar notas decentes também. Impressionante, né?" Yuki disse, parecendo querer revirar os olhos. Mesmo assim, Alisa ainda não parecia convencida, e ela tirou uma prova antiga de matemática de quatro anos atrás (algo que tinha sido passado através das gerações dos conselhos estudantis) da pilha de provas antigas e respostas que estavam sobre a mesa antes de empurrá-la na frente do rosto de Masachika.

"Então responda a questão número seis aqui. Você tem... Vamos fazer vinte minutos. Se você conseguir fazer isso, eu te deixo em paz."

Havia sempre seis problemas grandes nas provas de matemática, e você só tinha duas horas para terminá-los, então um simples cálculo resultaria em vinte minutos por problema, mas os dois primeiros problemas geralmente eram relativamente básicos, enquanto os dois últimos geralmente eram problemas de aplicação que não eram como nada no caderno de exercícios. Portanto, resolver um desses problemas dentro de vinte minutos era uma barreira difícil de superar, e foi exatamente por isso que Masachika estava relutante em pegar o papel que Alisa estava lhe entregando.

"hmm… Bem, acho que eu poderia…" 

"Estamos bem? Então comece."

"E-espera aí. Ainda não tenho nada para escrever."

Ele puxou seu caderno e caneta em pânico antes de prontamente começar a resolver o problema. Vinte minutos se passaram quando Alisa de repente disse a ele que seu tempo havia acabado, então ele largou a caneta e entregou o caderno para Alisa. A fórmula necessária para resolver o problema estava escrita meticulosamente no papel, pelo menos com muito mais detalhes do que ela esperava, fazendo sua sobrancelha tremer brevemente.

"O mais importante é se você conseguiu a resposta certa, porém," ela murmurou, se recompondo enquanto começava a comparar a chave de resposta com a solução de Masachika, mas não demorou muito para uma expressão sombria escurecer seu rosto. Os lábios de Masachika se curvaram lentamente em um sorriso no instante em que ele viu a mudança de humor dela.

"Hmm? E então? Eu acertei?" 

"…Sim."

"Sim! Você gostou disso?! Booyah!"

Alisa, parecendo irritada, empurrou o caderno de volta para as mãos de seu colega vitorioso.

"…Não me importo, contanto que você responda corretamente."

"hehe. Eu entendo como você se sente, mas não deveria deixar isso te incomodar. Masachika aprende rápido. Ele não é como nós."

"…Se você é realmente tão inteligente, então eu deveria estar preocupada com o motivo de você mal passar em quase todas as provas que faz."

"Huh? Oh, a razão é simples: É porque eu nunca estudo!" 

"Isso não é nada para se gabar."

Alisa o perfurou com um olhar de desgosto.

"Masachika geralmente estuda na véspera da prova sempre que estuda," acrescentou Yuki, sua expressão amarga se aprofundando.

"Haha. É o que você pensa, Yuki. Ultimamente, tenho estudado na manhã antes da prova," Masachika disse com um sorriso presunçoso.

"O que há de errado com você?"

"Sim, isso é irresponsável."

"Ei, eu ainda passei em todas as minhas provas. Impressionante, não?"

"Não há nada louvável no que você fez. Espere. Não me diga que você queria estudar juntos porque—"

Masachika prontamente assentiu para confirmar as suspeitas de Alisa.

"Porque eu precisava de alguém para me responsabilizar, é claro. Não consigo estudar sozinho sem me distrair."

"…Pelo menos você está ciente do tipo de pessoa que você é."

"Ainda não acredito que isso seja motivo de orgulho, porém."

Depois que Alisa e Yuki o olharam com nojo, Masachika deu de ombros antes de voltar a encarar para a frente para evitar seus olhares. Foi então que ele notou Ayano olhando perplexa para seu caderno.

"O que foi, Ayano? Está com dificuldades com algum dos problemas?" 

"Oh, não. Eu… Na verdade, sim. Um pouco."

"Deixe-me ajudá-la."

"Eu aprecio a oferta, mas não vale o seu tempo."

Embora sua expressão vazia não tivesse mudado, Ayano claramente estava recusando sua ajuda.

"Não se preocupe com isso. O que exatamente está te confundindo?" 

"Uh…"

"Não tenha tanto medo. Eu não vou fazer piada de você ou algo assim."

"Na verdade, eu preferiria se você dissesse cruelmente algo como, 'Como você pode ter problemas sérios com um problema tão fácil, seu incompetente?'"

"Definitivamente não vou dizer isso." 

"Oh…"

Ayano rapidamente se encolheu.

"O que diabos...? Por que você parece decepcionada?" brincou Masachika, um pouco estranhado. Enquanto isso, Alisa observava a troca deles completamente confusa.

"Ei… Vocês realmente são apenas amigos de infância?" 

"Hmm? Sim. Por quê?"

"'Por quê'? Porque parece mais um relacionamento mestre-subordinado, assim como o relacionamento dela com Yuki."

Quão observadora ela é?!

Masachika engoliu em seco diante do comentário perspicaz dela antes de rapidamente acionar seu cérebro para pensar em uma boa desculpa. Mas antes que pudesse dizer uma palavra, Alisa continuou com uma expressão urgente:

"Espera… Kuze. Você e Yuki…?"

"…!"

A repentina pergunta sobre seu relacionamento fez o coração de Masachika saltar do peito, mas o que Alisa disse em seguida foi algo que ele nunca esperaria ouvir em um milhão de anos.

"…p-prometidos?"

"Todos os propulsores engajados?" 

"Huh?"

"É uma referência a uma série de ficção científica." 

"Você sabe, Yuki! Yeahhh!"

Masachika e Yuki bateram as mãos sobre a cabeça de Ayano enquanto fingiam ignorância em perfeita sincronia. Alisa, por outro lado, não sabia como reagir por alguns momentos. Eventualmente, ela pressionou os lábios firmemente em irritação.

"Estou sendo séria, e vocês estão apenas me ignorando?"

"Ah, desculpe. O que você disse foi tão engraçado que foi difícil levar a sério," Masachika disse, ignorando.

"O que foi tão engraçado no que eu disse? Eu não estava brincando, sabia?"

"Pense por um segundo. A única filha da distinta família Suou noiva de um cara comum como eu? Quantos erros infelizes seriam necessários para levar a algo assim?"

"Seus pais podem ser amigos."

"Isso não é uma comédia romântica. Vamos imaginar que nossos pais fossem amigos. Que tipo de pessoas normais diriam, 'E se nós casássemos nossos filhos?' Parece que você leu muitos quadrinhos para mim."

"…Ah, eu sou a que lê muitos quadrinhos?"

Alisa franziu a testa, um tanto surpresa por ser chamada de imaginar algo que acontecia apenas em quadrinhos nerds por alguém que geralmente fazia comentários nerds porque lia muitos quadrinhos. Masachika sorriu maliciosamente.

"Além disso, você está esquecendo alguns pontos-chave. A garota deveria ser uma dama japonesa bonita, modesta e tradicional com cabelos pretos longos e seios grandes! E ela tem que ficar bem em um quimono! É assim que o clichê vai!"

"…Ela parece se encaixar na descrição para mim." 

"Huh?"

Depois de inclinar curiosamente a cabeça com o comentário de Alisa, Masachika olhou para Yuki mais uma vez.

Cabelos pretos longos… Ela usa quimono quando faz arranjo de flores… E ela parece modesta e tradicional quando está em personagem fora de casa… Espera aí.

Yuki surpreendentemente se encaixava no clichê. No entanto… 

"Sim. E aqueles…"

"Masachika? Meus olhos estão aqui em cima," repreendeu Yuki. "Ahem. É de má educação ficar olhando assim," acrescentou Ayano. 

"Você me repugna," Alisa sibilou com desdém.

Ele agiu acidentalmente como se estivesse apenas conversando com Yuki em casa e foi recebido com três olhares acusadores por causa disso, obrigando-o a baixar a cabeça envergonhado.

"Não, quero dizer, como… Enfim, nós não estamos noivos, e nunca estaremos. Tsk. Por que você e Takeshi sempre tentam nos juntar, a Yuki e a mim?"

"Devemos parecer que seríamos um ótimo casal." Yuki riu e lançou um olhar sorrateiro na direção de Alisa, fazendo Alisa franzir o cenho em irritação.

"Não… Eu só achei que vocês dois pareciam próximos. Só isso." 

"Porque somos realmente próximos. Certo, Masachika?"

"Oh, uh… Sim, eu acho."

Ele pode até ter concordado com Yuki, mas seus olhos ainda estavam voltados na direção de Alisa, percebendo que ela ainda estava irritantemente franzindo o cenho. No entanto, Yuki não seria Yuki se não seguisse isso com outro ataque.

"Eu costumo passar a noite na casa dele também." 

"Não, é, uh… Sim."

&$#%!!

Um suor frio deslizou pela espinha de Masachika quando o vinco na testa de Alisa se aprofundou... então ele decidiu recuar.

"De qualquer forma, chega disso. Ayano, com o que você estava tendo dificuldade?" 

"Oh… Com isso."

Masachika fugiu de seus problemas sob o disfarce de ajudar uma amiga a aprender, mas ainda podia sentir o olhar afiado de Alisa perfurando a parte de trás de sua cabeça, mesmo enquanto enterrava o nariz no livro didático de Ayano. E isso não mudou nem depois que ele voltou para o lugar assim que terminou de ajudar Ayano a resolver seu problema. Suor frio continuou a pingar pelo seu corpo enquanto Alisa o encarava.

"…Alya? Está tudo bem?"

"…Eu estava só pensando se você precisava de ajuda com seus estudos." 

"Não, no momento…"

"Ok…" Alisa assentiu antes de voltar seu olhar para seus livros didáticos, permitindo que Masachika finalmente relaxasse…

"<Я хочу, чтобы ты больше зависел от меня.>"

(Quero que você dependa mais de mim.)

Ele tinha esquecido. Ele tinha esquecido que essa garota russa sempre atacava no momento em que ele baixava a guarda.

E-espera. É por isso que ela se sentou tão perto de mim?

Masachika olhou fixamente para o horizonte e, em sua mente, viu-se vomitando sangue, mas o dano extra que ele estava sofrendo dos olhares adicionais de Alisa o forçou a se recompor e dizer algo.

"Ei, Alya? Desculpe, mas estou com um pouco de dificuldade com esta aqui." 

"O-Oh, sério?"

"Sim, você acha que poderia me ajudar?" 

"Hmph. Suponho que sim."

Ela pode ter agido como se não quisesse fazer isso, mas parecia um pouco feliz enquanto rapidamente arrumava o cabelo para trás. Seu comportamento previsível e ataque subsequente forçaram Masachika a beliscar a coxa em uma tentativa desesperada de manter a calma.

Isso é, até que eles ouvissem de repente uma batida na porta. Depois que os quatro alunos trocaram olhares, Alisa decidiu falar em nome de todos.

"…? Entre." 

"Boa tarde. ♪"

Era a irmã de Alisa, Maria, que abriu a porta com um sorriso animado. 

"Masha? Eu pensei que você estivesse estudando para as provas com seu amigo."

"Eu estava, mas já terminamos, então achei que poderia fazer um chá para vocês antes de ir para casa, já que vocês provavelmente estão estudando muito."

"Oh, meu Deus. Muito obrigada."

Yuki imediatamente se levantou com um sorriso gracioso, impediu Ayano de se levantar também e foi ajudar Maria. Alguns minutos se passaram antes que Maria retornasse com xícaras de chá para todos, então decidiram fazer uma pausa.

"Oh, meu Deus. O que é isso?" Maria se perguntou enquanto pegava um dos livros na mesa do presidente. Impresso na capa estava o título duvidoso Hipnose para Idiotas: Bem-vindo ao Clube de Hipnotizadores.

"Oh, Chisaki confiscou isso de um aluno. Ela provavelmente estava planejando entregá-lo ao comitê disciplinar mais tarde."

"Oh?"

Depois de folhear o livro com curiosidade, Maria eventualmente se sentou ao lado de Alisa, então levantou um dedo na frente dos olhos de sua irmã.

"…O que?"

"Mantenha seus olhos no meu dedo. ♪ Você está ficando com muito sono. ♪" 

"O que você está fazendo…?"

"Um… Quando eu bater palmas, você vai se encontrar em outro mundo. Um mundo de sonhos," Maria ordenou, e colocou o livro para baixo. "Pronta? Três, dois, um… Palmas!"

Ela encarou Alisa, os olhos cheios de expectativa. 

"…Funcionou?"

"Claro que não. Por que funcionaria? Hipnose é bobagem."

"O quêêê? Hmm… Vamos lá. Deixe-me tentar de novo. Apenas mais uma vez." 

"Não. Se você vai atrapalhar nossos estudos, então vá para casa." 

"E se você me hipnotizasse, então?"

"Não."

"Por quê? Eu quero ser hipnotizada! Por favoooor. ♪"

Fazendo beicinho, Maria balançou na cadeira, mas Alisa se recusou a interagir. Depois de olhar mais uma vez para sua irmãzinha com óbvia decepção, Maria olhou além de Alisa para Masachika.

"E quanto a você, Kuze, então? Me hipnotize." 

"Huh? Eu?"

"Você é o único que posso perguntar, já que Alya está sendo má…" Maria fez bico novamente. Com um sorriso irônico, Masachika se levantou da cadeira, ficou ao lado de Maria e pegou o livro.

"Ok, então. Hmm… 'Guia Passo a Passo de Hipnose'? Ah, isso?"

Ele abriu na página que Maria estava olhando e tentou replicar o que estava lendo.

"Mantenha seus olhos no meu dedo. Você está ficando com muito sono," sugeriu Masachika, que estava agachado e balançando o dedo indicador na frente dos olhos dela. A mudança foi instantânea: a expressão animada de Maria e os olhos brilhantes relaxaram imediatamente.

"Mm…mmm…?"

Embora surpreso com sua mudança repentina, ele continuou, pois imaginou que ela estava atuando.

"Quando eu bater palmas, você vai acordar em um mundo de sonhos. Você está pronta? Três, dois, um…!"

A cabeça de Maria caiu no instante em que ele bateu palmas. Ela tinha uma expressão vazia como uma boneca enquanto seus olhos focavam ociosamente em um único ponto.

"Uh… O quê? Masha…? Masha?"

Seu comportamento parecia tão real que Masachika começou a balançar a mão na frente do rosto dela em pânico, mas ela nem sequer piscou.

"Hmm? Isso realmente a hipnotizou?" se perguntou Yuki, piscando.

"Sim, eu realmente não sei," respondeu Masachika com um tom preocupado na voz. Mas de repente, Alisa levantou a cabeça—parecendo muito cansada—e começou a sacudir os ombros de sua irmã.

"Tudo bem, já chega disso... Masha?" Mas Maria não respondeu ao ser sacudida. "Espere. O que está acontecendo?"

Alisa levantou-se com um vinco irritado entre as sobrancelhas e deslizou ao redor de Maria para dar uma olhada melhor em seu rosto, e ficou chocada com o que encontrou. Ela imediatamente franziu a testa para Masachika como se ainda estivesse duvidando.

"Vocês podem parar de me provocar, por favor?" 

"Eu não estou. Estou tão surpreso quanto você." 

"Não minta para mim. Hipnose não é real."

"Eu também pensei assim, mas... olhe para ela. Diz aqui que funciona mais em pessoas que querem ser hipnotizadas, então talvez seja isso que está acontecendo?" gaguejou Masachika, enquanto Alisa continuava a encará-lo com ceticismo. Masachika, no entanto, sentia que não merecia ser encarado assim, pois honestamente não fez nada suspeito.

"D-De qualquer forma, vou acordá-la agora, ok?"

Ele voltou-se para o livro para evitar o olhar de Alisa e olhou para a parte onde explicava como acordar alguém da hipnose, então ele se agachou na frente de Maria novamente.

"Uh... Você vai acordar no momento em que eu tocar seus ombros, ok? Pronta? Três, dois… um!"

Masachika agarrou rapidamente os ombros de Maria e a sacudiu, fazendo-a olhar rapidamente para cima, espantada. Sua expressão voltou lentamente ao normal depois disso, e ela piscou como se acabasse de acordar de uma soneca.

"Hmm...? Kuze? Continue." 

"Huh?"

Maria fez bico com sua expressão confusa e apontou para o livro. 

"Suspiro. Diz aqui que você precisa mexer o dedo, depois bater palmas."

"Espera... Espera, espera, espera. Você não se lembra do que aconteceu?" 

"Huh? Quando?"

Confusão encheu seu rosto. 

"Nossa, então aquilo foi real."

O rosto de Masachika se contraiu, mas ainda havia pelo menos uma pessoa que não estava convencida.

"Masha, chega." 

"Alya? Chega de quê?"

"Chega—… Suspiro… Seja lá o que for."

Alisa balançou a cabeça como se não aguentasse mais.

"Que tal se você deixar o Masachika hipnotizar você para ver por si mesma?" sugeriu Yuki do outro lado da mesa.

"Huh?"

"O quê?"

Yuki juntou as mãos e sorriu alegremente para Alisa e Masachika.

"Masha pode não ter conseguido te hipnotizar, mas Masachika pode. Pelo menos, faria você ficar menos desconfiada se funcionasse um pouco."

Yuki sorriu. À primeira vista, não parecia haver má intenção escondida atrás daquele sorriso educado, mas Masachika podia claramente sentir o prazer que ela estava obtendo com isso, e seus lábios não puderam deixar de tremer. Alisa, por outro lado, não percebeu as verdadeiras intenções de Yuki, então ela voltou para sua cadeira e olhou para Masachika com um olhar incrédulo.

"...Tudo bem. Faça logo." 

"S-Sério?"

"Sim. Chega de brincadeira. Vamos acabar com isso." Alisa resmungou, ainda não convencida, então ele se aproximou timidamente dela com um mau pressentimento no estômago.

"Uh... Ok, então. Olhe para meu dedo. Você está ficando com muito sono."

E num piscar de olhos, o olhar cético de Alisa se transformou em um olhar vago.

"Você vai acordar em um mundo de sonhos quando eu bater palmas. Pronta? Três, dois... um!"

Masachika bateu palmas, e a cabeça de Alisa caiu instantaneamente. Sua expressão parecia atordoada, os olhos desfocados e sem ver como os de um peixe morto. Ele a encarou, mas depois continuou em uma voz quase monótona.

"Quando eu tocar seus ombros, você vai acordar. Pronta? Três, dois, um!"

Ele agarrou os ombros de Alisa com ambas as mãos e a sacudiu, fazendo Alisa rapidamente erguer a cabeça e piscar algumas vezes. Alguns segundos se passaram antes que seus olhos insatisfeitos se concentrassem em Masachika.

"Por que você parou? Continue logo."

"Você fez a mesma coisa! Ela fez exatamente a mesma coisa que a irmã dela!" gritou Masachika.

"Huh? Do que você está falando?"

Para responder à pergunta e ao franzir de Alisa, Yuki falou com um tom um tanto preocupado.

"Alya, você foi hipnotizada." 

"Huh...? Não, eu não fui."

"Sim, você foi. Certo, Ayano?"

"Sim, ficou óbvio até para mim que você foi."

Alisa vacilou, mas logo lançou a Masachika outro olhar penetrante e latiu:

"M-Me mostre alguma prova! Eu não vou acreditar a menos que você me mostre um vídeo que você gravou ou algo do tipo!"

"Ah, para com isso. Não é grande coisa…"

"Sim, é! Eu não quero que as pessoas pensem que sou apenas uma garota que pode ser facilmente hipnotizada!"

"Quem se preocupa com isso? E quem se importa com o que as pessoas pensam mesmo?" 

"Apenas faça isso de novo!"

"Tudo bem. Tanto faz."

Masachika usou a mesma técnica em Alisa, e o resultado… não foi surpresa.

"Você está brincando comigo, certo? Foi ainda mais rápido do que da última vez."

Ele segurou a cabeça como se tivesse uma dor de cabeça terrível, e Alisa olhou fixamente para o vazio. Desta vez, Yuki estava acenando com a mão na frente do rosto de Alisa, e ela havia abandonado seu jeito de jovem dama educada, talvez porque soubesse que Alisa não se lembraria de nada.

"Alô? Alya, você está aí?"

"....."

"Não há resposta. Ela está apenas como um cadáver."

"Não diga isso," repreendeu Masachika fracamente. Yuki sorriu de lado para ele, então olhou para Maria ao lado de Alisa.

"Então, uh... Por que a Masha também está hipnotizada?" 

"Não me pergunte."

Era como se uma réplica (?) do feitiço fizesse Maria também cair no sono. Yuki observou as duas irmãs, prostradas em suas cadeiras, olhos vidrados encarando o vazio, e arfou.

"Meu Deus... Podemos satisfazer nossos desejos mais lascivos agora, e ninguém nunca saberia."

"Não brinque com isso!"

"Cara, você consegue imaginar as fanfics sujas que os escritores poderiam escrever sobre isso?" 

"Por que você está animada?"

"Por que eu não estaria? Acabamos de testemunhar uma hipnose legítima. Tsk. Deve ser bom nascer com a habilidade 'Exp. Obtida × 10 (com exceção dos esportes envolvendo bolas).' Trapaceira suja."

"Eu não sou uma trapaceira."

"Me mostre suas estatísticas, então. Aposto que você tem uma nova habilidade como 'Hipnose NV: 3.'"

"Eu não tenho 'estatísticas.'"

"Aliás, se você elevar sua habilidade de hipnose ao nível máximo, pode colocar a escola inteira sob seu feitiço e fazer o que quiser com—" 

"Ok, já chega."

Masachika lançou-lhe um olhar repreensivo, se perguntando por que ela era tão conhecedora dos tropos em mídias otaku indecentes, mas Yuki ignorou o olhar de seu irmão e levantou as mãos em uma pose de apalpação como uma pervertida estereotipada.

"O-O-O-que você quer fazer?! Quer apertar os peitos delas primeiro?" 

"Não!"

"Mais apertos de peitos para mim, então." 

"O que?! Não!"

Aterrorizado, ele parou Yuki antes que ela pudesse colocar as mãos em Alisa, e o rosto de sua irmã ficou em branco. Passaram-se alguns momentos de decepção até que ela finalmente bateu palmas como se tivesse tido uma epifania.

"Ohhh!" ela exclamou com um sorriso obsceno, dando um polegar para cima e uma piscadela para Masachika.

"Não se preocupe, mano. É como beijar. Tocar peitos não conta já que somos duas garotas."

"Que diabos você está falando? Eu não me importo que vocês sejam garotas. Ela nem está consciente."

"Hmm... Quero dizer, talvez eu pudesse dar uma apalpada na Masha, mas a Alya sempre está de guarda..."

"Por que você, uma garota, sequer quer tocar os peitos dela?" Os olhos de Yuki se arregalaram com sua pergunta direta.

"Você é burro ou algo assim?! Garotas também adoram peitos grandes, sabia! Eu enfiaria meu rosto nos peitos da Masha todos os dias se pudesse! Aposto que seria incrível!" gritou Yuki.

"Uh-huh."

"Agora, se você não se importa…" 

"Eu me importo. Pare."

Ele pegou sua irmã rudemente pela gola do pescoço e a puxou para trás antes que ela pudesse mergulhar no peito de Maria. 

"Meooow! Eu não sou um gato!"

"Eu sei."

Ela encarou seu irmão com desprazer enquanto arrumava o cabelo. 

"Ei, Ayano?"

Ele chamou a empregada praticamente invisível atrás dele, revirou os olhos para sua irmã, e continuou:

"Não é uma competição. Só porque a Yuki disse que gosta de peitos grandes, não significa que você tenha que fazer algo com os seus. Além disso, este não é o momento nem o lugar para apertar seus seios ou erguê-los."

Ayano olhou para cima e soltou seus seios timidamente... Ela estava olhando para seus seios e brincando com eles com sua expressão vazia habitual até que Masachika a chamou. Embora Masachika a repreendesse, Yuki deu-lhe um polegar para cima enquanto sorria de orelha a orelha.

"Não se preocupe, Ayano. Eu também amo seus peitos."

"Você sabe que está começando a parecer um predador, né?"

"Oh, eu sei. Estou tentando pegar minha doce presa russa." 

"Alya iria te matar."

"Estou brincando. O termo predador vem da palavra predação, que é o ato de conquistar, então, se algo, eu preciso conseguir um pouco daquilo—"

"Não termine essa frase."

"A Dama Yuki pode me caçar tanto quanto quiser. Eu até dou as boas-vindas."

"Não a encoraje só porque você estranhamente gosta de ser assediada, Ayano."

"Pare de me manusear."

Yuki estava nas pontas dos pés e encarava o irmão em protesto. Se isso fosse uma história em quadrinhos, Masachika estaria segurando-a no ar com um braço enquanto ela se debatia, mas é claro que ele não tinha força suficiente para fazer isso.

"Ah… De qualquer forma, eu vou acordá-las, certo?" 

"Espera. E quanto à prova em vídeo?"

"Huh? ...Ah, é."

Foi só então que ele lembrou por que as havia colocado para dormir em primeiro lugar, e ele enfiou a mão no bolso.

"Acho que pelo menos devo tirar uma foto." Mas antes que ele pudesse pegar o celular...

"Chegamos à nossa última apresentação do dia! Hipnotizamos duas lindas jovens. ♪ Qual é a primeira coisa que devemos fazê-las fazer?!"

Masachika olhou para cima como se uma ideia tivesse lhe ocorrido e gritou abruptamente: "Fazê-las agir como bebês!"

"Fazê-las mais abertas e fazê-las se despir!"

"U-Uh... Talvez fazê-las contar um segredo embaraçoso de algum tipo?"

Masachika, Yuki e Ayano trocaram olhares depois de cada um dar sua sugestão, mas foi Masachika quem tomou controle da conversa e começou.

"Ser aberto é meio ambíguo, e só porque alguém é aberto, não significa que eles vão se despir. Quer dizer, isso é um salto muito grande na lógica."

"Tudo bem, mas fazê-las agir como bebês ainda é muito agressivo para o primeiro comando delas. Precisamos começar devagar e depois chegar a isso."

"Hmm..."

Depois de silenciar seu irmão, Yuki mudou seu olhar para Ayano.

"Acho que sua ideia... não foi ruim, mas é um pouco fraca. Além disso, uma delas poderia nos contar um segredo tão obscuro que as coisas ficariam estranhas ao redor delas."

"Entendo..."

"Provavelmente seria melhor sermos mais específicos, como perguntar 'Quão grandes são seus seios?' ou 'Com quantos caras você já ficou?'"

"Obrigada, Lady Yuki. Muito informativo."

"Espero que você não esteja levando a sério o absurdo que ela está te dizendo." 

"De qualquer forma...! Isso não prova que minha sugestão de torná-las mais abertas é a resposta certa? Se fizermos isso, elas ficariam mais do que dispostas a nos contar todos os seus segredos mais embaraçosos também!"

"Ok, isso não é justo! Você está distorcendo as coisas para conseguir o que quer!" 

"Incorporando minha sugestão na sua... Você nunca deixa de me impressionar, Lady Yuki."

"A democracia falou, e parece que eu ganhei! Qual é a primeira coisa que vamos fazer com essas duas meninas hipnotizadas? Vamos torná-las mais abertas!"

Depois que Yuki ergueu orgulhosamente o punho no ar e sorriu, ela se aproximou de Alisa e Maria e ficou na frente delas.

"É hora de torná-las mais abertas. ♪"

"Não faça isso. Vamos lá, não faça."

"Heh-heh-heh! Alya, Masha, vocês duas vão lentamente se tornar muito mais abertas. Vocês vão começar jogando o que era considerado 'bom senso' pela janela e se tornar livres tanto mental quanto fisicamente!"

"Espera. Você já ouviu falar de duas pessoas hipnotizando alguém como uma equipe assim? Isso é insa—"

Antes que Masachika pudesse terminar seu desabafo frustrado, as cabeças de Alisa e Maria caíram sem vida para a frente antes de se levantarem imediatamente com expressões vazias, mas Yuki claramente ficou surpresa com seus comportamentos incomuns.

"E-espera... Hã? Isso realmente funcionou?"

"Quem é a trapaceira com todos os códigos agora?" 

"N-Não pode ser..."

Yuki tentou dar uma olhada melhor nelas, sua expressão tensa, mas elas instantaneamente se levantaram e se aproximaram de Masachika.

"E-espere?! Espera! E—"

Ele deu um passo para trás reflexivamente, mas elas fecharam a distância quase instantaneamente, fazendo-o cair no sofá e...

"...Ei, Yuki." 

"....."

"Por que estou sendo consolado?" 

"N-não faço ideia."

"Ei, não desvie o olhar. Isso é culpa sua."

Maria tinha atualmente um braço envolto em volta do pescoço de Masachika e estava gentilmente esfregando sua cabeça, enquanto também esfregava a cabeça de Alisa com seu outro braço. Alisa parecia estar tentando fazer algo com Masachika também, mas parecia que Maria já tinha ganhado dela. Talvez nenhuma irmãzinha jamais pudesse ser páreo para sua irmã mais velha. No entanto, Alisa parecia irritada, como se quisesse afastar a mão de Maria, mas seus olhos estavam estreitos como se ela também estivesse gostando um pouco. Talvez esse fosse o poder da hipnose?

Eu sei que elas deveriam ser mais abertas, mas parecem mais diretas em vez disso. Os instintos maternos de Masha parecem ter entrado em ação também.

De certa forma, talvez elas tenham perdido não apenas sua racionalidade, mas também seu senso de vergonha, pensou Masachika enquanto se desligava lentamente da realidade.

"Hi-hi-hi! Vocês são tão bonzinhos. ♪ E você é tão boazinha. ♪"

A expressão de Maria era o epítome da pura felicidade enquanto esfregava a cabeça de Masachika com sua mão direita e a de Alisa com sua mão esquerda. Yuki (de volta ao modo de jovem dama adequada), que tinha assistido ao todo, estremeceu.

"Pensei que seria o Masachika quem teria um harém, não a Masha!" 

"É nisso que você está surpresa?"

Depois de lançar um olhar de desprezo para sua irmã, ele olhou para cima para Maria por baixo de seus cílios.

"Ei, uh... Masha? Você acha que poderia me soltar agora?" 

"Hmm? Não. ♪"

"Está bem, então."

Embora fosse bom poder se entregar a Maria, ele não estava na posição mais confortável agora. Sua cabeça estava apoiada no ombro dela, o que parecia bom, mas ele estava sentado muito mais alto do que ela, o que significava que seu pescoço estava dobrado para baixo. Ele queria segurar em algo para se apoiar, mas a perna de Maria estava de um lado e a de Alisa do outro. Não havia lugar onde ele pudesse colocar as mãos com segurança, e definitivamente ele não podia envolver os braços ao redor do sofá porque o corpo de Maria estava no caminho. E, mais importante ainda, ele estava quase se esforçando para não pensar no que estava acontecendo - no que estava o tocando.

"Com licença..."

Ele moveu hesitantemente o braço de Maria para o lado para liberar sua cabeça antes que seus músculos desistissem, fazendo-o cambalear para frente...

"Ah! ♪ Eu não vou te deixar ir. ♪"

"H-hey?!"

Maria envolveu seu braço em torno do pescoço dele mais uma vez e puxou firmemente sua cabeça para baixo. Masachika perdeu completamente o equilíbrio. Ele tentou em pânico encontrar um lugar para colocar as mãos, mas as pernas de Maria estavam no caminho, e antes que pudesse tomar uma decisão, ele caiu para frente - esmagando.

Uma sensação macia e fofa em sua mão, com algo ainda mais suave tocando suas bochechas e nariz... O cheiro era incrível também. Sua mão esquerda estava em sua coxa, e ele encontrou sua cabeça enterrada em seu amoroso coração (também conhecido como peitos). Simplesmente, ele estava no céu. O fato de ter hesitado porque não queria tocá-la de forma inadequada acabou tornando a situação ainda pior (ou melhor, dependendo do ponto de vista).

"Me desculpe—?!"

Ele tentou sair de cima dela, mas não conseguiu. A pressão na parte de trás do pescoço tornava mais difícil se mover do que se imaginava. Além disso, quanto mais ele se movia, mais ele se via enterrado na sensação macia, fofa e difícil de descrever, o que era perigoso de várias maneiras.

"H-hey?! Socor—!"

"¡Ayano! Desvie o olhar!"

Assim que Yuki interrompeu o apelo de Masachika com uma ordem rigorosa própria, Ayano congelou em seu caminho antes que pudesse dar um passo mais perto de Masachika para salvá-lo.

"Agora!"

Ayano virou-se rapidamente como se o grito de Yuki a empurrasse para longe. Yuki também se virou e deu um sinal de positivo para Masachika por cima do ombro uma última vez.

"Não se preocupe com nada! Nós não vamos olhar! Então, por favor, divirta-se o suficiente para nós três!"

"Eu não preciso que desvie o olhar! Eu preciso de ajuda! Ayano, por favor!" 

"Mas..."

"Ayano! Eu sou sua mestra! Siga minhas ordens!"

Yuki usa "Punho de Ferro!" É super eficaz contra as partes íntimas de Ayano! Os olhos de Ayano se transformam em corações!

"...Sim, Lady Yuki." 

"Hein?!"

Depois de perder sua linha de vida, Masachika não teve escolha senão se preparar para o pior e...

"Perdoe-me!"

Ele segurou o braço de Maria antes de puxar sua cabeça para fora de seu alcance e sair do sofá. Ele provavelmente tocou muito mais do que deveria no processo, mas decidiu não pensar sobre isso.

Perdoe-me, namorado de Masha. Nem mesmo sei como você é, e ainda me sinto culpado.

Depois de pedir desculpas telepaticamente ao namorado de Maria (que ele imaginava ser algum cara loiro bonito), Maria pareceu um pouco descontente. Ela abraçou Alisa com força.

"...Não aguento mais."

Mas Alisa empurrou firmemente sua irmã para longe e levantou-se, claramente irritada... antes de começar a tirar lentamente seu blazer escolar. Masachika imaginou que ela devia estar com calor depois de todo esse toque, e inconscientemente começou a abanar o rosto com a mão... mas não parou por aí. Enquanto Alisa alcançava atrás de si mesma, Masachika inclinou a cabeça curiosamente porque parecia que algo estava sendo desabotoado.

"É demais..."

"O que diabos está acontecendo?!"

Bem na frente de Masachika... Alisa puxou as alças do seu suéter para baixo. Claro, sua saia caiu rapidamente devido à gravidade. Suas coxas branquinhas como a neve e sua calcinha azul-água espiavam sob a barra de sua camisa de colarinho. Os olhos de Masachika quase saltaram das órbitas com a visão ousada e—

"Ela parece uma funcionária de escritório que é muito boa no trabalho, mas é um completo desastre em casa!" ele não pôde deixar de gritar.

"Eu sei o que você quer dizer!" concordou Yuki. 

"Hmm?"

"Ops."

Masachika olhou para trás no instante em que ouviu alguém concordar com ele... e percebeu que Yuki estava segurando um espelho e observando o que estava acontecendo.

"Então muito para me dar privacidade, né?"

"Você realmente deveria estar se preocupando comigo agora? E não com o que está acontecendo atrás de você?"

"Hã?"

Ele olhou rapidamente para trás para descobrir que Alisa já havia desfeito o laço no pescoço e estava no processo de desfazer os botões de sua camisa. E se isso não bastasse, Maria também começou a tirar seu blazer escolar.

"O- o quê?! Esperem! Por que estão tirando a roupa de repente?!"

"Agora que penso nisso, eu disse que elas se tornariam mais abertas aos poucos e que se libertariam tanto mental quanto fisicamente…"

"Você é um gêniozinho assustador! Obrigado!"

"Você deixou seus pensamentos internos escaparem novamente, Masachika."

E graças à conversa deles, Alisa já estava no quarto botão. Sem posição para brincar mais, Masachika rapidamente enterrou sua confusão e pânico e tentou desesperadamente lembrar a frase para quebrar o feitiço hipnótico.

"Uh... Tudo bem. Você vai acordar quando eu tocar nos seus ombros! Pronto? Três, dois, um!" ele gritou, quase gritando. Então, olhou nos olhos de Alisa, rezando para que funcionasse...

"...?"

"O que diabos?! Não funcionou?!"

Mas ela continuou desfazendo seu quarto botão, revelando seu deslumbrante decote branquinho como a neve e sutiã azul-água, o que fez Masachika desviar rapidamente o olhar.

"Yuki, sua vez!"

"Hã? Você quer que eu faça o vídeo?"

"Que tipo de monstro você é?! Eu quero que você as acorde de alguma forma!" 

"Ah, entendi."

Masachika, com o coração acelerado, se afastou, ainda olhando para o teto. 

"Um... Quando eu tocar nos seus ombros, vocês vão acordar. Entenderam? Três, dois, um!"

A voz ecoante de Yuki foi seguida por um completo silêncio. Depois de alguns segundos de silêncio constrangedor e doloroso, ela murmurou:

"Ah, droga. Ela não está acordando." 

"O que diabos?! Sério?!"

Seu desespero foi recebido com o som de roupas se mexendo no chão, dentro do campo de visão de Masachika, fazendo-o tremer violentamente novamente.

"Sério, o que vamos fazer—?"

"A- Ayano! Eu vou segurar a Alya! Você pare a Ma—!"

"Masha? Você está aqui? Quanto mais tempo tenho que esperar por você?"

De repente, Masachika ouviu a porta se abrir, seguida pelo som de uma voz familiar, mas quando ele reconheceu a voz, já era tarde demais. Chisaki estava lá parada com os olhos arregalados em completa surpresa.

"...Hã? O que está acontecendo?"

"O- oh! Isso é... Uh... Encontramos este livro sobre hipnose, então decidimos experimentar, mas não sabemos como acordá-las!" gritou Yuki. Chisaki desviou o olhar para o livro sobre a mesa... então assentiu uma vez antes de fechar a porta e se aproximar.

"Com licença."

Depois de fazer com que Yuki soltasse os braços de Alisa e se afastasse, Chisaki lançou um gancho perfeitamente angulado no queixo de Alisa num borrão de velocidade, depois tocou rapidamente as têmporas e bochechas da garota agora cambaleante com as duas mãos até que os olhos de Alisa ficassem vazios. Chisaki gentilmente colocou o corpo completamente mole de sua colega de escola no sofá. Todo o processo levou meros três segundos. Ela repetiu a mesma coisa com Maria antes de colocá-la ao lado de sua irmã e assentir com evidente satisfação.

"Perfeito."

"Não exatamente," acrescentou Masachika, incapaz de ficar de boca fechada. Ele estava tão agitado que esqueceu de continuar desviando o olhar. Os cantos de seus lábios se contraíram.

"Então, uh... O que diabos? Ahem. O que exatamente você fez com elas?" perguntou Masachika a Chisaki.

"Hã? Eu as resetei."

"Tenho certeza de que apenas um cientista louco usaria uma palavra assim para se referir a pessoas!"

Mas logo após seu grito, as irmãs Kujou começaram a gemer sonolentamente em uníssono, fazendo-o pular.

"O- o quê...? O que estou fazendo no sofá...?"

"Oh meu Deus... Sinto como se acabasse de acordar de um sono profundo..."

"Um... Alya, Masha? Eu sei que vocês ainda estão confusas, mas provavelmente deveriam se arrumar primeiro."

"Hã?" 

"Se arrumar...?"

Depois de alguns momentos, gritos agudos encheram a sala do conselho estudantil, e Masachika fez de tudo para desviar o olhar. Logo, uma mão envolveu-o sinistramente em seu ombro e o forçou a virar. Era como uma chave rangendo enquanto apertava lentamente um parafuso. Ele encontrou o belo rosto e o sorriso de Chisaki. Estavam tão perto que qualquer garoto comum de sua idade instintivamente desviaria o olhar timidamente, mas Masachika não desviou o olhar... porque sabia que desviar o olhar significava a morte.

"Você estava bisbilhotando, não estava?" 

"....."

Não era o tipo de coisa que você poderia simplesmente dizer, "Bisbilhotando o quê?" e se safar, mas honestamente não parecia que ela o mataria se ele admitisse. No final, Masachika não conseguiu dizer uma palavra. Ele engoliu em seco enquanto Chisaki levantava lentamente a mão direita, dobrando cada dedo individualmente até que suas articulações estalassem.

"Quer um reset?"

Masachika sacudiu freneticamente a cabeça enquanto ela inclinava a dela, ainda sorrindo.

***

"Ok, vamos ouvir suas reflexões."

Masachika e Yuki voltaram para a residência Kuze após a reunião, em vez de irem a algum outro lugar para continuar estudando como originalmente planejado.

Masachika sentou-se na beira da cama e olhou para Yuki, que estava sentada ereta no tapete.

O caos se instalara. Graças ao grito de Yuki dizendo que foi ela quem hipnotizou-as, Masachika conseguiu evitar ser resetado, mas Alisa ainda o encarava como se ele fosse um criminoso, e Maria imediatamente foi para casa como se estivesse envergonhada também. Sua cabeça já doía tentando pensar em como deveria agir no dia seguinte quando as visse na escola. De qualquer forma, decidiram selar permanentemente aquele misterioso livro sobre hipnose, então tudo o que restava agora... era expiar os crimes cometidos naquele dia.

"Você tem algo a dizer por si mesma, Yuki Suou, a canalha que assediou sexualmente suas amigas e acabou fazendo-as se despirem?"

"… Eu não fiz nada disso."

"Você nem vai admitir, né?"

"Tudo bem! Fui eu! Eu fiz isso, droga! Eu fiz isso, maldição! Você está feliz agora?! Eu me excedi e fiz Alya e Masha ficarem meio nuas! Mas, sinceramente, nenhum de nós realmente acreditava que a hipnose funcionaria!"

"Sim, isso ainda não significa que você deva descontar nos outros e fingir que não fez nada de errado."

Masachika a encarou com reprovação, mas Yuki simplesmente virou o rosto com um bufar. Após suspirar profundamente, ele olhou para o lado de sua irmã... para Ayano, que estava sentada ao lado de Yuki por algum motivo, mesmo ninguém tendo pedido isso.

"Hey, uh... Ayano? Você não precisa ficar aí. Yuki foi a vilã aqui, não você."

"Não suporto quando minha mestra está sentada," respondeu Ayano sem sequer hesitar por um segundo. Que lealdade. Ela era a empregada modelo. Mas havia algo que ainda preocupava Masachika...

"...Minha querida irmã." 

"Sim, meu irmão?"

"...Por que ela parece estranhamente feliz com isso?"

"Porque ela é masoquista," respondeu Yuki sem hesitar. Masachika ergueu o olhar aos céus e fechou os olhos por cerca de dez segundos, então inclinou-se lentamente para frente e beliscou a ponte do nariz. Ele pegou o celular, abriu um jogo e começou a rolar a gacha.

"Tsk. Outra Zashiki-warashi — um espírito de baixo nível inútil." 

"....."

"....."

Masachika estalou a língua para o fracasso que obteve e jogou o telefone sobre um travesseiro antes de limpar a garganta levemente. Depois de corrigir sua expressão, ele colocou os cotovelos nos joelhos e inclinou-se rapidamente para frente, aproximando o rosto do de sua irmã.

"E então? Vamos ouvir suas reflexões."

"Você é o único tentando escapar da realidade," avaliou Yuki calmamente. "Quem não faria isso nessa situação?!"

Masachika subitamente agarrou a cabeça, depois cobriu o rosto com os braços como se estivesse adotando uma posição defensiva para se proteger da realidade difícil de aceitar.

"Além disso, sua preparação para isso foi muito longa."

"Desculpe por isso. Obrigado por esperar, apesar disso," desculpou-se Masachika, espiando timidamente entre os braços após receber a crítica ácida de Yuki.

"De nada."

"Eles estão fazendo um teatro?" pensou Ayano, perguntando-se se deveria falar algo. "Ufa... De qualquer forma, vamos ouvir suas reflexões sobre suas ações logo."

"Espere aí. Pare de fingir que não ouviu o que eu disse."

"Não ouvi nada."

Masachika, encarando com olhos desfocados, tentava fingir que não tinha ouvido nada, então olhou para o lado de Yuki.

"Hey, Ayano? Pergunta rápida. Você é o M do BDSM?" 

"Claro que sim." 

(M = maid?)

"Você ouviu a mulher, Masachika." 

"Para com isso!"

Masachika agarrou a cabeça mais uma vez, surpreso pelo fato de Ayano ela mesma ter admitido que era masoquista.

"Não aguento mais! Não só minha irmã é anormal, mas até minha amiga de infância?! Eu confiei em vocês!"

"Que diabos? Você está fazendo parecer que eu sou estranha." 

"Você realmente achava que era normal?"

"Bem, eu sei com certeza que não é normal ser tão fofa. Isso é certo," disse Yuki com um aceno, cruzando os braços com uma expressão séria.

"Não se iluda."

Masachika lançou um olhar de desprezo para sua irmã, mas Yuki simplesmente sorriu enquanto olhava sorrateiramente para ele.

"Seja honesto. Eu sou fofa, não sou?"

Ela fechou um olho e bateu com o punho na bochecha, aumentando sua fofura, mas foi recebida com o olhar frio de seu irmão.

"Posso ser honesto com você?" ele perguntou com uma expressão séria.

"Claro. Vamos lá," ela respondeu, fazendo uma expressão séria para combinar. Um ar tenso dominava o quarto como se ele estivesse prestes a confessar algo profundo, e ele respondeu gravemente:

"Para ser completamente honesto... você é extremamente fofa." 

"Obrigada! ♪ Boing!"

"O que você é, um coala?"

Sua fachada solene desapareceu num piscar de olhos, e ela habilmente saltou de uma posição sentada no chão para a cama, agarrando seu irmão com os dois braços e pernas. De certa forma, ela parecia um filhote de coala se agarrando à sua mãe, mas...

"Hmm... Eu estava pensando mais em um coelho, já que estou pronta para—" 

"Cala a boca."

"Eu te amo, big brother." 

"Para de falar como um bebê."

"...É isso!" murmurou Yuki de repente antes de soltá-lo como se tivesse tido uma grande ideia. Convencida, ela colocou sua mão esquerda na cintura e a direita no peito.

"Você venceu. Então, como meu castigo, que tal você me hipnotizar assim como fizemos com Alya e Masha."

"O quê? Seu 'castigo'?"

"Olho por olho, como dizem. Posso até me hipnotizar e começar a agir como um bebê assim como você queria."

"Não, obrigado. Eu sei que disse que deveríamos fazer isso com elas como uma brincadeira, mas foi só isso: uma brincadeira. Ayano, o que há de errado com sua mestra?"

"Não há como uma mulher comum como eu entender sua genialidade." 

"Não faça parecer que há algum significado profundo no que ela está fazendo. Ela está falando besteira, sabe."

"Talvez pareça assim à primeira vista, mas na realidade—"

"Não. E desde quando você se tornou um capanga estúpido que sempre interpreta positivamente tudo o que sua mestra faz? No próximo momento, você vai estar indo, 'He-he-he. Sim, milorde?' sempre que ela te chamar."

"Peço desculpas, mas o que significa 'milorde'?"

"É apenas uma maneira humorística de dizer 'meu senhor'. Costumavam se dirigir assim aos nobres... Eu acho."

"Masachika, Yuki é uma nobre."

 "Sim, claro. Isso— Ah. Tanto faz."

Enquanto Masachika revirava os olhos para Ayano, Yuki estava abrindo as pernas na frente dele e agachando como se estivesse prestes a avançar como um javali selvagem. 

"Vamos lá, irmão! Estou pronta para me livrar da minha vergonha e voltar a ser um bebê para você!"

"O que...?! Você tinha vergonha?!"

"Claro, seu pirralho! Uwooooooh!!"

Uma aura poderosa emanava do corpo de Yuki. Era como o poder que um guerreiro liberaria enquanto carregava seu movimento especial. Ela cerrava os punhos junto ao peito, rugindo como uma besta e inclinando lentamente o corpo para trás até parar e ficar em silêncio.

"...Yuki?" 

"....."

"Ei, você está bem?" 

"...Querido irmão?" 

"Gwah?!"

Yuki levantou seu corpo e olhou para o irmão com belos olhos inocentes, fazendo-o segurar o peito e se inclinar para a frente como se tivesse sido atingido no coração. Yuki correu para o lado dele preocupada.

"O que houve?!"

"Gwah! P-pare...! Minha velha ferida...! Está...!" 

"Você está ferido? Oh não! Vou chamar um médico!"

"Não...! É... são esses olhos lindos! Pare de fazer isso!" 

"Olhos lindos? Mas seus olhos são iguais aos meus."

"Não são! Nossos olhos podem ter a mesma forma, mas os meus foram manchados!"

Ela colocou uma mão no colo do irmão e inclinou a cabeça inquisitivamente enquanto ele estava sentado na cama. Se você combinasse isso com seu corpo pequeno e rosto bonito, e jogasse o resto fora, ela seria tão fofa quanto um anjo. No entanto, essa inocência dela era como veneno para os olhos de um garoto com uma tristeza profunda e manchada.

"Você está se sentindo mal?"

"E-hey, uh... Yuki? Desculpe... Então você poderia voltar ao normal?"

"Eu não tenho ideia do que você está falando."

"Eu não consigo! Ayano! Faça algo com sua mestra!"

Sem aguentar mais, ele se virou para Ayano para salvá-lo, mas Ayano tinha se tornado invisível enquanto absorvia a visão sagrada. 

"Ei, espere! Não vire ar agora! Volte aqui!" 

"Masachika?"

"Para de me olhar assim! Seus olhos são puros demais!"

Yuki havia se transformado em um anjo e Ayano, em ar. O quarto estava irreconhecível, torcido em caos, e o plano original de estudar juntos nunca se concretizou.


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