Volume 1
Capítulo 9: Uma dama em perigo!
No instante em que a pobre moça saiu da mata, Tyler sentiu dentro de si uma vontade de protegê-la. Ele sempre soube que mulheres eram sua fraqueza e se fossem mulheres grávidas então… ele saía do sério!
A moça não conseguiu caminhar até ele, faltando apenas uma curta distância de 5 metros ela desabou no chão.
Os sons na mata estavam mais fortes, Tyler esperava encontrar vários homens perseguindo a moça, mas em vez disso pequenos vultos saltaram dentre as folhagens com uma velocidade incrível!
Eles eram pequenos, tinham no máximo 1,20 metros, se pareciam como crianças magricelas… magricelas e feias!
Tyler nunca tinha visto criaturas tão feias antes, seus braços e pernas eram longos e pouco harmoniosos, tinham um tronco pequeno e magro apoiando uma cabeça grande.
Suas cabeças eram uma feiura à parte. Olhos grandes, orelhas pontudas com quase um palmo de comprimento e os dentes tortos e pontiagudos completavam aquele look assombroso.
As criaturinhas correram para a moça indefesa, mas Tyler por acaso deixaria?
Esse mundo acabaria de conhecer a expressão “Chumbo grosso!”.
Tyler apoiou-se no capô do ATV, fez uma boa mira e começou seu abate.
Cada tiro era uma morte, e se tivessem em fila então…
Depois de começar seus disparos, Tyler ouviu Noeru começar a atirar dentro da floresta.
Foram apenas trinta segundos de batalha, mas todos já tinham morrido. Eram quase vinte pequenas criaturas, o que eram essas coisas?
Tyler pensou um pouco e então reconheceu. Goblins!!!
— Já terminou por aí? — Tyler perguntou pelo rádio.
— Sim, vou dar mais uma volta ao redor e então volto — Noeru respondeu.
Tyler não deu a mínima para as criaturas estiradas no chão, ele apenas queria saber da pobre moça. Logo de cara ele pode ver duas flechas fincadas em seu corpo, uma no ombro esquerdo e uma na altura da coxa direita.
Seu pulso estava baixo, ela tinha desmaiado. A princípio Tyler não viu nenhum ferimento fatal, parecia que o mais grave era a exaustão.
Tyler armou uma barraca e trouxe a moça para dentro. Algumas profissões definem os hábitos de uma pessoa, o fato de Tyler ser médico fez com que ele sempre levasse um bom kit de primeiros socorros, dessa vez ele sabia que a sua missão de caça era uma coisa bem perigosa, então seu kit era bem maior que o normal.
Quando veio para esse mundo na primeira vez, ele foi pego de surpresa. Hoje não!
Tyler primeiro preparou um soro intravenoso, ele tinha trazido um daqueles em pó que se adicionam água para ficar pronto, depois colocou um coquetel de vitaminas e glicose.
Tyler com uma tesoura, cortou o restante das roupas dela, cortar foi puro eufemismo, ela já estava aos trapos.
Diversos cortes espalhavam-se pelo seu corpo, alguns eram bem profundos. Tyler limpou o melhor que pode e depois costurou, ele tentou fazer as suturas com o maior cuidado possível, afinal nenhuma mulher queria ter o corpo cheio de cicatrizes.
Por falar em mulher… a moça era muito bonita, tinha um corpo bem atlético, por volta de 1.65 metros de altura, cabelo castanho avermelhado bem ondulado.
Felizmente duas coisas não deixavam Tyler ter pensamentos impuros com ela. A primeira era seu dever como médico, um trecho do juramento de Hipócrates deixava isso bem claro “permanecendo livre de toda a injustiça intencional, de toda maldade e em particular de relações sexuais com pessoas do sexo femininas e masculinas, ser eles livres ou escravos.”
Felizmente ele nunca traiu esse juramento. A segunda causa era que ele já era um senhor de 70 anos, e embora tudo “funcionasse”, ele era sóbrio sobre seus pensamentos e não sentiu desejo por essa pequena moça, ele calculou que ela tinha em torno de 23 ou 25 anos. Qualquer moça muito jovem fazia ele pensar que talvez ela pudesse ser uma neta sua.
Ele retirou as flechas, fez as suturas e os curativos. Talvez ela ainda demorasse para acordar.
— Mestre, pode sair um pouco? — Noeru perguntou de fora da barraca.
Tyler saiu da barraca e foi ver o que o caçador queria.
— Eram goblins exploradores, mestre.
O caçador falou como se Tyler soubesse o que significava. — Pode explicar melhor? — Noeru arqueou as sobrancelhas surpreso.
— De onde eu venho os goblins já estão mortos a muito tempo. — Tyler apressou-se em falar.
Como se a resposta fizesse sentido o caçador continuou. — É realmente uma sorte sua, mestre, enfim toda colônia de goblins manda alguns de seus membros para caçar comida e mulheres.
Tyler já tinha lido que os goblins usavam mulheres humanas para se reproduzirem mais rápido, diferente da terra, esse planeta parece que permitia o cruzamento entre espécies. Segundo seu pouco conhecimento, os goblins podiam sim se reproduzir entre si, entretanto se eles usassem moças humanas a prole era mais forte do que um goblin “puro”, a gestação era de apenas um mês e com dois meses de nascido ele já é adulto.
Se um grupo de goblins atacassem uma aldeia e sequestrassem as mulheres de lá, em pouquíssimo tempo a situação poderia sair de controle devido a procriação desenfreada.
Os humanos eram inimigos mortais dos goblins, qualquer pessoa que tivesse a oportunidade de matar um goblin, matava!
As pobres mulheres que eram pegas, raramente se recuperavam mentalmente. E não era para menos, ficar presa e ser obrigada a dar à luz a essas criaturas demoníacas é o pior pesadelo para qualquer uma.
— Acha que essa colônia está longe? — Tyler perguntou.
— Não, ela deve estar perto. — Noeru balançou a cabeça.
— Por que tem tanta certeza, viu algum rastro? — Ele quis saber.
— Não, não vi, mas não encontramos nenhuma fera grande e também estamos mais ou menos perto da área onde os trolls habitam, talvez eles estejam sob proteção dos trolls.
— Isso pode acontecer? — Tyler ficou assustado.
— É bem provável, eu tenho quase certeza que as mulheres podem ser levadas para dentro da colônia ou como pagamento dos trolls.
Já era quase noite e eles não podiam mais andar na floresta. — Amanhã vamos bem cedo para essa colônia, a moça deve saber onde é.
O caçador concordou, entretanto nessa noite ele ia dormir fora da barraca para fazer uma vigília.
Tyler só agora teve tempo de ver esses pequenos demônios, a pele tinha um tom cinza esverdeado e as roupas eram retalhos roubados de outras pessoas. Poucos tinham facas de verdade, a maioria era feita de pedra, seus arcos eram de baixa qualidade.
Toda arma, ferramenta ou roupa deles eram muito pobres. Era como se eles fossem um conjunto de coisas roubadas.
Tyler preparou outra refeição e os dois comeram.
Krinna:
Era tarde da noite quando a moça acordou.
— Hummm… — Ela gemeu com dor. — Onde estou?
— Calma, não se mexa muito, você está a salvo. — Uma voz suave e firme falou perto dela.
A moça ajustou sua visão, ela estava em um ambiente muito diferente. Era como se fosse um casulo feito de um pano muito fino, tinha uma cor amarela que ela nunca tinha visto, um velho usando uma roupa toda manchada de verde olhava para ela.
— Eu estava sendo perseguida… — Ela começou a falar em tom desesperado.
— Já nos livramos deles. — Ele tentou acalmá-la.
— Obrigado, por você e seus homens terem me salvado.
— Sou só eu e outro companheiro!
— Como, eles eram muitos! — A mulher realmente não acreditou que esse homem era um velho, não tinha como ele e outro homem derrotarem tantos goblins.
— Eu apenas sou bom em matar… — O velho deu um sorriso, como se tentasse tranquilizá-la. — Você estava muito ferida quando te achamos, como aconteceu?
— Eu sou uma aventureira, estava em uma missão com mais algumas pessoas. Quando entramos na floresta fomos cercados por goblins, os homens foram mortos lá mesmo, entretanto nós mulheres fomos presas. Quando estávamos sendo levadas eu fugi. — Ela fechou os olhos tentando se livrar da lembrança.
— Quantas estavam com você? — O velho perguntou.
— Mais quatro, qual o seu nome? — A jovem de repente percebeu que não sabia quem era o seu salvador.
— Ahh… eu nem me apresentei, meu nome é Tyler Newman, mas pode me chamar só de Tyler, ou do que achar mais fácil. — Ele deu de ombros.
— Obrigada por me salvar mestre Tyler, meu nome é Krinna.
— Krinna… é um belo nome, combina com você. — O velho sorriu, só agora ela percebeu seus olhos, eles têm um azul muito forte, daqueles que deixam uma impressão forte em você que é difícil de descrever.
— Obrigada… — A moça falou enquanto tentava se levantar…
Ela estava coberta com apenas um lençol fino, quando seu corpo subiu, a fina peça de pano escorregou mostrando sua nudez.
— Haa… — Ela deu um grito fino.
— Desculpe-me eu tive que tirar suas roupas para cuidar de seus ferimentos. — O velho falou com um certo pesar na voz.
— Você me viu… se… sem minhas roupas? — Ela suspirou com lágrimas quase saindo.
— Eu tive de fazer, como eu iria lhe tratar? Não se preocupe, eu sou médico, eu fiz um juramento de nunca me aproveitar de ninguém.
Aquilo a tranquilizou um pouco, contudo ela ainda estava vermelha de vergonha. Desde criança ninguém tinha visto sua castidade.
— Não se preocupe, não vê que eu já sou velho… essas coisas não me chamam mais atenção.
— Hum… — A aventureira não acreditou muito.
— Isso não é um assunto que um homem falaria a não ser que fosse verdade, estou certo? Tyler sorriu indefeso.
— Acho que deve ser verdade. — Ela ainda estava pensando quando o ronco de sua barriga rompeu o silêncio.
— Vou pegar comida, fique aqui e evite se mexer. — Tyler agradeceu ao timing da barriga dela.
A moça ficou olhando seus curativos, eles eram muito bem-feitos, não havia nenhuma mancha de sangue neles. Uma garrafa clara como vidro estava presa no teto daquela cabana de tecido, e um fio claro estava ligando seu braço a garrafa, quando começou a tocar ela ouviu a voz do velho falando. — Eu sei que pode assustar um pouco, mas isso é sua medicação, daqui a pouco eu vou tirá-la.
Ela seguiu a recomendação e deixou seu braço quieto. — Como vou comer então? — Ela quis saber.
— Eu dou a comida para você, ainda sente dor?
Krinna ainda estava muito envergonhada com a atenção desse homem, ela ainda estava muito envergonhada com toda essa situação, mas sabia que Tyler não tinha nenhuma intenção obscura com ele, então só lhe restou assentir com a cabeça e confirmar a pergunta dele.
— Engula isso, se precisar tome água. — O velho lhe passou duas pequenas pedrinhas brancas.
Ela tomou e começou a comer aquela comida, ela nunca tinha comido nada igual, o tempero era exótico e o sabor muito bom.
— Vista essas roupas, eu vou sair para você se trocar. — O velho tirou o aquilo do seu braço e saiu da pequena cabana.
A aventureira vestiu a roupa dada pelo velho, embora fosse grande, ela era muito confortável.
— Você vai ter um pouco de sono agora, entretanto se acordar sentindo dor ou se quiser qualquer coisa pode me chamar, vou me deitar agora.
O velho se virou e dormiu. Ele estava um pouco longe dela, lhe dando bastante espaço. Como ele tinha dito um forte sono começou a se apoderar dela, mesmo em um lugar estranho e sendo cuidada por uma pessoa também estranha ela dormiu rapidamente.