Volume Único
Capítulo 79: Um deus pede por ajuda?
79. Um deus pede por ajuda?
“Eu preciso de Ajuda! Imediatamente!” O deus vai de joelhos diante de nós. Eu estou junto com a Celes em nossa sala do trono em Asheim.
Alguns minutos atrás esse cara chegou em Asheim e chorou por ajuda como louco. Os guardas o trouxeram diante de nós após considerar jogar ele em uma cela.
Por sorte eles foram instruídos a ficarem atentos a eventos incomuns e relatarem eles imediatamente.
O cara tem cabelo azul e se parece com um elfo. Seu poder mágico parece um pouco fraco para um ser ascendido. Ele parece estar extremamente abalado por alguma coisa.
“Eu sugiro que você recomponha seus pensamentos e explique a situação.” Celes responde com uma voz calmante.
“Ah… Sim. Eu sou Evenguar. Eu sou o deus de um pequeno mundo na beirada do multiverso. Eu nunca tive problemas com ninguém e estou feliz em cuidar do meu mundo. Então eu nunca vi a necessidade de me juntar a nenhuma dessas grandes comunidades. Mas há alguns dias atrás algo parecido com demônios apareceram no meu mundo. A princípio eu não prestei muita atenção neles. Eu pensei que eles fossem algum tipo de pegadinha, que um deus vizinho houvesse pregado em mim. Ou o experimento falho de alguns arquimagos.”
Ele toma um fôlego e continua. “Mas os demônios se tornaram mais e mais agressivos. Eles destruíram cidades inteiras e atormentaram os mortais como nada anterior. Então eu dei uma olhada mais atenta neles e percebi que eles não são só uma pegadinha! Eles estão comendo as almas dos mortais que eles matam. Eu tentei para-los, mas eles são um sério perigo até para mim.”
Evenguar rola uma de suas mangas para cima e mostra uma marca de mordida escurecida em seu braço para nós.
“Eu nunca encontrei algo assim antes! Eu os matava às dezenas, mas seus números não caíam. Eu estou no fim de meus métodos, a beira de limpar meu mundo completamente. Os mortais não tem chances contra esses seres e eu prefiro matar todos eles do que ver suas almas sendo devoradas.”
Ele se curva para nós de novo.
“Mas antes disso eu esperava que alguém das grandes sociedades me ajudassem. Eu não posso salvar meu mundo sozinho.”
Eu me levanto e caminho para Evenguar. “Me mostre essa ferida.” Evenguar faz como instruído e eu mantenho minha mão acima dela enquanto tento sentir sua energia. A alma dele está enfraquecida. Parece que ele lutou contra os demônios até seus limites. E uma parte de sua alma está ferida. Como se algo tivesse tentado arrancar um pedaço pra fora dele.
~Essa ferida parece ter sido infligida por um familiar da Grande Calamidade.~
A voz da Guarda ecoa através da sala do trono.
“Eu pensei que eles não pudessem criar mais sem um pedaço daquela coisa.” Eu resmungo diante da virada de eventos imprevista. Eles estão tentando inundar o multiverso com aqueles monstros devoradores de alma?
~Tanto quanto eu sei, os familiares da grande Calamidade não eram capazes de criar prole quando os ascendidos lutaram com eles. Nós já assumimos que um ou mais familiares da grande calamidade sobreviveram à caçada. Dado quanto tempo ele teve. É possível que tenha aprendido como se reproduzir.~
Eu ranjo meus dentes diante da nova situação. Nós temos que conter essa epidemia a todo custo. “Envie a Nômade com Evenguar para o mundo dele e tentem salvá-lo se puderem. Informe a todos sobre a sucessão de eventos.”
~Eles estão informados.~
Eu me viro e olho para Celes. “Devemos ir e caçar alguns monstros? Eu preciso de alguns sujeitos de testes novos.”
Celes sorri para mim e se levanta de seu trono. “Sempre se deve manter seu treinamento em dia.”
“Obrigado! Muito Obrigado!” Evenguar me abraça de repente por trás e é puxado para longe pelos guardas.
Ele se contorce no agarro deles enquanto nos agradece. Esse cara é assustador…
Eu não sei o que ele esperava. Ele pensou que nós olharíamos pro outro lado enquanto demônios devoradores de almas correm soltos através do multiverso? “Não nos agradeça cedo demais Evenguar. Nós não sabemos com o quê estamos lidando. Se chegar ao pior, nós podemos ter que destruir o seu mundo.”
Evenguar pende sua cabeça. “Eu já me preparei para isso depois que lutei com aquelas coisas.”
***Elhort, Domínio de Evenguar***
Após nossos guerreiros estarem prontos, nós viemos aqui com a Nômade e encontramos o planeta desse jeito. Tanja e Nicosar se juntaram a nós nessa campanha.
Eu olho para o planeta abaixo de nós com olhos curiosos. É uma grande floresta com lagos e montanhas. Não há oceanos. Ainda é um belo mundo.
A população principal de Evenguar parece consistir de elfos, dríades e tudo que está de certa forma conectado com a natureza. Eu suspeito que Evenguar teve uma participação nisso e construiu seu próprio pequeno paraíso.
Atualmente é noite e as cidades estão claramente visíveis pelos pequenos pontos de luz. A visão seria mesmerizante se não fosse por aqueles pontos negros no mapa.
Há várias cidades com nada deixado vivo. Nós podemos sentir isso com nosso sistema de detecção de mana.
Olhando para a tela, eu vejo algo como um epicentro do qual a zona morta está se espalhando. “Mais alguém pensa a mesma coisa que eu?”
“Lá parece ser algo como uma fonte.” Tanja fala meus pensamentos.
“Então vamos eliminar aquilo com nossos armamentos e limpar o resto.” Celes inclina sua cabeça enquanto olha para a tela.
“Eu sugiro ir lá embaixo e investigar com uma pequena equipe primeiro. Se nós usarmos armas pesadas primeiro, nós podemos não encontrar a causa por trás disso. Nós seríamos tão espertos quanto antes.” Nicosar nos dá seus pensamentos.
“Você pode estar certo. Informação é sempre importante. E se nós usarmos as armas grandes primeiro, não vai sobrar muita coisa para investigar depois.” Eu coço minha bochecha enquanto eu penso sobre a situação.
Salvar o mundo não é tão importante quanto obter uma pista do que o Conselho está tramando. Isso pode ser severo, mas um mundo de mortais em troca da possibilidade de obter uma pista do paradeiro do Conselho?
“Então que tal nós descermos e investigarmos isso.” Celes ri para nós e ajeita sua armadura de batalha.
“Hmmm. É. Nós temos que descer lá e reunir informação. Simplesmente detonar o planeta nos deixaria tão desinformados quanto antes.” Eu começo a dar ordens para uma pequena equipe de elites se reunir.
Enquanto isso a Nômade começa a bombardear as cidades devastadas. Para os mortais isso deve parece como o Armagedom.
É uma tentativa vã, mas talvez isso desacelere o progresso dos demônios.
Eu pego meu cajado e saio da cadeira de comando.
Cinco minutos depois nós estamos no ponto zero em nosso equipamento de combate. Há eu, Celes, Tanja, Nicosar e cinco guardas. Todos os guardas são especialistas em combate a curta distância.
A floresta ao nosso redor está morta e seca. Nós aterrissamos apenas a algumas centenas de metros do suposto epicentro. Não há quaisquer demônios aqui. Pela descrição de Evenguar, eles são parcialmente humanoides, mas estranhamente deformados com muitas garras e dentes.
Eles não eram muito fortes comparados a um deus, mas havia muitos deles e eles sempre atacavam em grupos, não se importando com sua própria existência.
Se mortos, eles lentamente começariam a regenerar e se levantar de novo após alguns minutos. A história soa como a de um filme de terror ruim.
“Nós temos que ir nessa direção.” Um dos guardas assume a liderança e avança em direção ao nosso destino.
Nosso grupo avança em um ritmo constante através de uma floresta morta. Há mato, mas o guarda está abrindo caminho com longos balançares repetitivos de sua espada de cristal. Eu nunca teria imaginado que uma das minhas armas divinas acabaria como uma ferramenta de jardinagem!
“RWARRR!”
“Kyaaa!”
*BOOOOOOOOOOOM!* ~chiado~
De repente três -coisas saltaram da copa de uma árvore e aterrissaram próximas ao nosso grupo. Elas começaram a disparar em nossa direção enquanto balançavam suas garras. Garras e dentes para todo lugar….
Elas saíram diretamente dos meus pesadelos! Antes de perceber, eu havia balançado meu cajado naqueles algos que não deveriam existir. Incinerando eles e uma *Enoooorme* área atrás deles.
“O que foi aquilo?” Celes arqueia uma sobrancelha em minha direção.
Eu me firmo e tento recuperar minhas compostura. “Eu mudei de ideia. Eu não preciso daquelas coisas como sujeitos de teste.”
“Eu acho que ela quis dizer sobre aquele seu grito feminino.” -Nicosar
Cala a boca Velhote! “Desde que eu caí naquele buraco com os Garras-de-Lâmina dentro, eu posso ter desenvolvido uma leve fobia de coisas com dentes e garras demais.” ¹
Naquele momento outro péssimo rumor sobre mim nasceu enquanto os guardas começavam a sussurrar uns com os outros.
A distância uma enorme árvore cai ao chão e o fogo lentamente começa a se espalhar.
“Isso foi quando você era uma criancinha!” Tanja responde chocada.
“Mas ainda foi uma experiência formativa para mim!…… Um momento! Como você soube disso!? Nós nem nos conhecíamos naquela época e eu nunca falei sobre isso!” Eu dou um olhar inquisitivo para Tanja, que começa mexer inquietamente com seus dedos.
“Um… veja… Minha família não esteve completamente sem envolvimento naquilo. Mas sua mãe descobriu e nós mudamos de lado depois. Por favor, me perdoa por não contar. Eu achei que sua mãe tivesse te informado. Foi só uma missão mal paga na época. E quando sua mãe apareceu de repente na nossa casa principal e começou um alvoroço descontrolado nós aprendemos qual lado era o certo!” Tanja se curva para nós com gotículas de suor em sua testa.
Exatamente o que minha mãe fez com eles? Quando eu penso de novo sobre aquelas épocas, ela era muito protetora de mim antes. Ela não falou uma vez que qualquer assassino que tocasse na família dela desejaria nunca ter nascido?
“De qualquer maneira! Seu feitiço nos poupou o tempo de procurar, vossa majestade. Parece que você eliminou os guardas da entrada.” Um dos guardas aponta em direção ao grande buraco no chão. Foi solto do silvado pelo meu feitiço.
Nós caminhamos cuidadosamente para perto do buraco ominoso e eu dou uma olhada nele. É um longo túnel e o fim não está a vista. Após alguns metros, ele se perde em trevas.
“Whohoo. Isso parece com um calabouço! ² Aah. Aqueles bons velhos tempos em que se ia em missões e tentava salvar o mundo.” -Celes
Esse é o ponto de vista dela no assunto? Quando eu era um mortal normal reencarnando e acabava em um mundo de fantasia com calabouços e heróis, eu quase sempre vomitava.
Quem em seu perfeito juízo se esgueiraria em um labirinto escuro e perigoso por seu livre arbítrio?
“Nada a se fazer. Vamos descer e ver por nós mesmos de onde os demônios vêm.” Nicosar pula no buraco primeiro.
Um após o outro nós seguimos.
Notas:
1. Para quem não se lembra, isso foi no capítulo 5.⤴
2. Como se fossem os calabouços de jogos, comumente chamadas de dungeons. ⤴