Volume Único
Capítulo 104: Inevitável?
….
***Asheim, Embaixada***
Todos congelam. “Do que você está falando!?” Chiffre para de tomar notas sobre a Enyo.
“Errr…. nada. Esqueça o que eu disse.” Eu não quero explicar isso. Incômodo demais.
“Não! O que é isso sobre danificar o multiverso?” Gwalonna não larga do assunto também.
“É só uma teoria obscura minha. Eu não tenho provas e se for verdade…. então nós estamos fodidos de qualquer jeito.” Eu me viro em direção a janela.
“Não fale besteiras e nos diga o que está acontecendo.” -Carne
Eu inclino minha cabeça enquanto penso sobre uma maneira esperta de explicar isso. “O que é uma alma? Como ela veio a existir?”
“Um corpo de energia que reúne informação? Ela interage com o multiverso através de um corpo orgânico físico. Ou seja, nós. Almas não vem à existência, elas simplesmente são.” Chiffre me dá uma resposta de livro.
“Isso é verdade. Mas para ser preciso. Uma alma é uma onda quântica que interage com todo o multiverso através de observação. Qual é o estado de uma partícula quântica que tem um observador e uma partícula que não tem nenhum?” Eu cruzo minhas mãos enquanto tento guiá-los a pergunta certa.
“O estado de uma partícula quântica que é observada é definido. De uma que não é observada é indefinido.” -Chiffre
“Então uma alma define o multiverso ao observá-lo. Pela presença de um observador inteligente, nosso multiverso está estabilizado em seu estado atual. Isso sempre foi dessa forma. Tanto quanto sabemos. E o número de almas parece ser finito. Até almas que parecem ser muito jovens são apenas as velhas que perderam suas memórias, ou melhor, suas informações coletadas.”
“Então o que acontece com o multiverso se não houverem observadores o bastante sobrando para defini-lo? A calamidade está forçando todos os observadores em um único ser ao mesclar tudo em um.” Eu estico minhas pernas para deixá-las um pouco mais confortáveis.
“Merda exotérica….” Zanders resmunga para si.
“Então se não houverem observadores o bastante, o multiverso volta para um estado indefinido? Mas essa teoria é estranha. O tamanho do multiverso deveria ser definido pelo número de almas, se isso é verdade. Nós deveríamos ser capazes de ver algum tipo de efeito enquanto a Calamidade come os observadores. Sem uma prova, uma teoria dessas está sob bases instáveis….” Chiffre
“Por que nós deveríamos ver um efeito contínuo e não um colapso repentino? O multiverso está sempre tentando manter a estabilidade e corrigindo os erros lógicos. Se não houverem observadores o bastante, ele suaviza os erros. Por quê há estrelas no céu sem vida inteligente? Elas não deveriam desaparecer?” Eu continuo minha linha de pensamento.
“Há tais estrelas. Você não está refutando sua própria teoria?” -Miruliru
“Não. Eu a estou fortalecendo. Aquelas estrelas estão lá porque pessoas sempre olharam para o céu e as viram. Elas permanecem lá porque elas têm que estar lá, ou caso contrário haveria apenas um céu em sua maioria escuro para a maioria dos planetas. A outra prova que fortalece minha teoria são os restos do primeiro surto da Calamidade.” Eu aceno em direção ao céu. “Diga a eles Guarda. Sempre houveram zonas vazias através do multiverso?”
~As zonas vazias são um fenômeno recente que começou a aparecer durante a primeira grande luta contra a Calamidade. Os Ascendidos não puderam explicar as zonas em expansão, onde as leis naturais da natureza não eram seguidas. Mas as zonas vazias pararam de crescer quando a Calamidade foi selada, ou pelo menos a velocidade do crescimento delas se tornou muito lenta.~
“Então o multiverso não está em sua melhor forma enquanto nós o vemos?” Miruliru tem uma voz preocupada agora.
“Infelizmente.” Parece que eles entenderam a ideia. “As zonas vazias são apenas o primeiro sinal de que o número de observadores está se tornando baixo demais. Eu meu pergunto como o estado indefinido se parece. Vai dar um *puff* e tudo deixará de existir? Ou o multiverso apenas vai se dissolver em uma grande zona vazia com estranhas leis físicas indefinidas? Isso me leva a última prova da minha teoria. As zonas vazias são áreas que não seguem regras conhecidas. Ainda assim o espaço ao redor dos nossos planetas está completamente bem. Por que é isso?”
“Por quê há observadores o bastante lá para estabilizar o espaço….” A voz do Chiffre soa muito convencida agora. “Então nós temos que aumentar o número de observadores para poder evitar um resultado desconhecido.”
“Como? Eles estão na barriga daquela coisa acima das nossas cabeças!” Gwalonna acena para o teto.
“Nós temos que encontrar uma maneira de parar a Calamidade.” Carne caminha em direção a janela e dá uma olhada para fora.
“Eu voltarei a minha sociedade e dizer a eles o que está acontecendo. Nós pensaremos sobre possíveis soluções.” Chiffre desaparece sem mais delongas.
Eu continuo a pensar sobre possibilidades por conta própria, mas não há respostas definitivas. Os outros continuam a falar por um tempo. Então eles começam a partir para informar suas sociedades.
Enquanto eu assisto o poente sol azul, eu penso sobre minhas possibilidades. Tudo que nós podemos fazer é ruim. Mas eu não gosto de finais ruins. Eu os desprezo.
O único final bom que me vem à mente também poderia ser o final ruim máximo. A questão é… eu sou louco o bastante para jogar uma moeda para decidir o destino do multiverso?
Os outros com certeza não vão gostar disso. Eu me levanto e caminho com tranquilidade em direção aos aposentos privados da minha família. Celes deve ter terminado seu trabalho. Com certeza eu posso encontrá-la lá.
Nossos aposentos privados estão no topo da torre central. A pequena caminhada me dá tempo de chegar a uma conclusão. E não é uma fácil.
Eu encontro a Celes dentro da nossa sala de estar. Ela está tomando conta do Aengus e da Sharid. Ambos estão deitados no grande sofá no lado esquerdo da sala. Quando eu os deixei, eles tinham dores de cabeça graves.
Celes olha em minha direção com uma expressão furiosa. “Por que você não me contou!? Aengus está em grave perigo e você nem me dá um aviso!”
Como esperado. Eu vou receber algum tratamento severo por isso. Mas eu não queria que ela arriscasse a vida.
“Eu sinto muito, mas não havia tempo o bastante. Eu tinha que ser o mais rápido possível.” Sim! Desculpa perfeita!
Celes bufa para mim e se vira em direção ao Aengus. Então eu caminho até a ela a abraço a Celes por trás. Aaah, ter uma última sensação antes do fim com certeza é bom.
“O que mais você andou aprontando? Eu sinto que você está escondendo alguma coisa. A cauda da Celes começa a se contorcer ao meu redor para me impedir de escapar.
Eu juro. Os instintos dessa mulher são bons demais! “Nada, meu amor! Nós só tivemos que falar sobre muita coisa pesada na embaixada. Isso realmente colocou uma fenda no meu bom humor.”
Então eu começo a explicar minha teoria para Celes que assente com uma expressão infeliz. No final eu apenas suspiro e a abraço de novo.
“Então você tem qualquer ideia sobre como resolver isso?” -Celes
“Mais ou menos. Mas é um segredo.” Eu rio para ela.
“Me conta!” Celes me agarra pelo lóbulo da orelha com seus dedos como uma vinha e me puxa pra baixo ao nível dela. “Você não vai puxar um auto-sacrifício de novo? Eu te proíbo!”
“Não! Nada do tipo gatinha doce. Por falar nisso…. olha o que eu recuperei!” Eu puxo a Enyo da minha perna esquerda onde ela esteve se segurando em mim desde a embaixada.
Até agora ela não havia vindo à atenção da Celes.
A expressão da Celes fica chocada enquanto a Enyo começa a se contorcer nas minhas mãos.
“É hora da açção messstre?” -Enyo
“De onde você tirou essa coisa!? Eu achei que você tivesse se livrado disso!!” Celes dá um passo para trás enquanto eu dou um passo para frente.
“Você realmente pensou que eu me livraria permanentemente da única arma que é efetiva contra você? Eu pensei em emprestar pro Aengus por alguns anos, mas ele não precisa disso no momento….”
“Nãooo…. Eu já tenho uma cauda!” Celes se vira e começa a correr enquanto eu a sigo com uma cauda de gato se contorcendo nas minhas mãos.
Haaa. Ser o marido com certeza é o melhor.