Um Tiro de Amor Brasileira

Autor(a): Inokori


Volume 1 – Arco 3

Capítulo 33: As Perdas Que Deram Início a Guerra


【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

Com o clima mórbido ao seu redor, uma mulher chora em lamentos ao lado de uma urna de cinzas, logo a frente dela está a foto de seu falecido marido, Kazumi Nakeda que morreu por um Numen na Operação SEIDAI.

Daidairo morde seu próprio lábio se sentindo incapaz de alguma forma, ele não conhecia bem o falecido, mas assim como ele arriscava a vida para proteger a todos.

Mesmo sendo considerado um herói que morreu em batalha, não há muitas pessoas em seu funeral, apenas poucos familiares e amigos próximos.

Para Daidairo ele merecia um enterro mais digno, mas para o mundo ele é apenas mais um que morreu tentando fazer o seu melhor.

— Por que as coisas têm que ser dessa forma? — questiona em sussurros para si mesmo.

Ao meio de todas as lagrimas e tristeza, uma pessoa parece estar sofrendo tão quanto a esposa do falecido. A distância sentada em uma cadeira está Chidoin de cabeça baixa com suas lagrimas pingando sobre o chão.

Daidairo anda em sua direção, sentando-se no banco de plástico ao lado dela, entrelaçando os dedos.

— Se recuperou de seus ferimentos?

Ela se assusta corando seu rosto por reflexo, dizendo enquanto gagueja — B...bem, acho que sim, os médicos me liberaram mais cedo do que o esperado.

— Fico feliz em ouvir isso — Daidairo sorri brevemente — ei..., você poderia me dizer como era seu parceiro?

Ela limpa suas lagrimas com um lenço de papel, olhando para Daidairo com dúvidas, — Porque quer saber Inspetor Daidairo?

— Por favor, não estou a serviço agora, me chame apenas pelo meu nome — diz Daidairo calmamente — eu consigo sentir a dor da perda, mas eu não o conhecia... achei que você me pudesse dizer como ele era.

Chidoin sorri de forma tímida, balançando seus dedos enquanto pensa.

— Para falar a verdade, eu também não o conhecia muito tempo, mas com os meses que passamos juntos ele era alegre e aceitava todos os contratempos em sua vida com um sorriso.

— Ele parecia ser bem corajoso então.

— Não! Muito pelo contrário — Chidoin gargalha, com suas lagrimas aumentando — ele era tão covarde quanto eu, talvez até mais, ele vivia dizendo que nosso trabalho era perigoso demais e o quanto não fazia mais sentido esse trabalho após seu filho nascer.

Daidairo a encara com uma expressão de surpresa, enquanto ela continua sua fala.

— Toda vez que íamos a uma operação, seus joelhos falhavam e tremiam de medo, não por sua vida, mas porque ele sempre dizia que tinha uma esposa e filho o esperando em casa, mas ele sempre conseguia voltar.

— Então ele tinha um filho... — Os olhos de Daidairo se fecham em raiva.

— Assim como a senhorita Nohi, ele perdeu seus pais por ataque de um Numen ao norte do Distrito Independente, mas diferente dela... eu conseguia ver o brilho de vida em seu olhar — Chidoin gagueja ainda mais — ele estava economizando ao máximo para poder se aposentar.

— E agora, quando seu filho crescer seguirá o caminho de seu pai provavelmente...

— Eu duvido disso, ele foi a primeira pessoa que me convidou para jantar vendo que eu estava sozinha no QG, naquele dia conheci sua família e com todas as palavras ele disse que se algo se acontece com ele... — Chidoin encara Daidairo — seu filho jamais iria trilhar nosso caminho.

Daidairo olha para frente, vendo algumas poucas pessoas partindo do funeral, enquanto outras consolam a viúva de Kazumi.

— Faz sentido ele ter dito isso, afinal assim como a Nohi... acho que ele ainda lutava para evitar que mais pessoas como eles nascessem — diz Daidairo lembrando das palavras de Kaori.

— Falando da senhorita Nohi, eu não a vi aqui hoje.

— Ela não veio, em sua opinião ela odeia funerais por ser uma perda de tempo.

— Oh, entendo... — murmura Chidoin abaixando a cabeça.

— Mas não pense que ela não se importa — Daidairo coloca a mão no ombro dela — afinal com seu próprio bolso ela pagou todas as flores que estão aqui, assim como o Kaori pagou o local.

— Fico feliz que mesmo vocês que não eram próximos dele fizeram tanta coisa — Chidoin ergue seu olhar para a viúva — me pergunto o que vai ser deles agora.

— Provavelmente a segurança publica vai convidar eles para morarem no Distrito Zero com tudo pago mais salários, até ao menos seu filho crescer — Daidairo suspira, voltando o olhar para ela — e você, o que vai fazer? Pretende abandonar a segurança pública?

Chidoin fecha os punhos estando um pouco tremula, — Eu queria poder dizer que sim.

— Queria?

— Diferente de você Daidairo, eu entrei para os Abutres por motivos egoístas, em toda minha sempre fui péssima em tudo, não consigo nem lembrar a quantidade de vezes que fui despedida.

— Ei, não fale assim de você mesma.

— Mas é a verdade, nem boa inspetora eu sou, entrei porque era a maneira mais fácil de conseguir dinheiro... — Chidoin bufa em desapontamento com ela mesma — no entanto, depois de um tempo eu realmente quis ajudar, comecei a me sentir útil outra vez ao ver que poderia fazer algo bem.

— E você conseguiu Chidoin.

— Não, eu não consegui, Kazumi tinha medo e ficava tremulo frente a algum perigo, mas diferente de mim, ele conseguiu pular na minha frente para me proteger e eu não fiz nada!

Daidairo fecha os olhos, sentindo um aperto no peito enquanto ela continua.

— Eu não só fui fraca, mas também era para eu ter sido morta naquele dia, qual diferença que vou fazer nesse mundo?

— Falar dessa forma está diminuindo o que ele fez por você.

— Muito se fala da dor da partida, mas ninguém fala da dor daqueles que sobrevivem — Chidoin respira fundo abraçando seu próprios braços — como posso mudar de vida, sabendo que alguém se sacrificou por mim? Como posso olhar para sua esposa e filho sabendo que eu o tirei deles.

— Chidoin me escute... — diz Daidairo sendo cortado no meio de sua frase.

— Escutar o que? por favor me responda como eu posso seguir em frente sabendo que alguém se foi apenas para proteger uma inútil — Chidoin com suas mãos agarra seus próprios cabelos — o demônio não é o Numen que o matou, o verdadeiro demônio está em minha mente.

Outra vez Daidairo se sente incapaz de dizer algo, sua mente está o total breu e as palavras não se formam em sua boca, em silencio ele se levanta de sua cadeira, — Sinto muito que pense assim...

— É por isso que vou continuar na segurança a publica, para quem sabe eu tenha sorte de ser morta de alguma forma e devolver o favor que ele fez a mim.

Daidairo se distancia dela, sem ter coragem de a olhar nos olhos, sua mente está confusa e seu ódio ainda maior, o olhar vivido dele a cada dia que passa diminui.

Na saída do funeral seu telefone toca, sendo uma mensagem do Inspetor Mutoh que diz: — Boa tarde meu Jovem, preciso que venha para o distrito zero o mais rápido possível, algo grande está por vir.

Com o semblante ameno, Daidairo parte até o metrô rumo a seu destino, sozinho no vagão vendo seu próprio reflexo na janela.

Seu cabelo está mais bagunçado do que o costume e aquele curto momento o faz lembrar da promessa que fez a Nohi.

Alguns minutos depois, ele chega finalmente ao Distrito Zero, vendo toda a movimentação incomum dos inspetores, na entrada está Nohi com os braços cruzados.

— Está atrasado — diz de forma irritada.

— Sinto muito — Daidairo força um sorriso — andar de metrô é complicado.

— Metro? Você não tem um veículo?

— Bem... não, eu não sei dirigir, você sabe Nohi?

— Estamos a trabalho, me chame de Inspetora e respondendo sua pergunta, sim eu sei dirigir inclusive tenho uma moto.

— Caramba, que maneiro! Posso vê-la?

— Não temos tempo para isso, vamos a sala de reuniões, devem estar nos esperando.

Ambos caminham até a sala de reuniões, que diferente da última vez está muito mais lotado, tendo quase todos os inspetores disponíveis na instalação.

Nagoya está sentado ao lado de Kaori em uma das mesas, mas o que mais chama atenção é os sussurros de outros inspetores, chocados ou amedrontados com a pessoa que está em pé frente ao telão.

Com cabelos médios pretos e um cavanhaque está um homem jovem, com olhos fechados e braços cruzados com um colete aprova de balas em seu torso.

— Muito bem, vejo que todos chegaram, podemos começar.

Ao dizer tal frase, todos da sala em conjunto gritam, — Sim Senhor Comandante!

Nesse exato momento, Daidairo soube que está a frente de todos, o comandante máximo da segurança pública, líder dos Abutres e vice-ministro do país Xin Kudowara.

Ele mante uma posição nobre, levando seus braços as costas e estufando o peito enquanto fala.

— Agradeço a todos por estarem presentes hoje, já que o assunto tem urgência... na última semana tivemos doze baixas, pessoas que lutam para proteger os civis, doze famílias sem um ente querido.

No telão, mostra os nomes dos inspetores que morreram em operações, com a foto de seus rostos estampados a cada linha.

— Eu gostaria de propor um minuto de silencio... — Xin rapidamente gira seu punho socando a parede ao seu lado — mas do que isso importa?! Isso não vai trazê-los de volta, não vai restaurar as perdas humanas causadas!

Um olhar de surpresa percorre por todos os inspetores.

— Daqui a algum tempo os nomes deles serão somente lembrados por seus familiares, por isso quero garantir que eles sejam os últimos nomes a aparecerem nesse telão — Xin leva a mão em seu peito, com raiva em seu rosto — o conselho do senado pôs em votação o que veria a seguir, temendo algo horrível pudesse acontecer e colocaram a responsabilidade de tudo a mim.

Os cochichos dos inspetores começam por todos os lados, enquanto Xin respira fundo, voltando a falar.

— Então a partir de hoje a segurança do país está em nossas mãos, com peso em meus ombros eu declaro estado de alerta e nesse exato momento, vou lhes dar a responsabilidade de nosso último trabalho.

O silencio se restaurou quando ele diz tais palavras, todos em alerta do que está por vir.

— Por fim, hoje se inicia a Operação Ame no Ohabari, o exorcismo e extermínio total dos Numens, conto com todos para isso.

Xin ergue seu punho para o alto, fazendo todos os inspetores o acompanhar em respeito.

Ame no Ohabari é a arma que Izanagi matou seu filho e agora será a arma que matará os Numens.

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