Volume 3

Capítulo 3: Parte 1

Hoje é dia de encerramento do ano escolar. Assim que cheguei, tive que me dirigir até o congelante ginásio e lutar contra meu sono extremo durante toda a cerimônia sentada.

Ugh… que preguiça…

Faz dois anos desde quando me juntei ao clube de “ir para casa”, e eu sinto isso no meu vigor baixíssimo. Quando eu fazia parte do time de atletismo, eu era forçada a me exercitar todos os dias… Talvez eu devesse voltar a correr, pelo menos…? Quando o clima esquentar, quem sabe?

O que a professora estava falando no palco parece entrar por um ouvido e sair pelo outro, sem nem deixar rastros. Enquanto estava em transe, Yume, que estava sentada ao meu lado, de repente me perguntou num tom preocupado.

“Marika, por que toda essa sonolência hoje? Você quase se atrasou, por acaso dormiu tarde ontem assistindo filmes? Ou TV? Ou talvez lendo mangá?”

“Sim… um pouco…”

Eu usei minha sonolência como forma de evitar a pergunta da Yume.

Não preciso nem dizer que a razão de eu ter me atrasado esta manhã foi o preço que paguei por todo prazer que tive com Aya noite passada. Ela sabia que tínhamos que vir para escola, mas ainda assim ficou agarrada em mim desde quando acordou.

Como eu não tomei banho antes de dormir, eu decidi me apressar para tomar banho antes de vir para a escola e me livrar de qualquer resquício da noite passada. Porém, Aya subitamente entrou no banheiro enquanto eu me lavava e começou a fazer todo o tipo de indecência com meu corpo.

É sério isso!? Tão cedo assim!? Não importava o quanto eu resistisse, Aya me segurou firmemente e não me soltou até o fim. E mesmo eu mal conseguindo ficar de pé com as pernas fracas, ela ainda ficou me apressando para não nos atrasarmos. Francamente!

Por que minha namorada é tão problemática? Poxa vida…

“Marika, por que está sorrindo?”

“Eh? A-ah, nada não.”

“Suspeito… Ah, por acaso se atrasou porque teve um sonho muito bom?”

Bom, é verdade que eu estava tão feliz ontem que eu nem conseguia acreditar que era real. Mas graças a esse sonho, meu corpo agora está tão fraco quanto uma pessoa com insônia…

“Não foi isso. Mas ultimamente, eu me sinto meio fraca e sem energia.”

“Sério?”

“Uhum. Meu trabalho de meio período é minha única atividade física. Você se exercita, Yume?”

“Claro que não. Digo, você não acha que aquilo já conta como exercício? Afinal, é cansativo.”

“Do que está falando…?”

Eu fiquei encarando a Yume sem entender o que ela quis dizer. Mas depois de alguns segundos de silêncio, tive um estalo “Ah!”

“Pois é. Nós fazemos uma vez por semana, o que já é bem desgastante.”

“Você quer dizer…?”

“Sim, a Chii-chan e eu—”

Yume congela repentinamente após se dar conta do que acabou de dizer, deixando a frase incompleta. Seu rosto fica cada vez mais vermelho

Você não acha que falou algo muito ousado, Yume…?

“—F-fazemos ginástica, é isso. Treinamos ginástica juntas~”

“Hee….”

Eu olho maliciosamente para ela, que está sorrindo para esconder a vergonha do que quase declarou abertamente. Porém, seu rosto tão vermelho quanto um tomate diz tudo.

Aparentemente, piadas sujas assim são comuns em colégios só para meninas. A maioria das garotas são tolerantes a elas, mas óbvio, quando você é o centro da piada, a história é outra.

Nós estamos no meio de uma cerimônia, então infelizmente para Yume, mesmo se ela quisesse correr e se esconder, ela não poderia. Vendo sua expressão, me deu vontade de brincar um pouco com ela.

“Falando nisso, por quanto tempo vocês… se exercitam?”

“Não tenho certeza… Se não tivermos nada planejado para o dia… fazemos o dia todo…?”

“O DIA TODO!?”

Eu rapidamente cobri minha boca. A professora que estava discursando me encara com um olhar de reprovação.

Pois saiba que essa aqui do meu lado é mais danada ainda!

Mas, nossa… isso é incrível, Yume… “Ela é animal na cama”, as palavras da Chisaki me vêm à mente, quando ela me falou sobre a mesma garota que agora parece toda envergonhada.

Apesar de parecer pura e fofa como uma Idol…

“Você deve ser muito confiante quando o assunto é vigor, Yume-sensei…”

“Pare de me provocar!”

Dessa vez, a Yume foi alvo do olhar fatal da professora, e logo escondeu seu rosto com as mãos. Se Aya fizesse aquilo comigo um dia inteiro, eu morreria… sério.

 

***

 

Depois disso, nós deixamos o ginásio e estávamos a caminho da sala de aula.

Não sei se foi por conta da conversa sensível que tive com a Yume, mas agora minha mente não pensa em mais nada além do que Aya fez comigo mais cedo. Meu corpo começa a ficar estranho.

Aah… Mesmo estando sonolenta, minhas bochechas estão relaxadas e meu corpo parece mais leve. Será que é porque… eu me sinto feliz? Até parece!

Mas se eu ficasse cara a cara com Aya agora… seria perigoso. Eu posso acabar fazendo uma cara que não deveria no meio da sala… Acho que vou ao banheiro para tentar me acalmar.

No caminho até a sala, eu parei no banheiro, e quando estava lavando as mãos para sair, duas silhuetas no espelho me fazem pular de susto. Eram Kishinami e Tomatsu, as capangas da Nishida. Ah… o que elas querem comigo…?

Espera aí! Eu vim aqui com a intenção de me acalmar, não aumentar meu estresse!

Obviamente elas querem falar comigo. Imagino que seja pelo que aconteceu ontem.

O-o que vocês querem comigo? P-podem vir, eu tenho a Aya!”, foi o que pensei enquanto olhava para elas pelo reflexo no espelho. Até que de repente, elas curvam suas cabeças.

“Sakakibara, sentimos muito por ontem!”

“A-ah… Hã?”

Eu lentamente me viro enquanto enxugo as mãos em meu lenço.

“Eh, por que isso? O que houve?”

As duas se aproximam de ambos os lados.

E-espera um pouco. Mesmo sendo capangas da Nishida, suas aparências não podem ser subestimadas. Por que sinto meu corpo ferver tanto enquanto sou pressionada por duas garotas!? Eu sou só uma garota normal que ama Aya acima de tudo!

Por favor, não me encarem com esses olhos suplicantes…! Vocês são fofas demais!

“Ei~ Sakakibara, você não pode mesmo ir à festa?”

“Eu já falei que tenho um compromisso com minhas amigas!”

Kishinami parece bem deprimida. Acho que essa é sua verdadeira natureza quando a Nishida não está presente.

“B-bom, é que… Reina ficou muito triste quando você recusou o convite, Marika. Ela até disse que vai fazer uma festa só pra ela…”

Tomatsu coloca uma mão no ombro de Kishinami, como se quisesse confortá-la. E então, ela volta sua atenção para mim com aqueles olhos suplicantes novamente.

“‘Sem Marika, sem festa…’, ela disse. Nós faremos o que você quiser, qualquer coisa, é só pedir!”

“Não seja tão imprudente, por favor…”

Se eu dissesse algo assim à Aya, ela provavelmente se aproveitaria…

“Vocês querem tanto assim ir à essa festa?”

Claro que sim!

As duas entrelaçam as mãos e falam em uníssono. Vocês são bem íntimas, hein…?

E então, elas sorriem juntas.

“Foi por nossa causa que a Reina planejou essa festa! Nós vínhamos pedindo a ela há muito tempo, mas ela sempre recusava por causa do namorado… Mas dessa vez, a chance é real!”

“O nível de beleza dos caras convidados é muito acima! Ouvi dizer que alguns são modelos e atores em potencial!”

“É como servir um hambúrguer estrangeiro para alguém que só come filé japonês!”

“Aah, só de pensar eu já fico empolgada! Bora~ Por favor~ Sakakibara~!”

“Uhhh…”

Eu sinto que já vi uma cena parecida em um dorama sobre casamento…

Vão me desculpar, mas não quero magoar a Aya e deixar de ir à festa de Natal para satisfazer o desejo de vocês, meninas…

“Sinto muito, mas eu tenho minha própria agenda…”

“Eh~ Como assim?”

“É só um dia, vai! Afinal, a Reina nos escolheu a dedo!”

Hmm?” Eu inclinei minha cabeça levemente ao ouvir essa última frase.

É mesmo, eu venho me perguntando isso desde o começo.

“Ei, espera aí. O grupo da Nishida é grande, não é? Tipo, umas seis pessoas incluindo ela. Então, por que ela me escolheu?”

“Eh? Também não sabemos…”

“Mas vocês não tem algo especial com a Reina? Como passear com ela por aí?”

“Não, não, nada disso. Nosso único contato com ela é no colégio.”

Kishinami e Tomatsu também inclinam suas cabeças, simultaneamente, e ponderam por um momento. Mas logo se recuperaram e agarraram meus ombros.

“Enfim, isso não importa! Eu te imploro~ Sakakibara, vamos~!”

“Mesmo que não possa ir, que seja! Por mais que não queira, por mais que negue… nós vamos… continuar implorando!”

“Eu não posso ir!”

Eu rapidamente me livrei de suas mãos e escapei do banheiro. Poxa, eu tenho minha própria vida de amor, sabiam!? Não quero deixar de cuidar da minha para cuidar dos outros!

 

***

 

Quando voltei para a sala com Kishinami e Tomatsu grudadas em mim, Nishida estava esperando.

“Estão importunando a Marika de novo?”

“Ah, não é o que parece!”

“Pois é, nós só estávamos nos desculpando pelo o que aconteceu ontem! Não é, Sakakibara?”

Eu me virei com um olhar descontente para as duas, que em retorno piscaram para mim da forma mais óbvia possível.

Eu não consigo odiar garotas assim, do tipo que estão sempre radiantes e sabem que serão perdoadas por qualquer coisa que façam. Ou talvez eu só esteja indo de acordo com a atmosfera.

Bom, eu também não quero contar a história toda. Então decidi trazer para a conversa a gyaru chamativa de cabelo azul no meu lugar.

“Que tal levarem a Hinano em vez de mim?”

“Pra onde?”

Eu ponho minhas mãos nos pequenos ombros de Hinano e gentilmente a empurro para a frente como uma oferenda para sacrifício.

“Para a festa de Natal da Nishida.”

Hinano não parece feliz com minha decisão arbitrária e mantém seu rosto inexpressivo.

“Não, obrigada. Eu já tenho compromisso com alguém no Natal.”

Você tem!?

“Eh, a Hinano tem… alguém?”

“Por que está me olhando assim? Eu vou te beijar, viu?”

“Não!”

De fato, a Hinano é muito fofa, mas de jeito nenhum. Afinal, sou uma namorada fiel!

Kishinami e Tomatsu estavam olhando para Nishida, que estava rindo.

“Não, nem sonhando. Se Hinano fosse, o clima seria péssimo. Seu cabelo é muito espalhafatoso, além de não ser muito amigável. Ninguém pode substituí-la, Marika.”

Claro que não…! Digo, você me superestima demais!

Hinano encara Nishida como um tigre encara um dragão.

“Para sua informação, eu sou muito amigável. Não subestime uma lojista carismática de Shinjuku. Tenho mais de 6000 seguidores no insta.”

“Nossa, é mesmo? Agora eu quero ver a Hinano no modo vendedora.”

“Sinceramente, eu também gostaria.”

Hinano concordou sem hesitar. Após limpar a garganta algumas vezes criando ansiedade, ela sorriu com o máximo de esforço.

“Boas-vindas~♪ Do que gostaria?~♪”

“Assustador!”

“Repugnante!”

“Vou matar as duas!”

Nishida e eu começamos a fugir da Hinano, que estava com os punhos bem fechados, pronta para socar alguém. Numa visão externa, podem achar que somos boas amigas, e isso não está necessariamente errado. Pois Nishida e eu temos muito em comum, e quando a oportunidade surge, demonstramos nossa intimidade.

Mas de fato, é muito estranho a Nishida insistir tanto em me convidar, e mais ninguém… Ainda estamos alguns dias distantes do Natal.

 

***

 

Como hoje foi a cerimônia de encerramento do colégio, fomos liberadas mais cedo, ao meio-dia. No caminho para casa, Aya e eu paramos para almoçar com Chisaki e Yume em um café perto da escola. Então aproveitamos para discutir sobre a festa.

Yume começou a conversa com “Que tal usarmos vestidos?” Acompanhado de um “Quê? Vestido?”, “Por que não? Ainda deve dar para alugar um”, enquanto Aya respondia apenas acenando e falando “Uhum.

No fim, decidimos que iríamos nos produzir um pouco mais para esse dia.

Na América, existem muitos bailes e festas assim, mas no Japão é diferente, praticamente só temos o Halloween e clubes noturnos.

Eu sou uma completa ignorante quanto a etiqueta dessas festas. Então Aya me contou como elas fizeram no ano passado e assim pude aprender e me preparar até a data marcada. Hm, acho que seria bom contar a Sae também, né?

Após duas horas de conversa, nós nos despedimos e fomos para casa.

Enquanto eu vou ao hospital visitar minha mãe, Aya vai para casa trocar de roupa e fazer outras tarefas. As férias de inverno começaram~ Estou tão empolgada!

Ao ver Aya descer do trem primeiro, eu balancei minha mão e disse “Até mais tarde”. A porta logo se fechou, nos separando e seguindo em frente. Alguns minutos depois, senti meu celular vibrar, era uma mensagem da Chisaki.

"O grupo da Nishida te importunou de novo hoje?"

Ah, então ela viu.

Bom, ela só deve estar preocupada, como uma atenciosa melhor amiga estaria.

"Sim, elas estavam me convidando para a festa de novo. A fama tem seu preço~", enviei junto com um emoji.

"Essa Nishida… Ela nunca quis um namorado"

Eu consigo enxergá-la com um rosto irritado, mas por quê?

"É mesmo?"

A marca de ‘Lido’ apareceu sob a mensagem, mas Chisaki não respondeu. Bom, não que isso me incomode.

Antigamente, eu também pensava que nunca teria uma namorada, mas quando percebi, já estava perdidamente apaixonada… Pensando na dádiva que me foi enviada, eu desço do trem e caminho até o hospital.

 

***

 

“Olá, mãe. Como se sente?”

“Uhm, estou bem.”

Minha mãe me responde sem tirar os olhos de seu laptop. Parece que ela está assistindo aquela novela estrangeira de novo. Ela me disse que já viu várias temporadas e que planeja terminar ainda essa semana. Atualmente, restam cerca de 72 episódios para ela assistir, o que a levaria uma média de 12 horas por dia para ver todos…

Hoje fazem três dias desde que minha mãe foi hospitalizada, e ela parece estar aproveitando muito bem a vida neste quarto privado, como se estivesse de férias em um hotel. Apesar de terem outros quartos maiores disponíveis, ela insistiu em ficar neste por ser mais confortável.

“Parece que nem vale a pena visitá-la desse jeito…”

“Me desculpe, mas não está feliz de ver sua mãe tão cheia de vida?”

“E ainda admite!?”

Sinto como se nossos papéis de mãe e filha tivessem se invertido.

Enquanto eu organizava suas roupas, ela perguntou.

“Mas e vocês, como estão? Você e a Aya-chan estão se dando bem?”

Se está falando de nossa compatibilidade… Ontem a noite, nós fomos mais compatíveis do que você imagina. Sua pergunta fez eu me perder em meus pensamentos. Mas logo me lembrei que estava na frente da minha mãe, então recuperei a compostura, restringi minhas emoções e limpei a garganta antes de responder.

“A-ah, sim, estamos! Inclusive, foi ela quem fez o jantar ontem. Ensopado de creme.”

“Ah, então a Aya-chan também sabe cozinhar, é… Gostaria de ter uma nora como ela~”

Mesmo eu sabendo que isso foi mais uma das piadas da minha mãe, fui pega de surpresa. O suor frio começa a escorrer.

“D-do que está falando!?”

Felizmente, minha mãe estava tão concentrada na novela que nem percebeu a expressão incomum que acabei de fazer. Ufa! Então me recuperei novamente e a adverti.

“Que seja, só não fale nada estranho para ela, está bem? Ela é uma boa garota.”

Assim que disse isso, imediatamente me senti envergonhada em descrever Aya como uma “boa garota”, embora seja inegável que ela é muito séria e responsável. Ela até fez aquele juramento em sua cabeça de que ‘não me tocaria, pois estaria traindo a minha mãe’ para me proteger. Isso faz dela uma “boa garota”?

“Não se preocupe, não direi nada. Mas não seja preguiçosa só porque as férias começaram, ouviu? Lembre-se de fazer sua lição de casa.”

“Eu sei disso, não sou mais criança. Aliás, Aya foi até a própria casa buscar seus materiais de estudo.”

“Hmm. Bom, acho que desde que a Aya-chan esteja com você, não preciso me preocupar.”

“Desde quando você confia tanto nela?”

“Uma mãe como eu consegue facilmente saber a personalidade de alguém apenas pela aparência. Aya é nível SSR, tenho certeza de que ela é uma boa garota.”

Minha mãe é como a Karen-san, só que enquanto uma consegue adivinhar o caráter da pessoa por sua aparência, a outra consegue adivinhar se ela é dominada ou dominante só olhando suas mãos.

Minha mãe trabalha em uma companhia de cosméticos e é gerente de uma das lojas há muito tempo. Quando ela era mais jovem, ela era uma atendente que auxiliava os consumidores. Na verdade, mesmo hoje em dia, ela ainda os atende pessoalmente de vez em quando.

Acho que é daí que vem sua confiança de adivinhar o caráter de alguém. Mas eu não acredito que exista uma habilidade tão incrível. Se bem me lembro, isso é o que chamam de efeito halo, não é? Pessoas que julgam as outras apenas por sua aparência.

Enfim, acho que não tem mais o que fazer aqui, devo ir pra casa?

“Marika, a Aya comentou sobre a família dela com você alguma vez?”

“Eh?”

Não, nunca.

“Por que essa pergunta de repente? Mas não, ela nunca comentou nada em especial.”

“Mhm, entendo.”

Só isso? Agora a curiosa sou eu.

Pensando bem, sempre que eu ia para casa da Aya, não havia ninguém além dela. Isso me cria curiosidade, além de uma pequena dor no coração.

“O que a fez perguntar?”

“Ah, não foi nada. E também, é falta de educação se intrometer nos assuntos de outra família.”

“Foi você que começou perguntando!”

Mas eu penso igual. Esse é o mesmo motivo de eu nunca ter perguntado a Aya sobre sua família. Eu sei quando algo não é da minha conta e não devo me intrometer.

“Mas, apesar de eu não saber quase nada sobre a família dela, uma coisa eu sei. Aya é uma boa garota.”

Se eu tivesse que descrever como me sinto nesse momento, é a mesma sensação quando você já está pegando o livro para estudar e sua mãe grita, “Vai estudar!” Minha mãe ri.

“Você tem razão, ela é tão séria, mas também muito atenciosa. Você fez uma amiga maravilhosa, filha.”

Foi um elogio, mas… “nós não somos amigas, somos namoradas…” Não consigo dizer isso em voz alta, então apenas pondero. De repente meu rosto começa a ferver e só consigo responder minha mãe com um simples aceno, “Sim.”

“...É mesmo. Aya é uma garota muito boa.”

Inconscientemente eu repito aquelas palavras.

Hmm, mas se minha mãe também acha Aya uma boa garota, então ela sabe mesmo julgar as pessoas!”, pensei presunçosamente.

 

***

 

“Cheguei~”

Já de noite, ao chegar em casa, eu vejo Aya de camisola, sentada na mesa de jantar e fazendo sua lição de inverno. “Realmente, uma boa garota…

“......Bem-vinda de volta, Marika.”

“Por que essa timidez toda?”

“N-não sei.”

Ela desviou o olhar. “Q-que fofa! Por favor, não seja tão adorável assim de repente, Aya. Senão… eu vou derreter~!

Eu me aproximo e acaricio sua cabeça. Aya não demonstra sinal de resistência, igual uma gatinha doméstica acostumada com o toque da dona. Ela aceita minha ação como se fosse natural. Cadê aquela vergonha toda?

“Então, Aya é do tipo que faz a lição de casa assim que as férias começam, é?”

“Quanto mais adio, mais fico inquieta. Além do mais, fazendo tudo o que preciso mais cedo, posso aproveitar o resto do tempo sendo desleixada.”

“Hm… Eu sou o oposto. Sou do tipo que espera até o último segundo e faz tudo às pressas.”

“Parece mesmo você.”

Bom, acho que devo estudar também, já que não quero incomodá-la. Mas logo em seguida, Aya fecha seu caderno.

“Já terminou?”

“Acho que meu progresso foi bom o bastante por hoje. E além disso, você está aqui. Estava frio lá fora, não é? Venha.”

Aya se levantou e me envolveu gentilmente em seus braços, me abraçando. Ela tem um cheiro tão agradável. O cheiro da garota que eu amo…

Talvez seja por causa do aquecedor, mas suas mãos que normalmente são frias, estão bem quentinhas agora, o que me dá uma sensação inquietante.

A satisfação do abraço de Aya é indescritível. Nem um kotatsu consegue ser tão aconchegante.

“Bem-vinda de volta, Marika.”

“E-estou em casa…”

A combinação do abraço da Aya e seu sussurro em minha orelha, me deixa embaraçada.

Hoje é nosso terceiro dia morando juntas. Já estamos na metade…

Acho que já está bom~” Eu pensei e tentei me livrar do abraço de Aya. Mas ela continua me segurando, imobilizando meus braços e se recusando a me soltar. É como se eu estivesse presa em uma gaiola de flores. Eh~ então… Aya-san?

“Então… precisamos sair para comprar ingredientes para o jantar, né?”

“Eu já cozinhei, só falta esquentar. Já lavei a louça, limpei o banheiro e arrumei a sala de estar.”

Ela então morde minha orelha. Hya-!

“Ah-, e-ei, para… nem anoiteceu ainda!”

“Mas eu já fiz tudo que precisava ser feito hoje. E como eu te disse, eu quero passar o resto do meu tempo sendo desleixada e não pensar em mais nada.”

“Ser desleixada? Tá mais pra pervertida, isso sim!”

Aya se inclina e rapidamente sela meus lábios. Minha resistência é fútil.

Mas eu sei quando parar, então antes que isso vire outra coisa, eu empurro Aya e balanço minha cabeça.

“M-me deixe lavar as mãos e trocar de roupa primeiro!”

“Claro. Vou esperá-la aqui.”

Por quê…?

 

***

 

Ao chegar no banheiro e me olhar no espelho, percebi que meu rosto já estava vermelho. Qualquer pessoa fica assim quando sai de um lugar frio e entra num lugar quente, tá bom!?

Após lavar as mãos, eu vou para o meu quarto trocar o uniforme por algo mais confortável. Bom, apesar de serem roupas que eu uso em casa, também as uso quando estou fora.

Mas, mesmo que elas tenham uns amassados, eu não me importo muito. Não tem como uma pessoa normal olhar para minhas roupas e pensar que eu vendi meu corpo para minha colega de sala por um milhão de ienes, né?

Eu visto uma minissaia xadrez e uma blusa carmesim, me parece ótimo. Hmm… não vou ter tempo de arrumar meu cabelo. Bom, de qualquer jeito, ele vai acabar todo bagunçado…

“Voltei… O que foi…?”

Aya, que estava sentada no sofá, me viu chegando e imediatamente se levantou, fazendo sinal para eu me aproximar.

E eu, sem a menor suspeita e completamente desprevenida, caminhei até ela… Então ela tirou minhas roupas!

“POR QUÊ!?”

“A sala está quente o bastante, então não precisa se preocupar.”

“A questão não é essa…”

Meu delicado senso de moda foi tirado de mim sem motivo algum… Tudo o que me sobrou foram minhas roupas íntimas rosa-claro. É verdade que a sala está quente, ao passo que só estar de calcinha e sutiã já é confortável…

Mas por que tenho que ficar assim na sala de estar!? E por que eu não protestei!?

Enquanto dúzias de dúvidas surgem em minha cabeça, Aya não para por aí.

“Veja, Marika, não é fofo? Quando fui em minha casa, também peguei isso para você.”

O que está na minha frente… é um lingerie preto com lacinhos.

“Eh, o que é isso…? E por que parece tão caro?”

Comparado com as roupas íntimas que uso geralmente, o design e o material parecem de mundos diferentes. Além disso, parece o tipo de roupa que uma mulher madura vestiria, e não uma menina de ensino médio como eu. Foi literalmente feito por adultos e para adultos. Porém, se Aya vestisse, aposto que ficaria ótima…

“Bom… é Aubade.”

“Aubade!? Essa não é aquela marca estrangeira super cara……? Espera, você comprou isso… pra mim?”

“Uhum. Pense nisso como um presente de Natal. Pode pegar.”

“Então você quer que eu a vista como um presente pra você…?”

Com aquela lingerie caríssima em mãos, eu continuo parada e fico olhando para Aya afetuosamente, como uma esposa profundamente preocupada com os gastos imprudentes de seu marido.

“......Poxa, você não precisa gastar tanto assim comigo. Parece que você não sabe segurar seu dinheiro quando se trata de mim, isso me preocupa.”

“Eu sei, eu sei. Mas, apenas hoje, não tem problema, não é? Estarmos morando juntas é uma oportunidade única. Então, vista-se para mim.”

Quando Aya sorri desse jeito, eu nem sei o que dizer.

Digo… Aya tem que ficar aqui por uma semana por minha causa, além de gastar dinheiro e tempo comigo…

“......Mas só dessa vez, ouviu? Da próxima vez que pretender gastar mais de 10,000 ienes comigo, me pergunte antes de comprar, está bem?”

“Certo, está bem~”

Ela acaricia minha cabeça e gentilmente me conforta. Francamente~ minhas reclamações nem arranham ela.

“Então, uhm… vou voltar e me trocar no meu quarto.”

“Está frio no corredor, melhor trocar-se aqui.”

Eu deveria saber! Ugh… me trocar na sua frente é bem vergonhoso, sabia…? Eu cuidadosamente tirei minhas peças de roupa, fazendo o possível para que ela não visse diretamente…

Por que você não tenta isso uma vez, Aya…?

Depois de um tempo, eu terminei de me trocar e logo senti meu corpo mais revigorado que antes.

Esta é a primeira vez que visto algo da Aubade na vida, a sensação é de que está completamente colado em meu corpo, me servindo perfeitamente. Normalmente, quando visto roupas íntimas com design mais elaborado, sinto um certo incômodo e irritação. Mas essa é diferente, não sinto desconforto algum nos seios e quadris.

No entanto, sendo eu uma colegial de 17 anos vestindo algo assim, não importa quanto eu tente, não parece combinar comigo… Se Aya vestisse, seria extremamente sensual… Mas infelizmente, sou eu……

Aya, por outro lado, parece muito feliz e sorridente.

“Você está adorável, Marika.”

Vendo sua expressão de felicidade, como eu poderia dizer “Vou tirar porque não fica boa em mim”...? Dez mil ienes apenas por um conjunto de roupas íntimas… Poxa, Aya…

“Então, foi isso que você quis dizer com ‘especial’ no outro dia?”

“É um pouco diferente. Mas hoje, quero que seja ‘minha madame’.”

“Não importa como veja, eu não passo de uma plebeia.”

Uma linda moça com uma atitude de alto status social… essa não seria a Aya? Ela seria a imagem perfeita de uma garota nobre…

“Você terá que vestir isso pelo resto do dia.”

“Desde quando isso virou um jogo de punição!?”

Eu coloco minhas mãos sobre minhas partes íntimas instintivamente. Felizmente, apesar dessas roupas serem muito atraentes, não parecem nem um pouco vulgares, provavelmente graças à alta qualidade…

“Ugh… Tenho que tomar cuidado para não sujar.”

“Acho que isso será impossível.”

“Só depende de você!”

“Mas estamos falando do seu corpo.”

Ela gentilmente alisa meu cabelo e acaricia minha orelha. Mmn…

“Aya malvada…”

“Sinto muito por isso.”

Ela se aproxima e me beija, um autêntico beijo francês. Nossas línguas se entrelaçam, fazendo sons pegajosos e molhados… Uma garota com um lindo corpo, grande técnica, e que pode manipular minhas emoções? Isso é trapaça.

Enquanto encosta a ponta de nossos narizes, Aya sussurra.

“Não se preocupe, eu nunca farei nada disso com outra pessoa além de você.”

“......Você não vai tirar suas roupas?”

“Hmm… Eu prefiro… vestir outra coisa.”

Como assim? Aya pega uma sacola de papel que estava ao lado do sofá.

“Eu vou me trocar. Posso demorar um pouco, mas não comece sozinha. Eu irei satisfazê-la em breve, então seja paciente, por favor.”

“Do que cê tá falando!?”

Eu gritei, mas Aya apenas sorriu em resposta.

Será que… ela sabe das coisas embaraçosas que fiz na primeira noite?

Não… provavelmente não… deve ser só seu humor pervertido agindo… Afinal, estamos falando de Fuwa Aya…

Enquanto eu estava confusa, ela deixou a sala de estar. Eu tive que me vestir na frente dela, mas ela pode se trocar sem que eu veja… Isso não é justo!

Eu me sentei no sofá, e abracei meus joelhos enquanto espero por ela, mas já se passaram cinco minutos e Aya ainda não voltou. Como não tenho o que fazer nesse meio tempo, eu decidi pegar meu celular e usar a câmera de selfie para ver como eu estou.

Hm… i-isso… eh… não parece um pouco pretencioso? Roupa íntima de marca é incrível… tem um design tão estiloso…

Eu ajusto minha postura esticando as pernas e inclinando levemente a cabeça, coloco um dedo em minha boca e começo a procurar um ângulo para tirar algumas fotos.

Acho que… aqui. Ficou ótima, embora o cenário de fundo não ajude muito. Mas, só por estar usando Aubade, parece que meu status sobe exponencialmente…

~Passos~

“Fico feliz que esteja apreciando tanto o meu presente, madame.”

Enquanto eu estava concentrada nas fotos, Aya já havia retornado. Hiiee!

“Não, não é o que está pensando! Como você estava demorando tanto, eu fiquei entediada… Espera, que roupa é essa?”

“Empregada.”

Realmente, era um uniforme de empregada… Aya lentamente puxou as pontas de ambos os lados da saia com as mãos, colocou uma perna à frente da outra, e se curvou. Um gesto de extremo respeito que uma empregada usa para cumprimentar sua patroa.

Um clássico vestido com uma saia longa e uma cor branca dominante. Parece aquelas da era Vitoriana. Quando olhei para seu rosto, descobri o porquê Aya demorou tanto para se trocar. Seus longos cabelos estavam agora presos pouco acima de sua nuca.

Eu fiquei observando Aya com aquelas vestes, maravilhada.

Aah, ela está tão linda. Sua cintura fina, suas pernas longas, são insuperáveis. Aya ficou deslumbrante nesta roupa…

“Por que uma empregada?”

“Porque eu imaginei que uma empregada era a única maneira adequada de servi-la, Marika—Perdão, madame Marika.”

“Eh… espera, nós vamos fazer costume play?”

“Uhum.” Aya acenou rapidamente.

Mas, de novo, esse uniforme também não pareceu barato, me pergunto quanto custou… Porém, decidi não perguntar, pois não vi necessidade…

Uma jovem madame apenas de roupas íntimas e sua leal empregada, frente a frente em uma sala de estar moderna…

Não vai ser fácil entrar no papel…

“Não me importo com isso, mas como devo agir?”

“Apenas seja você mesma, madame Marika. Eu tomarei conta do resto.”

“Me desculpe, mas… podemos pular os honoríficos? Me deixam nervosa…”

Aya parecia incomodada com meu pedido, mas relutantemente respondeu, “Eu compreendo…”

“Eu gostaria de criar uma linha de distinção sobre como me dirigir a madame em público e em particular, mas não importa quão forte sejam meus desejos, jamais devo desobedecer a madame. A madame sente-se excitada em tratar sua serva igualitariamente, correto? Eu devo respeitar sua opinião.”

“Ei, agora você passou do ponto!”

“Tudo bem. A madame, como minha ama, conhece muito bem a minha lealdade. Portanto, por favor, use esta empregada para satisfazer os seus desejos. Será um enorme prazer servir à minha magnífica madame Marika.”

“O que devo fazer, Aya…? Isso está num nível alto demais pra mim, me sinto sufocada.”

Aya sorriu e ficou em pé rente a parede, esperando por minhas ordens.

Bom… de certa forma, o papel de uma empregada combina bem com a Aya, uma vez que ela cuida de mim e de todo o trabalho de casa, desde cozinhar até lavar o banheiro, e por eu ser a dona atual da casa, isso me torna sua ama.

Mas ainda assim, uma empregada… Isso quer dizer que eu posso ser mais egoísta?

“Você, por acaso… era uma M esse tempo todo, Aya?”

Aya sorriu educadamente. Por que essa reação?

“Madame, é sabido que ‘S é aquela que serve, e M é aquela que regozija’. Portanto, S é aquela que toma conta de tudo, enquanto a M apenas sente o prazer.”

“Uhm… Certo, e?”

“Eu tenho o desejo de tomar conta da madame Marika, exatamente como descrevi. Mesmo que um dia a madame por acaso volte a ser uma criança de três anos, eu definitivamente tomarei a responsabilidade de acolhê-la e criá-la para que se torne uma dama, e então sentirei alívio.”

Não, ela não é nem S e nem M. Aya é uma H, de Hentai.

Espere, Marika. Eu sei que pode parecer muito tentador, mas não seja enganada! Embora agora eu tenha o direito de pedir à Aya o que eu quiser, também significa que se eu quiser que ela me beije, eu terei que falar em alto e bom tom, “Me beije”, ou algo parecido, senão ela não fará nada!

Quer dizer, pedir um beijo não seria tão difícil, mas qualquer coisa além disso…

Isso não é cosplay, é humilhação!

Eu congelei ao compreender a essência disso tudo. Quando encarei Aya, a empregada rente a parede inclinou levemente a cabeça como se dissesse, “Pois não, madame. Em que posso servi-la?” com um rosto calmo e tranquilo…

Bom, que seja. Cedo ou tarde eu estarei no prejuízo de qualquer jeito, então ser um pouco egoísta não fará mal algum.

“Aya.”

“Sim, o que deseja, madame?”

“Faça minhas unhas, por favor.”

Depois de acenar para que Aya se aproximasse, eu estiquei minhas mãos para ela. Aya sentou-se ao meu lado e as pegou.

“Suas unhas?”

“Sim. É que, Aya toma conta das unhas todos os dias, não? Você não as pinta, mas aplica uma base que as fazem brilhar. Então, poderia fazer o mesmo com as minhas?”

“Claro que sim, se é o que a madame deseja.”

Aya pegou sua bolsa Boston e tirou de dentro um conjunto para fazer unhas. “Permita-me,” ela disse, levantando minha mão como se estivesse me convidando para uma dança. Ela aproximou a lixa de unha e começou o trabalho.

Barulhos ressoam conforme ela esfrega. Ao passar para o próximo passo, aplicar a base, Aya se inclinou um pouco mais para perto com uma expressão bem séria. Vê-la fazendo minhas unhas usando uma roupa de empregada, realmente faz eu me sentir como uma ama sendo muito bem cuidada por sua serva. Pelo menos por agora, Aya está sob minha completa posse. Hm… isso é ótimo.

De repente ela olha para mim. Só isso me fez tremer.

“A unhas da madame são tão pequenas, redondas e lindas.”

“É-é mesmo?”

“Sim, seria uma enorme alegria poder cuidar delas todos os dias.”

Aya aproximou mais seu rosto, e sem nenhum aviso, ela colocou meu dedo médio, recém-polido, em sua boca. Ela beija os lados do dedo suavemente, e enrola sua língua nele com um pequeno sorriso. Hieeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!

“E-espere, Aya…”

“Eu amo seus dedos, madame Marika.”

“E-eu também… amo os seus… Aya.”

“Imaginei, por isso eu passei a cuidar deles todos os dias desde que começamos nosso relacionamento, madame Marika. Deixando minhas unhas curtas e bem polidas, para que se adequassem ao seu gosto.”

Então esse é o motivo… Eu apenas achei que ela fosse delicada e cuidasse bem dos próprios dedos.

Toda vez que a Aya empregada terminava uma unha, ela a beijava, cada uma delas. Ela enterrava os dentes docilmente e deixava marcas, como se estivesse assegurando sua posse.

Que estranho… Eu sei que eu a ordenei que fizesse minhas unhas, mas por que parece que ela é quem está liderando…?

Enquanto eu continuava pensativa, Aya terminou seu minucioso trabalho.

Eu abri ambas as mãos na minha frente e sorri, ainda tentando manter a aura de uma dama.

“Obrigada, Aya. Graças a você, minhas unhas estão impecáveis.”

“Sim, madame Marika. Pois bem, deixe-me continuar e cuidar dos seus pés também.”

“E-espere!”

Eu não falei para ela ir tão longe! Aya sorri manhosamente e coloca meus pés sobre seu colo. Esse movimento súbito quase me fez cair do sofá, mas ao recuperar o equilíbrio, eu estou agora numa posição onde estou inclinada para trás, com as pernas esticadas e a sua disposição. Poxa, Aya……!

“Permita-me cuidar de tudo, madame.”

Aya tirou um lenço de sua bolsa e limpou meus pés antes de começar. Ela é realmente bem preparada…

E então ela segurou um de meus pés com uma mão, e usa a outra para lixar as unhas.

“I-isso faz cócegas…”

“Bom, todo o corpo da madame Marika é bem sensível, não?”

Ela gentilmente acaricia minha coxa exposta com a palma da mão. Ugh… Eu continuo apenas com roupas íntimas, lembra?

Um… Eu venho ganhando um pouco de peso ultimamente, então eu agradeceria se você não der atenção, está bem……?”

Mamíferos são criaturas que engordam no inverno para se manterem aquecidos, eles voltam a ficar magros no verão…!

Aya sorri suavemente, como uma empregada que cuida de mim desde criança.

“Eu discordo. Minha madame é magra e lindíssima. Até os dedos de seus pés são pequenos e adoráveis.”

Por um breve momento, as ações de Aya há poucos instantes atrás lampejam em minha mente, mas antes que eu pudesse reagir… ela fez de novo… Só que dessa vez, ela pressionou seus lábios em meus dedos do pé… os beijando. Hieeee

“N-não… Aya… aí é sujo…!”

“Mas eu acabei de limpar, se lembra? Tudo bem, é doce. Este é o seu sabor, madame Marika.”

Ugh… Eu cubro meu rosto com as mãos instintivamente. Apesar da confusão evidente em meu rosto, a garota abaixo de mim não tem intenção de parar. A visão de Aya - uma empregada, me servindo - a madame vestindo apenas uma caríssima lingerie, parece mais obscena que o normal. Provavelmente por conta da atmosfera incomum entre nós.

“Os pés de uma garota são tão lindos, não acha? São como os de um bebê, tão pequenos e lindos que aparentam ser frágeis ao ponto de quebrar com o mínimo de força… amu…”

“...Aah…uh…”

Aya continua tocando minhas coxas periodicamente, então não tenho sequer um instante de paz. Com minhas emoções a flor da pele, eu gostaria que ela terminasse logo o trabalho, mas tive que ranger os dentes e suportar seu devoto serviço. A empregada Aya, após marcar todos os meus dez dedos dos pés com sua saliva, demonstra um sorriso satisfeito.

“Pronto, a madame está limpa e bela. Agora, o que deseja?”

“E-eu… quero descansar um pouco…”

“Muito bem, imagino que a madame também deseje jantar, vou preparar a mesa.”

Aya rapidamente se levantou e foi para a cozinha, me deixando sozinha e ofegante.

Haa… Haaa…… Mas… não é um pouco contraditório… uma empregada ocidental… preparar o jantar de uma casa japonesa…?

Após um tempo, finalmente consegui recuperar minha frequência cardíaca. Embora a ideia de jantar apenas de roupas íntimas seja meio desconfortável, eu relutantemente me levantei e fui até a mesa de jantar.

O jantar de hoje é porco frito com molho de gengibre. Parece que nesse caso ela não agiu como uma empregada europeia… Também tem bastante repolho picado na mesa, e por algum motivo, um prato de brócolis ao lado. Além de uma sopa de missô feita com algas e tofu. Um pouco insosso, mas ainda muito saboroso.

“Também teve brócolis quando você fez aquela sopa. Você gosta tanto assim de vegetais, Aya? Pensei que você fosse mais carnívora.”

“Diz isso baseada em minha constante fome, madame Marika? Mas normalmente eu como apenas vegetais. Como espinafre, aspargo, melão amargo e repolho picado, por exemplo.”

“O jeito como você disse fome foi… Mas afinal, por que você gosta tanto de vegetais?”

“Por que são gostosos, têm gosto de grama.”

Gosto de grama… Eu não entendo nem um pouco… Bom, é a Aya, né…

“Aya é bem elegante segurando os palitos, hein?”

“Hmm. Bom, acho que sim.”

Aya, que estava comendo com suas costas retas, exala uma atmosfera que me faz corrigir a minha postura também. Até sua etiqueta é divina.

“É ótimo ver a madame Marika jantando com pouca roupa, como se estivesse no meio daquilo e não teve tempo de se vestir. Parece tão mimada, é notável.”

“Isso é culpa sua, não?”

“Mil perdões, madame. Mas metade da razão é por sua causa, não acha? Por causa de seu corpo tão atraente e tentador. Então de agora em diante, sempre que comermos em casa, poderia vestir apenas roupas íntimas para mim?”

“De jeito nenhum! Que tipo de empregada é você!?”

Se eu fizer isso, vou acabar pegando um resfriado…

O jantar que Aya fez hoje foi delicioso, como de costume… Sua figura elegante com roupas brancas de empregada é o suficiente para me satisfazer e revigorar.

Nós lavamos a louça juntas. E então, Aya imediatamente falou em tom apressado, “Agora,”

“O que deseja a seguir, madame?”

Vejamos… Me sinto cheia, e além disso, estou no clima de ir para cama e fazer aquilo… É o que eu sinto, mas… O-o que eu devo fazer? Que vergonha.

Eu ainda não me acostumei em convidá-la ativamente. O ataque de ontem foi uma exceção! Quando olhei para Aya, vi ela revirando sua bolsa procurando algo.

“Então, por que não assistimos a um DVD juntas?”

Eu não achei uma sugestão muito interessante, mas de qualquer forma acenei levemente e disse “Está bem”.

Ela colocou o DVD no player e ligou a TV.

“O que tem nesse DVD?”

“Uma cena rotineira da sua plebeia.”

Desde que não fosse sobre um grupo de garotas de colegial se reunindo em um lugar popular e tirando fotos pra postar no Instagram…

Mas…

A pessoa que apareceu na TV era… eu!

“Eh?”

Aquilo era… Eu reconheci num instante.

Não é aquele vídeo erótico que filmamos nosso jogo de punição depois dos exames finais…?

V-você gravou em um disco e ainda trouxe pra cá!? Aya… Por que você se deu ao trabalho de fazer algo tão desnecessário…? Quando cruzamos os olhos, ela sorriu educadamente.

“Veja, Madame. É o seu vídeo favorito, o pornô de uma plebeia gemendo descontroladamente toda vez que é tocada.”

“Você pensou no cosplay com esse propósito, não foi!?”

“Não entendo o que a madame quer dizer.”

“Pare de fingir!”

Na tela, Aya começa a fazer algumas perguntas, e com minha voz hesitante, eu as respondo obedientemente.

[Com quantas pessoas você já fez?]

[S-só uma… Você… Minha atual namorada… foi minha primeira…]

[Então… Você gosta de safadeza?]

[U-uhum… eu acho. Eu gosto quando sou tratada gentilmente… Mas, não só isso…]

Eu vou morrer de vergonha! Alguém por favor cale essa menina na tela! Eu cubro meu rosto com as duas mãos.

“Madame, aquela garota está com uma expressão tão lasciva, não acha? Será que todas as plebeias são pervertidas como ela?”

“A-a-acho que sim… Elas são pobres e com muito tempo livre, então devem fazer isso com frequência……”

Eu tentei construir uma personagem completamente separada da garota no vídeo, falando como se eu nem sequer a conhecesse. Mas então, Aya deslizou por trás do sofá e gentilmente colocou suas mãos em meus seios, como se estivesse me abraçando por trás.

“O-o-o que houve, A-Aya-san!?”

“Provavelmente a madame ficará entediada se apenas assistir à gravação, então tomei a liberdade de estimular um pouco seu corpo.”

“A-ah, é m-mesmo? Você é uma empregada atenciosa……”

[Hyah!] gemeu a Marika na tela. Aya, que estava segurando a câmera, deve ter tocado em suas partes baixas. Aquela Marika olha para a câmera com olhos lacrimejantes.

[V-você sabe que se me tocar tão de repente… Eu me espanto…]

[Eu faço isso porque você parece querer que eu faça. ‘Não use palavras, me toque e se aproveite do meu corpo.’ É o que eu enxergo.]

A empregada Aya, ainda apalpando meus seios pelo meu sutiã, inclina-se e respira em meu ouvido, carregando um ar de cobiça.

“Essa plebeia, ela não é muito honesta, é? Imagino que até a madame já deve ter visto aquela expressão que ela está fazendo. Uma expressão tentadora de insano desejo sexual, de submissão, não importa como veja.”

“...S-sim, tem razão. Esses olhos claramente dizem que ela quer ser tocada.”

[Não, eu não… mn-] exclama a garota na tela.

É óbvio que não me lembro de nada do que eu falei naquele dia, e além disso, eu não sabia que podia fazer uma cara tão obscena até então.

Quer dizer, teve aquela vez que transamos no banheiro e ela me fez olhar meu reflexo no espelho, mas… foi por um breve instante…

A empregada Aya, continua apenas massageando meus seios sobre meu sutiã. Como se estivesse evitando o meio de propósito, ela brinca ao redor deles.

“…Nn- ahn…u-um…”

“Está tudo bem, Madame?”

“S-sim. Só acho que você está aplicando pressão demais em meus seios, então não consigo segurar minha voz…hi-

“Ah, é mesmo? Peço sinceras desculpas por isso, madame.”

De repente, Aya enfia sua língua em minha orelha. O estímulo foi forte ao ponto de fazer meu corpo inteiro saltar.

“Me pergunto como a madame pode fazer sons tão embaraçosos e repugnantes como os daquela plebeia, que fica excitada ao saber que está sendo filmada… A madame Marika é uma dama pura, racional e nobre, não é?”

“S-sim, eu… sou! I-isso é óbvio… Nn-”

Eu rangi os dentes e tentei resistir àquele formigamento que toma conta de todo o meu corpo.

Quanto ao vídeo, a parte de entrevista já acabou e àquela altura eu já estava completamente absorta nos ataques impiedosos de Aya.

[A-ah… hah… E-esse lugar, eu gosto… quando você toca aí… eu adoro, Aya…!]

[Eu sei. Então, o que você quer de mim a seguir, Marika? Seja mais gentil? Ou…]

[F-forte… um- mais forte… ahn…! Eu quero mais…!]

Aquela Marika está deitada na cama com os olhos fechados, e Aya está sobre ela, atacando-a com um dos braços. O vídeo mostra apenas a metade de cima do seu corpo, então não é possível ver o que Aya está fazendo com ela. Mas constantemente pode-se ouvir um barulho de água esguinchando ao fundo, deixando implícito o que ocorre.

É evidente que aquela Marika recebe um imenso carinho da Aya. Seu rosto está brilhando em vermelho, seu suor parece estar evaporando, não parece nem um pouco confortável. Eu sou sempre assim quando fazemos? Eu sinto uma discreta vergonha por deixar que Aya me veja naquele estado…

“Ela é tão indecente. Tão selvagem e exigente. Tenho certeza que fazer amor é tudo que ela tem na cabeça, não acha? Não importa onde ela esteja, ou o que esteja fazendo, sua mente apenas quer fazer obscenidades, como uma gatinha no cio. Completamente o contrário da madame Marika, não é?”

Esse abuso verbal da Aya, inesperadamente fazem meu corpo reagir fortemente.

“Aa…ummm……aa- haa………”

Aya continua brincando com meus seios e insiste em não encostar no ponto mais sensível.

Eu me lembro da primeira vez que ela me mostrou um pornô, e uma das atrizes daquele filme era a Karen-san, que ainda era uma universitária na época. Quando vi aquilo, meu coração acelerou tanto que parecia que eu não conseguiria dormir aquela noite. Para mim, era um mundo totalmente diferente e distante de mim.

No entanto, a imagem da Marika neste vídeo, que parece estar com uma expressão de tanto deleite quanto a Karen-san naquele filme, é tão indecente que eu começo a me preocupar com o futuro dessa menina de 17 anos.

Eu pensei comigo mesma, “Em apenas 6 meses, Aya me arruinou completamente à esse ponto...

Embora a garota no vídeo pareça estar aproveitando cada segundo.

[Marika, me diga novamente. Como você se sente quando fazem isso com você?]

[Aa… O-o dedo da Aya. E-eu amo…! Quando me tocam… nesse lugar… Aa- e apertam… um! Isso, assim mesmo… tocando… dentro de mim… haa… e me atiçando… Tudo! Eu amo tudo isso…!]

Do outro lado da tela, uma Marika muito honesta é amada pela Aya, que faz tudo por ela.

Então por que… por que eu ainda estou sendo apenas provocada assim…? Não é justo…

“Aya……”

Eu me viro e olho fervorosamente para Aya.

Que vergonha… não esperava que eu fosse tão impaciente.

Mas, mesmo assim… não é justo…

Eu implorei com uma voz sufocada.

“Faça… comigo… o que fez com ela…”

A empregada Aya fica inexpressiva. Aquele rosto delicado e gelado que eu normalmente via, agora está complexo e irreconhecível.

Com uma emoção descontrolada, eu gentilmente agarrei as mãos de Aya que estavam em meus seios e mordi meu lábio.

Por favor… Aya……”

Então eu lentamente levo suas mãos para minhas partes baixas.

“Me dê… prazer…”

Eu abri minhas pernas no sofá, convidando-a.

Ouço uma leve risada, minha mente fica completamente branca, o sorriso nos lábios de Aya cresce gradativamente.

“Já está excitada?”

“É o que sinto… desde o começo…”

“Então a madame estava pensando em indecências esse tempo todo?”

“Não, não estava… mas Aya me repreendeu… e quando você diz essas coisas, meu corpo naturalmente…”

A mão da Aya entra na minha calcinha, ainda imóvel.

Mas a maneira como ela me olha começa a mudar, e sua voz fica mais suave.

“Tudo bem, madame Marika. Afinal, se eu continuar sendo má assim, receio que possa me odiar.”

“E-eu não a odiaria…”

Eu desesperadamente olhos nos olhos de Aya, com lágrimas escorrendo.

“Mas… eu quero muito…”

“Está bem.”

Aya me abraça por trás e envolve todo o meu corpo.

“Eu concederei o seu desejo. Eu farei tanto com você, tão intensamente, que você nem se lembrará daquela Marika.”

“───”

Seu braço esquerdo me segura com força, mas não é porque ela quer me acolher ou algo assim… É para que eu não escape de seus dedos da mão direita que irão destruir meu corpo por baixo, destruindo completamente meus nervos de prazer que até então estavam no limite.

“A-Aya-......!”

Em resposta ao seu súbito estímulo, minha visão fica turva, e minha boca balbucia seu nome.

I-isso é muito, muito, muito ruim… Se eu aceitar essas ondas de prazer, elas destruirão meu corpo, me deixarão louca…!

“Eu te amarei muito… e então irei quebrá-la, ouviu?”

Se livrando de suas roupas de empregada, Aya entra no quinto estágio da sessão de ‘treinamento’. Minha imagem de uma jovem madame sucumbiu completamente. Agora eu não passo da bichinha de estimação da Aya que a ama.

O que aconteceu depois, eu não me lembro muito bem.

Eu acho que tomei um banho, mas provavelmente nós também fizemos amor lá.

Acho que eu fui para cama sem lavar o cabelo. E lá, a empregada Aya parece ter me ajudado a completar a rotina de tratamento de pele. Mas ela se recusava a me deixar dormir e continuou a me fazer feliz depois disso.

Nós transamos por muito, muito tempo.

Nossos corpos se entrelaçaram com uma intimidade inexplicável, e não apenas naquele dia, mas no dia seguinte também.

Eu lavei meu cabelo, almocei e lavei as roupas. Aya também fez sua parte do trabalho cozinhando o jantar, e então fomos para cama juntas. Todo o tempo livre a parte disso, no qual eu brincaria com o celular, passearia com as amigas, ou faria minha lição de casa, eu apenas fiz amor com Aya.

Eu nem consigo contar o número de vezes que eu gozei com seus habilidosos dedos. Tão obscena, tão depravada, uma vida dessas é inacreditável. Mas eu não consegui impedi-la. Tudo que eu pude fazer foi deixar Aya continuar me quebrando, me fazendo gozar incontáveis vezes seguidas até que ela estivesse satisfeita.

Morarmos juntas, é muito perigoso…

Quando dormimos lado a lado na cama, Aya sempre brinca com meus seios. Só isso é o suficiente para eu perder toda a razão e começar a gemer descontroladamente. “Aah… ah…”.

“Marika…”

…”

Minha mente estava completamente arruinada por sua voz.

Parece que meu corpo nem pertence mais à mim.

Eu te amo.”

“E-eu também… ti amu……”

Nesses dois dias, minha vida foi como um paraíso, flutuando no céu tão alto que eu tive receio de nunca mais retornar à terra.



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