Volume 1
Capítulo 3: Parte 1
Depois daquele Sábado, os dias seguintes estão ótimos e tranquilos. A razão principal, nossa escola está organizando um festival esportivo na segunda semana de Junho. De alguma forma eu acabei fazendo parte de um comitê como a representante da minha turma. Eu ando muito ocupada depois das aulas com os preparativos para o evento.
Enquanto isso, eu ainda recebo 10,000/dia da Aya mesmo sem cumprir seus pedidos. Eu tentei fazer ela parar de me pagar durante esse período de preparativos como uma espécie de folga, mas ela rejeitou.
Bem, a parte boa é que isso facilita meu trabalho, então tô de boa com isso.
Nós duas só conseguimos nos ver por uns 20 ou 30 minutos por dia. E esses dias se repetem durante minhas atividades como membro do comitê, sinceramente parece que não fazemos nada.
Quando começamos essa relação, nós concordamos em dar prioridade às atividades do colégio, afinal somos estudantes. É claro que participar de um comitê de festival de esportes está incluso.
"Eu deveria ter entrado nesse comitê," ela disse, dá um tempo. Se ela trabalhasse comigo nesse evento, eu teria que ficar em guarda o tempo todo, só de pensar parece cansativo. Além do mais, eu tenho que proteger a minha imagem.
Mesmo com toda essa consideração que vem dela, é fato que ela me fez coisas impróprias de uma estudante. É por isso que estou me esforçando para manter nossa relação em segredo de todos. Mas é claro que me deparo com muitos obstáculos.
Como no outro dia, quando eu saí da sala com minhas amigas. Num certo ponto nós nos separamos já que eu tinha um encontro com o comitê marcado. Estava andando sozinha, quando de repente a Aya se aproximou de mim por trás sem nem fazer barulho.
"Uwaa! Ai que susto...pera, Aya?"
"Marika, você esqueceu isso ontem"
"Quê?"
Estamos uma escadaria deserta, é raro alunas passarem por aqui. Ela me mostra algo dentro de um saco de papel, parece que eu esqueci o meu carregador.
"Ah! Nem lembrava mais. Obrigada"
"Está falando alto"
"Ugh"
Eu rapidamente cubro minha boca com as mãos. Ela me entrega a sacola. Ela é mesmo atenciosa, deve ter esperado até que eu estivesse sozinha para me dar isso. Realmente não podemos ser vistas neste lugar...
Foi o que eu pensei. Depois que a Aya se foi, eu continuei andando e então vi a Yume e a Chisaki espiando do local perfeito. Elas são o quê? Ninjas?
"Isso foi suspeito~"
"Quê? D-do que vocês estão falando?"
Assim como naquelas cenas onde vítimas de bullying têm o seu dinheiro extorquido, as duas me cercaram de ambos os lados.
"Tá rolando alguma coisa entre você e a Fuwa, não é? Desde aquele dia que ela te chamou pra sair, o clima entre vocês duas mudou"
"N-Não, nunca, isso com certeza não é verdade. Eu e a Aya? Ha! Até parece!
""A~ya~?""
"................"
Não importa o quão afobada eu fui, isso foi um erro fatal. Eu sou tão burra "Ah! Olha só a hora! A reunião do comitê!"
"Ah! Ela fugiu!"
"Marika! Essa é ligeira"
Ugh, então chegou nesse ponto...
Eu preciso pensar em respostas adequadas caso algo assim aconteça de novo. Vou discutir isso com a Aya depois. Minha desculpa pode ter funcionado dessa vez, mas na próxima não vai ser tão fácil assim.
Mesmo assim, o festival de esportes teve um final feliz. Meus dias lentos com a Aya durante esse período foram bem proveitosos. Restam 66 dias para nosso confronto final.
"Que belo dia de trabalho!"
Eu levantei meu copo com suco de laranja e fiz um brinde com a Aya. É a situação de sempre, o quarto da Aya de sempre. Minha presença já é tão natural que eu até esqueço itens pessoais aqui.
"Aah, aquela partida de softbol foi doidera. Saímos vitoriosas. Uma brava ofensiva e uma defesa perfeita, foi uma bela partida! Você manda bem nos esportes hein, Aya?"
"Foi apenas uma coincidência"
Aya já trocou seu uniforme por roupas casuais, enquanto eu ainda estou usando o meu. Na verdade eu realmente quero tirar isso e tomar um banho, mas faz tanto tempo que não nos encontramos assim. E acima de tudo, eu ainda me sentia culpada por receber o pagamento nessas últimas semanas. Por isso eu decidi ir direto pra casa da Aya depois da escola.
"Aquele último homerun, você planejou aquilo, não foi?"
"O seu arremesso também foi muito bom, não acha?"
"Eeh, e essa agora, você estava se esforçando por mim?"
Aya cruza seus olhos com os meus, ela então toca a minha bochecha e a acaricia gentilmente. Eu sinto meu corpo reagir ao toque dela.
"Mas é óbvio, por quem mais?"
"Urgh..."
Eu joguei essa isca para provocá-la, mas ela rebateu com um espetacular homerun, é a analogia mais próxima que pensei. Eu ranjo meus dentes frustrada com seu contra-ataque. Eu realmente não posso baixar a guarda na frente dela.
"Mais importante, você está bem com isso?"
"Com o quê?"
"A festa de comemoração. Todas da nossa turma lhe convidaram, não foi?"
Aya me observa com um olhar sincero, me lembrando gotas d'água. Hm, isso é raro vindo dela. Ela está tentando ser atenciosa? É sério?
Essa é uma ótima oportunidade para dar o troco do seu ataque anterior. Eu cutuco sua bochecha de leve, "Se você pensa que eu priorizo mais você do que minhas amigas, você está errada, viu? Não é nada disso"
"...."
Eu francamente digo o que penso antes que um problemático mal-entendido aconteça entre a gente. Aya não disse nada, então eu decido atacá-la mais uma vez.
"Nesse momento, eu estou no meio de uma partida contra você. Nas últimas vezes foram coisas relacionadas com nossas atividades escolares então eu não pude fazer nada, mas se for um convite de minhas colegas...Bom, eu me sinto mal por elas, mas se eu aceitasse passaria a impressão de que estaria fugindo de você. Eu não quero isso"
"Entendo"
Aya solta um belo sorriso ouvindo a minha declaração de guerra.
"Marika, você...é esforçada, e muito diligente também. Eu acho esse seu lado tão adorável"
"Mas o quê...adorável..."
Aya rapidamente aproxima seu rosto do meu.
"Mmm...nnnnf!?"
Ela tomou meus lábios, fácil assim.
Os lábios dela me dão uma sensação diferente comparados aos da Astalotte. Ela realmente não está se segurando dessa vez, que impiedosa. Pela forma honesta que meu corpo reagiu, seu beijo parece agir como um gatilho para o meu corpo.
Eu nem me toquei quando ela me empurrou na cama. Seu cabelo suave está encostando no meu pescoço, faz cócegas. Eu não consegui me mexer por conta da forte pressão nos meus ombros.
"Boa garota, muito bem, vamos fazer do jeitinho que você quer"
"E-espera, eu não quero coisa nenhuma"
Eu nem terminei minha reclamação e ela me beija de novo, com muito mais força. Parece que alguma coisa dentro dela despertou durante a nossa conversa. Eu sinto meu corpo derreter com o seu toque. Sem desperdiçar o momento, ela já coloca a mão dela dentro da minha camiseta.
"Você queria que eu fizesse isso, não é?"
"Não mesmo!"
"Você não é honesta"
Aya começa a apalpar meus seios com uma das mãos, enquanto a outra já está acariciando minhas partes baixas. Eu não consigo segurar a voz que sai da minha boca, minha garganta está ficando seca.
"Você está se divertindo...."
"Bem, faz um tempo desde a nossa última vez. Veja só isso, você já está tão molhadinha aqui em baixo"
"Não pode ser...mmmn, isso é mentira...."
Como se estivesse provando sua posse sobre mim, Aya começa a mover suas mãos com mais força. Ela quer mesmo me fazer gozar à força. Mesmo depois de eu ter um orgasmo, ela não para e estimula meu corpo a reagir a cada toque dela. Meus olhos piscam intensamente.
Desde o início isso é algo unilateral entre nós. Ela continua atacando sem me dar brecha. Fazer isso com ela é tão difícil, muito mais do que qualquer partida de softbol de hoje. Até quando essa sensação ardente vai permanecer no meu corpo?
"Haa..haa..."
"......"
Aya me deixa dormir na cama dela, eu nem percebi quando perdi metade das minhas roupas. Eu cubro meus olhos com meus braços e solto um alto suspiro. Me vendo naquele estado, Aya senta na cama enquanto me observa com aquela cara de convencida dela.
Eu realmente desprezo essa cara ostensiva.
"Eu estou suando de novo"
Eu me preparo para começar a reclamar, mas percebo que não vai significar nada depois de tudo isso.
"Quer tomar um banho?"
"Hmm...."
Da casa da Aya até a minha são duas estações de distância, não é tão longe. Eu não me importaria, mas...
"Eu gostaria"
Como imaginei, o cheiro de suor está um pouco forte. É normal ela me deixar usar seu chuveiro uma vez ou outra. Eu posso dizer que eu tomei um banho no colégio depois do festival de esportes, caso meus pais suspeitem de algo.
"Precisa de uma chuchinha?"
"Eu tenho a minha, pode deixar. Eu só vou usar a sua toalha, pode ser?"
"Claro"
Essa não é a primeira vez que eu tomo banho na casa de outra pessoa, mas talvez por ser a casa da Aya eu começo a ficar nervosa. Enquanto o quarto dela fica no segundo andar, o banheiro fica no primeiro andar.
Eu pego meu uniforme do chão, depois que a Aya tirou ele de mim, e desço as escadas. Eu passo pelo lavatório e entro no vestiário.
O espelho não tem manchas, pensando bem, essa casa inteira é bem limpinha. Como deve ser bom ter alguém para fazer o trabalho.
Eu tiro minha calcinha e coloco ela dobradinha na cesta de roupas. Eu faço um coque simples no meu cabelo e entro no banheiro. Quando eu vejo o shampoo e o condicionador bem alinhados, eu percebo que é aqui que a Aya toma banho todos os dias. Isso me deixa nervosa.
Falando nisso, até agora nós nunca nos vimos nuas de verdade. A Aya, bem, ela nunca tira as roupas dela quando faz aquelas coisas comigo. E sempre que fazemos, ela nunca tira minhas roupas completamente, só as de baixo.
Nuas, né? Caramba, o corpo nú da Aya...com certeza é algo perigoso. Afinal ela tem grande estilo e carrega o peso ideal em uma certa região. Ugh, eu não quero ver isso. Nunca.
Enquanto pensava nessas coisas, de repente escuto o som de uma porta abrindo. Parece ameaçador, então eu viro meu corpo por reflexo e vejo a Aya na porta. Ela está completamente nua com apenas uma toalha cobrindo seu corpo. Ela parece estar se perguntando o porque da minha surpresa em vê-la.
"Por quê!?"
"Porque estou fedendo a suor"
"Espere a sua vez!"
"Mesmo depois de fazermos algo muito mais vergonhoso do que isso, você ainda fica tímida?"
É porque eu não quero ver esse corpo lindo dela. Além disso, eu sinto que engordei ultimamente, até parece que eu posso deixar ela ver! Eu escondo meu corpo de seu olhar, isso faz ela rir.
"Tá tudo bem, você é linda, Marika"
Hã, ela quer que eu responda com um 'brigada' e uma piscadinha? Eu não estou em condições de fazer isso agora.
"Não se trata do que você acha de mim!"
Não sei se é porque ela tá acostumada ou se ela tem uns parafusos a menos, mas ela realmente se sente confortável por estar nua.
Ei, eu sei que você tem pernas lindas, com um belo formato por serem finas e longas, eu sei como é querer se exibir pros outros....mas mesmo assim...
Aya se aproxima de mim segurando um pote com sabão.
"Muito bem, deixe-me lavar você, pode se sentar aqui"
"Que história é essa? É uma piada?"
Eu pareço patética escondendo meu corpo dela, enquanto ela só me observa com um sorriso sufocante. Ah, estou com um mau pressentimento.
"Está bem, deixe-me mudar a forma de dizer. Marika, sente aqui"
"Ugh"
Ela está usando o poder do [Contrato] agora...é claro que não tenho escolha. Eu a obedeço e sento no banquinho. Eu posso me ver no espelho bem na minha frente. Tem duas pessoas dentro desse espelho, a primeira é uma lésbica carnívora, enquanto a outra é uma garota sem salvação que logo será devorada.
"Pare de me olhar tanto assim"
"Eu nunca prometi isso"
Aya solta uma leve risada enquanto derrama sabão em suas mãos. Ela começa a tocar meu corpo por trás. Desse jeito parece que ela está me abraçando. Em seguida, ela começa a lavar a parte de cima do meu corpo com suas mãos.
Suas mãos escorregadias começam a me percorrer, é gostoso e faz cócegas ao mesmo tempo.
"Por que eu tenho que ser banhada por minha colega de sala...."
Eu posso sentir os peitos macios da Aya nas minhas costas. Eu me sinto estranha, eu gostaria que ela parasse de pressioná-los em mim...
Nuca, decote, seios, axilas, quadris, e nas costas. A forma como ela usa os dedos é gentil porém forte, parece que ela está lambendo todo o meu corpo.
"Tocando você assim, fiquei surpresa com o tamanho dos seus seios. Você é daquelas que ficam mais retinhas quando estão vestidas?"
"Só cale a boca e lave eles, pervertida"
"Tá tá...hnmm"
Ela morde levemente minha orelha por trás, não vale ser tão súbita assim. Meus quadris ficam mais fracos cada vez que ela morde.
"Pode parar com isso?"
Ela prefere me ignorar e começa a explorar meu corpo. Ela continua alisando cada parte do meu corpo com suas mãos ensaboadas.
"Suas orelhas são tão sensíveis, Marika...O que acha? Mãos de garotas chegam a surpreender com o prazer que geram, não é?"
Eu sinto que se eu abrir a boca vou soltar outro gemido, então eu decido segurar minha vontade interior. Essa garota...tá ficando metida.
"........"
"Não sente nada? Tudo bem, vamos para as partes baixas agora"
"Espera, isso jáー!"
Aya estica seus braços e alcança à força o ponto entre minhas pernas. Quando ela me tocou naquele lugar, sua mão deslizou lentamente com uma bolha que havia se formado ali. Meu rosto arde em vermelho e eu tento rapidamente fechar minhas pernas. Foi inútil.
Aya me olha pelo espelho com uma cara de deboche.
"O que foi, Marika? Não está vendo que eu só quero lavar o seu corpo? Que reação é essa?"
"Pare...."
"Se você me rejeitar com essa voz doce, só vai me excitar ainda mais, sabia?"
"Nnnnn..Nn..Haa.."
Por agora, eu me esforço para segurar minha voz para evitar que sua luxúria escale ainda mais. Mas parece que ela gosta de me ver desse jeito.
"O que acha, Marika? Segurar uma a outra enquanto nuas é bem estimulante, não é?"
Ela me abraça mais forte, como as bolhas em nossos corpos já se dissiparam, o som de nossos corpos se tocando ecoa por todo o banheiro. Um som molhado, lembra o som de nossas línguas se colidindo quando nos beijamos.
O ataque impiedoso da Aya deixa minha cabeça nas nuvens. Eu sinto que vou ter um orgasmo a qualquer momento, mas eu tento resistir balançando minha cabeça vigorosamente.
"Isso não é...bom...nem um pouco..."
"Por que não olha a si mesma?"
"Aa...."
Aya segura meu rosto e me força a olhar direto para o espelho. Eu abro levemente os meus olhos e encontro uma garota com suas bochechas rosadas como se estivessem queimando. Sua respiração curta e seu rosto indecente dão a entender que ela está gostando de toda a situação. Não há dúvida de que aquela garota no espelho está saboreando cada toque de sua colega de sala.
Da pequena abertura em sua boca, uma língua rosa pode ser vista assim como seus olhos lacrimejantes. Parece que a garota não tem mais força para se manter sentada e confia todo o seu corpo para a que está atrás dela.
E acima de tudo, ela vê a garota em suas costas se divertindo com o seu lugar mais sensível.
"Mentira...aquela não sou eu...hnnn"
"É verdade, observe bem, Marika"
Não importa como você vê, aquela é a cara de alguém que está amando aquilo de corpo e alma.
"Garotas namorarem garotas ainda é inaceitável?"
Não é justo me perguntar algo assim depois de ter essa visão no espelho. Aya me ataca com um olhar afiado pelo nosso reflexo. Considerando o meu estado visível no espelho, a resposta deve ser óbvia, porém...
"Impossível...."
"Oh. Bem, então eu vou lhe fazer sentir prazer até que você admita"
"Nnn....!"
A mão dela fica mais violenta do que antes, como se ela quisesse que eu soltasse logo todo esse calor dentro de mim. Eu não quero. Estamos no banheiro, no banheiro da Aya, esse não é o lugar para fazer isso. Fica parecendo que eu sou uma pervertida.
Aproveitando minha resistência fútil, Aya continua intensificando seus ataques enquanto me olha no espelho.
"Hmm, você gosta mesmo de ser tocada aqui"
"Até...parece..."
Meu corpo trai a minha vontade tremendo sem parar. Aya persiste em tocar nos lugares que mais me estimulam. Eu sinto que seus ataques não terão fim, minha cabeça está girando.
O prazer aumenta cada vez mais, se tornando uma enorme onda. Meu corpo se entrega e libera essa onda de dentro de mim.
"Uuu..."
Eu não consigo raciocinar. Eu tento resistir ao prazer esticando minhas pernas e segurando o braço da Aya desesperadamente. Vendo meu estado, Aya me abraça suavemente até me acalmar. Ela acaricia meus seios lentamente, é quentinho.
"Muito bem, Marika"
"..."
Eu a observo com olhos cheios de ressentimento. Eu até pensei em morder o dedo dela, mas quando eu vejo o seu sorriso gentil e seus olhos em mim, eu apago essa ideia da mente. Minhas bochechas inflam enquanto eu olho pra cara dela.
"Deixa eu falar uma coisa"
"Uhum"
"Isso não significa que eu perdi....Acabou assim não porque é bom fazer com uma garota. É só porque você é a Aya"
"Eu?"
"Aya...você está acostumada em lidar com mulheres na cama, por isso você é boa...essa é a única razão"
Que desculpa mais esfarrapada, eu sou mesmo uma má perdedora. Mas, como resposta ela continua me abraçando e fazendo aquele sorriso morno dela.
"Mas a única que gozou fácil assim foi você"
"..."
Ela virou o jogo facinho, que frustrante. Eu decido não falar nada. É muito irritante, mas ela não é do tipo que mente nessa situação. No fundo eu já admiti isso, mas ainda é frustrante.
Lentamente, a névoa negra em meu coração se acumula. A Aya tem experiência para dar e vender, eu aposto que ela já fez isso com várias mulheres.
Eu me pergunto o que é esse sentimento em meu peito. É como se tivessem derramado café em uma camisa branca e a mancha se espalha por toda ela, a cobrindo completamente.
Entendo, deve ser a minha irritação sobre a obstinação da Aya, por ela brincar com tantas mulheres, eu sinto pena delas. Deve ser isso. Não pode ser outra coisa.
"Nossos corpos devem ser compatíveis"
"Não é isso"
"Hmm, então você deve ter um corpo safado"
"Isso muito menos!"
Minha voz está demonstrando a minha agitação. A Aya até se assustou um pouco com meu grito.
"Por que essa raiva?"
"Não é nada..."
A Aya me abraça ainda mais, mas não tão forte, como se estivesse com algo precioso nos braços.
"Marika"
"Quê?"
"Você está apaixonada por mim?"
Na mesma hora eu abri a torneira da água gelada que caiu sobre nós duas. Mesmo sendo praticamente um ataque suicida, eu não me arrependo. Afinal, eu consegui ouvir a voz rara da Aya gritando. A vingança é doce.
Depois que visto minhas roupas e seco meu cabelo, a Aya vem me falar sobre a 4ª fase.
"Tenha certeza de estar livre Sábado que vem"
"De novo? Bom, na real tanto faz"
Andamos uma curta distância da casa da Aya até a estação. Ela sempre me acompanha o caminho todo, me pergunto se é por gentileza. Eu aposto que esse lado dela é uma de suas principais armas para que várias garotas caiam em sua armadilha e leve elas até as profundezas da agonia. Assustador.
"Você terá um encontro comigo"
"Tá com cara de que vai aprontar"
"Eu entrarei em contato com você mais tarde e explicar os detalhes. Não se esqueça de se vestir bem, eu quero ver aquela Marika fofa de novo"
"Tá tá"
Eu aceno de leve e me separo dela. Eu tenho certeza que ela está tramando alguma maldade. Mas não posso fazer nada. Afinal fui eu que aceitei vender meu corpo por dinheiro pra ela, eu não posso reclamar.
Eu pego meu cartão IC e passo pela catraca, deixando a Aya na entrada da estação. Algo me diz para eu olhar para trás, então eu viro sem motivo algum. Ela estava me observando de trás da catraca, com aquele olhar apaixonado que eu não me dou bem.
Eu nunca percebi que ela sempre estava fazendo isso todas as vezes. Será que ela quer garantir a minha segurança na plataforma mesmo depois da catraca? Eu aceno minha mão de novo e ela responde com um grande sorriso em seu rosto enquanto também acena.
O que é isso? Esse sentimento turvo dentro de mim piorou.
Meu trem chega e eu entro no vagão. Eu observo a mim mesma refletida na janela. Me faz lembrar de mim mesma durante nossa sessão no banheiro. Eu sinto a minha cabeça ferver.
Agora que paro pra pensar, eu não sei nada sobre a Aya. Mesmo depois de já ter ido ao quarto dela várias vezes, eu não sei sobre a atual namorada dela, ou algo do tipo. Não, eu só nunca parei pra pensar nisso.
Mas isso não tem nada a ver comigo.
Pois é, isso não tem nada a ver com a nossa batalha. Eu realmente não me importo com a vida privada dela já que não me afeta em nada.
"Porque, garotas namorarem garotas, não dá"
Eu sufoco essas palavras da minha garganta em um sussuro baixo. Sinto um gosto amargo.
Naquela noite, quando eu me deitei na minha cama e me enrolei no cobertor, eu percebi uma coisa, "Esse cheiro...lembra a Aya"
O cheiro de um corpo ensaboado, o mesmo cheiro que a Aya normalmente tem. O mesmo cheiro que sempre me cobre durante nosso tempo juntas. Eu enterro minha cabeça no travesseiro e respiro fundo.
O calor da Aya quando ela me abraçou no banheiro, a sensação de seus dedos tocando cada centímetro do meu corpo, seu sorriso irritante.
E então, a sensação de seus lábios quando nos beijamos.
Essas sensações ressurgem de uma só vez.
"O que é isso? Caramba...por que você me seguiu até o meu quarto? Isso já é demais, mesmo por 10,000 ienes/dia..."
Eu fecho meus olhos lentamente enquanto penso naquela garota que eu não me dou bem. É óbvio que o que me deixou acordada foi a tensão do festival de esportes que ainda não largou o meu corpo. Deve ser.
Se eu não pensar assim, meus instintos me dizem que vou afundar em algo muito profundo e que nunca vou conseguir sair.