Volume 1

Capítulo 1

Um dia depois do meu contrato com a Fuwa ter sido feito. Ela me convidou para ir até sua casa depois do colégio. A casa dela fica num lugar bem estratégico na Linha Keio. É uma casa realmente boa, mas um pouco diferente da imagem que eu tinha de uma casa de conglomerado. Mas também é possível que a família dela tenha usado o dinheiro para outras coisas.

"Com licença..."

Estou seguindo cada passo da Fuwa direto para o segundo andar. Subimos as escadas sem pressa e chegamos na frente de um cômodo. Aah, o quarto da Fuwa.

"Umm, sua família tá de boa com isso?"

"Não se preocupe, eles sempre chegam tarde em casa"

Isso, isso é mesmo algo pra gravar na mente, pelo menos pra mim.

Eu dou mais uma olhada e observo melhor o quarto da Fuwa. Uma cama, um carpete que parece bem macio, um armário fofo para suas roupas casuais. Na parede, estão pendurados o seu uniforme e bolsas. Também tem uma TV LED e encima de sua mesa, um laptop.

Comparado com o quarto de uma plebeia, ou pelo menos com o meu quarto, esse aqui é bem luxuoso, mas de alguma forma parece ser pouco para uma pessoa desnecessariamente rica como a Fuwa. Ou talvez tudo que tem nesse quarto seja super caro, por exemplo, esse laptop pode valer alguns milhões de ienes.

"Por favor, sente-se na cama bem ali"

"Por que especificamente ali?"

"Não existe uma razão"

Fuwa sai do quarto e volta trazendo dois copos com chá de cevada usando uma bandeja. Ser tratada propriamente como uma convidada pela Fuwa me deixou chocada. Ah, e é claro que eu sentei no carpete ao invés da cama.

Enfim, já que nós duas viemos pra cá direto da escola, ainda estamos de uniforme. Duas garotas usando uniforme e conversando dentro de um quarto. Aham, nada de estranho no ambiente.

"Então, de hoje em diante você é minha, Marika"

"Isso foi estranho!"

"O quê?"

"Nada não..."

Mais uma vez, eu me lembro da sensação de abraçar a minha querida bolsa. Sim, aquela que custa 30,000 ienes, a de duas vias com cor de tiramisu. Só de imaginar, eu sinto que consigo fazer isso.

"Bom, eu já comprei aquela bolsa que você queria como pagamento adiantado. Você vai me deixar fazer tudo que eu quiser pelos próximos 100 dias, né?"

"Tá bem...eu não vou fugir"

A Marika dentro de mim se tornou uma esplêndida tigresa. Uma tigresa mostrando suas presas com um enorme espírito de luta. Desse jeito, nem mesmo a Fuwa tem chance.

"Boa resposta. Bem, vamos começar"

Sem perder a chance, Fuwa se senta ao meu lado. Eu posso sentir a coxa dela encostando na minha. É um pouco fria, mas também macia. Por um breve momento, eu posso sentir a tigresa dentro de mim encolher. Como se tivesse me tornado uma gatinha dócil.

"Umm, com licença. Eu só quero que você saiba que eu sou virgem, então por favor, tenha isso em mente"

Fuwa franziu suas sobrancelhas enquanto me olhava intensamente.

"Marika, é isso que você pensa de mim? Indenpendente de sermos do mesmo sexo ou não, somos humanas. Eu não vou te forçar a nada. Achei essa sua frase bem rude."

"Tá bom, entendi seu ponto, mas é um pouco preocupante ouvir algo assim de alguém que me comprou por um milhão de ienes"

"Pois eu, que farei você se apaixonar por mim num período de 100 dias, não farei algo bruto assim no primeiro dia. Eu sou do tipo que aproveita o processo"

Eu me distanciei da Fuwa num piscar de olhos. Eu preferi recuar para o canto do quarto.

"Essa sua razão, parece imprópria demais...aproveitando a deixa, você não acha a sua versão do colégio bem diferente comparada com essa versão de agora...? Geralmente, você exala essa aura de mocinha rica que não dá a mínima pros seus arredores"

"Eu não sou assim por que quero, por que eu deveria socializar com as outras afinal? Escola é um lugar para estudar, não?

"Tá falando sério? Espera, sendo você, deve ser mesmo o que você pensa...que estranha"

Depois disso, Fuwa se levantou e virou suas costas pra mim. Eu aproveitei essa abertura e dei a língua e zombei dela silenciosamente. Como eu imaginei, nós duas somos extremos opostos. É impossível nos entendermos. Não importa o que ela faça, será impossível me fazer me apaixonar por ela. A tigresa dentro de mim continua firme e forte em sua pose de batalha.

Fuwa pegou alguns livros de sua estante. Ela então colocou tudo em cima da mesa. Esses livros...são, eh, mangás? Eu obedientemente me aproximei da mesa.

"Por agora, leia todos esses"

"Ler mangá? Quê? Essa é minha tarefa por hoje?"

"A partir de hoje, você vai só ler mangás por alguns dias. Mas tem que ler tudo. Nada de pular páginas, ouviu?"

O que é que essa garota tá falando? Hein? Eu ganho 10,000 ienes por dia lendo mangá? É sério isso? Seria esse o paraíso? Será que eu estava enganada sobre a Fuwa esse tempo todo?

"Então, pode começar"

Eu pego o mangá no topo do monte e abro. Se por acaso o mangá fosse um horror grotesco, tudo isso se tornaria o inferno num instante. Porém, não é nada do tipo. É uma história de amor genérica situada em um colégio. A arte me dá uma sensação de translucidez.

"Posso mesmo ler isso?"

"Vá em frente"

Ir pro quarto de outra pessoa só pra ler mangá, é um pouco bizarro. Bem, que seja, não é como se ela fosse minha amiga mesmo. Após algumas páginas, estou achando o mangá bem interessante e me sinto atraída. A história é sobre uma garota que não consegue se apaixonar por ninguém e se incomoda com isso. E então, uma senpai presidente do conselho estudantil de cabelo escuro, confessa seu amor por ela, e as duas começam uma relação em segredo.

"Ei, isso é total uma história de lésbicas!"

"É yuri"

"É a mesma coisa!"

"Existem muitas interpretações quanto a isso, então eu não posso dizer que é a mesma coisa"

"Isso não importa!"

Eu continuo abrindo cada mangá em cima da mesa. Esse e esse, esse também, todos são sobre uma garota se apaixonando por outra! Então são mesmo aquele tipo de mangá afinal! Ai, Fuwa!!

"Esse aqui tem uma história comovente em 4-koma sobre duas garotas de colegial morando juntas. Depois de ver os outros mangás, até esse aqui parece ser uma história sobre lésbicas!"

"Acalme-se, [Futaribeya] é sim um mangá yuri"

"Então é mesmo!"

Eu cheguei ao ponto onde eu só quero fechar todos esses mangás e arremessá-los no chão. Fuwa me impediu, segurando minha mão com muita habilidade. Ela tem mesmo bons reflexos, esse movimento não foi nem um pouco amador. Tô chocada.

"Marika, estamos ligadas pelo [contrato], lembra? Para provar que você não vai mudar de maneira alguma, você terá que obedecer todos os meus pedidos. Foi isso que concordamos, não?"

"Uu...M-mas isso...entendido"

Quando ela me chamou pelo nome, eu senti que estava levando uma bronca e acabei largando a discussão por reflexo. Eu firmei minha postura de sentar e do mesmo jeito que é abrir um livro complexo, eu comecei a ler o mangá. A partir de um certo ponto, a história é bem proveitosa, ignorando o fato de ser uma história sobre lésbicas. Esses são os mesmos mangás do seu dia a dia.

"O que tá achando?"

"Não é do meu gosto, mas vou continuar lendo..."

Mesmo assim, isso aqui tá bem interessante. Mas não vou falar em voz alta. Eu continuo a ler o mangá. Eu sinto simpatia pela garota que se sente preocupada por ter se apaixonado pela outra, mesmo não sendo normal.

Partindo para o mangá slice of life, o sentimento de uma vida cotidiana com um pouco de comédia é bem relaxante. Além disso, esse mangá me faz lembrar da Yume e da Chisaki. Parece muito com a nossa rotina no colégio.

Eu não sou uma otaku, mas eu consigo ler e aproveitar um mangá. É fácil de ter acesso a eles pelo celular, já que existem tantos aplicativos pra isso. Mas nesses, todas as personagens são lésbicas, elas continuam vindo, uma atrás da outra, me deixando pasma.

Porém, tem uma coisa mais importante que me chamou a atenção desde cedo.

"O que você tá fazendo sentada atrás de mim, Fuwa?"

Eu estou sentada bem na frente da mesa, e a Fuwa está sentada na cama atrás de mim. Eu estou sentindo o olhar dela já tem um tempo. Ela está me observando enquanto eu leio esses mangás, eu consigo perceber pelo menos isso. Esse olhar me dá uma sensação de desconforto.

"Eu não sou tão generosa para deixar você aproveitar seus 10,000 ienes só lendo mangá. É claro que o seu treinamento também vai progredir enquanto lê"

"Tá, faz sentido. Mas, treinamento? Nossa, que escolha de palavras, hein?"

Enquanto ela ignorava meu protesto sincero, ela colocou sua mão em cima da minha cabeça. Agora ela tá me alisando!

"Ei, para!"

"O seu cabelo é tão macio, Marika. Está tão bem arrumado, mas deve levar muito tempo pra fazer, né?"

"É verdade, mas por que você tá alisando ele?!"

"Não é como se você odiasse, não é? Isso é normal, até amigas fazem isso entre si"

"Mas é você que tá me tocando, por isso é diferente!"

"Hm"

Como de costume, ela não escuta o que os outros dizem. Ela continua alisando meu cabelo sem hesitar.

"Sabe, eu tenho plena confiança de que eu consigo fazer qualquer garota se apaixonar por mim"

"Você acabou de falar algo extraordinário"

Tudo bem se for só na imaginação, mas com toda essa aparência e confiança, não parece ser um sonho ilusório. Eu não consigo deixar de pensar nisso. Se eu usar os mangás que leio como referência, ela é o que chamam de [super-dom]¹. Caramba, que lembrança inútil.

"Temos essa limitação de período de 100 dias do nosso acordo, e nos dias que tivermos aulas, nossos encontros serão de apenas duas horas entre a nossa saída do colégio até antes do jantar. É por isso que, para aumentar a possibilidade de fazer você se apaixonar por mim, eu devo fazer as coisas de maneira eficiente. Eu bolei diversos planos e esse é um deles"

"Do nada você falou um monte, e um desses planos é...alisar meu cabelo?"

"Sim. Inicialmente eu vou fazer você se acostumar com contato corporal. Você é filha única, né?"

"Você investigou até esse ponto? Que medo..."

"Era necessário. Eu já deduzi que por você ser filha única, você tem o seu relativo espaço pessoal, é por isso que enquanto você lê os seus mangás, eu vou proceder diminuindo isso, fazendo você se acostumar com contato físico"

A investigação e teoria da Fuwa são verdades, mas eu não consigo concordar com a última parte. Mesmo assim, Fuwa continuou com seu plano me abraçando por trás. Perto, perto demais. Eu consigo até sentir os seus seios macios pressionando minhas costas.

"Eu não consigo me manter calma nessa posição"

Eu sou uma pessoa que não se dá bem com contato corporal, e isso somado à minha má relação com a Fuwa, é quase um ataque duplo. Além disso, meu olfato é mais aguçado que uma pessoa normal. É sempre péssimo sentir o cheiro de perfume forte. Enfim, essa Fuwa. Eu estou relutante quanto a isso, mas ela tem um cheiro bom e refrescante que me faz sentir como se estivesse flutuando. E esse é outro motivo de eu não conseguir me acalmar desde cedo.

"Você logo vai se acostumar"

"É deplorável quando você diz algo que parece vir da sua experiência assim"

"Só leia os mangás. Você é uma boa garota, não é, Marika?"

"Para de sussurrar nos meus ouvidos!"

Enquanto me arrepiava, eu fugi de novo para o cantinho do quarto da Fuwa. Ela está me olhando como se eu fosse uma pobre gatinha que não está acostumada com calor humano.

99 dias até o confronto final. Está tão distante.

 

***

 

Os dias que eu só lia mangás duraram apenas uma semana. Fuwa sempre me dava uma nova obra assim que eu terminava a anterior, caindo na repetição. Por conta disso, eu acabei ficando enfurnada no quarto no fim da semana só para terminar de ler os mangás. Eu li cerca de 200 mangás nessa semana, que eu acho ter sido o período que eu mais li mangá na minha vida.

"Você terminou tudo certinho, que garota hábil"

O quarto da Fuwa de sempre. Ela parece satisfeita enquanto sorri e alisa minha cabeça. Isso é meio irritante, porque nesses últimos dias seu contato corporal constante já não me fazem sentir nada depois de tanto, de verdade. É uma enorme diferença comparado ao primeiro dia. Nesses dias eu também me rendi a sua teimosia, como dar as mãos e massagear meus ombros, seria irritante eu protestar contra em todas as situações, então eu resolvi deixar ela fazer o que quisesse.

Mesmo que eu já esteja me acostumando com seus toques, é claro que isso não me faz feliz ou algo parecido, nem um pouco. Isso eu garanto.

"Qual foi a mais interessante?"

"Umm...esse aqui, eu acho. Mas esse também é bem legal"

Fuwa parece hipnotizada pela minha resposta, mas essa expressão também tem um pouco de felicidade na mistura.

"Entendo. Ambos foram feitos por autoras bem conhecidas. Eu gosto muito deles. Você tem bons olhos, Marika"

"T-Tenho, é? Bem, eu já li muitos mangás antes"

Ela tá me elogiando, não é como se eu devesse ser rude sobre isso, né?

"E então?"

Fuwa com seus cabelos claros se sentou ao meu lado. Ela apoia seus braços nos meus joelhos enquanto olha pra mim. Seu quadril se inclina naturalmente, fazendo seu corpo criar uma linda curva. Ela está tão elegante que nem seria estranho eu ser pega de surpresa por ela.

"A sua opinião sobre garotas se amarem mudou alguma coisa?"

"Que piada"

Mas eu preciso dizer. Eu tiro os braços dela dos meus joelhos calmamente, e que braços gelados. Em seguida, eu toco um dos mangás na mesa.

"Não vou mentir, eles são interessantes, mas, são só mangás, são ficção. Pessoas que sonham com o mundo de mangás, são o quê? Crianças do primário? Você já pensou em matar pessoas depois de ler um mangá sobre matança? Não, né? É por isso que sua pergunta me aborrece"

Eu soltei minhas palavras com uma enorme confiança e uma cara de convencida.

"Mangás sempre serão mangás, e a realidade sempre será a mesma. Em resumo, garotas que se namoram? Impossível"

Toma essa, Fuwa Aya! Devo dizer que este foi um argumento perfeito. Você deve ter me subestimado, não é!? Mesmo com essa aparência, saiba que eu tenho boas notas e uma boa reputação.

Mas.

"Sim, entendo"

Fuwa acena com a cabeça enquanto concorda comigo, como se já esperasse por isso. Ela ficou de pé com uma cara descontraída. Esse não deveria ser o momento em que ela faz uma expressão horrível de derrota?

"Umm, você ouviu mesmo o que eu disse?"

"É claro. Se for por isso, eu até concordo com você. Você acha que eu deixei você ler esses mangás pra admitir que amor entre garotas é tudo de bom? É claro que não, não é esse o caso. Você não é boba e também é dura na queda, e além disso..."

De repente, Fuwa pressiona minha bochecha e a levanta com o seu longo dedo. Sinto como se estivesse congelando.

"Eu prefiro fazer alguém gostar de mim de pouquinho em pouquinho"

"Que extremo"

Sinto o suor frio começando a escorrer. Não é como se eu me sentisse como um mosquito num pântano cheio de sapos, tá?

"Então, vamos prosseguir para a segunda fase de [Vamos Fazer Sakakibara Marika se Apaixonar Completamente por Mim]. Eu já fiz alguns preparativos para nossas novas atividades dessa semana"

"Às ordens..."

Eu suspiro enquanto apoio minha bochecha com a mão. Ela já planejou alguns passos pra isso, né? Bem, tanto faz. Vamos observar o que ela está fazendo, Fuwa pegou um disco DVD e colocou dentro de um player. Hmm, então depois de mangás, agora são filmes. Eu não consegui ver o título.

"Ah antes disso, baseada na sua experiência com os mangás, me diz qual a diferença entre [yuri] e [lésbicas]"

"Umm, eu não sei explicar direito...acho que é mais no geral. Tipo, yuri é mais belo, enquanto lésbicas é algo mais...gráfico, num sentido erótico? Algo assim?"

Fuwa olha pra mim enquanto suspira e balança a cabeça. Essa reação me irrita.

"Tá, tá bom. Espero que se saia melhor na próxima"

"O que você vai me...?"

Enquanto segurava o controle remoto do DVD, ela me faz levantar e senta no meu lugar. E então ela abre os braços e olha pra mim, sugerindo para me sentar na frente dela. Eu não tenho escolha que não seja ser obediente e coloco meu corpo entre as pernas da Fuwa devagar. Esse tipo de tratamento, eu me sinto uma criança.

"Depois de passar um tempo com você, eu tô começando a achar que você não é uma 'yuri' e nem lésbica, só uma pervertida"

"Eu não me importo com o que você pensa de mim, mas o que você acha de uma garota que vendeu seu corpo para sua colega de sala por um milhão de ienes por 100 dias?"

"Essa é destemida"

Fuwa me responde com uma simples risada. É algo tão raro que, por reflexo, eu arrego os olhos e fico pasma olhando pra ela.

"O que foi?"

"Nada"

A risada da Fuwa. É a primeira vez que vejo. É fofo...Espera, o que eu tô pensando? Não é isso, não pode ser.

"Eu tenho pena de mim mesma por ser tão obediente e sentar entre as pernas da minha colega pervertida. Ei, agora que parei pra pensar, independente de ser com um tiozinho qualquer ou com você, eu ainda vou acabar lesada"

"Pelo menos você não precisa se preocupar em se envolver com negócios duvidosos fazendo isso comigo"

Essa garota, ela admite que tirando os negócios duvidosos, ela é basicamente igual à esses tiozinhos nojentos. Bem, que seja, eu vou ganhar o milhão de qualquer jeito.

"Vou começar o filme"

"Tá tá"

Sem pensar muito eu apoiei minhas costas no corpo da Fuwa. Sinceramente, eu não gosto disso. Os seus seios gigantes me distraem tanto que dá vontade de arrancar eles só pelo bem do meu conforto. Mas não temos tempo pra isso, Fuwa casualmente coloca seus braços em torno do meu quadril e me abraça com força. A sensação me envolve como algo quente. Só por isso, eu posso relaxar meu corpo porque é gostoso ser abraçada assim. Inconscientemente, eu levanto meu quadril fazendo a Fuwa me encarar.

"O que foi agora?"

"Quê? Ah, nada"

Mesmo nossas alturas não sendo tão diferentes e com esse corpo magro, por que ser abraçada por ela é tão bom? Parando pra pensar, é semelhante ao abraço dos meus pais. Talvez por ela ser uma garota, esse sentimento é familiar e confortável. É, deve ser isso.

Fuwa aperta ainda mais o abraço, do nada. Essa garota, quantas meninas ela já seduziu com essas habilidades? Bem, eu não quero ser uma delas. E então, ela aperta o botão do controle e o filme começa.

"Tá começando, presta atenção"

"Tá bom"

Ah, eu acho que conheço esse tipo de filme. É tipo um filme educacional, né? Acho que é sobre relações, tanto hétero quanto homo. Tipo de documentário feito para crianças.

Então o foco é uma garota bonitinha de cabelo curto sentada num sofá. Hm? Que tipo de documentário é esse?

"Está nervosa?"

Ah, acho que é a voz da entrevistadora. Entendo, então é uma entrevista. À julgar pela voz, deve ser uma mulher também. A garota de cabelo curto olha para a entrevistadora com vergonha e responde a pergunta.

"Sim, um, espera, só um momento. Na verdade é a minha primeira vez fazendo algo assim"

"Tudo bem, não precisa se preocupar. Somos só nós duas hoje, então relaxe"

"Mas...mesmo sendo só nós duas, você é tão linda que eu não consigo segurar o nervosismo"

"Fufufu, quando eu soube que finalmente me encontraria com você, eu fiz de tudo por isso, Karen-chan"

"Ah...eu também♡"

O que é que tá acontecendo? Isso não parece ser um dorama, além disso, eu nunca vi essas atrizes antes. Mas isso é um documentário, não é? Talvez seja por isso.

"Você conhece quem fez esse video?"

"Em breve você vai saber"

Eu estou tentando ao máximo manter o interesse nessa conversa chata do filme por cinco longos minutos. Entendo, então é isso. A bonitinha parece ser uma universitária, enquanto a mais velha é uma beldade usando um terno. Elas se sentam bem perto uma da outra no sofá, perto até demais?

Eu continuo assistindo até que de repente elas começam a se pegar.

Quê?

Tipo, elas estão se beijando apaixonadamente e lambendo os lábios uma da outra. Hã? Os toques se tornam cada vez mais intensos, e eu só consigo observar hipnotizada. O quarto está com um clima estranho, no qual nem eu ou a Fuwa falam alguma coisa. O suor frio começou a escorrer pelas minhas costas. Isso é? Isso é mesmo um?

Num piscar de olhos eu pego a capa do DVD na mesa.

"O Documentário da Primeira Experiência Lésbica de uma Universitária Amadora, 24 Rounds com A Diretora Habilidosa. O Clímax Não Para, UMA TÉCNICA DIABÓLICA!"

"ESSE TROÇO É UM PORNÔ!"

Fuwa olha pra mim como se fosse óbvio. Com uma cara do tipo: 'Sim, é sim, e daí?'

"Você pode me explicar porque duas garotas de ensino médio estão assistindo pornô, mais precisamente, pornô lésbico, depois da escola? Isso não dá, não dá mesmo!"

"A partir de hoje, depois das aulas vamos assistir pornô todos os dias por duas horas seguidas"

"Já tá decidido!?"

"Nosso [Contrato]"

"Ai, já entendi!"

Como ela consegue continuar calma depois de tudo isso?! Inacreditável! Eu ranjo meus dentes e volto à minha posição anterior, em seu colo. Ela me abraça de novo, eu sinto como se eu estivesse em aulas complementares com uma professora que eu não me dou bem. Eu começo a focar na tela na minha frente. Tá de boa, tá tranquilo, é só um video, só uma mistura de imagens e sons. Não tem porque me preocupar.

As atrizes continuam se beijando enquanto apalpam os seios uma da outra. Aos poucos elas tiram suas roupas. Basicamente, a universitária é a que está sendo atacada. A beldade continua com o mesmo comportamento do início.

Espera. Essas duas mulheres, a impressão que passam, parecem...eu e a Fuwa? Ha! Eu não posso pensar isso. Hah.

Eu nunca assisti pornô antes, mas acabou que a minha primeira vez foi um pornô lésbico. Que sensação estranha. Como se alguém tocasse meus peitos, é isso que eu sinto.

"Ei, não é só uma sensação! A Fuwa começou a pegar nos meus peitos por trás!"

"Marika, dá pra parar de berrar?"

"Eu ficaria calada feita uma pedra se você não fizesse algo assim do nada!"

Durante essa nossa briguinha, ela continuou apertando meus peitos por cima das minhas roupas. Ela faz um movimento circular com seus dedos nas pontas de cada um. Às vezes, ela os toca por baixo, como se os levantasse gentilmente...

"Uhm, não, espera. Sim, eu me acostumei melhor com contato corporal, mas apertar meus peitos assim de repente já é demais..."

Eu ouço um suspiro de aborrecimento das minhas costas.

"Ei, Marika, eu só estou tocando neles por cima das roupas, sabe? A sensação é quase nula, eu diria"

"A garota que está pegando nos meus peitos sem minha permissão é a mesma que tá reclamando!?"

"Depois da escola, você é minha"

Ela acabou de insinuar que não precisa de permissão para fazer algo assim. Mas, de verdade, eu sinto que algo perigoso vai acontecer se ela continuar com isso.

"Você disse, que, não me forçaria à nada"

"Sim, eu disse. Eu com certeza vou parar caso fale algo do tipo [Mesmo eu tendo vendido meu corpo pra você por vontade própria, eu sou apenas uma gatinha indefesa que tem medo de uma apalpada besta. Você pode parar, por favor?] enquanto se ajoelha e implora"

"....."

Isso, sem dúvidas, não é algo que você pensa espontaneamente. Eu consigo imaginar a cara de deboche dela atrás de mim, enquanto ela sente os meus peitos. Eu prefiro responder sem arriscar.

"Você só fez isso tão de repente que eu fiquei surpresa. Faça o que quiser. Não é como se você fosse arrancar meus peitos nem nada mesmo"

"Então eu não vou me segurar"

Ouço o som do meu sutiã se soltando. Pera, pera, agora você quer pegar neles diretamente?

'Ei, você nunca disse que', é o que eu quero falar. Mas eu escolho aguentar e fazer o melhor para segurar tudo aquilo que estou sentindo agora.

Fui eu quem disse que não tinha problema em apertá-los, e eu não quero ser bolinada de novo. Eu também não quero que ela saiba que eu estou com um pouco de medo.

Ela começa a tirar minha blusa, botão por botão. Eu já não tenho mais nada por baixo. Eu sinto suas mãos se aproximando. As mãos sempre frias dela, fazem contato com minha pele, me fazendo sentir leves cócegas.

Eu mordo meu lábio inferior para segurar minha voz. Os dedos dela fazem um desenho no meu corpo, passando pela minha barriga e acariciando meu umbigo. Depois, ela sobe devagar e chega em meus seios. Seus dedos habilidosos balançam meus seios delicadamente. E então, ela os levanta e belisca um pouco, e depois os solta. Aos poucos, eu sinto a ponta dos meus seios inchando com seus toques.

É normal garotas tocarem os seios umas das outras, mas não à esse ponto. Eu quero me mexer por conta da sensação estranha, mas eu consigo segurar. Enquanto eu tento manter minha compostura, eu solto meus pensamentos numa voz baixa.

"Você tá brincando comigo"

"Não, estou sendo bem séria"

"...."

Então tudo bem. Espera. Não, não tá nada bem. Será? Eu repito a mesma pergunta em minha cabeça. Ai dane-se, só acaba logo com isso.

"Ei, preste bem atenção no filme"

"Eu sei..."

Fuwa continua brincando com meus seios e aperta eles com seus dedos. No início, eu sentia cócegas, mas com o tempo, uma outra sensação entra na mistura. Tipo quando você é picada por um mosquito e a coceira não passa.

Quando voltei meu foco, as garotas do filme também estão na parte de apalpar. Parece bem mais extremo comparado com a gente. Os peitos são apertados com tanta força que mudam de forma pela pressão das mãos.

Ahh..Ahh..A doce voz do video ecoa dentro do quarto. Eu tô me esforçando tanto, pressionando minha boca com as mãos para evitar que minha voz saia, que meus tímpanos estão zumbindo.

Os dedos da Fuwa não estão só tocando meus seios, eles também acariciam minha nuca, meus ombros, meus braços, minhas axilas e minha barriga. Os dedos dela, suas palmas, a ponta de suas unhas, cada parte dela me fazem sentir algo diferente quando entram em contato com minha pele. Eu sinto que estou perdendo controle do meu próprio corpo, ele até começa a tremer.

Cada toque é mais profundo que o anterior, acho que é isso que chamam de carícia amorosa.

É como se ela soubesse onde tocar, os lugares que eu sinto prazer, ela continua apalpando cada parte de meu corpo. Mesmo que ela só tenha tirado o meu sutiã, eu sinto que não estou vestindo mais nada.

"Ei...quando que isso vai acabar?"

Perguntar isso não quer dizer que estou perdendo. Eu só me sinto cansada com ela mexendo comigo sem parar. Mesma que ela não seja uma amiga próxima, ela deveria entender que eu estou começando a me sentir desconfortável com toda essa situação. A forma correta de agir ao perceber isso, é parar o que você está fazendo, claro.

"Quando o filme acabar, ou seja, algo em torno de uma hora"

"...."

Ela não tem piedade. Isso me irrita. Ela entendeu o que eu quis dizer, mas ela preferiu ignorar. Então essa é sua postura, né?

"Mas, se a Marika realmente não quiser, eu paro na hora"

Se fosse a eu de antes, eu já teria aceitado. Mas a eu de agora, já aprendi que ela deve estar tramando outra armadilha se eu aceitar suas sugestões sem cuidado.

"Em troca, você tem que me beijar se quiser que eu pare, na boca é claro"

"Q...Quêêê?"

Eu viro meu pescoço na direção da Fuwa. Ela tá tão perto que eu posso sentir sua respiração. O seu rosto olhando pra mim. Por um momento, eu sinto que meu coração vai explodir. Espere, não é hora pro meu coração palpitar tanto. Em primeiro lugar, por que ele está batendo tão rápido? A culpa é da Fuwa por falar de beijo do nada.

"Q-Que papo é esse, hein?"

"Por mim tanto faz. Eu gosto de tocar na sua pele, é tão macia e tão boa de tocar. Eu quero te fazer carinho pra sempre"

"Pra sempre..."

Ela tá falando sério? Eu não sei dizer.

Os vários lugares que ela tocou estão esquentando cada vez mais. Me dá vontade de fugir desse abraço. Eu realmente quero que isso acabe o mais rápido possível. Minha cabeça tá tão bagunçada que eu não consigo raciocinar.

Nesse momento.

Eu sinto a mão da Fuwa entrando na minha saia e descendo.

"O q-"

Era tarde demais para impedi-la.

"E-Espera, Fuwa..."

Os dedos deslizam pela minha pele e tocam minhas pernas como se fossem um piano. Eles continuam tocando pontos sensíveis na minha pele. Mas por que, por que eu estou sentindo prazer sendo tocada por alguém do mesmo sexo? Eu não entendo. Porque, se fosse com uma amiga, eu tenho certeza que não sentiria nada assim.

"Fuwa, você parece acostumada com isso, por acaso"

"É segredo. Quando nosso treinamento for além disso, eu lhe direi"

"Não vem com essa..."

Como sempre, ela é irritante. A Fuwa que ignora seus arredores e vai no próprio ritmo. A sua cara dá a impressão de que ela é especial, que ninguém consegue descobrir o que ela tem no coração. Ela deve nos subestimar.

Como alguém que trabalha duro para analisar o ambiente, tratando as pessoas de forma individual, me forçando a rir mesmo quando não tem graça. Eu faço o meu melhor para manter uma boa atmosfera na sala, e assim todas podem aproveitar sua vida escolar. Para alguém que sempre faz o que pode para ser amiga de todas

É claro que eu não quero ser derrotada por essa pessoa.

É o que meu coração continua me dizendo...

Mas agora minha cabeça não está funcionando direito. O lugar que a Fuwa está tocando, no fundo da minha coxa, está esquentando.

Fuwa continua mexendo suas mãos calmamente e acariciando o ponto perfeito. Eu sinto algo vindo de dentro do meu corpo. Pouco a pouco, está se aproximando. Pode chegar a qualquer momento. Eu sinto algo perigoso chegando.

"Fuwa...para...eu vou..."

Eu só consegui soltar uma fina voz. Seja lá o que aquelas garotas estavam fazendo na tela, eu já nem me importava mais. Eu soltei uma voz que minhas amigas jamais escutariam.

"Eu não consigo continuar, não dá"

"Então cadê o meu beijo?"

"Isso...eu não quero"

"Tudo bem, eu posso aceitar isso"

As mãos que estavam fazendo tanta algazarra nas minhas coxas voltaram para os meus seios, o que me dá uma sensação estranha. Ela mexe suas mãos, devagar e sempre, chegando na ponta dos meus peitos, a parte mais sensível nesse momento. Eu quero mesmo parar as mãos dela, mas meu corpo não se mexe.

"I-isso é ruim, Fuwa...por favor..."

"Tá vendo aquela garota na tela? Ela parece estar aproveitando cada momento, né? Você está fazendo a mesma expressão que ela agora, sabia?"

"Mentira..."

"Eu só quero que você se sinta bem, Marika"

"Isso...tem que ser mentira, nnn!"

De repente, Fuwa toca a ponta dos meus seios. Naquele momento, eu sinto algo surgir e percorrer minhas costas. Eu inconscientemente solto uma voz.

"Não, aahh...."

Os dedos dos meus pés estão curvados pelo impacto repentino. Mas Fuwa não para. Ela continua brincando com meus peitos. O calor do meu corpo se acumulou em um só lugar, deixando as pontas bem sensíveis. Tão sensíveis que os toques mais brutos, que deveriam causar dor, são prazerosos.

A mão forte, a mão gentil, parece que ela gosta de tratar meu corpo como um brinquedo. Ela continua mexendo na ponta dos meus seios, me dando prazer. Eu estou me esforçando pra não deixar minha voz escapulir.

Meus quadris se movem sozinhos, minha cabeça parece vazia, eu só enxergo branco.

"Que fofa"

"Mesmo...que diga isso...ah"

Fuwa insiste em tocar meu lugar mais sensível. Enquanto brinca com meus seios, ela também começa a morder minha orelha por trás. Eu não consigo segurar e solto um gemido, afinal agora estou sendo estimulada em dois pontos diferentes.

A língua molhada da Fuwa dança e ataca minha orelha. Recebendo seu ataque, meu corpo treme de novo. Isso é ruim.

A sensação de ser atacada tão bruscamente de dois lugares distintos me deixa louca. Eu consigo ver o auge do prazer bem na minha frente.

Eu sinto que não me importo com o que ela vai fazer depois, seja um toque de prazer ou um beijo, eu aceito. Eu só quero que ela me liberte dessa sensação.

Fuu..

Como uma brisa, Fuwa para suas mãos e as envolve em meu quadril. Ela voltou a me abraçar por trás. Podemos sentir o calor de nossos corpos, pois ela me abraça bem apertado.

"Um...eh...?"

Eu devo parecer uma tola com minha boca aberta. Eu giro minha cabeça em direção à Fuwa. E então, eu vejo ela com um sorriso de compaixão.

"Bom trabalho, Marika. Você fez bem nessas duas horas"

"Aa...."

Eu olho pra tela da televisão. O filme acabou. Não dá pra acreditar. Eu nem me lembro de como terminou, eu só lembro de ouvir uns sons eróticos de água e como os corpos das duas estavam grudados. É isso. Acabou.

"Se acabou então me solta"

"Ah, verdade"

Fuwa solta meu corpo, enquanto eu faço um へ com a boca. Eu ponho meu sutiã e ajeito minhas roupas. Certo, de volta ao normal.

Só que, parece que o calor de antes continua ardente dentro de mim. No fundo, eu quero que ela continue me estimulando até que eu implore pra que ela pare. Caramba, essa outra eu é tão barulhenta.

Fuwa parece contente enquanto me olha da cama. Ela cruzou as pernas, mas eu consigo ver uma brecha na saia dela, bem entre suas coxas.

"O que foi, Marika? Tem algo que queira dizer?"

"Acho que não?"

Essa é a verdadeira Sakakibara Marika, até parece que eu vou seguir minha outra eu e implorar pra que ela brinque com meu corpo de novo. Eu sinto que ela está chorando, mas eu não tô nem aí.

Beleza. Dado o resultado geral, eu aguentei bem tudo que ela me fez passar. Hoje a vitória foi minha.

"Bem, não foi nada demais. Para alguém com tanta experiência, você foi mediana, eu acho. Ah, que sensação boa ganhar mais 10,000 ienes com o bônus de sua derrota"

"Certo"

Fuwa alisa minha cabeça gentilmente, como se eu fosse uma criança. Fufufu, à essa altura, esse nível de contato físico já não significa nada pra mim! Em resposta à minha grande vitória, Fuwa mantém sua compostura.

"Muito bem, a partir de amanhã, vamos assistir pornô enquanto te acaricio. Vou me esforçar para te vencer um dia"

"Hein?"

A partir de amanhã....até....?

Eu fico zonza com essa declaração e a Fuwa aproveita a chance e pressiona minha bochecha. Ela se aproxima e sussurra em meu ouvido, "Se prepare, pois eu não vou me segurar na próxima vez. Eu vou garantir que você se apaixone por mim"

Eu olho pra ela incrédula. Eu acho que cometi um erro e acabei em um campo minado. Isso...isso não é bom.

Tempo restante até nosso confronto final = 92 dias

 

***

 

Daquele dia em diante, pornô por duas horas seguidas, todos os dias, por uma semana inteira. Os dias terríveis começaram.

Todo dia, enquanto assistimos pornô lésbico, ela brinca com meu corpo. O movimento de seus dedos ficaram mais rígidos, acho que meu comportamento no primeiro dia tem algo a ver com isso. Ela agarra meus peitos e brinca com as pontas sem parar. Eu nem sinto mais eles de tanta dormência.

Mas eu consegui vencê-la nesses últimos dias.

Mesmo que num dia específico, eu tenha me agarrado em seus braços desesperadamente de tanto prazer, eu ainda consegui me conter. Talvez eu esteja lentamente me acostumando aos seus toques.

E então finalmente o Sábado chegou.

No último final de semana, Fuwa estava ocupada, então ao invés de eu ir até sua casa, ela me fez levar seus mangás e terminá-los na minha própria. Então esse é meu primeiro final de semana na casa dela. No começo de nosso contrato, concordamos que nos dias que tivéssemos aula, o treinamento duraria duas horas logo depois do colégio. Mas em troca disso, meus finais de semana e feriados seriam dela, com a exceção de eventos importantes que não poderiam ser evitados.

Resumindo, se eu não tiver nada de importante pra fazer, eu fico colada com ela. Hoje ela começou com algo chocante,

"Hoje nós vamos ver três filmes"

Como essa safada, menor de idade, consegue ter tanto pornô!? A riqueza dela providência alternativas ou o quê? Mas isso não importa, suas palavras soaram como uma sentença de morte para meus ouvidos.

"Não dá, não dá, é impossível! Você não pode! Por favor, eu te imploro, Fuwa!"

Ela estava se segurando todo esse tempo, só para esse momento. Ela planejou me destruir completamente hoje. Sem que eu percebesse, ela me tinha em suas mãos desde o início.

Hoje, ela me massageou com muito mais paixão que o normal, e em seis horas ela transformou meu corpo em algo irreconhecível. O impacto foi tão grande que eu nem me lembro direito. Eu só lembro que meu desespero me levou a beijar a Fuwa com toda minha força. Mesmo sendo meu primeiro beijo, eu não senti nada.

O que eu disse, ou o que a Fuwa respondeu, eu não me lembro de nada disso. De uma coisa eu tenho certeza, os olhos da Fuwa naquele momento, pareciam de um carnívoro, o que me pegou de surpresa.

Eu não tive nenhuma sensação especial com meu primeiro beijo, já que a sensação de peles se tocando me passam uma impressão bem maior. Em algum lugar no meu coração, eu aceitei isso sem nem resistir. Então esse tipo de coisa é especial para um monte de gente no mundo...

"Ah...uff...hnnn"

Eu sinto nossos lábios se tocando, mas depois de um tempo, nosso beijo fica mais profundo. Fuwa lambe meus lábios e envolve minha língua com a dela. É suave.

Fuwa me beija como se estivesse sentindo o gosto de toda a minha boca, intensamente. O ataque da Fuwa é tão forte que eu sinto que vou enlouquecer.

Quando abri meus olhos, eu me deparei com uma pele pura de tirar o fôlego, como uma pérola branca. Esses olhos translúcidos me observando.

Eu nunca imaginei a lua solitária da sala, uma beldade que vivia no próprio mundo sem se importar com nada, está me dando todo esse olhar apaixonado. Vê-la assim me faz sentir algo indescritível.

Antes, eu achava que beijar era apenas uma troca de saliva entre duas pessoas. Agora, depois que experimentei, beijar é uma forma de duas pessoas se mesclarem, aproveitando seu tempo em um mesmo objetivo, sentir uma à outra.

Um tempo depois, Fuwa levanta sua cabeça e me olha de cima. O silêncio pairou por um breve momento, apenas o som de nossas respirações ecoam pelo quarto. E então, Fuwa sorri.

"Certo, é isso"

"Hã?"

Fuwa pega uma garrafa PET e eu ouço um som de gole. Enquanto eu olho pra ela, eu sei que já não consigo mais suportar esse calor dentro de mim. Vendo minhas condições, Fuwa toca minha testa levemente com um sorriso bobo, "O resto fica pra amanhã"

Eu fiquei angustiada pelo resto do dia.

Primeiro, eu me entreguei por vontade própria para a Fuwa que eu desgosto, isso é péssimo. Segundo, o prazer que ela me deu ainda persiste dentro de mim, isso também é péssimo. E por último, a eu que está cheia de expectativa para amanhã, essa é a pior de todas.

Eu só quero que ela entenda uma coisa. Essa eu de agora é alguém que está esperando por um elo corporal, não tem nada a ver com atração por garotas ou algo do tipo. Eu só quero que ela entenda que o que ela fez me deixou sexualmente frustrada, então o sexo de ambas é irrelevante.

Além disso, o que a Fuwa fez comigo, não muda a forma como eu a enxergo. Eu ainda não a suporto. Mesmo na escola, nós nem nos falamos. É por isso que no momento em que pisei em seu quarto no Domingo...

"Ummf...chu...nnn...ahhh... fwaaa....nmmm"

Ela me jogou na cama e me beijou com tudo. Nossas línguas se entrelaçaram em um beijo profundo. Apenas para satisfazer nossos desejos carnais.

O que acontecia na tela já não importava mais. Nossa prioridade era sentir nossos lábios enquanto nos abraçávamos. Nós descobrimos nossos desejos e mergulhamos em um mar de prazer.

Eu ouço sons molhados, meus gemidos, e o som de nossos corpos se unindo. Nos tocamos apaixonadamente e compartilhamos nosso calor.

Três filmes pornô, mais ou menos seis horas, e a Fuwa disciplinou meu corpo com sucesso.

"Então é assim que garotas transam..."

"Interessada?"

"Que piada. Tocar um lugar assim, se excitar com isso...de fato impossível"

Depois de tudo aquilo, eu me deito ao lado dela. Ela acaricia minha cabeça de novo.

"Marika, você é adorável"

Eu não consigo responder se você falar assim.

Na Segunda e Terça-feira, nós fizemos a mesma coisa, pornô e carícias. Considerando o que fizemos no Domingo...era de se esperar. Considerando o que aconteceu durante a semana, o mais irritante foi tudo ir perfeitamente de acordo com seu plano. Eu não consigo aceitar isso.

Faltam 85 dias para nosso confronto final.

"Hoje é pornô de novo?"

"Sim"

"Caramba, tá bom"

Ela coloca o DVD e o filme começa. Dessa vez é...à três. Duas garotas encima de uma menina inocente.

"Acho que essa semana foi o período que eu mais assisti pornô na minha vida"

"Parabéns por acumular tanto XP"

"Se eu subir de nível fazendo isso, minha evolução irá para uma direção inesperada, não acha?"

Sentadas bem próximas uma da outra, Fuwa aproxima seu rosto do meu. "Mmn...", ela me beijou e eu a beijei de volta no automático. Isso deve provar que tem algo estranho na minha evolução.

Fuwa apoiou sua cabeça em meu ombro. Ela também segura minha mão e entrelaça nossos dedos como um casal apaixonado. Acho que ela quer ser mimada hoje.

"Sua cabeça é pesada"

"A cabeça humana tem mais ou menos o mesmo peso de uma bola de boliche. É claro que é pesada"

"Se você sabe disso, levanta logo"

O ar de duas garotas de colegial assistindo pornô lésbico juntas é bem diferente do ar de um casal, é óbvio. Claro que mesmo no colégio, nós nem trocamos olhares. Nós somos rivais lutando pela posição principal da sala, estamos batalhando nesse exato momento. Por isso eu decidi deixar isso claro antes de continuarmos.

"Não quero que você me entenda mal, então deixa eu te falar"

"Uhum"

"Eu não sinto nada por você, nem um pouco"

"Por que você me odeia, né?"

É assim que ela reage.

Hm?

"Quê? Você sabe? E você continua fazendo essas coisas mesmo assim? Eu não entendo"

"Eu fico excitada quando meu alvo age assim. Isso me incendeia ainda mais"

"Aahh, beleza, pode deixar, não precisa continuar. Vamos apenas observar nossas atrizes empenhadas"

Nas últimas duas semanas, sua cabeça continua sendo um mistério. Mas pelo menos eu tenho minha própria opinião sobre ela. Fuwa Aya é uma garota forte, odeia perder, é muito confiante, e uma bolinadora. Bem diferente de sua versão em sala de aula. Eu acho que essa é sua verdadeira natureza.

Cada ser humano tem um lugar à qual pertence. Eu pertenço à escola. Eu tenho muitas amigas, sou aprovada por muitas pessoas. Esse é o resultado de meu trabalho árduo em construir um lugar a qual pertencer, e não uma mera coincidência.

É claro que esse lugar é diferente para cada pessoa. Para algumas, a família é o lugar à qual pertencem, ou talvez o seu clube do colégio, outras encontram paz nas redes sociais. Também tem música, karaokê, ou até ficar sozinho é o melhor para alguns.

Uma outra forma de explicar, 'o lugar que cada pessoa pertence' é o mesmo que o gosto por moda de cada uma. É um lugar onde elas podem ser elas mesmas, ou algo do tipo.

Um lugar onde uma garota cheia de confiança como a Fuwa pertence, me pergunto que tipo de lugar seria? Tenho quase certeza que não é a escola...

Ela tem uma penca de videos adultos, é rica, e o que se passa na cabeça dela é um enigma. Enquanto eu me perco em meus pensamentos, Fuwa aproxima seu rosto de minhas axilas e começa a cheirá-las.

"Hyaa...! Q-quê que foi isso? Tá, tá bom, eu vou prestar atenção no video"

"Isso aí, seu treinamento está indo bem, sua mestra está encantada"

"Que mestra o quê..."

Enquanto ela alisava minha cabeça de novo, a tigresa dentro de mim exala uma aura intimidadora. Que não faz nenhum efeito. Droga, se fosse no colégio eu teria muito mais coragem! Se de alguma forma ela conseguir me vencer dentro da escola, eu sinto que vou perder minha vontade de lutar para sempre, mas isso não vai acontecer. Vou manter isso como o meu segredinho.

"Bem, não importa quantos DVDs você me faça assistir"

Eu pego a mão da Fuwa à força e aponto para a tela, "Em primeiro lugar, tudo isso é um mundo fabricado dentro de uma tela"

"Um mundo fabricado"

"É algo feito para satisfazer os desejos de alguém, não vou generalizar mas no fim é tudo encenação. Eu não sei se as atrizes são mesmo lésbicas ou não, mas é por isso que essas coisas são feitas, para serem vistas. Resumindo, isso não acontece na vida real"

Essa é a minha resposta para a Fuwa.

"Entendo"

Ela concorda comigo de novo. Se ela admitiu fácil assim, ela deve ter alguma carta na manga.

"Essa resposta me deixou com medo"

"Tá tudo bem. Pra mim, que fiz o seu corpo se tornar meu, o objetivo dessa fase já foi atingido"

"Meu corpo é seu uma ova!"

Eu me abracei como forma de proteção dessa carnívora. Ela não retrucou minha resposta. Deve ser a forma dela demonstrar seu lado gentil. Mas eu não caio nessa!

Uma mão branca como porcelana se aproxima e toca levemente minha orelha. Meu corpo reage com um arrepio. Com um sorriso malicioso, ela me olha profundamente, "Pode me explicar isso?"

"Você é a única pessoa que tocou meu corpo nesse nível, isso é óbvio"

"Entendo"

Ela ri alegremente, o que me irrita demais.

"Bem, nossa atividade de apreciação de pornô só vai durar até sexta-feira"

"E então vamos para a terceira fase do seu plano?"

"Sim"

O que vai ser dessa vez?

"Eu já lhe mostrei mangás e videos adultos, mas você ainda não admite que amor entre garotas é possível porque é pura ficção, não é?"

"Resumiu bem"

Ela falou tudo, eu só posso concordar. Observando minha resposta, Fuwa acena a cabeça e volta a falar sobre a tal terceira fase.

"Se certifique de ficar livre no próximo Sábado. Vamos sair juntas"

Ela olha pra mim de um jeito que parece estar lendo a minha mente. Eu sou mesmo fraca contra esses olhos. Eu dei minhas costas para muitas coisas, pelo bem de satisfazer a minha vida escolar, enquanto a Fuwa não se importa com isso e apenas foca no que ela quer.

Talvez essa forma de pensar seja a correta, mas é por isso que eu não suporto essa franqueza dela. Mas eu não vou fugir, eu devolvo o olhar e aceno com confiança.

"Tudo bem, afinal faz parte do nosso [Contrato]"

Ela sorri como sempre, "Boa menina, Marika"

Eu não sei aonde ela vai me levar no próximo Sábado, mas eu não vou mudar de opinião.

Naquele momento, eu não tinha percebido que o seu convite era um prelúdio da resposta para minha pergunta de antes: um lugar onde a Fuwa pertence, que tipo de lugar seria?


Notas:

1 - Super-dom é a versão localizada de バリタチ (bari tachi), quando uma garota não pode ser a dominada. Tachi é uma gíria para a dominante em uma relação lésbica, enquanto neko seria a dominada



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