Ultima Iter Brasileira

Autor(a): Boomer BR


Volume 1

Capítulo 32: Quem Está Aí?!

 

 

“Beatrice...”, a voz solene dentro da mente de Incis soou com um tom tão baixo quanto um sussurro, um sussurro de choque e tristeza, culpa somada de dor.

O sangue e os órgãos internos de Beatrice caindo sobre o chão se esparramando como uma gelatina.

O carmesim escuro expandindo-se pelo tapete e escorrendo entre as frestas no piso de mármore foi de embrulhar o estômago de qualquer um, e com a nossa ilustre atiradora não foi diferente.

Incis foi puxada pelas correntes ao redor de seu quadril. O pânico foi imediato, mas a voz que veio em seguida estava determinada.  

— Senhorita Katulis, não toque ela seu verme!

Ventania!

A voz imponente de Akira brandindo sua Katana envolveu Incis com uma cortina de cortes ferozes.

O som estridente das correntes colidindo com o metal da lâmina foi de ensurdecer os ouvidos causando uma leve dor de cabeça.

Faíscas estouraram no que a espada balançou pelo o ar diversas vezes seguidas, criando apenas uma distorção metálica.

O quarto antes bem arrumado e de aparência sofisticada foi tomado por arranhões pelas paredes e pedaços de móveis destruídos.

Incis deu um passo pesado para trás sentindo-se finalmente liberta das correntes, mesmo que nunca se libertasse da culpa que sentira usando Beatrice como sacrifício.

Ugh!

Ela rangeu os dentes ao vislumbrar o olhar assassino por trás do ombro de Akira que agora estava com a lâmina abaixada, descansada após romper o que prendia sua companheira.

Vuuush!

O homem de óculos usando suas estacas de madeira com correntes acopladas era o último que faltava, mesmo assim ele agiu de maneira fria e apenas arrumou o Óculos com o dedo indicador.

Em seguida arrancou em direção a Akira impiedosamente!

O chão de madeira gemeu com os fortes passos dos seus sapatos velhos enquanto os braços balançaram em um formato de X.

As correntes quebradas se debateram no ar lançando faíscas em um som ameaçador.

“Merda! Não! Não! NÃO!”, Incis gritou internamente.

No pequeno segundo em que piscou os olhos seus olhos cor de âmbar ela viu uma pontiaguda estaca prestes a perfurar o peito de Akira.

Noblis Arma On! Zathiel!

O grito desesperado de Incis rasgou suas cordas vocais fazendo sua garganta arder no que suas pernas se moveram em um pânico incomparável, correndo sem parar.

Seu coração a palpitar, o suor a descer sobre sua pele já em temperaturas altas devido a suas habilidades ativas.

[Todas as suas outras Skills foram desativadas!]

O cansaço de Incis foi tanto que ela sentiu seu coração bater mais firmemente na tentativa de bombear mais sague.

Ngh! Droga!

[Perigo! Pontos de HP abaixando muito rápido!]

Partículas flamejantes eclodiram da mão dela dando nascimento a uma nova arma de fogo que foi sendo conjurada do zero.

Peça por peça, como um objeto 3D renderizando.

O cano longo, a luneta bordada em pequenos relevos dourados, uma carcaça metalizada em na cor vinho e um pente alongado repleto de balas ardendo em fulgor.

As pequeninas rachaduras sobre o acabamento carmesim parecido com magma exalaram um vapor alaranjado.

Bam!

O gatilho foi puxado no mesmo momento em que tocou sobre a mão direita de Incis.

Uma explosão de chamas eclodiu do cano longo repleto de pequeninas cavidades ao seu redor exalando a luz em todas as direções.

O projétil de aparência letal atravessou os ares em uma velocidade violenta, um rastro carmesim nos ventos.

A cabeça do oponente foi perfurada e antes mesmo da bala de magma varar por trás de seu crânio, seus miolos foram aos ares junto do líquido avermelhado que tingiu as paredes em um show horroroso e sangrento.

Ensurdecedor.

O estrondo do disparo pareceu ecoar por todos os cômodos possíveis da mansão para no fim apenas restar um zumbido escroto aos ouvidos dos que estavam próximos.

Akira nesse meio tempo era apenas uma distorção girando sua espada ao redor daquele que lhes ameaçava.

— Prove um pouco mais de dor mero inseto!

Um rastro purpuro de vapor foi desenhado durante cada corte que a afiada lâmina fez sobre o corpo do oponente.

O sangue foi esguichando enquanto seus membros foram partidos pelas linhas cirúrgicas dos cortes.

Corta! Corta! Corta! Corta! Corta! Corta! Corta!

Foi decapitado em mais de 10 pedaços além de ter tido sua cabeça totalmente obliterada pelo belo Headshot da Nobilis Arma de Incis, de fato um cruel destino, mas quem liga?!

O que seria mais interessante aqui é a nova mecânica que foi usada, uma Nobilis Arma funciona como um tipo de familiar podendo ser invocado ao desativar todas as habilidades ativas no momento, enquanto ativo ele consome 400 de HP por segundo.

Certamente Incis entrou em um desespero por estar em uma luta onde teve que sacrificar alguém para continuar, portanto seria desnecessário usar isso contra um inimigo como esses, mas ela usou.

Por ser uma invocação muito poderosa ela necessita de drenar muita energia vital do usuário Vitalis, provendo grande poder de ataque e até mesmo ignorando alguns atributos do inimigo como defesa.

“O que diabos, foi isso?”, se perguntou Incis em pensamentos.

Uma face de assombro foi o que restou no rosto da atiradora de olhos dourados, ela ainda não se acostumara com tal cena, mesmo após 13 anos sendo a vice comandante de toda a guilda.

[Receptáculo de marionete LV3 foi derrotado!]

[Você recebeu 250 Ranking Points!]

Irrompendo no clima perturbador e pesado dentro do quarto agora silencioso, um painel brilhante surgiu sob o rosto de Incis.

Uhm... puta merda.

A voz de dela fraquejou junto de todo seu corpo fazendo-a suspirar com uma respiração ríspida e cair de joelhos.

Heh, isso foi bem fácil.

Incis apenas guiou seu olhar zonzo dos sapatos sofisticados até o rosto da responsável por esse comentário, se deparou com uma garota de cabelos prateados com uma pupila vermelha como sangue enquanto a outra era da cor habitual, um preto meio obsidiana.

“Essas marcas brilhantes, os olhos ambos de cores diferentes, então a Magatama dela era uma tão poderosa assim?”

Incis analisou com uma face cansada os tribais brilhantes em uma cor violeta sobre a pele e o tecido das vestes de Akira.

Meio relutante ela engoliu sua saliva torcendo os lábios em desconforto, seus olhos cor de âmbar tentaram voltar para os restos mortais ainda frescos de Beatrice e companhia no centro do quarto, porém a náusea foi instantânea.

Ela nem hesitou em voltar a atenção para a espadachim diante de seus olhos.

Akira ou melhor, Kritias, mantinha uma das mãos sempre sobre o punho da Katana, a bainha descansava sabe-se lá onde.  

— A-Akira... digo, Kritias... eu tenho um pedido a... lhe fazer...

— Um pedido? Hum. Interessante, mesmo sendo tão forte você ainda está a me fazer pedidos, bom, devido ao seu estado atual presumo que seja relevante, — Akira se ajoelhou na frente de Incis fincando sua espada no chão de mármore. — o que deseja, forte mulher?

Mesmo com uma dor de cabeça constante e uma sensação de fadiga, músculos doloridos, a mulher de cabelos negros e olhos dourados não deixou de se impressionar com o jeito tão diferente de Akira nesse momento.

“Pelo visto o espirito Magatama nessa espada é bem excêntrico... não está mais tão assustador quanto antes.”, pensou Incis num suspiro de alívio.

 

[Jack Hartseer]

 

Passo. Passo. Passo.

Meus batimentos fraquejando a cada passo dado no meio do corredor espaçoso, o silêncio perturbador junto da sensação ainda mais perturbadora de estar sendo observado por algo.

Minha espinha tava ardendo pra caralho e minha mandíbula latejava em uma dor parecida com milhares de agulhas a arranhando.

Eu mancava com um dos braços envolvidos no abdômen.

Isso por que eu estava prestes a vomitar com a imagem mórbida da pessoa que eu matei dentro do meu quarto ainda fixa em minha mente.

A Moon Blade sendo firmemente segurada na minha outra mão tinha sua lâmina enxarcada pelo fluído avermelhado, prova de que eu havia sido responsável por tal ato, algo imutável mesmo que eu não quisesse.

Hghn... eu preciso a-avisar. — murmurei para mim mesmo tentando ignorar a impressão de alguma coisa estar me seguindo.

As portas dos outros quartos, onde deveriam estar os hospedes restantes estavam todas abertas e pra completar dentro dos cômodos não havia porra nenhuma, nem uma única alma viva!

Meu coração tentava acelerar em medo só que eu tava tão fraco que ele só não conseguia.

Meus passos ressoaram entre as paredes com um papel de parede meio xadrez e os lustres apagados pendendo do teto escuro.

“Por favor, alguém me ajude.”, era o que eu queria gritar nesse momento, mesmo que esse grito fosse apenas um mero sussurro na minha mente quase se esvaindo.

[Perigo! HP extremamente baixo!]

[59/240]

A única coisa que ainda me fazia continuar era a pequena adaga em minha mão direita.

A Moon Blade era um presente da mulher que me acolheu com uma gentileza inigualável na minha chegada pra esse estranho mundo.

De fato, eu daria de tudo pra pelo menos rastejar até Incis e agradecê-la por isso, essa adaga definitivamente salvou minha vida, não, Incis salvou minha vida!

— É, eu só preciso descer as escadas no final do corredor e... fa-falar com o resto do pessoal. — pensei em um murmuro rouco antes mesmo de recostar-me contra a parede tentando não desmaiar.

“Merda, se ao menos eu tivesse alguma poção ou coisa do tipo, algum item que possa me curar assim como na droga daqueles JRPG’s!

A negatividade em minha mente estava cada vez mais devorando o meu principal objetivo, mas quem não iria pensar negativo em uma hora dessas?!

O sangue seco por cima do meu casaco de couro, o gosto de ferrugem na boca e as correntezas de dor trazendo a sensação de que meu cérebro poderia estar escorrendo pelos ouvidos.

Eu aos poucos fui escorregando contra a parede para no fim acabar sentado com minhas costas latejando em pura agonia sobre a parede gelada.

Totalmente sozinho.

Passos! Passos! Passos! Passos!

Huh?!

O som rígido que me alarmou tomou conta do solitário corredor.

“Quem está aqui?!”, tentei falar algo, porém apenas minha mente foi capaz de agir.

Eu engoli minha própria saliva sentindo o gosto salgado do sangue sobre a carne machucada da minha língua.

 Meu coração... bem... ele começou a bater forte até demais.

— Jack! — Uma voz confiante e de grande presença me abalou juntamente da silhueta correndo do fim do corredor.

— Afaste-se!

Em um pânico imediato levantei a Moon Blade na reta da figura que mesmo assim não parou de correr.

Aos poucos se aproximando.



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