Ultima Iter Brasileira

Autor(a): Boomer BR


Trauma Longínquo

Capítulo 103: Cerimônia de Boas-vindas

 

 

[Jack Hartseer]

 

Eles fizeram de tudo, organizaram um pequeno julgamento e até mesmo revelaram as devidas provas de que eu havia sido o culpado pelo desastre em Leycrid, assim como também fui considerado culpado do incidente na mansão Blazeworth também.

Muitas baixas foram feitas e não só diversos cidadãos de Leycrid haviam sido mortos como também o dono de uma das principais fontes de recursos da guilda R.O.U.N.D.S havia morrido, nesse momento com meus pulsos presos por pesados grilhões reluzentes eu estava incapaz de conseguir fazer qualquer coisa além de lembrar do rosto angustiado de Incis enquanto me levaram pra longe dentro daquele veículo que mais se parecia com o vagão de um trem mal assombrado.

Jack Hartseer, você foi condenado a pena de morte definitiva após diversos crimes hediondos não só contra a guidla R.O.U.N.D.S e o código de conduta da preservação deles como também cometeu vandalismo e homicídio no continente de Gilly sendo responsável até mesmo pela morte de Nidrik Blazeworth, Beatrice Blazeworth e Rollk Blazeworth.

As palavras severas do suposto juiz, o local meia-boca usado para o julgamento feito dentro de uma das tendas que a guilda fez perto de Leycrid, tudo isso ressoou em minha memória diversas e diversas vezes.

— Detento 444 está me ouvindo?

Essa entonação tomou meus pensamentos trazendo-me do transe. — Ah, sim senhor e-estou escutando. — Ergui minha face para o guarda em frente ao portão com barras de metal negras.

— Você passara os seus últimos dias aqui em Lacrima e viverá junto com os outros detentos que assim como você estão cumprindo suas respectivas penas, — o guarda se aproximou de mim, sua sombra cobrindo as cerâmicas cinzentas no chão do corredor espaçoso. — os grilhões que está usando tem uma tecnologia indolor anuladora de células Vitalis ou Aether, portanto mesmo que tente suas Skills nunca irão funcionar e eles também tem efeito duradouro após retirá-los, enfim o resto dos detalhes será dado lá dentro no pátio principal.

No que as palavras dele chegaram ao fim o portão de metal logo a minha frente fez um som rígido de “Clack” e assim deslizou para o lado com o barulho profundo de engrenagens ressoando pelo corredor repleto de janelas enferrujadas.

[Acesso permitido!]

[Bem-vindo a Lacrima]

Na minha retaguarda haviam outros dois guardas com capacetes negros reluzindo alguns Neons vermelhos tipo máquinas prontas para matar qualquer coisa que fizesse um movimento suspeito.

— Siga em frente tapa-olho, apenas pare quando mandarmos. — Ordenou um desses guardas por trás do meu ombro

Dando um suspiro disfarçado não tive escolha a não ser passar pelo portão de entrada para a tão temida Lacrima, que destino hein?

Eu passaria meus últimos dias em uma prisão de alta segurança junto com pessoas que nunca imaginei sendo forçado a viver em conjunto, me perguntara seriamente o que os outros estariam fazendo nesse momento sabendo do meu estado atual.

Passo. Passos. Passos.

Meus passos ecoaram de forma perturbadora cada vez que uma das minhas pernas se movia, o corredor com paredes e chão todos com cores opacas somados a um seguimento quase infinito de janelas com barras de ferro uma ao lado da outra.

Um sentimento quase claustrofóbico aflorou dentro de mim da mesma forma que questionei minha própria ética.

Do que importava isso afinal? Nesse momento eu era um criminoso, um terrorista.

Meu único olho estava vazio e minha face parecia cética com relação a meus pensamentos.

Isso tudo na verdade era um mero reflexo de como eu estava me sentindo diante de toda essa injustiça, confusão, uma confusão tão desesperadora que me deixou sem reação.

À medida que segui em frente acompanhado pelos dois guardas o silêncio avassalador foi sendo esvaído por uma união caótica de vozes distantes, talvez no fim do corredor.

Um dos guardas atrás de mim empurrou a ponta de sua arma contra minhas costas dizendo: — Estamos chegando tapa-olho, trate de se comportar ou sua morte chegará mais cedo do que o planejado.

Um suor de nervosismo genuíno escorreu minha testa quando finalmente chegamos na fonte de toda a cacofonia, vozes histéricas dos diversos prisioneiros reunidos no tal pátio principal da prisão.

Uma extensa área aberta para os céus se revelou diante do meu campo de visão e estava tomada pelo tumulto de homens vestidos com trajes brancos de força semelhante a algo que alguém preso em um hospício usaria.

O chão sujo e o ar pesado, grades de metal eram vistas nos outros andares onde mais e mais prisioneiros se apoiavam gritando.

Logo ao pisarmos no pátio principal uma entonação engoliu o ambiente ressoando em todos os cantos possíveis de Lacrima.

Parece que todos estão bem animados hoje. Sinto dizer, mas o diretor Fyliak não vai estar presente as últimas semanas devido a uma viagem de negócios referente ao nosso novo prisioneiro então a vice-diretora euzinha Detainee Current ficarei responsável por todos os vermes aqui, sem mais delongas deem boas-vindas ao detento 444.

A voz animada e descontraída da garota nos Autofalantes fez um arrepio sinistro percorrer minha espinha quando todos os detentos reviraram seus olhares em minha direção, o silêncio avassalador pairando sob o pátio principal.

Não sei quando começou só que quando percebi meu corpo já estava tremendo levemente e meu coração batendo de forma tão firme que eu podia sentir meu peito palpitando por baixo dos trapos rasgados que eu trajava.

— EI AQUELE É O GAROTO NOVO!

— VIVA AO GAROTO NOVO!

— VIVA AO NOVATO!!!

Uma enxurrada de gritos desordenados que mais se pareciam com rugidos de monstros selvagens tomou o pátio inteiro no que passos pesados performaram um caos eminente logo nos primeiros segundos em que os prisioneiros correram em minha direção.

Num piscar de olhos tropas de guardas revestidos por armaduras metálicas com circuitos brilhantes preencheram o local tentando barrar a quantidade massiva de criminosos vindo em minha direção como se quisessem me matar.

— Mas que bela cerimônia de boas-vindas. — Murmurei com os lábios tremendo e o suor descendo minha testa.

— Receio que deva ficar em silêncio até a vice-diretora chegar no pátio, tapa-olho. — Exclamou o guarda por trás dos meus ombros dando uma leve coronhada contra minhas costas.

Cambaleando levemente para o meio do pátio eu varri o olhar levemente pelo tumulto, prisioneiros trocando socos contra os guardas que sem piedade alguma revidavam com cortes precisos de suas lâminas irradiantes ou até mesmo disparos com armas de fogo.

Sangue e gritos rasgavam o perímetro ateando o fogo do caos completo quando fui obrigado a ficar estático e isolado em um dos lados extremos do local à espera da tal vice-diretora desse lugar.

O sol agressivamente quente parecia penetrar cada uma das minhas camadas de pele fazendo mais e mais suor escorrer deixando os tecidos sujos e rasgados que eu vestia húmidos, os meus pulsos sempre pesados por causa dos grilhões brilhantes ao seu redor.

O guarda do portão principal havia dito que essas coisas podiam anular minhas Skills em um processo “indolor”, por que ele ressaltou isso afinal?

“Merda, merda, merda.”, o desespero eminente já fazia parte do meu ser no que levantei minha face desamparada dos grilhões em meus pulsos de volta para o caos no centro do pátio.

Esse lugar era como uma sarjeta onde tudo se resumia em violência e dor, é claro que poderia de fato haver eventos que usavam da dor como algo proposital e talvez esses grilhões ironicamente fossem a coisa mais piedosa existente em Lacrima.

Rangi meus dentes ainda incrédulo com minha situação.

O burburinho sem fim causado pelo tumulto no local atravessou meus tímpanos fazendo uma leve dor de cabeça pulsar nas veias da minha testa quando...

Bem-vindo Hartseer Jack.

A voz que tomou conta do local de forma tão repentina fez meu olhar se diluir de um estado de choque para algo ainda mais difícil de se descrever.

Os dois guardas me escoltando entraram em posição de continência no mesmo momento em que escutaram a entonação da figura adentrando perímetro.

Clank. Clank. Clank. Clank.

Um barulho sinistro de correntes se contorcendo e sendo arrastadas pelo chão permeou o ambiente, assim fazendo todo e qualquer movimento parar por completo.

“Então essa é a... vice-diretora.”, meu olhar se fixou na garota com um chapéu negro e uma jaqueta de couro bordada com diversos adornos prateados com zíperes.

Os braços dela ambos repletos de braceletes negros com espinhos de prata somavam com seu cinto apertado arrastando um amontoado de correntes negras atrás de suas costas, ela caminhou até mim com suas longas botas escuras que se estendiam até seus joelhos enquanto seu olhar era ocultado pela aba do seu chapéu que por ventura, estava firmemente encaixado sob seus longos cabelos púrpuros.

Ao parar diante de mim com uma das mãos relaxadas no bolso de seu Short ela abriu um sorriso com dentes afiados: — O prazer é todo meu.

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