Volume 8
Capítulo 741: Lago de Gelo
A floresta subterrânea de bambus era imensa, mas não possuía pilares de pedra ou estalagmites grandes para sustentá-la. O que mantinha essa caverna colossal de pé eram os próprios bambus, pois incontáveis caules brotavam do solo e sustentavam o teto.
Han Sen já tinha percorrido quase cinquenta quilômetros por esse reino subterrâneo, só que ainda não encontrou o fim. Tudo parecia praticamente igual; a única diferença notável era a temperatura. Quanto mais fundo avançava, mais o frio aumentava.
Os matagais de bambu negro ao seu redor ficavam cada vez mais densos e, depois de mais oitenta quilômetros, os caules estavam tão grossos quanto troncos de árvores.
Geada cobria o chão, e a temperatura tinha caído a um nível insuportável para a maioria das pessoas. Mas Han Sen seguia adiante, impassível e sem sentir o frio. Não demorou até que adentrasse uma área totalmente coberta de gelo. Ali, os bambus eram ainda mais espessos, e seria necessário que três homens adultos e de braços abertos se unissem para conseguir abraçar apenas um dos caules.
— Se existirem Bichos-da-Seda Sombrios aqui, fico imaginando o tamanho deles... — Han Sen utilizou a Aura Dongxuan para investigar, mas não conseguiu enxergar através dos bambus negros para saber se tinha ou não larvas dentro deles.
No entanto, mais adentro da floresta maravilhosa de bambus, Han Sen conseguiu detectar uma força vital em particular. Essa energia era como um riacho cristalino de água mineral, e ele ficou curioso para saber que tipo de criatura emitia uma força vital tão intrigante.
Com cautela moderada, Han Sen avançou pela floresta de bambus, tomando mais cuidado a cada passo. Encontrou uma clareira entre os caules de bambu — um campo vazio cercado por caules espessos, mas sem nenhum crescendo dentro dele.
Apesar de possuir a Pele de Jade, essa área coberta de gelo e a força vital congelante que circulava por ali fizeram Han Sen tremer. A energia que ele tinha seguido até ali era realmente estranha.
Conforme se aproximava da clareira, Han Sen observava atentamente, sem perder nenhum detalhe. O chão estava completamente coberto de gelo, e bem no centro havia um lago gelado, mas não totalmente congelado. Dentro do lago, repousava uma planta que lembrava um narciso. As flores eram brancas.
Han Sen já tinha visto muitas plantas exóticas em sua vida, e embora esse narciso fosse incomum nesse local, não era algo que o alarmasse.
Se houvesse uma Super Criatura protegendo o narciso, Han Sen até ficaria satisfeito.
Mas não era o caso. Ele não sentiu a presença de nenhuma Super Criatura nas proximidades do lago. O que ele viu, no entanto, foi um homem sentado à beira das águas paradas, encarando o narciso sem se mover. Isso pegou Han Sen de surpresa.
Pela roupa que usava — um traje de combate humano — Han Sen teve certeza de que era um humano. Criaturas e Espíritos não usariam algo assim.
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— Como pode ter outra pessoa aqui? — Han Sen ativou sua Aura Dongxuan para investigar o homem, e o resultado o surpreendeu. A força vital do sujeito era impressionante, definitivamente não era fraca.
Encontrar uma pessoa viva ali chocou Han Sen, pois ele acreditava ser o primeiro a pisar neste lugar. Afinal, a única entrada que conhecia era aquela aberta pelo escorpião de duas caudas. Mas talvez, mais adiante, houvesse outra entrada mais acessível.
— Amigo, qual é o seu nome? — Han Sen caminhou cuidadosamente sobre o gelo e tentou cumprimentar o homem.
Desde que não houvesse conflito de interesses, Han Sen não estava disposto a arrumar outro inimigo. Encontrar alguém da própria espécie no Deserto Negro era algo raro e até reconfortante. Até mesmo uma simples conversa com outro humano era algo bem-vindo.
Porém, o homem não respondeu. Parecia estar dormindo. Claro, Han Sen não conseguia ter certeza, já que o sujeito estava de costas encarando o narciso. A postura sugeria que ele o observava, mas não dava para saber ao certo como estava virado. Tampouco dava para ver seu rosto.
— Amigo, vim em paz. Não quero te causar nenhum mal. Apenas encontrei este lugar por curiosidade. Se quiser conversar, seria ótimo. Caso contrário, sigo meu caminho — Han Sen continuou falando enquanto se aproximava.
Ainda assim, nenhuma resposta. O homem não se virou nem demonstrou qualquer reação. Apenas continuou olhando para o narciso no lago.
Han Sen avançou mais, mesmo com o silêncio inquietante do outro. Aquilo estava começando a deixá-lo desconfortável; algo ali parecia errado.
Ele se aproximou um pouco mais, mas evitou ir direto até o homem. Em vez disso, deu a volta, tentando vê-lo de lado.
Quando finalmente teve uma visão mais clara, Han Sen ficou chocado porque não era um homem vivo. O traje estava intacto, enquanto o corpo foi congelado por completo. Parecia uma estátua de gelo.
O mais estranho era que apenas a carne foi congelada. A roupa não tinha nem mesmo um pingo de gelo. E, mesmo assim, a força vital dentro dele ainda parecia pulsar, como se o homem estivesse vivo.
O semblante do Han Sen ficou sério. Aquele traje de combate era de um modelo antigo; algo do século passado, com mais de cem anos de idade.
— Como esse homem foi congelado aqui? Está morto ou vivo? — O coração do Han Sen disparou. Enquanto o examinava, notou algo em seu bolso.
Pela forma, parecia um caderno ou uma carteira. Han Sen se aproximou mais, curioso para encontrar alguma pista sobre a identidade daquele homem.
De repente, o coração do Han Sen disparou, e a Raposa Prateada no seu ombro se eriçou de imediato. Seus pelos estavam em pé, e ela rosnava em alerta para a água do lago.
Han Sen recuou instintivamente e encarou o lago congelado.
Splash!
A água do lago se ergueu de repente, formando mil fios cristalinos no ar, todos apontando para Han Sen.
Ele tentou desviar, mas os fios cristalinos eram mais rápidos. Invocou seu Rex Pontiagudo Flamejante e o brandiu contra os fios cristalinos que se aproximavam.
Pang!
A arma flamejante bateu contra os fios como carvão em brasa jogado na água. Muitos evaporaram instantaneamente, transformando-se em vapor, mas eram muitos, vindos de todas as direções. Rapidamente envolveram Han Sen como uma teia.
Han Sen sentiu o frio penetrando no seu corpo. Por mais que golpeasse com o Rex Pontiagudo Flamejante, os fios que destruía não eram suficientes. Cada vez mais fios o cercavam, drenando seu calor.
Em pouco tempo, ele já estava completamente envolvido, como se estivesse dentro de um casulo. Suas mãos ficaram presas, impossibilitando qualquer reação com a arma.
A Raposa Prateada também ficou em apuros. Disparou seus raios prateados contra os fios o tempo todo, mas isso não impediu o avanço incessante das ameaças gélidas.
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