Volume 4
Capítulo 266: Nanotecnologia
Xangai, China.
Perto das fronteiras da enorme e luxuosa cidade, havia um castelo enorme cercado por muitas torres. Nesse momento, no subsolo do castelo, dentro de um lugar parecido com um laboratório, havia um garoto que estava observando alguns dados no seu computador.
A alguns metros de distância, um homem inconsciente estava deitado em cima de uma mesa de metal. Várias partes de seu corpo estavam faltando, pintando uma cena desagradável para qualquer um ver. Ao lado do menino, estava outro homem que esperava com uma expressão preocupada.
“Como pensei, o programa que fiz ainda não tem capacidade de regenerar algo nessa escala. No máximo, coisas como cortes, partes esmagadas e ossos quebrados. Para regenerar membros, eu teria que melhorar o programa, o que é impossível já que o processador que fiz não é bom o suficiente.”
O menino falou depois de um tempo com uma expressão indiferente. Ao ouvir isso, Ye Hong ficou chateado.
‘Nem Baijian pode fazer algo sobre isso?”
O menino então se levantou e andou alguns metros até alcançar uma pequena máquina estranha que tinha a forma de uma esfera brilhante.
“Eu preciso seriamente criar algo bom, simplesmente não tive tempo. Com o pouco tempo que tive outro dia, só pude criar algo assim... Tanta coisa pra fazer, mas tão pouco tempo pra usar.”
Ye Hong se aproximou enquanto olhava para a estranha esfera e disse:
“Quer os dados dos processadores que a família usa nos robôs e armaduras de batalha?”
Baijian balançou a cabeça e respondeu indiferentemente:
“Não serve, eu já vi um pouco esse processador outro dia. Essa esfera é melhor, e ela não é nem perto de ser suficiente.”
Ye Hong sorriu amargamente e disse:
“Então vou levar o tio, precisamos pelo menos cuidar dos ferimentos dele, e lhe dar algumas próteses.”
Baijian balançou a cabeça e se aproximou do computador novamente.
“Não precisa, eu vou fazer tudo manualmente mesmo.”
Surpreso, Ye Hong se aproximou e observou enquanto Baijian digitava extremamente rápido.
Do alto da parte cima da mesa em que Ye Tian estava, um buraco se abriu e um braço mecânico saiu segurando um pequeno frasco contendo um estranho líquido vermelho que brilhava.
O braço lentamente despejou o líquido por cima do corpo de Ye Tian, e usando a mão de metal, começou a lentamente espalhá-lo pelo corpo, priorizando os ferimentos na carne.
Alguns segundos depois, o líquido lentamente começou a entrar no corpo pelos ferimentos em diferentes lugares, até finalmente desaparecer completamente.
Enquanto isso, Baijian digitava no computador com uma velocidade imensa. Na tela, havia uma quantidade enorme de números que desciam o tempo inteiro em grande velocidade. Observando isso, Ye Hong pensou silenciosamente:
‘Ele não está fazendo o que eu penso que está, certo?’
Enquanto observava o processo, os olhos de Ye Hong pararam no rosto de Baijian, que estava nesse momento demonstrando uma quantidade enorme de concentração.
Pensando no passado, Ye Hong não podia deixar de sorrir enquanto o observava nesse estado. Quantas vezes Baijian ficou assim antes? Ele podia contar nos dedos das mãos.
Todas as vezes, Ye Hong ficava satisfeito. Ele sabia, que seja lá o que o deixasse concentrado assim, era algo que lhe interessava muito, e que com certeza o deixava muito feliz em fazer.
Baijian é um menino que não tem muito interesse nas coisas, e não tem ambições muito grandes. Ele é muito simples, e faz o que faz sempre com objetivos que não lhe dizem muito respeito.
Sempre pelos outros, para os outros.
Quando é para ele, no entanto, ele não tem muitos desejos. Ele não se preocupa em vestir roupas caras, ou comprar coisas caras. Ele não busca dinheiro, nem poder. Mas o que ele quer, ele faz de tudo para pegar. Se é por algo ou alguém que ama, ele faria qualquer coisa, e é nessa hora que é possível ver seu brilhantismo. Quando ele quer, nada pode pará-lo.
Ye Hong não pôde deixar de rir ao pensar nisso. Lembrando as recentes ações dele, mesmo sem explicação, entendia seus pensamentos.
Blank, a organização que ele fez com o objetivo final de pacificar o mundo.
A construção de um lugar para as pessoas que ama viverem bem e sem se preocuparem com o perigo.
Esses pensamentos lhe lembraram do fato de que um dia ele ia embora, e Ye Hong não pôde deixar de ficar ainda mais emocional.
Enquanto Ye Hong se perdia em pensamentos complexos, Baijian estava completamente concentrado. Ele havia desenvolvido esse líquido vermelho, que na verdade são nanobots, junto com Yanyan.
Nanobots são pequenas máquinas minúsculas que servem como pequenos trabalhadores. Eles entram no corpo e reparam de dentro pra fora, fazendo diversas coisas, como reconstruir tecidos, estimular órgãos vitais, ou distribuir nutrientes para partes especificas do corpo.
Eles têm muitas funções diferentes.
Embora Baijian e Yanyan tenham conseguido criar os nanobots, eles não conseguem ainda usar esses pequenos trabalhadores à sua capacidade máxima, já que para eles funcionarem corretamente, precisam de um programa que lhes dá ordens para trabalharem automaticamente, e um processador capaz de passar essas ordens e gerenciar milhões deles.
Baijian tentou criar um de improviso temporário, mas simplesmente não era bom o suficiente. Mesmo que conseguisse aguentar por um tempo, podendo curar até mesmo ossos quebrados, por precisar trabalhar na capacidade máxima, e ser muito frágil, Baijian calculou que conseguiria trabalhar na capacidade máxima por no máximo três horas, e isso obviamente não era suficiente para fazer muita coisa.
Ele não tinha tempo suficiente para criar um processador decente. Recentemente, coisas mais importantes requereram sua atenção.
Claro, isso não era nenhum impedimento para ele curar Ye Tian, já que pode simplesmente fazer tudo de forma manual. Assim, o seu processador nem precisa trabalhar muito.
Depois de um tempo, Ye Hong puxou uma cadeira e se sentou.
“Eu estive pensando antes. Existe uma coisa chamada “cluster”, que é quando você une dois ou mais computadores para conseguir uma melhor capacidade de fazer trabalhos paralelos. Existe até uma técnica que eu li que usa de um programa para reunir uma quantidade massiva de computadores através da internet para fazer trabalhos complexos. Por que você não fez algo assim?”
Enquanto ainda continuava digitando, Baijian respondeu indiferentemente:
“Não serve. Clusters são bons para serem usados em trabalhos simples. Algo como o que estou fazendo precisa de muito mais poder do que números.”
“Por exemplo, vamos supor que um computador normal consiga fazer dois processos por segundo, e um computador top de linha consiga fazer seis processos por segundo.”
“Vamos supor que eu faça um cluster com dez computadores de cada. Pela lógica, daria para fazer oitenta processos por segundo. É assim na teoria, mas na prática não. Tudo tem a ver com a divisão de tarefas.”
“Existe uma ordem certa para se fazer as coisas, e diferentes computadores fazem processos em velocidades diferentes. Esse seria um dos primeiros problemas.”
“Isso não é um problema pra mim, já que posso simplesmente criar um programa que organiza tudo perfeitamente para usar os computadores na capacidade máxima.”
“Outro problema, é o compartilhamento de informações. Se eu usar outro computador, como o de outras pessoas, essas informações vão passar por esses computadores, e a menos que eu hackeie cada um deles e faça de forma que apaguem as informações depois de passar, elas ficarão naquele computador, e se cair em mãos erradas, pode acabar dando problema.”
“Esse também não é um problema, já que posso simplesmente comprar ou fabricar meus próprios computadores para isso.”
“Mas o maior problema, e o motivo do porquê não faço isso, é porque não é suficiente.”
“Hoje, em 2032, existem processadores com vinte e quatro núcleos, que podem fazer vinte e quatro processos de uma vez só. Sabe quantos processos simultâneos são necessários para que o programa final que ainda estou projetando dos nanobots funcione?”
Ye Hong sabia que era uma pergunta retórica, então balançou a cabeça.
“Depende muito do que está sendo usado para, mas até mesmo em um uso simples como um resfriado, são necessários fazer 266 milhões de processos por segundo.”
O coração de Ye Hong tremeu ao escutar isso. Ele sabia que era muito, mas não sabia que era nesse nível.
“Tem também o fato de que, mesmo usando milhões de computadores, seria um processo muito lento já que usar tantos computadores acabaria criando mais processos, o que conseqüentemente aumentaria a carga de trabalho, e, portanto, o tempo do tratamento.”
“Outra coisa é que esses processadores são muito lentos.”
“Para ter nanobots suficiente para curar todas as doenças e ferimentos no corpo humano, eu calculei que são necessários ter dezesseis milhões deles dentro do corpo. Cada um deles pode fazer 180 ações diferentes, que precisam de constante supervisão para que façam na ordem certa, no lugar certo...”
“Ou seja, mesmo curar algo como um resfriado exige uma enorme quantidade de 266 milhões de processos por segundo por exatos quarenta minutos.”
“Se eu usasse computadores normais pra isso, o primeiro problema seria que eles quebrariam rapidamente. Seriam produtos descartáveis que necessitariam de troca constante.”
“O segundo problema seria que por causa de grande quantidade de processadores eu precisaria de pelo menos o dobro do normal para que a troca de processos funcione de forma suave.”
“O terceiro problema seria o dinheiro necessário para isso. Eu teria que ficar trocando constantemente os processadores, o que não só daria trabalho, como também dinheiro constantemente para consertar e/ou fazer novos.”
“Existem vários outros problemas, dezenas na verdade, eu poderia ficar aqui por umas duas horas explicando porque não uso clusters.”
Percebendo a deixa para o fim da explicação, Ye Hong perguntou então:
“Quanto aquele seu processador pode fazer por segundo então?”
Ainda digitando em grande velocidade, respondeu:
“Ele tem oito núcleos, cada um deles pode fazer cem mil processos a cada 0.1 segundo.”
Fazendo as contas rapidamente, Ye Hong planejava falar que as contas não batiam, mas recebeu a resposta antes que pudesse perguntar:
“Aquele processador foi feito usando uma tecnologia diferente. Embora cada um dos núcleos só consiga fazer um milhão de processos por segundo, eles fazem sinergia entre si de uma forma completamente diferente dos processadores aqui da terra.”
“Por causa disso, eles podem fazer muito mais processos juntos do que separados.”
“Quando acontece essa sinergia, eles chegam a ter a capacidade de fazer oitocentos milhões de processos por segundo.”
“Meu objetivo no futuro é criar um processador muito melhor, com trinta e dois núcleos, cada um podendo fazer sete milhões de processos por segundo, com uma sinergia ainda mais avançada.”
“Quando eu terminá-lo, dará para operar pelo menos cem pessoas ao mesmo tempo, independentemente da condição dela, mesmo se perdeu membros.”
“Claro, mesmo isso nunca chegará aos pés do processador usado em Origens.”
Ouvindo isso, Ye Hong ficou interessado imediatamente. Ele já o ouviu falando várias vezes sobre a impossibilidade de Origens ter sido feito na terra, e com a conversa anterior sobre processador, finalmente teve uma idéia.
Mesmo o processador idealizado por Baijian não chega aos pés do usado em Origens, não é difícil de chegar à conclusão que Origens não é da terra.