Volume 1
Capítulo 2: Homem desconhecido
“Huh? Eu não estou morto?”
Ao acordar, Gustav percebeu que estava deitado no meio da floresta.
Ele lentamente começou a se levantar, e limpou a terra em suas roupas. Ele ainda estava com o uniforme escolar.
“Não estou nem minimamente ferido.” Notou ele ao realizar uma inspeção em seu corpo.
Vindos do Leste, junto do sol que subia lentamente, brilhantes raios de luz atravessavam por entre as folhas das árvores.
“Passou uma noite inteira?” Seus olhos se arregalaram devido o choque dessa realização, porém no instante seguinte, haviam voltado ao normal. “Até parece que alguém teria notado que eu sumi.” Murmurou em um tom depressivo.
Ele se virou para olhar a montanha de onde havia caído, quando ele percebeu algo piscando no canto esquerdo de sua linha de visão.
Seus olhos focaram na retangular luz azul piscando e algo inesperado aconteceu.
[Bem-vindo, hospedeiro!]
Caracteres de repente apareceram em sua linha de visão.
“Hã!? O que é isso?” Gustav falou com um olhar de espanto.
Virou para a esquerda, depois direita, mas não conseguiu perder os caracteres de vista.
Pensando que estava sonhando, ele fechou seus olhos. “Devo ter batido a cabeça quando caí.”
Alguns segundos se passaram então decidiu finalmente abrir os olhos, o que ele viu foram apenas mais caracteres.
[Hospedeiro idiota, você foi escolhido para empunhar um grande poder!]
“Hospedeiro idiota? Essas letras acabaram de me insultar? Espere… hospedeiro?” Gustav perguntou confuso.
[Você tem dez segundos para decidir se aceita este poder ou não.]
“Poder? Que poder? O que está acontecendo? Por que estou conversando com essas letras estranhas? Eu morri? Isso é punição pelo suicídio? Loucura na vida depois da morte?” Duvidando de sua própria existência e sanidade, ele fez uma série de inúmeras e rápidas perguntas.
Os caracteres mudaram novamente, como se respondessem as perguntas.
[Você tem a escolha de recusar este poder, mas isso significaria a morte!]
A mudança dos caracteres fez Gustav segurar em seu queixo.
“Então, estou vivo, mas o preço disso é essa loucura?” Ele se perguntou em voz alta “Espera, isso acabou de me ameaçar de morte?”
[Dez]
[Nove]
“Huh? Começou uma contagem regressiva.” Gustav notou os caracteres mudando a cada segundo da contagem regressiva.
[Sete]
“Eu vou realmente morrer se não responder ou recusar?” Após os eventos da noite passada, Gustav tinha um leve medo de encarar a morte novamente.
[Seis (Você vai morrer)]
Os caracteres responderam com franqueza.
“…”
[Quatro]
[Três]
Gustav sentiu sua frequência cardíaca desacelerar conforme a contagem se aproximava do zero.
Ba… dump! Ba… dump!
[Dois]
[Um]
“Eu aceito!” Gustav gritou.
A contagem parou imediatamente depois dele dizer isso.
“Huff! Huff! Huff! Essa coisa realmente ia me matar?” A respiração de Gustav estava pesada com o fim da contagem regressiva.
Querendo sentir seus batimentos cardíacos, ele colocou a mão direita no peito. Suspirou em alívio após a contagem ter parado.
[Parabéns por aceitar este poder! Seu destino mudou!]
Os caracteres mudaram novamente.
“Hmm? De que poder está falando?” Ele olhou para os caracteres sem ter entendido direito.
[Seu corpo agora passará por um exame de constituição e evolução!]
Boceja!
Após ler a última mensagem, Gustav notou seus olhos ficando pesados.
[O hospedeiro será transportado para sua residência e permanecerá inconsciente pelas próximas vinte e quatro horas.]
“O que es…” Antes que Gustav pudesse terminar sua declaração, ele notou uma silhueta escura cruzando entre as árvores a cerca de trinta metros a oeste.
Zwee! Zwee! Zwee!
A velocidade era grande e continuava disparando de árvore em árvore cercando Gustav.
Era como uma sombra escura.
“Quem está aí?” Ele reconheceu ser uma pessoa imediatamente.
Praticamente respondendo sua pergunta, um homem de dois metros, aparência musculoso, vestido com uma roupa preta justa, apareceu a seis metros de distância dele.
Ele também usava uma máscara verde que cobria metade de seu rosto.
“Você vem comigo, garoto!” A voz soou um pouco rouca.
[Dez]
“Quem é você e o que quer?” Questionando com um olhar assustado, Gustav deu vários passos para trás inconscientemente.
[Nove]
“Eu só preciso que você venha comigo! Sem necessidade de esclarecimentos!” O homem desconhecido afirmou com um tom autoritário.
[Oito]
“O que você planeja fazer comigo!?” Questionou novamente, seu coração começando a bater mais rapidamente.
“Venha comigo de boa vontade! Não tente nada engraçado ou terei que te machucar!” O desconhecido ameaçou com os olhos enrugados.
[Cinco]
Badump! Badump! Badump!
A cada segundo que passava, Gustav se sentia mais sonolento, mas estava determinado a não ser pego pelo estranho homem. ‘Um sequestrador? Traficante de mestiços? E se ele me vender? Me torturar? Cortar meus órgãos e vendê-los?’
Para alguém que ansiava a morte, ele tinha muito medo dos horrores que sofreria caso fosse pego por esse desconhecido, motivo esse que o fez não perceber a contagem regressiva.
[Quatro]
‘Corra!’
Gustav se virou na direção oposta e correu, juntamente com esse pensamento vindo em sua cabeça.
“Tolo!” O homem bufou enquanto corria de árvore em árvore, fazendo um caminho circular em torno de Gustav, que ainda corria.
O homem subitamente pulou do meio de uma árvore de duzentos metros e foi na direção de seu alvo.
Já sabendo que o homem era mestiço e calculando seus movimentos, Gustav decidiu imediatamente deixar seu corpo cair no chão.
Nesse processo de descida, o homem se movia com velocidade no ar.
Gustav percebeu que seus cálculos não foram precisos, pois a mão do homem estava a poucos centímetros de tocar seu ombro enquanto seu corpo estava em descida.
Era como se o tempo tivesse parado quando a palma da mão do desconhecido estava prestes a encostar…
[Zero]
[O hospedeiro agora deve entrar em sono profundo!]
Ele imediatamente sentiu sua visão escurecer quando a notificação apareceu em sua linha de visão.
Um flash de luz brilhante apareceu e cobriu Gustav, no segundo seguinte…
Zing!
Gustav desapareceu no ar enquanto a mão do homem passava por partículas de luz.
Dum!
Seus pés encostaram no chão e deslizaram alguns centímetros para frente devido à imensa velocidade em que estava.
Ele olhou para a esquerda e para a direita.
“Ele se foi?” O homem questionou com uma expressão incrédula “Uma linhagem espacial? Que raro.” Ele falou em voz baixa.
“Mas, no máximo, aquele garoto deve ser um mestiço Zulu! Suas habilidades não devem ter amadurecido ainda, o que significa que ele não pode ir muito longe com aquele teletransporte… Ele ainda deve estar nas proximidades desta floresta.” Assim que completou seu raciocínio, o homem partiu como um fantasma, pulando pelas árvores em velocidade inimaginável.
Ele decidiu varrer a floresta pelo norte apenas no caso de encontrar Gustav novamente, mas era inútil porque, neste momento, ele já havia sido transportado para seu quarto.
Os ventos na floresta continuavam soprando suavemente, como se fossem ignorantes a tudo que acabava de acontecer. Um fato que Gustav não percebeu foi que a alta montanha da qual ele pretendia se jogar, agora não tinha mais da metade do tamanho que costumava ter.
—-
— 30 minutos atrás. —
O sol nascente clareava o início do dia e declarava o fim da noite anterior.
Dormir era um dos costumes noturnos, mas parece que isso não se encaixava para um grupo de pessoas reunidas em torno de uma determinada montanha de uma das florestas nos limites da Cidade de Plankton.
O grupo reunido aqui usava roupas de aparência médica.
Acima da montanha, flutuava um grande dispositivo em formato de pires e aparência tecnológica. Raios de luz azul brilhavam a partir dele, varrendo cada um dos centímetros da montanha.
Um homem de cabelos castanhos escuros, vestindo um terno azul-celeste, estava parado na frente da montanha com quatro guarda-costas em macacões escuros justos posicionados à sua esquerda e à direita.
Os oficiais em trajes médicos continuavam se movendo de um lado para o outro. Eles pareciam estar investigando o estranho fenômeno da montanha sendo reduzida à metade em uma noite.