Volume 1

Capítulo 51: Proposta Inesperadas

Após libertarem Mani das mãos de Alaric, que a havia subjugado, Erne e Dorni fugiram das regiões montanhosas onde a cabana de Aldebaram estava localizada. Agora, avançavam em direção a Windefel para posteriormente retornarem a Estudenfel e relatarem tudo o que havia ocorrido ao rei.

Nas costas de Dorni, a deusa estava em fúria, seus olhos lançavam raios de ira, as veias avermelhadas pulsavam em suas escleras brancas. 

— Maldição! Maldição! Maldição! — Perder para um humano, ou pior, para praticamente uma criança, a deixava enfurecida em um nível estratosférico. — Eu vou te matar! Eu vou te matar, Apolo!

— Calma, senhorita Mani… — dizia Erne, avançando ao lado de Dorni.

Eles seguiam pela trilha natural, marcada pela passagem de pessoas, estendendo-se até Windefel.

A trilha era ladeada por pinheiros de todos os tamanhos e formas, com o chão de terra batida e compacta, formando um caminho sólido. Sob o sol intenso do dia, a deusa lunar se sentia ainda mais enfraquecida.

— Não me peça calma, humano! Você... você me trouxe até aqui e perdeu de forma patética, me forçando a lutar até minhas forças se esvaírem! O sol nasceu, e você, um inútil! E seu subordinado não tiveram forças para auxiliar. Sua incompetência é tão grande que me enoja.

— Meu mestre fez o máximo que pôde! Você que foi pat- — Dorni foi interrompido por um olhar penetrante de Erne.

O general até queria responder à altura, dizer para aquela arrogante que, no fim, foi ela que perdeu para um garoto que nem tinha completado seus 18 anos. Mas sabia que isso significaria sua morte, talvez pelas mãos da deusa agora, ou pelas mãos de seu rei mais tarde.

— Peço perdão, minha fraqueza resultou em nossa derrota e na perda de tantas vidas... — A expressão de Dorni se tornou sombria ao ouvir a autoacusação de Erne.

— A vida dos humanos é irrelevante para mim. O que me preocupa é a sua evidente fraqueza. Fortaleça-se, ou serei obrigada a acabar com sua vida, dando um favor ao patético rei ao qual serve. 

Erne estreitou o olhar, seus músculos tensos como cordas de violino. Seu único desejo era fazer aquela deusa engasgar-se com as ácidas palavras que despejava por aquela boca repugnante. No fim, o general chegou a uma única conclusão: 

"Deuses não são confiáveis, são meros seres arrogantes que se consideram superiores a qualquer outra forma de vida." Esta foi uma lição que o velho general jurou nunca esquecer, sempre relembrando-a com veemência e certo rancor.

Dorni, sentindo o peso irritante da deusa em suas costas, ainda carregava a expressão sombria que tinha ao ouvir seu mestre se culpando pela derrota. Ao virar o rosto para Erne, percebeu a mudança no clima e se surpreendeu com a intensidade da raiva nos olhos estreitos, na testa franzida e nas mãos que se contraíam. O general parecia prestes a agir drasticamente.

Enquanto a neve os cercava e a floresta os sufocava, com o caminho para sua segurança incerto, tudo poderia acontecer, até mesmo uma batalha para a qual Dorni não estava preparado.

"Não vale a pena..." Erne soltou o ar vagarosamente, suas mãos se afrouxaram e seu olhar se suavizou.

— De qualquer forma, precisamos acelerar o passo, Dorni. Temos que chegar a Windefel e encontrar a General Anelise.

— Sim! Ei... Mestre, o que é aquilo...? — Dorni apontou para a frente, onde uma espécie de barreira translúcida bloqueava o caminho.

Inicialmente, o general ficou perplexo, mas ao concentrar sua atenção, notou a barreira. Era difícil discerni-la, especialmente durante o dia, quando os raios solares interferiam no brilho azul. Mani ergueu sua cabeça, ainda carregando um olhar odioso, porém o vermelho em seus olhos estava diminuindo, indicando que a raiva estava se dissipando.

— É uma magia de barreira — ela disse, saltando das costas de Dorni.

O jovem quase caiu com a força contrária que ela gerou ao usá-lo como impulso. A deusa pousou com elegância, já empunhando suas espadas curvas.

— Quem quer que seja, saia! Ou enfrentará uma deusa! E eu já estou um pouco irritada — ela sorriu, mostrando os dentes, especialmente os caninos. — Talvez seja até bom para aliviar o estresse.

— Cuidado, senhorita — alertou Erne, já invocando sua lança. — Não sabemos quem fez isso, nem quantos estão envolvidos.

— E por que isso importaria? — Seu queixo ergueu-se, seus olhos semicerraram. Ela apontou sua lâmina em direção à barreira e, em um tom arrogante, anunciou: — Seja quem for, venha e enfrente sua morte.

Erne e Dorni observavam a atitude de superioridade da deusa, questionando como ela ainda tinha coragem de agir assim após ser humilhada por um adolescente. Era irônico demais. O jovem não conseguiu conter o leve riso, que, por sorte, a divindade, concentrada à frente, não percebeu.

Erne lançou-lhe um olhar repleto de desaprovação, seu rosto endureceu, revelando alguns músculos faciais. Imediatamente, o jovem cessou o riso e encolheu-se entre os ombros.

— Mestre! Lá vem ele! Na verdade… eles!

— Estou vendo. Fique em prontidão atrás de mim.

— Por isso ele é tão fraco. — Ainda com a lâmina apontada à frente, Mani olhou para Erne por cima dos ombros e depois dirigiu seu olhar até Dorni. — Você não o deixa lutar. Ele não é seu filho. Deveria se importar menos e deixá-lo lutar, mesmo que corra risco de vida.

O general permaneceu em silêncio, enquanto o jovem baixou o olhar. Em seguida, a deusa voltou sua atenção para a frente e entre as árvores surgiram dois homens, idênticos em todos os aspectos: pele branca, estatura mediana, com apenas uma pequena diferença de altura entre eles. Ambos exibiam cabelos negros que caíam elegantemente sobre os ombros, vestidos com túnicas nobres de cor azul.

O mais alto, tomou a dianteira e com um sorriso amplo, junto aos braços abertos, proferiu:

— Acalmem-se, não buscamos luta.

A deusa escutou e arqueou uma sobrancelha. Para alguém que aparentemente não buscava confronto, criar uma barreira era contraditório, parecia mais uma tentativa de demonstrar poder. Se era assim...

— Então diga-nos! O que meros humanos frágeis desejam com uma divindade? — Brandiu sua espada, gerando uma fraca massa de ar que se deslocou em direção aos dois, atingindo-os e levantando suas túnicas, agitando vigorosamente seus cabelos negros.

Erne percebeu que aquele ataque não visava causar dano, apenas era uma demonstração de força e uma forma dela dizer “Eu sou superior a vocês dois em todos os sentidos”.

Contudo, como Erne notou, os dois homens também entenderam. O mais alto à frente, que já esboçava um amplo sorriso, não se abalou com a massa de ar e apenas começou a arrumar seus cabelos.

— Que maldade... Eu tinha acabado de arrumá-los antes de sair de Reven...

— Dalian! Você está bem? — O homem mais atrás, e também mais baixo, tinha um olhar arregalado, aparentemente mais afetado pela demonstração de Mani, o que a fez sentir-se melhor.

— Sim, melhor que nunca! Delilian. — Seu olhar estreitou-se e se voltou para a deusa. — Agora que já demonstrou sua força, me deixe fazer uma proposta... Serei breve.

Mani quase gargalhou. Um humano como aquele querendo fazer um acordo com ela? Uma divindade? Apesar de considerar aqueles homens nada mais que pedrinhas irritantes, notou que o mais alto possuía uma aura estranha, assemelhando-se a um demônio. Isso despertou certo interesse. 

— Fale, mas que seja realmente breve... se não for...

— Entendido. Antes de fazer a proposta, farei uma pergunta. — Mani pareceu intrigada, e então Dalian continuou: — Você se encontrou com um garoto de cabelos vermelhos, que possui aquele olhar irreverente e desafiante, que causa ódio só de olhar para eles...

Mani, que já estava mais calma, enfureceu-se ao ouvir as características daquele insolente. Ela nunca esqueceria aquele olhar desafiador, aqueles cabelos como fogo. Seu olhar estreitou-se, sua aura tornou-se densa e seus músculos faciais começaram a saltar.

Dalian notou a mudança e deduziu que a resposta para sua pergunta era um claro "sim". Assim, fez sua proposta:

— Minha proposta é simples e direta: uniremos forças e traremos a cabeça daquele moleque.

— E por que eu me uniria a você? Qual a diferença entre ir sozinha e estar contigo? Sua força não parece significativa, sua presença não alteraria o resultado. — Sua lâmina, que ainda apontava na direção dele, abaixou. — Eu o mataria com ou sem você.

— O que meu irmão ainda não mencionou — interveio Delilian na conversa. — É que temos um método para derrotá-lo... Ele e aquele de cabelos brancos…

Mani fixou seu olhar em Delilian, as palavras dele a intrigaram. Enquanto ainda confiava em sua própria força para derrotar o jovem petulante, reconhecia a vantagem de uma abordagem mais eficaz para eliminá-lo.

— Você prometeu ser breve, mas isso parece ser o contrário — Apesar de interessada na proposta, especialmente na possível maneira de eliminar Alaric, ela mantinha sua postura arrogante. — Não prolongue mais, antes que minha paciência se esgote e vocês se tornem meros cadáveres.

— Acalme-se, é agora que vem a parte que talvez o convença — afirmou Dalian. — Tudo se resume ao Equitiliun.

Mani manteve o olhar fixo neles, sem demonstrar emoções além de sua arrogância. Mas ao ouvir aquele nome, reconheceu sua importância. Sabia do poder daquele livro.

— Um dos três objetos sagrados de Thot? O livro que tudo sabe? — questionou ela.

Erne arregalou os olhos ao ouvir, suas sobrancelhas se ergueram. Donri notou a possível surpresa de seu mestre ao escutar aquele nome estranho, mas ele não compreendia, já que nunca tinha ouvido falar desse tal livro antes. Entretanto, Erne exclamou:

— O livro que contém todas as informações do início até o fim deste universo!?

— Parece que o homem ao seu lado está familiarizado com a fama desse livro. — afirmou Dalian, sorrindo.

— Todos que se prezem conhecem — expressou Mani com desdém.

Essas palavras foram como facas para o jovem Dorni, que estava completamente alheio ao que era dito. Suas costas chegaram a curvar-se, e com um suspiro pesado, cochichou:

— Só sou humilhado... nessa porcaria...

Um sorriso sutil apareceu nos lábios de Mani, enquanto ela erguia uma sobrancelha com um toque de desdém, proferindo:

— Acho que já entendi onde quer chegar. Contudo, se formos realmente usar o Equitiliun, por que eu precisaria de você? Posso simplesmente pegá-lo e pronto, sua presença não é necessária.

— E você sabe como usá-lo? — perguntou Dalian.

A deusa, depois de muito tempo, finalmente perdeu sua postura arrogante, sendo abalada por aquelas palavras, já que na verdade não sabia.

— Foi o que pensei — disse Dalian, percebendo que mesmo sendo uma divindade, ela ainda tinha expressões bem humanas. Ele tinha certeza de que havia feito sua jogada com perfeição, e então finalizou o ultimato: — Pois bem, eu sei, mas não vou te contar... No fim das contas, se realmente quiser usar o livro, precisará de mim. Vivo e são. E então, senhorita deusa... aceita minha proposta?

Mani compreendeu a jogada daquele humano, o que a intrigou e a deixou um tanto fascinada. Quem imaginaria que no meio daquele cenário de árvores pontiagudas e neve branca surgiria uma proposta e pessoas tão empolgantes.

Com o vento suave agitando seus longos cabelos cinzentos e o sol iluminando seus olhos escuros, ela desfez suas lâminas. Olhou para Erne, que assentiu com a cabeça, embora não precisasse de sua confirmação. Ela já estava decidida e assim declarou:

— Aceito, com uma condição, é claro.

Hummm, e qual seria ela? — perguntou Delilian, curioso.

— Vocês irão me obedecer em qualquer circunstância ou condições. — Ela ergueu seu punho cerrado para o céu, diante do sol. — E juntos, destruirmos aqueles moleques insolentes. Eu prometo, em meu nome, Mani, e em meu verdadeiro nome: Manius.

Para uma divindade, revelar seu verdadeiro nome em uma promessa significava compromisso absoluto, pois para elas, nada era mais importante do que seus próprios nomes.

Assim, os três se aproximaram dos irmãos magos, e Delilian dissipou a barreira, prontos para seguir em frente.

— Preciso perguntar — começou Erne. — Qual o preço de sua ajuda? Afinal, ninguém faz nada de graça. E outra coisa, onde está o Equitiliun e, melhor ainda, como sabiam que íamos passar por aqui?

— Calma, tudo a seu tempo — disse Dalian, com tranquilidade. — Por agora, saibam que assim como vocês ambicionam algo, nós também temos nossas ambições. Ah, General Erne, preciso que o senhor me ajude a ter uma audiência com sua majestade.

— Como sabe o nome e o cargo do meu mestre!? — Dorni estava desconfiado. Ninguém havia mencionado essas duas coisas, o que levantava suspeitas.

No entanto, para surpresa de Dorni, Erne respondeu, dissipando suas desconfianças:

— Acalme-se, Dorni. E quanto ao seu pedido, Dalian — Era um pedido um tanto inusitado, mas por algum motivo, o general não via razão para recusar. — Está bem, vou pessoalmente solicitar uma audiência com o rei em seu nome.

Mani, que liderava o grupo por sua arrogância excessiva para se misturar com humanos, contemplou o céu e sussurrou para que apenas ela pudesse ouvir:

— Parece que os humanos finalmente estão se tornando mais do que simples brinquedos. Os tempos estão realmente mudando. — Ela riu de suas próprias palavras.

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Longe da divindade e seu grupo, no domínio inerte de Fuxi, dentro de sua caverna, todo o grupo de Alaric estava reunido. Dolbrian descansava no chão, ainda ferido, seu tempo estava parado pelos efeitos do domínio do Lycaion. Isso mantinha sua saúde estável, mas o lobo estava prestes a fazer o tempo do ancião voltar a correr normalmente.

— Faça, Fuxi — consentiu Gidoen, segurando a mão de seu avô, com os olhos ainda marejados. — Que tudo dê certo... que Luna abençoe.

Nadine ouviu o pedido à deusa, cruzou os braços e murmurou para si mesma:

— Não confie nos deuses, eles não irão te ajudar até que você se torne uma peça interessante em seu jogo de xadrez, mas meros peões nunca serão bispos.

Alaric foi o único a escutar, o que o fez abrir um sorriso de canto e pensar: "O que você ainda não sabe, Nadine, é que Gideon não é um simples peão neste mundo. Ele está mais para um rei sem sua coroa".

— Que o tempo do humano volte! — ordenou Fuxi.

E assim, o peito do ancião voltou a se mover, indicando sua respiração, mas era pesada. Suas mãos recuperaram o movimento e seus olhos vagaram por todos os cantos.

— Gideon... — Ele dirigiu seu olhar até o jovem à sua frente. — Alaric...

— Vovô! — Gideon estava prestes a saltar em direção a ele para dar-lhe um abraço, mas viu suas roupas escurecendo. — As faixas não estão contendo o sangramento! Astrid, use sua magia de cura!

Sem demonstrar hesitação, Astrid retirou a mão que estava no ombro de Gideon em um gesto de apoio e assumiu a dianteira, estendendo as palmas das mãos em direção à região do ferimento do ancião.

Era um ferimento profundo, iniciando no peito e atravessando até as costas, provavelmente perfurando um dos pulmões e cortando importantes artérias. A vida do ancião estava por um fio.

— Não estou conseguindo! — exclamou Astrid desesperada. Suas habilidades de cura eram rudimentares demais para lidar com uma ferida tão grave. — Alguém aqui tem algum conhecimento em cura?

Os olhares se cruzaram, Gideon buscava desesperadamente por uma solução, suas lágrimas pesavam como chumbo em seus olhos, suas mãos tremiam sobre os joelhos.

Nadine deu alguns passos para trás, vendo a vida daquele a quem Andra havia confiado prestes a se esvair diante de seus olhos.

Fuxi estava pronto para parar o tempo novamente, mas sabia que não seria sustentável por muito tempo. Eles precisavam de uma solução imediata.

"Apolo! Sua mana, ela me curou. Isso significa que ela possui habilidades de cura? Responda rápido!" Alaric tentava contato com Apolo.

"Em parte, ela age com mais eficácia quando se trata de seu próprio corpo; porém, quando envolve a cura de outra pessoa, torna-se imprevisível", explicou Apolo, tentando elucidar a situação.

"Sim ou não!? Seja claro!", Alaric estava impaciente, precisando de uma solução urgente.

"Tente... veremos o resultado", respondeu Apolo de forma enigmática.

O jovem não tinha outra opção a não ser avançar em direção ao seu avô, surpreendendo a todos. Com poucas alternativas e esperanças restantes, depositaram todas as suas expectativas no gesto de Alaric.

Astrid olhou para ele, seus olhos buscando uma solução.

— Você consegue? — perguntou.

— Tentarei. — Alaric não ofereceu um simples "sim" ou "não", apenas um "talvez", algo que não era de seu agrado, mas ele sabia que era preciso arriscar. Estendeu a mão em direção ao ferimento de Dolbrian, e dela emanou um brilho dourado. Sua mana percorreu o caminho até o ferimento, e o ancião começou a reagir, debatendo-se. — Rápido, Gideon! Segure os braços! Astrid e Nadine, segurem as pernas! Agora!

Ninguém hesitou e seguiram as ordens, cada um segurando um membro. O jovem Gideon ficou responsável pelos dois braços, devido à sua força superior.

"Alaric! Não está funcionando!" exclamou Apolo.

"Estou percebendo! Droga! O que eu faço!? Eu… eu não quero perder meu avô! Apolo!!" Alaric gritou, implorando por uma solução.

Tem uma alternativa, mas saiba que ela é arriscada e possivelmente possa trazer sua morte…” respondeu Apolo, com seriedade.

“Não me importa! Me diga como fazer!” Alaric estava determinado.

Você expandirá meu domínio, mas suas reservas de mana são escassas, ou seja, você pode acabar morrendo...”

— Não me importo. — Todos olharam para Alaric, perplexos com essas palavras sem entender com quem ele estava falando. E então Apolo instruiu a recitar: — Domínio inerte: Solactes Apolun.

Isso poderia salvar seu avô; o domínio de Apolo possuía a pilastra da cura. Era a última esperança. Contudo, após recitar as palavras, nada aconteceu.

Não é possível…” Apolo parecia desconcertado. Ele tinha plena certeza de que Alaric poderia usar seus poderes, mesmo que em menor intensidade. Algo ou alguém havia interferido.

Alaric se viu tomado pelo desespero, uma sensação que há muito não sentia desde a morte de Galdric. Por outro lado, Gideon inexplicavelmente encontrou serenidade, e palavras talvez por indução ou apenas espontaneidade brotaram em sua mente, palavras que ele recitou com fervor:

— Oh, deusa Luna, mãe da noite, senhora da lua que ilumina os céus nortunos. Seu filho implora por sua ajuda. Que o vento que sopra do norte traga seu socorro até mim.

— Gi…. — Alaric já havia perdido as esperanças, tudo estava nebuloso e frio, mas ao ouvir aquelas palavras, sentiu seu coração ser aquecido, uma rara paz o envolveu.

Após o jovem recitar, mesmo sob o teto de pedra da caverna, uma luz irradiou, formando uma silhueta no chão a partir de seu brilho intenso.

— Luna! — gritaram Gideon e Alaric em uníssono.

Luna…” murmurou Apolo, com um tom desanimado.



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