Volume 1

Capítulo 14: Novos Encontros

Enquanto isso na rua, Alaric andava sem rumo, tentando achar algo para passar o tempo até amanhecer.

Ao prosseguir mais um pouco pelo local, notou alguns homens passando. Os indivíduos caregavan o que parecia ser uma pequena gaiola, dentro desta gaiola havia um pequeno brilho.

“O que é aquilo?” Se questionou Alaric, ao ver o brilho se movimentando dentro da gaiola.

“Me ajuda!!” Essas palavras ecoaram pela mente do Jovem.

Por motivos que o próprio jovem desconhecia, sentiu uma vontade intrínseca de proteger, seja lá o que fosse aquilo.

— Espadas de luz, apareçam — falando isso, às espada imediatamente apareceram. — Ei, vocês aí! O que estão carregando?

Os homens interromperam seus passos e giraram seus corpos na direção do jovem Alaric. Seus olhos foram imediatamente atraídos para as espadas de luz que pairavam sobre ele. No entanto, isso não os intimidou.

— Não lhe diz respeito, seu idiota! — declarou o primeiro homem, apontando o dedo na direção do garoto.

— É melhor sair daqui antes que se arrependa — ameaçou o segundo, segurando firmemente a gaiola em seus braços.

“São valentes, mas parecem não ter habilidades de esgrima. Há algo por trás dessa confiança. Preciso arriscar!” refletiu Alaric.

Ao concluir seus pensamentos, não hesitou e avançou rapidamente em direção aos rapazes. Ainda incerto sobre a força que possuíam, optou por manter as espadas de luz próximas ao corpo. Em questão de segundos, estava próximo dos homens e, em um movimento ágil, saltou.

Um ar estranho envolveu o homem, seu olhar estreitou enquanto proferia: — Ressuscitar Ancestral!

"Não pode ser!" O solo abaixo do jovem começou a rachar, e com um estrondo ensurdecedor, duas mãos emergiram, lançando pedra e terra ao ar. Logo após as mãos, surgiu o corpo inteiro de um gigante que antes jazia na morte, agora reanimado como um ser sem consciência.

O gigante desferiu um golpe em Alaric enquanto ainda estava no ar, lançando-o para longe. Sem hesitação, a criatura saltou na direção dele.

Alaric caiu em algo macio; ao olhar para a sua mão, viu neve. Ao observar ao redor, viu apenas árvores.

"Onde estou? Quão longe fui lançado? E por que estou ainda vivo?" Sem tempo para ponderar, Alaric notou algo caindo do céu.

Ah, mer- 

O gigante caiu na frente de Alaric, e avançou em sua direção. Destruindo tudo pelo seu caminho; árvores, pedras, com um único objetivo: destruir Alaric.

— Droga! Droga! Porque fui me importar com algo que eu nem sei o que era! — Alaric saiu correndo desesperado.

Diante deles, um tronco caído oferecia uma pequena passagem por baixo. Alaric deslizou rapidamente por ali, exibindo um sorriso. O gigante o seguiu, destruindo o tronco ao passar. O jovem lançou uma de suas espadas, atingindo a barriga do monstro, porém, sem causar efeito algum.

O jovem continuava a correr, ao ver uma árvore escorada a sua frente pensou: “É tudo ou nada”.

Escalando o tronco, o gigante passou direto, permitindo que Alaric corresse a toda velocidade até o final. Com um salto, segurando uma espada de luz, ele cravou a lâmina nas costas do gigante, rasgando-a até a metade graças ao impulso da queda.

Alaric ficou pendurado pela espada nas costas do monstro, enquanto o gigante balançava para tentar tirá-lo. O jovem esforçou-se para permanecer lá e, tentou pegar a outra espada com a mão direita, mas deu errado e foi arremessado para longe, colidindo violentamente com uma árvore. 

— Merda, não tem o que eu fazer. — praguejou, encostado na árvore. As espadas de luz começavam a piscar. — E, para piorar minha mana deve tá acabando…

“Mas não posso desistir” mentalizou Alaric, que usou o último resquício de sua mana para uma investida final.

O gigante avançava em sua direção. Alaric levantou-se, e para economizar mana, desfez uma das espadas, ficando apenas com as duas restantes em suas mãos esquerda e direita..

— Venha monstro! — Alaric, portando uma expressão de desafio, encarou o monstro.

O gigante apertava o passo, Alaric também começava a correr, em meio a árvores e neve percorriam para um iminente encontro poderoso. O jovem arremessou uma das espadas, acertando em cheio uma árvore próxima.

Em seguida a retraiu rapidamente. Quando finalmente se aproximaram, ele deslizou por debaixo das pernas do gigante com os braços abertos, fazendo com que suas espadas acertassem as duas pernas da criatura, incapacitando-o momentaneamente.

— Espero que tenha um corpo bem resistente.

Após proferir essas palavras, Alaric esboçou um pequeno sorriso. A grande árvore na qual ele havia acertado a espada momentos antes, desabou sobre o corpo do ser.

Incapacitado mas ainda vivo. Alaric aproximou-se com cuidado. — Pobre criatura, volte a descansar. — após lamentar, fincou a espada na cabeça do gigante, o matando. 

Alaric decidiu retornar para cidade, pois a mana praticamente havia esgotado. Chegando na estalagem desabou no chão e dormiu. Entretanto, por apenas alguns minutos, até porque, já estava na hora de acordar.

— Nossa Alaric, parece até que foi atropelado — disse Gideon, surpreso com o estado de Alaric.

— Por que eu fui. Lutei contra um gigante morto-vivo, e aí o matei e blá blá blá. — Alaric ainda com a cara no chão, falava isso como se não fosse nada.

— Gigante? Luta? Morto-vivo? — Aldebaram parecia surpreso.

— Por que dá surpresa? Do jeito que as coisas estão, nada é impossível. Possível ainda guardas vierem aqui nos escoltar.

— Alaric.

Ah, sério? Mer-

Os guardas escoltaram os três até o palácio real, ao chegarem lá, depararam-se com um local imenso. Isso se dava por ter sido o palácio do antigo Rei Gigante e, graças a perfeita conservação, nada mudou.

— Que porta imensa! — exclamou Gideon, claramente surpreso.

Eles ficaram maravilhados com a luxuosidade do local, mas logo foram levados à corte ou sala do trono. Uma majestosa sala com um trono feito mármore, enriquecido pela estofagem de quimera divina e bordado em seda.

O percurso que conduzia a esse trono era traçado por um tapete azul imenso, ladeado por pilares esculpidos em mármore e o chão feito de vidro temperado. À retaguarda do trono, uma enorme bandeira de Windefel se estende.

Nesta sala encontrava-se importantes pessoas do reino. 

Aldebaram logo ajoelhou-se sobre o tapete azul em frente ao enorme trono de mármore, forçando Gideon e Alaric a fazer o mesmo.

— Aldebaram! Que bom vê-lo de volta, depois de tanto tempo — disse o Rei, com um enorme sorriso no rosto.

— Minha majestade, realmente é muito tempo, mas sem querer ser rude… Qual o motivo da minha presença ser requisitada? — Aldebaram questionou, não entendo o motivo de estar alí.

Aldebaram foi enviado a Astot como uma demonstração de amizade entre os reinos, mas sua família foi morta pouco tempo depois. Ele sempre se destacou como um guerreiro poderoso, sendo requisitado por várias nações.

Estavam perante os nobres mais importantes do reino, a corte aspirava à nobreza. Todos observavam os três com desconfiança, questionando a presença daqueles que não pertenciam à elite. No entanto, o rei era exceção, genuinamente apreciando Aldebaram e sua presença, indiferente a qualquer distinção social.

— Como sempre impaciente hahaha! — O rei parecia animado pela presença do guerreiro.

Sian, levantou-se do trono e aproximou-se de Aldebaram a passos elegantes, dignos da realeza.

“Nunca vi o Aldebaram agir tão formalmente, nem parece um brutamontes guerreiro”, pensou Alaric, fitando Aldebaram.

— É só que… não entendo o motivo da minha chamada aqui.

— Silêncio seu nobre falido! — gritou o Barão Cavaleiro, Darian.

Ao ouvir isso, Alaric sentiu seu sangue ferver instantaneamente, embora mantivesse uma aparência externa de calma.

— Se você não quiser perder sua cabeça, não se dirija a Aldebaram dessa forma novamente — avisou Alaric, calmamente enquanto ainda estava ajoelhado de cabeça baixa.

Ninguém além do rei havia falado com o cavaleiro dessa maneira. Afinal, ele era uma das pessoas mais importantes do reino.

Ham? Tô me ameaçando moleque insolente!?  

Darian, enfureceu-se instantemente, pôs a mão em sua espada e avançou na direção de Alaric. O ódio estava evidente em seu rosto, mas Alaric não se intimidou, mantendo-se calmo, mesmo que por dentro a vontade de esmagar a face daquele homem arrogante fosse palpável.

— Ameaça? Hahah, não, não… É só um aviso mesmo — disse Alaric, segurando-se para não voar no cavaleiro.

— Eu vou arrancar sua cabeça, seu merdinha!! — O cavaleiro desembainhou sua espada, e partiu para cima de Alaric.

Alaric desviou de olhos fechados, e o cavaleiro acertou apenas o espaço vazio onde o jovem estava. De repente, Alaric surgiu ao lado de Darian, desferindo um soco em sua face, quebrando seu nariz.

— Como!? — O cavaleiro não entendia e colocava a mão no nariz, agora sangrando.

— JÁ CHEGA! Vocês estão na presença da sua majestade! — exclamou Aldebaram, sua voz ecoou por toda corte.

Todo o caos ali instaurado, deixou de existir, ninguém ousaria desrespeitar o que Aldebaram falava. O cavaleiro voltou a sua posição, com o nariz ainda sangrando e Alaric voltou a se ajoelhar ao lado de Gideon.

Após os eventos tumultuados, o rei iniciou as explicações. A presença de Aldebaram foi requisitada, pois ele era o único guerreiro respeitado por outros países nórdicos.

— Bom, minha majestade, então tem alguma missão para mim?

— Sim, tenho. Quero que você vá até Asdenfel e informe que planejamos formar uma aliança militar/econômica com eles.

— Mas meu rei, não é apenas mandar uma comitiva?

— Aldebaram, se fosse apenas para isso, nem teria te chamado. Quero que você se junte ao exército de Asdenfel e inicie um ataque a Estudenfel.

Todos na sala foram pegos de surpresa, ninguém estava esperando isso, não agora. Mesmo com o medo constante da invasão, todos ainda achavam que o rei iria segurar sua vontade por um bom tempo.

— Eu sei que parece repentino, mas se não atacarmos agora, não atacaremos mais! — exclamou o rei.

— Meu senhor, eu não sirvo mais ao reino, eu posso recusar isso livremente? — perguntou Aldebaram.

— Pode sim, mas qual seria o motivo da recusa? — questionou o rei, não entendo o porquê de Aldebaram recusar uma luta.

— O motivo é esses dois ao meu lado, senhor. Não quero colocá-los no meio de outra guerra — Aldebaram se mostrava bem preocupado com os garotos.

— Outra? — Isso chamou a atenção de Sian 

— Sim, majestade. Estivemos na batalha de Riven. — Quebrando seu silêncio, Alaric decidiu entrar na conversa.

“O jeito que esse garoto se movimentou, para atacar Darian… não pode ser!” pensou e logo falou o rei:

— Você é o “Vulto da Morte”? — perguntou a majestade ao Alaric, incrédulo.

— Oi?

— Na batalha de Riven, um garoto que matou mais de 10 soldados. — O rei colocou a mão no queixo. — Ficou conhecido como “Vulto da Morte” por causa da velocidade em que matava e passava pelos soldados.

As notícias da batalha em Riven se espalharam por todo continente, e os feitos incríveis de um garoto desconhecido, foram os mais comentados. Gerando o apelido “Vulto da Morte”.

— Acho que sim — afirmou Alaric, com certa incerteza.

— Aldebaram, vá! Esses garotos sabem se virar melhor que muita gente.

— Tá bom, meu soberano, mas deve haver um plano, né? — indagou Aldebaram, esperando um plano. Até porque, seria impossível lutar lá sem qualquer estratégia.

O plano consistia em Aldebaram se infiltrar em Estudenfel e abrir o grande portão de dentro para fora, sendo a única passagem oficial para o reino. Com isso, os exércitos de Asdenfel e Windefel teriam acesso livre para atacar, replicando a estratégia que ocorreu em Reven.

— Meu senhor, essa não é uma tarefa importante demais para um nobre falido e crianças idiotas? — questionou Darian, olhando eles de cima a baixo.

Seu nariz ainda sangrava levemente. Agora além de arrogância, guardava rancor.

— Não questione seu rei, cavaleiro — A rainha decidiu falar, com uma voz serena e ao mesmo tempo intimidadora. Fez o cavaleiro se aquietar imediatamente.

— Majestade eu tenho um pedido… Como recompensa pela tarefa. — Alaric começou, pegando todos de surpresa.

— Não dirija a palavra ao rei, seu insolente! — exclamou Darian.

O rei apenas fez um sinal de parar com a palma da mão, e o cavaleiro ficou quieto novamente.

— E, porque eu daria uma recompensa para você, se é Aldebaram que é o requisitado para a missão? — interrogou o rei, que olhava fixamente para Alaric.

Alaric se levantou.

— Ora, pois você precisa de mim, e você sabe disso rei. — Alaric, tentava persuadir Sian. — Sem mim, Aldebaram não vai agir, não é mesmo guerreiro?

Todas as atenções estavam voltadas a Alaric agora.

— Ele está certo rei. Só irei agir, se for com Alaric.

— E o que deseja, garoto? — perguntou Sian, que sentou-se novamente no trono.

— Nada demais… — ao falar isso, Alaric abriu um grande sorriso no rosto. — Apenas que prometam aliança conosco... Para retomar Reven.

Todos na sala estavam confusos, não entendiam ou queriam acreditar no que acabavam de ouvir.

— Está mal- 

Antes do cavaleiro terminar de falar, Alaric apareceu por detrás dele e acertou sua nuca, o desmaiando. O rei não demonstrou qualquer reação. 

— Alianças são formadas com reinos, e você não representa Aldemere, nem nenhum reino — explicou o rei, com uma expressão serena em seu rosto.

— Claro que represento. O reino de Gideon. — A expressão no rosto de Alaric era a de convicção. 

— Oi? — Gideon foi pego de surpresa, não entendo nada.

— Vem na minha Gideon… — falou baixinho. — Eu quero sua ajuda para tomar Reven e assumir a cidade como novo reino de Gideon.

Hahaha! Tá louco? Sabe que assim estaria em guerra com Aldemere e Re’Loyal, né? — O Rei estava incrédulo com toda ausadia do jovem.

— Ó, e eu teria o prazer de esmagar esses países e óbvio com apoio do norte… 

Alaric reconheceu que a única maneira de retomar Reven e realizar o antigo desejo de Gideon de criar um reino justo era formar alianças e enfrentar Aldemere e Re’Loyal. Sem planos antecipados antes de chegar à corte, o jovem viu a oportunidade e arriscou sua jogada de sorte.

— Jovem, você só pode estar brincando.

— Rei, sabe... Aldemere é um reino bem rico em minérios e recursos naturais… Sabe, parcerias especiais, rendem negócios especiais…

Alaric sabia muito bem jogar o jogo da política, sabe que os reis sempre foram movidos por interesses. Aprendeu isso, desde sua conversa com um membro da revolução Espinhard. Sabendo da grande fonte de matérias primas e recursos naturais de Aldemere, jogou a isca, que foi mordida pelo rei Sian.

— Você sabe o que falar, parece até um político… Está certo, se vencermos, eu prometo em nome de Windefel que ajudarei a tomar Reven.

Alaric havia conseguido algo aparentemente impossível, uma promessa de aliança. Todos ali foram saindo e indo embora, Aldebaram e Gideon levantaram, e decidiram ir embora também junto a Alaric. 

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Notas:

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