Sinfonias Galáticas Brasileira

Autor(a): Yago.H.P


Volume 1

Capítulo 17: Queima de Arquivos

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Lanius: Área de pouso

Ali estava eu, iludido por pensar que poderia negociar pacificamente com um criminoso, e tudo o que ocorria agora eram as consequências. Meu joelho encontrava-se no chão, minhas mãos recuadas, e meu olhar fixo no cano da arma que Flaco apontava para a minha cabeça.

Ao fundo, podia ouvir os gritos de Suzuhara, que Poul se esforçava para conter. Não havia nada que eu pudesse fazer...

O que eu poderia fazer? Tentar atacar? Idiotice. Qualquer movimento em falso e meus miolos estariam pintando o chão da sala. 

O tempo ao meu redor parecia congelar, todos aqueles homens me encaravam com sorrisos prepotentes, e Flaco não era exceção, aquele sorriso repugnante estampado em sua face.

Justo quando tudo parecia perdido, quando o som do engatilhar da arma ecoava e minha vida parecia prestes a se extinguir, os vidros do trigésimo segundo andar se estilhaçaram, e botas seguidas por corpos invadiram o recinto.

— Ora, o que temos aqui? — No meio dos homens vestidos de preto que entraram, havia uma mulher que se destacava. — Pode abaixar essa arma? Ou ao menos segurá-la direito?

Ela tinha a mesma estatura que Suzuhara, com cabelos verde-escuros quase pretos e olhos do mesmo tom. Vestia uma roupa tática toda preta e usava óculos de proteção para tiro.

— Quem é você, porra!? — indagou Flaco, ainda apontando para mim. — Amiguinha desse inútil!?

Hã? — Ela me olhou em minha situação lamentável e, então, voltou sua atenção para ele. — Não, não... Mas também não posso deixá-lo morrer. 

Eu não conhecia aquelas pessoas, especialmente aquela mulher, e desconfiava de suas intenções, mas não ia reclamar de ser salvo. A situação no entanto, continuava tensa, principalmente quando os homens de Flaco miraram nos recém-chegados, que responderam da mesma maneira.

— Não me importo se você pode ou não deixá-lo morrer — esbravejou Flaco, seu semblante se tornando cada vez mais confiante. — Esse sujeito merece o inferno, pelas minhas mãos.

— Pensei que você já tivesse sido pago... — A mulher inclinou a cabeça, enquanto arqueava uma sobrancelha. — Ou você está quebrando o acordo?

Acordo? Que diabos estava acontecendo? Estava tão confuso quanto um cego em meio a um tiroteio, mas ao que parecia, aquelas palavras atingiram Flaco. Ele recuou a arma e a desengatilhou, dirigindo sua atenção para ela, perplexo.

— Espera aí, você trabalha para aqueles malucos? — Em um longo suspiro, ele bateu com a arma na cabeça algumas vezes e fez um sinal para que eu me levantasse. — Você é realmente um sortudo, moleque. Tem gente grande querendo você vivo…

Ergui-me lentamente, evitando movimentos bruscos para evitar problemas, até que finalmente fiquei de pé. Analisei a sala ao meu redor e, cara, estávamos em maus lençóis se um tiroteio começasse. Mas isso levantou uma série de questionamentos em minha mente. Quem queria me manter vivo? Seria alguém tão poderoso a ponto de fazer Flaco recuar?

Aquela mulher provavelmente trabalhava para essa pessoa misteriosa. Talvez ela tivesse as respostas que eu buscava. No entanto, ao encarar seu rosto, percebi que arrancar respostas dela não seria uma tarefa fácil. 

— Não me olhe assim... — Ela abaixou a cabeça em uma simulação de timidez e depois a ergueu com um sorriso sarcástico. — Não me leve a mal, mas meu tipo é bem diferente de você...

Realmente, ela seria uma pessoa difícil de lidar... Paciência, eu ficaria sem as respostas que tanto buscava. Mas ao menos continuaria vivo e, cedo ou tarde, esclareceria minhas dúvidas.

— Malucas não fazem meu tipo também — Fazendo um gesto de desdém com a mão, dei o xeque-mate: — Estamos bem longe um do outro.

Só pude ver aquela expressão convencida, sarcástica desmoronar para uma irritação, confirmando que eu tinha atingido um ponto sensível. Sua virada de rosto e bufada foram acompanhadas por suas palavras:

— Você devia estar agradecido por eu ter salvo sua bunda — Suas batidas de pé no chão indicavam sua ansiedade. — Vai, agradeça!

— Mas nem pensar. — Comecei a girar o dedo ao redor do ouvido. — Agradecer a uma maluca? Nem morto.

Faltava pouco para ela avançar em minha direção, mas, por sorte, um de seus homens se aproximou dela e sussurrou algo em seu ouvido. Pude apenas observar seu revirar de olhos e um leve mordiscar no lábio.

— Que seja, você vai me agradecer mais cedo ou mais tarde. — Ela virou-se para sair, dirigindo-se à janela quebrada. — Agora tenho que ir, tenho assuntos mais importantes para resolver.

Sem nem esperar qualquer resposta, partiu. Sua saída foi marcada por um salto pela janela, que, como não fez barulho lá embaixo, imagino que tenho conseguido de algum modo voar ou planar.

Com a saída dela, concentrei toda minha atenção em Flaco, sabendo que ele não me daria respostas, mas ainda assim esperava algo.

— Então, Flaco, tem algo a dizer? — perguntei, com voz firme.

— Não, apenas que tudo o que você precisa, já foi pago — Ele abanou a mão. — Agora saia daqui.

Isso foi... surpreendente, para dizer o mínimo. Há apenas alguns minutos, eu estava com uma arma apontada para a minha cabeça, e agora estava em pé, ouvindo alguém dizer que tudo o que eu precisava já havia sido pago. Isso levantou mais questionamentos em minha mente: quem teria feito isso? E, espera aí! O que exatamente eu precisava? Será que eles tinham conhecimento de todos os suprimentos que necessitávamos?

Ponderei sobre questionar o sujeito à minha frente, mas não estava com vontade de me envolver em outra discussão moral inútil e, mais uma vez, ter uma arma apontada para mim. Além disso, ao olhar para trás, meu coração se apertou ao ver a situação em que Suzuhara se encontrava. No final das contas, já havíamos passado por bastante naquele dia.

Sem dizer uma palavra, virei-me e comecei a me encaminhar para o elevador. Queria tirar minha oficial dali o mais rápido possível, o mais distante possível. Eu nunca me importei em ter minha vida por um fio, mas o mesmo não se aplicava às pessoas ao meu redor.

Ah, antes que eu me esqueça — disse Flaco, fazendo-me virar para ele. — Me pediram para te entregar isso.

Ele segurava um pendrive na mão, que lançou pelo ar em minha direção. O objeto voou pela sala e eu o agarrei.

— E o que é isso? — perguntei.

— Um pendrive, está cego? — ele respondeu, em tom irônico.

Tsc. Você entendeu o que eu quis dizer — retruquei. Era uma relíquia, algo que não era usado há séculos, nem existiam mais entradas HDMI.

— E eu lá vou saber? Só me pediram para te entregar.

Seria inútil continuar a conversa, então guardei o pendrive no bolso e saímos. Entramos no elevador e descemos.

Ao sair, notei que o carro que nos trouxera já não estava mais lá. Francamente... podiam pelo menos ter deixado algum meio de locomoção para nós. Parecia que nos odiavam o suficiente para isso.

Logo, o odor de metal enferrujado atacou meu olfato. Depois de tanto tempo naquela sala perfumada do Flaco, até me esqueci do verdadeiro cheiro daquela colônia. Caminhamos em silêncio, sem humor para conversar, Suzuhara ainda tremia levemente, sendo amparada por Poul.

Enquanto permanecíamos em silêncio, aproveitei o tempo para refletir sobre tudo o que aconteceu. Aquela discussão com Flaco não fazia sentido. O que ele esperava? Que eu simplesmente concordasse com ele, dizendo: "Ah, você está certo, devemos perdoar todos os crimes e não considerar ninguém como a escória da humanidade". Era absurdo, especialmente considerando que neste lugar havia todo tipo de facínora possível, muitos dos quais nem mesmo cumpriram suas penas.

E quanto àquela garota? Foi tudo muito repentino e surpreendente. Será que já esperavam por um surto de Flaco? Será que... eles esperavam pelo caos? Primeiro Jack, agora ela… Havia algo acontecendo por trás dos panos, encoberto pelas estrelas...

— Ezekiel — chamou Poul, me tirando dos meus devaneios. — Notou as vestimentas daqueles caras?

Agora que ele mencionou, realmente, todos estavam vestindo indumentárias táticas, que provavelmente custariam alguns bons milhões cada, além de outras roupas ainda mais caras.

— Notei. Flaco realmente subiu na hierarquia do crime. Ainda assim, não acho que sozinho ele poderia pagar por tanto.

— Suspeita de um patrocinador?

— Patrocinador? — Pensando bem, era uma boa teoria. Alguém poderoso o suficiente para entregar alguns milhões nas mãos daquele idiota. — Mas por quê? O que ganhariam ao patrocinar alguém como Flaco?

— Tudo depende do serviço que ele oferece. Você sabe que assassinato custa caro, e o terrorismo não fica muito atrás… Na verdade, é até mais caro.

Era um bom palpite, no entanto, assassinato poderia ser um serviço caro, mas era de pagamento único, assim como o terrorismo. Na verdade, o terrorismo nem sempre envolvia dinheiro, mas sim crenças em alguma causa. Claro, havia aqueles que aceitavam dinheiro para realizar atos terroristas. Contudo, mesmo que fosse esse tipo de serviço, não renderia tanto. Tudo indicava que ele estava recebendo um pagamento regular ou então foi uma quantia tão generosa que…

— Que apenas explodir um planeta poderia pagar… Poul! — minha exclamação, com os olhos arregalados, fez ele parar e franzir o cenho, enquanto Suzuhara dava sinais de recuperação. — Quanto custa explodir um prédio? Em termos de terrorismo.

— Provavelmente uns bons milhões, entre as bombas, toda a logística e subornos. — Poul finalmente conectou os pontos, olhando-me surpreso. — Calma aí! Você acha que Flaco...

— Um ataque a um planeta custaria na casa dos bilhões ou até trilhões... — interrompendo o silêncio, Suzuhara comentou, franzindo as sobrancelhas. — Zeke-San, se isso for verdade, Flaco pode ter ligações diretas com o ataque a Prometeus!

Tudo indicava que sim. O único crime que lhe renderia uma quantidade tão absurda de dinheiro seria explodir um planeta por inteiro. Portanto, Flaco era a pessoa mais próxima que tínhamos de respostas. Não tínhamos tempo a perder.

— Suzuhara, entre em contato com a nave e avise os outros oficiais! — Virei-me para correr em direção ao prédio de Flaco. — Poul, venha comigo!

Poul não hesitou em dar os primeiros passos, mas sentiu sua mão ser segurada por uma mais delicada. Era Suzuhara, olhando-o com olhos grandes e brilhantes.

— Vocês... vocês não podem! É perigoso! Estão sozinhos!

Quando Poul ia responder, ouviu o som de uma explosão poderosa o suficiente para fazer o chão tremer. E eu, ao olhar para cima, vi o andar onde ficava a sala de Flaco em chamas, com todas as janelas estouradas. 

No momento, todos esquecemos do que estávamos fazendo ou prestes a fazer e simplesmente corremos na direção do prédio o mais rápido que podíamos. Foram dois minutos a toda velocidade, usando nossas pernas já não humanas, até que nos encontramos diante da devastação.

As pessoas, especialmente soldados, estranhamente menos bem equipados do que os que havíamos visto antes, saíam com as mãos cobrindo os narizes por causa da fumaça que emanava dos andares superiores. Na fachada, pedaços do que um dia foi uma sala caíam, e vidros ainda choviam como lâminas afiadas.

— Vamos entrar — falei para os dois.

— Não temos que esperar por algum tipo de ambulância? Bombeiros? — perguntou Suzuhara, hesitante em avançar.

— Estamos em Lanius... — respondeu Poul, como se isso por si só já fosse toda a explicação necessária.

A oficial entendeu imediatamente. Estávamos em Lanius, uma colônia fora da lei no espaço, onde a lei do mais forte prevalecia com vigor e o crime era algo comum. Não havia órgãos governamentais, tampouco serviços de segurança; as pessoas que viviam aqui estavam por conta própria.

Com isso, reforcei a necessidade de entrarmos, e os dois concordaram. Ao entrar, pudemos observar a confusão, mas ainda assim, não se comparava ao que encontraríamos nos andares superiores. Era como um formigueiro com muitas formigas desnorteadas andando de um lado para o outro.

Olhamos para o elevador, mas nós três já havíamos enfrentado situações parecidas o suficiente para saber que subir de elevador seria uma péssima ideia. Assim, concordamos em subir pelas escadas, apesar de saber que alcançar o trigésimo segundo andar seria uma tarefa árdua e extenuante.

Quanto mais subíamos, mais a fumaça se tornava densa, tornando o ar cada vez mais difícil de respirar.

— Suzuhara! Peça os drones! — ordenei.

Ela parou imediatamente e começou a executar a tarefa. Eu e Poul continuamos um pouco à frente, observando-a. Parecia que não estava fazendo nada, mas na visão dela, uma tela flutuante estava à sua frente. Essa era a interface neural, possível graças aos chips em nossos cérebros.

Esperamos alguns segundos e logo pudemos ouvir o som das hélices dos drones se aproximando. Em menos de vinte segundos, os vimos surgindo na parte baixa das escadas. Eram drones de assistência à vida, equipados para nos ajudar em situações como a que estávamos enfrentando.

— Ordene que entreguem uma máscara de fumaça para cada um de nós — instruí.

Embora fossem chamados de drones de assistência, funcionavam mais como burros de carga. Pedi que Suzuhara os chamasse exatamente para nos entregar as máscaras de fumaça. Suzuhara prontamente obedeceu, e os drones abriram pequenos braços, retirando as máscaras de seus compartimentos internos e entregando-as para nós três.

Colocamos as máscaras e continuamos a avançar. Pedi a Suzuhara que mantivesse os drones próximos, pois poderíamos precisar de outras coisas. Nesse meio tempo, também ordenei que ela informasse os outros sobre nossa situação.

Depois de mais um tempo de subida exaustiva, chegamos ao andar de Flaco. O caos ali era muito diferente do que vimos nos andares inferiores. O fogo ainda se alastrava por todos os cantos, consumindo tudo o que podia e provocando uma fumaça tão tóxica que, sem as máscaras, estaríamos condenados.

Tudo o que antes era organizado e luxuoso na sala estava agora em ruínas, reduzido a pedaços e estilhaços. Seja o que for que aconteceu, provocou uma explosão poderosa, mas as paredes reforçadas do local pareceram conter grande parte da força da explosão.

Suzuhara ordenou aos drones que começassem a extinguir os focos de incêndio, enquanto eu e Poul começamos a vasculhar o local.

— Acha que foi alguma tubulação de gás? — indagou Poul, levantando uma mesa para olhar embaixo.

— Gostaria que fosse, seria uma explicação mais simples e fácil de lidar — respondi, mas algo me dizia que não era isso. — Mas desde quando as coisas são simples para nós?

— Você tem razão... — Poul terminou de erguer a mesa e ficou em silêncio por alguns instantes, até que: — Ezekiel, você não vai acreditar…

Meu foco se voltou para ele, e o que vi foi Poul com a mesa erguida, revelando um corpo aparentemente morto embaixo. Embora houvesse muitos corpos por todos os lados, aquele era especial. Corri até ele e, ao me aproximar, pude confirmar.

— Flaco, então nem ele escapou da explosão — comentei, agachando-me.

Poul observou por um momento, depois se abaixou bruscamente e começou a mexer no peito do homem.

— Ele não morreu na explosão.

Onde Poul mexia, havia um buraco no paletó e sangue ao redor. Meus olhos se arregalaram, mas consegui manter a compostura.

— Queima de arquivo... — murmurei, a única coisa que consegui raciocinar e dizer.

Aquilo indicava que a explosão não foi causada por um vazamento de gás. E se foi, não foi acidental; foi provocada. A explosão foi causada intencionalmente.

— Eliminam as pontas soltas e encobrem o crime explodindo o local com o corpo... — Poul disse, ainda com a mão no peito de Flaco, olhando para mim. — O corpo iria se estilhaçar em pedaços ou queimar até não ser reconhecível…

Isso não era incomum; na verdade, era assustador o quanto isso acontecia. Queimas de arquivo eram comuns, e como Poul mencionou, a explosão poderia ocultar o crime, despedaçando o corpo ou queimando-o até ficar irreconhecível. O tiro se tornaria invisível sem uma investigação minuciosa, algo raro em situações como essa.

Mesmo assim, ao olhar ao redor, a devastação era imensa. O buraco do tiro era pequeno, e o sangue mal saía. Que tipo de armas tinham usado? E, principalmente, no que Flaco estava envolvido? Primeiro, os equipamentos caros, depois aquele discurso estranho sobre as pessoas que viviam em Lanius, seguido pela obediência àquela mulher que invadiu a sala, e agora isso? Havia muitas perguntas sem resposta, mas todas pareciam conectadas.

— Zeke-san! Paul-san! — gritou Suzuhara, fazendo-nos virar na direção dela. — Olhem, o corpo ele...

Corremos até onde ela estava e vimos outro corpo, também intacto, com um buraco de bala no peito. E não era só aquele. Todos os corpos intactos tinham um buraco no peito.

— Quem fez isso? E como? Quem teria tanta habilidade assim? — perguntou Poul, com os olhos perdidos no vazio. — Ezekiel, que diabos está acontecendo aqui?

— Adoraria ter a resposta… Mas… — Foi quando vi o corpo de Flaco dar um espasmo. — Não acredito...

Corri até ele e deslizei de joelhos ao seu lado, vendo seu peito subir e descer. Ele estava vivo, talvez por pouco tempo, mas estava.

— Provavelmente tudo já foi carregado na Elizabeth. Ordene que voem até aqui! Agora!

— Mas comandante — começou Suzuhara, visivelmente preocupada. — Podem tentar derrubar a nave.

Ela tinha razão em seus receios. Estávamos em uma colônia fora da lei, onde armas eram comuns e as pessoas não eram as mais pacientes e civilizadas. Uma nave do tamanho de Elizabeth voando em baixa altitude poderia ser interpretada como uma ameaça.

— Merda! Mande enviarem uma nave de socorro então!

Uma nave de socorro era uma das pequenas naves que carregávamos dentro da Elizabeth. Era menor, mas ainda havia o risco de ser vista como uma ameaça. No entanto, não havia outra escolha. Suzuhara, entendendo a gravidade da situação, ordenou a nave de socorro.

— Ele está vivo? — perguntou Poul, aproximando-se de mim.

— Sim, mas temo que por pouco tempo. — Olhei para o oficial com determinação. — E eu não posso permitir isso.

Minha determinação não era para salvar a vida de Flaco. Eu precisava de respostas. Desde a explosão em Prometeus, aliás, desde o ataque antes de chegarmos a colônia, muitas perguntas surgiram, acumulando-se ao longo do tempo. Já chega, não suportava mais ficar no escuro, sendo jogado de um lado para o outro. Talvez a única pessoa que pudesse me dar uma luz fosse esse miserável do Flaco. Por isso, ele não podia morrer. Ele não ia morrer. De jeito nenhum.

— Suzuhara, prepare a equipe médica e esteja pronta para receber a nave de socorro. Precisamos estabilizar Flaco e garantir que ele sobreviva. — Ela acenou com a cabeça e saiu correndo para coordenar a operação.

Enquanto isso, o zumbido crescente da nave de socorro ecoava à distância, aumentando a tensão no ar. A equipe estava pronta, e eu sabia que cada segundo contava. Olhei para Flaco, ainda respirando com dificuldade, e me preparei para fazer qualquer coisa necessária para mantê-lo vivo. As respostas estavam próximas, e eu não podia deixar essa chance escapar. 

Foi então que meus ouvidos captaram o pior dos barulhos, o tiro de uma arma e, ao olhar para fora, vi aqueles desgraçados em cima dos telhados, mirando na nave medica. 

— Não acredito… Inferno!



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