Sinfonias Galáticas Brasileira

Autor(a): Yago.H.P


Volume 1

Capítulo 1: Mal Presságio

Em 2442, o mundo sofreu transformações marcantes, tornando a terra um lugar utópico. Essas mudanças tiveram início com Londres, antigo estado inglês, dividindo o domínio do planeta com a Rússia. Vivíamos uma era cibernética intensa, repleta de inovações tecnológicas quase divinas. A viagem espacial não era mais uma fantasia, com colônias humanas agora presentes por todo o sistema solar. Naquele dia celebrariamos a inauguração da primeira colônia além dos limites de nosso sistema.

Como comandante militar da frota de exploração da Academia Estelar Londrina, Ezekiel Franco Rocha, minha responsabilidade era garantir a segurança dessa inauguração tão aguardada e importante. No entanto, nunca imaginei que minha vida fosse dar uma reviravolta por estar encarregado desse dever.

Era um dia comum, como qualquer outro. Já era de praxe designarem minha frota para inaugurações de colônias, pois nunca algo fora do comum aconteceu. No entanto, desde que coloquei o pé para fora da cama naquele dia, senti uma sensação estranha, como um mau presságio.

Apesar disso, optei por ignorar, talvez fosse apenas um resfriado... Apesar de meu corpo ser geneticamente modificado, impedindo que resfriados ou qualquer tipo de mal-estar me afetassem.

Encontrava-me no meu apartamento, próximo à filial zero, a primeira e mais crucial filial da Academia Estelar Londrina. Talvez tenham decidido manter-me por perto apenas para me monitorar, de qualquer forma, não me importava, contanto que continuassem permitindo que eu morasse de graça. Podiam vigiar minha vida o quanto desejassem.

Naquela época, eu tinha cerca de 26 anos. Eu sei, era relativamente jovem para ocupar o posto de comandante de frota, mas tinha conquistado méritos suficientes para assumir tal posição e cargo. Com uma idade jovial, meu corpo refletia essa juventude, com uma notável estatura de 1,84 metros e uma figura atlética, sem musculatura excessiva. 

— O que eu visto, hoje? — me perguntava, já sabendo a resposta. 

Ao me contemplar no espelho da porta do guarda-roupa, apreciei meu corpo... Sim, um tanto narcisista ou dotado de autoestima elevada. Enfim, ao passar a mão pelo meu ombro, notei linhas azuis luminescentes percorrendo todo o meu braço esquerdo. Eram implantes cibernéticos. Afinal, havia perdido esse braço em uma batalha há algum tempo atrás.

Meus olhos exibiam uma coloração esverdeada, com palavras correndo por eles. Afinal, também eram equipados com implantes, semelhantes a lentes de contato tecnológicas, ou melhor dizendo, ultra-tecnológicas.

Além do braço esquerdo e dos olhos, minhas pernas, ouvidos e cérebro eram equipados com implantes. O chip cerebral desempenhava um papel crucial, sendo um dos mais importantes, pois garantia o funcionamento integrado de todos os outros implantes. Apesar de tantos implantes, a pele sintética que os cobriam, imitava a pele humana, dando a impressão de ser natural.

Mesmo com tantas modificações corporais, ainda me sentia surpreendentemente natural, especialmente quando comparado aos fanáticos por implantes que substituíam praticamente tudo que podiam.

Além disso, possuía cabelos castanhos com mechas brancas, que provavelmente precisaria retocar e re-platinar em pouco tempo.

— E lá vamos nós para mais um dia, tendo que viajar o cosmo. — Não desfrutava de um dia tranquilo, desde quando comecei a ser designado às inaugurações de colônias; diariamente, era necessário embarcar em viagens incessantes.

Optei pelo básico: calça preta e uma camisa branca da organização, ostentando um "A" estampado nas costas. Confesso que achava a vestimenta sem graça e pouco criativa... por isso, o sobretudo preto tornava-se essencial, constratando com minhas botas brancas.

— Não, posso esquecer disso. — Na minha cabeceira, estava uma corrente com um pingente em formato de broca, era meu xodó. — Vamos perfurar o céu, né. — falei com leve sorriso no rosto, ao passo que colocava ele no meu pescoço.

O pingente era de um anime bastante antigo, "Gurren Lagann", que por algum motivo resistiu ao teste do tempo. Meus pais costumavam assistir comigo, afirmando que era uma herança de um antepassado distante da família, um ancestral realmente antigo. Mesmo sendo um anime mais antigo, eu o amava profundamente, e meus pais me presentearam com esse pingente, que se tornou o último presente deles para mim. 

Preparado para mais um dia agitado, deixei meu apartamento no vigésimo segundo andar. Passei pelo corredor bem iluminado, com flores enfeitando cada porta, um toque natural em um mundo com uma essência cibernética. Minha mãe tinha uma predileção por flores, então sempre que eu via uma, um leve sorriso se formava em meu rosto. 

“Que o elevador esteja vazio” Minha única vontade, até porque, conversar com qualquer pessoa logo de manhã, sempre se mostrava um verdadeiro porre. Apesar de eu ser geralmente sociável, de manhã, eu parecia mais uma fera, anti-social.

Apertei o botão do elevador, que rapidamente chegou ao meu andar. Infelizmente, já estava ocupado. Mesmo assim, entrei, precisando me apressar, e adotei a velha tática da “cara de poucos amigos”, na esperança de indicar que não estava disposto a conversar.

Entretanto, isso se mostrou ineficaz, já que o sujeito insistiu em puxar assunto.

— Mora no vigésimo segundo, né?

“Mas, que caralho…” 

— Sim, sim.. ha, ha… — Um sorriso forçado, era a única coisa expressada em meu rosto.

— Indo trabalhar? 

“Esse cara não viu que não tô afim de conversar!?”

— Sim… tô indo, sim. — Minha única vontade era sair logo dali, e ir para minha nave.  

— Eu também… Ah, cara, já estou cansado de trabalhar naquela porcaria de empresa…

“Porque esse cara tá desabafando comigo? Mas que caramba…”

Parecia que estávamos presos em um lapso temporal, fazendo o tempo se arrastar, e aquela musiquinha irritante do elevador só piorava a situação. Por que ainda existia isso? Logo, um silêncio desconfortável se instalou, até que… 

Plim!!

O som que eu tanto queria ouvir, finalmente aconteceu quando cheguei ao térreo. Saí do elevador rapidamente, sem nem mesmo olhar para trás. Provavelmente, aquele cara devia pensar que eu era estranho ou mal-educado, mas pouco me importava.

Corri para a central o mais rápido que pude. Ao chegar lá, iniciei uma conversa com a atendente.

— Hey, Olívia. — Acenei para ela, uma moça muito gentil, recatada… mas de corpo, um tanto saliente.

— Ezekiel! Pensei que não viria hoje. — respondeu Olívia, uma expressão gentil, mas que logo tornou-se brava.

— Desculpa, desculpa. — Ela ficava tão fofinha, com essa expressão…. Mas não podia me deixar distrair, rapidamente peguei o elevador que levava até o hangar subterrâneo, onde minha nave e as naves das tropas estavam.

Um lugar no mínimo fabuloso, sua extensão se estendia até onde a vista alcançava, daí a necessidade comum de usar um carrinho para se locomover por lá. A parte superior era composta por passarelas com portas ao longo de toda sua extensão. No centro das passarelas estavam estacionadas naves de todos os tamanhos e formas. Antes de ir para minha nave, segui pela passarela mirando a porta do comandante geral.

O cara que me transmitia as ordens, embora eu ocupasse um cargo relevante, sempre haveria alguém acima de mim.

— Comandante! — Três pessoas bateram continência ao me ver, eram meus subordinados.

Sofia, a mais jovem, com aproximadamente 22 anos. Uma moça meiga, porém, não se deixe enganar, pois ela poderia facilmente superar desafios e destroçar um adversário. Por esse motivo, ela liderava a unidade especial da minha frota, assumindo o posto de almirante. Com uma altura mediana de 1,78 metros, possuia implantes em ambos os braços, pernas, olhos, ouvidos e, como é comum, o chip no cérebro. Seu cabelo era prateado, e os olhos azuis.

Seu corpo de curvas acentuadas era adornado por uma vestimenta elegante e prática, combinando preto e azul-marinho. Sua jaqueta tinha detalhes luminescentes azuis e ombreiras estratégicas, transmitindo uma aura de comando e as botas brancas com detalhes em azul luminescente, uniam estilo e funcionalidade. Um cinto discreto guardava dispositivos essenciais, enquanto o emblema da unidade especial e minha frota, representando uma constelação, adornava a jaqueta.

— Comandante Ezekiel, a tropa especial está pronta, e a espera do senhor. — Ainda de peitos estufados, coluna ereta e mão na testa, Sofia, mostrava-se sempre certinha.

— Okay, me acompanhe até a sala do comandante geral. 

— Sim, senhor. — Baixou a mão, e dispensou os outros dois que a acompanhavam.

Eu e Sofia seguimos em direção à próxima porta. O som constante de marteladas e aço sendo soldado era irritante, mas infelizmente comum, afinal, estávamos em um hangar. Mas ao adentrarmos a sala e fechar a porta, o som de imediato cessou.

— Eu já não disse para bater antes de entrar, hein!? Ezekiel! — O homem rude, me dirigindo a palavra, era o comandante geral da filial zero. O homem com maior poder na região.

— Você fala demais, velho. — respondi, parecia até um ato idiota, tanto que Sofia me olhou apavorada.

O clima ficou denso, como se uma faca pudesse cortá-lo a qualquer momento. O olhar profundo do comandante geral penetrou minha alma, arrepiando meus pelos. 

— Ora, seu…. Desgraçado hahaha! Não me chame de velho. — Fazendo um gesto com a mão, me chamou. — Venha, sente-se.

A sala era dominada por uma mesa que claramente pertencia ao general. Atrás da mesa, uma cadeira marcada pelo uso frequente daquele homem. Atrás dele, apenas o vazio, pois ainda estávamos abaixo da terra... ou realmente achou que houvesse uma janela ali? Sobre a mesa, uma imensa papelada, já que o comandante não era muito de leitura, delegando essa tarefa à sua assistente, que, no momento, não estava presente.

Eu e Sofia nos sentamos nas cadeiras à frente da mesa. Sofia, mais recatada, manteve-se ereta com as mãos juntas sobre as coxas. Já eu? Bem, me sentei de qualquer jeito, só não coloquei o pé acima da mesa, porque o comandante geral já havia feito isso.

Minha visão se deparava com um coturno preto, seguindo para uma calça militar e, por fim, uma camisa militar. Camisa que estava sobre aquele corpo de músculos um pouco robustos. 

— Já deve saber o motivo de sua requisição. — começou o comandante, ao passo que dava uma tragada em seu charuto. 

— Sei, sei, Ethan. Inauguração de colônia. — falei em tom desanimado.

— Exatamente, jovem. — Deu outra tragada. — Mas hoje é especial, você já deve ter ficado sabendo.

"Especial?" Tentei puxar da minha memória, até que a notícia que se espalhou por todo o mundo veio à mente: a inauguração da primeira colônia fora do sistema solar.

— Ina-

— Inauguração da primeira colônia fora do sistema solar, senhor. — Sofia tomou a frente e falou. Para uma jovem geralmente recatada, atrapalhar meu momento de parecer compromissado, pareceu um tanto ousado…

— Você podia ser igual a sua subordinada. — Soltou a fumaça que estava em sua boca, e bateu o charuto no cinzeiro, fazendo as cinzas cairem vagarosamente. — Compromissado.

Eu ia falar... Seu! Bom, então hoje a missão seria fora do comum. Normalmente, as missões eram próximas. Mas, não seria um problema, já que os propulsores e motores de dobras, transformavam uma viagem de meses em algumas horas apenas, ou até menos que isso.

O comandante pegou uma pasta que estava encima de sua mesa e jogou para mim, rapidamente a peguei no ar. 

— E, o que seria isso?

— Coordenadas, e Instruções… apesar de você raramente as seguir.

Eu não era exatamente o que se podia chamar de obediente. Normalmente, criava minhas próprias regras e ordens, o que nunca se mostrou um problema, pois tudo sempre deu certo.

Esse meu jeito criou inúmeras inimizades e atritos ao longo de toda a minha vida. No entanto, foi agindo assim que alcancei o posto de comandante.

Entretanto, algo vagou por minha mente. Londres não era o único país da Terra; a Rússia também existia e, pior, competia em uma espécie de nova corrida espacial, onde ultrapassar o que parecia ser impossível, tornou-se a nova meta. Como eles reagiriam a isso?

— E, a Rússia? — perguntei, com tantas questões em mente.

— Bom, estamos de olhos neles. — Colocou o charuto no cinzeiro e cruzou os braços. — Até o momento, nenhuma movimentação alarmante.

A Rússia simplesmente observaria sem fazer nada? Isso era impensável para esse país, conhecido por sua abordagem agressiva. Batalhas estelares contra suas colônias eram comuns, apesar da paz reinar na terra por muito tempo, cerca de 400 anos, desde o fim da 4° guerra mundial e a divisão do mundo entre apenas esses dois países.

Entretanto, ao observar o rosto já marcado e cicatrizado de Ethan, senti confiança em suas palavras. Se ele assegurou que não era nada alarmante, então não era. Simples assim.

Joguei a pasta no colo de Sofia e me ergui da cadeira, ela acompanhou meu movimento. Ethan fez o mesmo. 

— Então, até daqui a pouco. — Estendi minha mão em sua direção.

— Até, e boa viagem. — respondeu, estendendo a sua mão e apertando a minha com firmeza.

Rapidamente, segui com Sofia até minha nave... Meu amor: Elizabeth. Sei que podia parecer estranho nomear minha nave, mas todos faziam; era uma espécie de batismo. Não me julgue.

Ao caminhar um pouco, lá estava ela, em meio ao amontoado de trabalhadores e rodeada por outras naves que, tinham certa imponência comparada a minha, mas nenhuma a superava. 

Até porque, Elizabeth era uma nave de comando, da 8ª geração, a última a ter sido lançada. Poucos tiveram acesso a naves dessa geração até agora, e posso dizer que eu era privilegiado. Havia o toque de Ethan nisso; ele podia parecer durão, mas, por algum motivo, me adorava e vivia me ajudando.

A nave, com seus impressionantes 60 metros de comprimento e 25 metros de largura, chamava a atenção por sua aparência imponente. Com uma fuselagem branca, composta inteiramente por ligas de titânio avançado e materiais cerâmicos, ela incorporava uma combinação de leveza e resistência raramente vistas. Suas laterais eram repletas de armas, pequenas, médias e grandes, não apenas a lateral como também a parte superior.

As linhas elegantes da nave eram acentuadas por detalhes em azul luminescentes que percorriam toda a sua extensão. A forma aerodinâmica da nave fornecia eficiência em movimento, enquanto sua coloração branca transmitia uma sensação de pureza e avanço que me encantava. Uma verdadeira obra-prima, e meu único amor.

— Comandante! — Uma saudação coletiva ressoou, acompanhada pelo estridente som de batidas de pés, ecoando por todo o hangar. Homens e mulheres formaram um corredor unido, onde passei a passos firmes e confiantes, ao lado de minha almirante. A atmosfera estava carregada de respeito e determinação enquanto avançávamos juntos.

Todos nutriam uma reverência por mim, mesmo com minha pouca idade. Todos respeitavam e seguiam minhas ordens, afinal, eu era o capitão daquela frota.

A frota mais poderosa da filial 0, Star Fire. Conhecida por ter um histórico impecável, com 0% de falhas e nenhuma fatalidade em combate.

Ao subir pelo portão de acesso traseiro da nave, virei meu corpo bruscamente, com uma expressão convicta para aqueles ao qual confiavam em mim.

— Temos uma nova missão! Aos seus postos! 

Todos me obedeceram e foram para seus postos dentro da Elizabeth. 

— Senhor! — Me saudando, estava Victor. Piloto da Elizabeth.

Um homem mais velho do que eu, com 30 anos, de pele morena escura. Podia ser considerado aquele em quem mais confiava. Afinal, ele pilotava meu xodó. Seus cabelos curtos, pretos, estavam em um corte militar, desnecessário, já que eu não exigia isso, apenas para deixar claro…

Com um corpo atlético de músculos grandes, envolto por um uniforme branco, assemelhando-se a um traje de capitães de navios, ele completava o visual com um chapéu de capitão. Os implementes eram feitos em suas mãos, pés e um chip no cérebro.

— Victor! Assuma o comando!

Ele prontamente obedeceu e subiu à ponte de comando. O chão possuía esteiras que facilitavam e aceleravam a locomoção pela nave, embora, às vezes, correr fosse mais rápido. Também haviam elevadores, já que a nave possuía dois andares, acima do hangar que ficava no térreo dela.

Eu me encontrava neste hangar, ainda não poderíamos zarpar, pois, estávamos abastecendo os suprimentos.

— Senhor! — Ao virar meus olhos para Sofia, vi seus olhos em um brilho intenso. Então, olhei para onde ela estava fixamente fitando.

Duas armaduras mechas estavam sendo colocadas no hangar da nave. Com seus 3 metros, eram tanques com braços e pernas. Resistentes e poderosos.

— Para uma fã de Gundam, isso deve ser um sonho, né hahahah! — Fiz a piada ou observação com humor, esperando uma reação no mínimo contente, mas recebi apenas um olhar frio… que doeu na alma.

— Não fale disso, senhor. — Sofia virou a senhora do gelo, com seu tom que pareciam estacas bem geladas e pontudas.

Eu deveria ter imaginado que receberia uma resposta assim. Sofia não apreciava quando eu compartilhava seus gostos em voz alta. Mas, sim, minha almirante era fã de animes bem antigos, que por algum milagre sobreviveram ao tempo, especialmente aqueles com robôs gigantes. Ver um mecha pessoalmente sempre trazia um lado mais infantil dela à tona… Meu também, como fã de Gurren Lagann.

Um jovem rapaz, que estava acompanhando a entrega dos mechas, veio até mim com uma prancheta na mão.

— Senhor! — Bateu continência. — Assine aqui. — Me deu uma caneta e apontou para onde eu deveria assinar.

“Mechas de últimas gerações, equipados com…!” Eu não podia acreditar no que estava escrito, era algo impensável. E, ainda iria carregar em minha nave… 

— Senhor! Senhor!

Fala! — Ao perceber que acabei exagerando no tom, me senti um pouco envergonhado. — Desculpe… — Bom, mesmo com tais informações, eu não podia fazer nada, afinal, eram mechas fornecidos pela filial. Então, apenas assinei. — Aqui.

O rapaz pegou a preencheta e caneta de minhas mãos, me reverenciou e foi embora. Seus passos contra o metal da nave, foram ficando baixos e distantes até que desapareceram.

— O que aconteceu? — perguntou Sofia, ela mais que ninguém conhecia muito bem, e sabia que eu tinha visto algo no mínimo intrigante.

Mas estava claramente indicado que era extremamente confidencial, ou seja, revelar até para minha almirante era estritamente proibido. No entanto, eu não estava me sentindo confortável com isso... Fazer o que né, eram ordens.

— Nada, não — Colocando a mão em minha cintura e passando a outra em minha nuca, tentava disfarçar o desconforto. — Bom, vamos para ponte de comando?

Deixei que alguns oficiais supervisionassem o término do abastecimento de suprimentos e subi com Sofia para a ponte de comando. Optamos pelo primeiro elevador no hangar, que nos conduziu até o segundo andar, ao final do corredor.

A partir dali, seguimos em linha reta. Todo o interior era altamente tecnológico, adornado por telas holográficas ao lado de cada porta que margeava o corredor até a ponte de comando. Essas telas não apenas indicavam a função de cada sala, as pessoas presentes, mas, dependendo da patente, também ofereciam opções para comandos específicos à sala, como liberar algum gás normalmente sonífero dentro dela.

Ao chegarmos à ponte de comando, todos os meus oficiais mais importantes estavam lá: Sofia, que veio comigo; Victor, responsável pelo controle da nave; Vincent, meu oficial engenheiro; Sarah, minha oficial médica; Poul, meu oficial tático; e Suzuhara, minha oficial de operações. Apenas faltavam a oficial de ciências e meu oficial de segurança da nave.

Assumi, a frente dos controles da nave, olhando as enormes janelas que ali estavam. Me virei abruptamente e então proclamei:

— Nossa nova missão, garantir a segurança da inauguração da nova e primeira colônia, fora do sistema solar. — Virei-me de volta para as janelas. — Vamos! O universo nos espera.

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