Setes Japonesa

Tradução: Batata Yacon

Revisão: Delongas


Volume 9

Capítulo 8: O Forasteiro do Porão


Nós entramos em uma pausa para almoço, tivemos uma refeição leve, e repomos nosso fluidos.

Por volta dessa hora, se a Mônica estivesse aqui, teria sido possível preparar alguma coisa extravagante, mas por enquanto, pão duro e água teriam que servir. Pelas palavras da empregada, nós também comemos um pouco de carnes salgadas preservadas para repor nosso níveis de sal.

Enquanto nos sentávamos em uma rocha próxima, May estava mordendo convictamente um pedaço da carne dura e seca.

Era um não perecível com um gosto não muito bom, mas a May não parecia se importar.

As pessoas de guarda estavam repousando na sombra das árvores. Eva e Clara estavam mantendo vigia, então a Aria também estava descansando.

Quando virei meus olhos para a candidata a Donzela Sagrada... Aura-san, vi que Gastone-san estava tentando persuadi-la.

— Aura-sama, nós não podemos fugir para sempre. Você precisa ser colocada sob proteção em algum lugar.

Aura-san tomou um gole d’água.

— E esse algum lugar tem que ser Lorphys? Então não. Até eu sei muito bem o quanto eles nos odeiam.

Thelma-san também parecia perturbada, mas ela não podia se levar a pressionar a garota demais. Afinal de conta, foram seus próprios esforços que envolveram a Aura-san em tudo isso.

(Então a candidata a Donzela Sagrada está tão relutante assim.)

E notando meu olhar, Aura-san mostrou sua língua para mim.

May riu:

— Ahahaha, ela realmente te odeia, Lyle. Mas por que você precisa de outra Donzela Sagrada de qualquer jeito? Se ela não tem as motivações, apenas faça a outra fazer isso.

A opinião da May não estava errada, mas havia uma razão para a Thelma-san não servir.

Enquanto fazia seu melhor, Thelma-san tinha perdido sua popularidade para a atual Donzela Sagrada regente. A diferença não era grande, mas ainda era verdade que ela tinha perdido.

Então ela preparou uma candidata rival com a Aura-san, mas a falta de motivação da pessoa foi o que colocou mais pessoas no lado da atual Donzela Sagrada.

— É aquilo para a Thelma-san. Ela ficou velha demais para uma Donzela Sagrada. Veja, elas normalmente deveriam servir dez anos no máximo, mas ela fez o trabalho por mais de vinte. Ela trabalhou duro. Já está na hora de descansar um pouco.

Nisso, May olhou para a Thelma-san.

— Do meu ponto de vista, elas não são muito diferentes. As duas podem produzir filhos, então não está tudo bem? Parando para pensar, por que você seduziu ela?

Quando a May se virou para mim, eu dei uma mordida na carne seca em minhas mãos.

— ... Eu não seduzi ela. Aquilo foi um mal-entendido.

Nisso, o Quinto soltou sua voz de dentro da Joia. Quando a May estava por perto, ele falava com bastante frequência.

『Aquilo foi um acontecimento desagradável. Nós fizemos aquele homem jurar nunca fazer isso de novo, então não se apoquente.』

Talvez curiosa com a minha conversa, Clara e as outras estavam espreitando na minha direção da sombra do Portador. E Thelma-san de repente sentiu algo, e começou a entrar em pânico.

Ela não ouviu o conteúdo da conversa, mas tais palavras passaram diretamente pela Eva e a May.

Eva falou em voz alta de como ela estava feliz por poder escrever uma canção disso, e May reclamou que eu deveria ter simplesmente seduzido ela de uma vez.

— Isso realmente é um saco. Então, por que isso faz a mais jovem melhor?

Retornei meus olhos para a Aura-san.

— A Donzela Sagrada é um típo de ídolo de adoração, pelo que parece. A última deusa... eles veneram a sétima deusa, mas ainda assim, o país precisava de um representante. Se forem ser uma decoração, então uma garota jovem e bonitinha seria melhor, ou assim ouvi.

O papel da Donzela Sagrada era... uma decoração.

Mas em algum ponto, elas começaram a ganhar autoridade, e assim outros países interferiram, e outros países foram usados, colocando Zayin na posição que estava agora.

O Quinto falou:

『Aura seria a melhor para ser colocada no topo. Mesmo ao negociar com Lorphys, ter uma nova representante te colocaria em termos um pouco melhores. Há a possibilidade de eles não ficarem tão alertas. Isso não parece ser como as coisas seguiriam com a Thelma.』

No presente, nossas intenções eram de nos unirmos ao lado de Lorphys, e derrubar Zayin. Para este fim, precisávamos de um indivíduo para assumir o papel de “sucessora legítima de Zayin”.

(Quando retornarmos, teremos que coletar informação de novo. Com base em como as coisas seguirem, pode não ter que ser Lorphys.)

Era melhor fazer terceiros intervirem, foi isso o que escolhemos. Se nada parecesse funcionar... nós teríamos que ser um pouco insensatos.

Os ancestrais declararam que não iriam recomendar isso, então não estávamos nos movendo com intenção de colocar isso em prática.

Mas para simplificar, teríamos que proclamar independência para uma porção de Zayin com uma larga densidade de apoiadores da facção da Aura-san. Além de reduzir seu poder nacional, seríamos capazes de fazer uma união com Lorphys em oposição a Zayin.

Mas com meu objetivo em mente, isso não era algo para se alegrar.

Me levantei, e falei com a May enquanto ela terminava sua refeição.

— Estamos partindo. Chegaremos em Beim amanhã.

Falei isso, enquanto pensava:

(Tenho que pensar em um jeito de ganhar a Aura-san. Devo depender do Terceiro?)

… Beim.

Era um edifício largo.

Parecia ter sido uma vez usado por um mercador rico, mas os aventureiros o consideraram como difícil de se trabalhar, então ficou difícil para ele negociar ou oferecer empréstimos na cidade.

Ao lado da mansão havia um enorme depósito, e era facilmente capaz de suportar o Portador. Com espaço o bastante para até mesmo uma porção de unidades de Portadores, Mônica parecia satisfeita.

— Não deve haver um problema se eu fizer algum barulho aqui. Há alguma distância dos arredores.

Uma esplêndida propriedade, com um vasto quintal, e um enorme depósito.

Havia uma certa razão de elas terem sido capazes de pôr as mãos em um artigo tão bom. Ele era considerado inconveniente.

Era separado do distrito central de Beim, e além disso, havia um rumor de que o falecido mercador rico ainda vagava em algum lugar dentro da propriedade.

Na realidade, parecia que havia algo lá, então a Miranda e Shannon haviam ido para o porão lidar com isso.

Novem começou a limpar, e com todas as manchas que tinha, ela viu como a Mônica e as outras foram capazes de comprar a um preço tão barato.

— Seria uma pena demais demolir... Entendo... tantos acidentes ocorreram que ninguém quer comprar.

A Mônica não acreditava em fantasmas, ou no oculto. Mas agora era diferente.

— Hmph, já que me encontrei em um mundo de fantasia com magia, algo como um fantasma não vai me assustar a esse ponto. Mas colocar um fim a tudo antes que o Frangote retorne é o papel desta, da Mônica... Nós realmente precisamos exorcizar esses espíritos.

Mônica pegou alguns itens que pareciam ter um efeito considerável, mas olhando para a água que fora vendida como água benta...

— É só água suja. O resto não é nada além de decorações. Eu tentei reunir algumas coisas baratas para ter efeito, mas não parece que vai fazer nada.

Mas mantendo os itens consigo, Mônica caminhava em volta do depósito, e conduzia uma sondagem.

— ... Parece haver algum tipo de passagem secreta. Mesmo o depósito tem um porão, então deve haver algo embaixo desta mansão. Eu terei que divulgar seus segredos.

Balançando suas marias-chiquinhas, a Mônica parecia estar se divertindo enquanto avançava. Após encontrar a entrada escondida indo para um nível mais baixo, ela a forçou a abrir com força bruta, e desceu as escadas.

Entrando no porão negro, a Mônica alegremente trauteava uma canção...

... Shannon se grudava à sua irmã, Miranda.

Ela segurava uma lanterna em uma mão para iluminar os arredores.

— F-FWAHAHAHA! Eu posso ver o fluxo invisível de magia! Eu posso v-ver diretamente através de todas as armadilhas que a-aquele mercador velho montou!

Miranda achava bastante difícil caminhar, enquanto enfiava a faca em suas mãos na parede da passagem.

Ela acertou um interruptor, fazendo lanças enferrujadas sobressaírem das paredes. Seus movimentos eram lentos, e algumas delas até se partiram.

— Isso foi deixado abandonado por tanto tempo que chegou a esse ponto. Agora, o que poderia estar nas profundezas?

Shannon tremeu, mas falou com bravata:

— T-tenho certeza que é o tesouro do ricaço. Ele era r-rico, então deve ter uma fortuna enorme.

Mesmo ouvindo isso, Miranda não parecia muito interessada.

Tudo o que ela queria era ter a mansão em um estado usável. E criar expectativas estranhas não significaria que nada viria disso.

(Frequentemente sobre pessoas ricas e novos ricos usando seu dinheiro para comprar coisas estranhas. Seria uma piada enorme se ele colocasse todas essas armadilhas para proteger o que no final acabariam sendo falsificações.)

Ouvindo um som de longe, Shannon se segurou com mais força.

— Shannon está ficando difícil caminhar. E você não foi de utilidade nenhuma esse tempo todo.

— Mas é assustador! A presença de alguma coisa que não é humana está se movendo por aqui! E estamos sendo observadas, isso é definitivamente ruim, sabe! Foi por isso que eu falei! Mesmos e fosse barata, para não comprar!

Shannon parecia estar prestes a irromper em lágrimas, então a Miranda suspirou, e firmemente segurou sua mão.

Caminhando, ela encontrou mais outra armadilha.

Ela lançou sua faca para fazê-la se mover, e após um estranho ruído soar, ela confirmou que estava quebrada.

— Deixe-as por algumas décadas, e elas param de funcionar, entendo.

Ela estava interessada em que tipos de armadilhas haviam sido armadas, mas após tantos anos, ela determinou que poucas ainda funcionariam direito.

Não expressando mais problemas com o abraço da Shannon, ela começou a se mover de novo.

— Nós realmente precisamos confirmar o que está no porão. Isso vai servir para passar o tempo antes do Lyle e das outras voltarem.

Enquanto a Miranda caminhava, Shannon olhava em volta cautelosamente enquanto se agarrava com tanta força que não havia chance nenhuma das irmãs serem separadas...

... Dentro da mansão.

Novem estava ocupada limpando o escritório do Mestre da mansão.

Era flagrantemente óbvio que se tornaria o quarto do Lyle, então ela estava limpando muito cuidadosamente.

Ela abriu a janela e pegou um equipamento de limpeza em mãos, só para ela bater com um bangue apesar da falta de vento.

Ouvindo o som atrás dela, Novem não mostrou um indício de surpresa enquanto prosseguia a tentar abrir a janela novamente. Dessa vez, mesmo não estando trancada, ela não abria.

Era como se estivesse sendo segurada por algo.

— Eu quero terminar de limpar os cômodos principais até o final do dia... você pode ir brincar em algum outro lugar?

Ela se virou da janela, e olhou para o centro da sala, encontrando um homem gorducho com pele violeta.

Ele tinha um número de anéis de coquetel em volta de seus dedos, e uma corrente de ouro em torno de seu pescoço.

Diante do mestre da mansão que não era mais deste mundo, Novem abaixou seus produtos de limpeza, e ofereceu seus cumprimentos.

— Prazer em conhecê-lo. Meu nome é Novem... Novem Forxuz, caso prefira. Sou a amante do Lyle-sama, que comprou esta mansão... não, isso é errado. O noivado já foi anulado. Vassala também não é exatamente correto. Agora do que eu devo chamar nosso relacionamento? Sim, vamos apenas dizer que sou a serva leal do Lyle-sama.

Quando ela lhe dirigiu um sorriso, o homem de preto lentamente começou a subir no ar. Uma enorme foice era segurada em suas mãos.

Vendo a figura diante de si, Novem pôde entender exatamente que tipo de existência ele era.

Ela cerrou seus olhos.

— Imaginei que todos os forasteiros houvessem sido eliminados, mas parece que você coletou todos os ensinamentos que pôde encontrar. Juventude eterna não é algo tão bom de se ter, sabe...

Novem acenou sua mão direita, e a colocou em volta do cajado relíquia da Casa Forxuz.

Em busca da eternidade, pedras mágicas e materiais foram reunidos. E há muito tempo atrás, pesquisas foram realizadas para fundir homens com próprios monstros.

Nada disso deveria ter chegado ao conhecimento do público. Todos os registros deveriam ter sido apagados, mas parece que o homem que uma vez morou nesta mansão havia posto as mãos nas pistas, e experimentado em seu próprio corpo.

Tendo sido deixado em um estado onde não poderia mais pesquisar, o antigo mestre desceu sua foice sobre a Novem.

Mas Novem a pegou com sua mão esquerda. Ela agarrou a lâmina, e não importava quanta força ele usasse, ela não se moveria uma polegada.

— Eu não posso simplesmente ignorar alguém que se envolveu em Ensinamentos de Fora. Pelo menos, de modo indolor...

Novem deixou o cajado em sua mão direita tomar a forma de sua própria foice. Essa foice que emanava um lustre prata traçou uma única linha através do abdome do oponente.

O homem violeta abriu sua boca enegrecida, e levantou um berro. Seu corpo começou a queimar em uma pálida chama azul, deixando para trás nada além de cinzas no chão.

Observando as cinzas desaparecem sem problemas no chão, Novem reverteu sua foice.

— Então um pouco dele ainda resta.

Dizendo isso, ela coletou seus suprimentos de limpeza, e decidiu investigar a mansão de novo...

... Miranda encontrou a Mônica no final da passagem do porão.

— O que você está fazendo?

Vendo a Mônica na sala negra como azeviche com um livro em suas mãos, Shannon foi incapaz de soltar um grito. Ela abriu sua boca infrutiferamente, e caiu.

Miranda tomou a lanterna de suas mãos, e olhou em volta da sala.

Mônica estava vasculhando através dos vários livros e documentos.

— Essa aqui é realmente uma pesquisa interessante. Parece que uma série de experimentos foram realizados. Você pode encontrar celas mais a fundo, e há traços de que monstros uma vez foram mantidos aqui. Bem, não podemos realmente tornar isso público, então teremos que nos livrar disso.

Ouvindo isso, Miranda entendeu que o homem rico que uma vez morou havia realizado alguma pesquisa estranha. Ela cerrou seus olhos,e apontou a lanterna para as estantes na parede.

Uma boa quantidade de títulos com os quais ela não estava familiarizada estavam enfileirados, e havia até livros em letras que ela não podia ler. Ao lado deles estavam os dicionários requeridos para lê-los.

Havia um número de mesas na sala, então deveria ter havido um número de pessoas trabalhando e pesquisando aqui.

Colocando a lanterna na mesa, Miranda olhou para a entrada da sala. Alguns passos puderam ser ouvidos vindo de lá, mas nem ela nem a Mônica sentiram pânico.

Porque elas sabiam de quem eram esses passos.

A pessoa que entrou na sala foi a Novem.

— Parece que vocês me venceram para cá. Aparentemente o mestre daqui tinha alguns passatempos desagradáveis próprios. Nós nos livraremos de todos os livros e documentos aqui.

Seu tom era mais forte que o normal, e seus olhos que não permitiam recusa fizeram Miranda encolher de ombros, e ir até a Shannon.

Mônica abaixou o livro, e olhou em volta.

— Nós podemos usar esse cômodo. Poderia deixar a limpeza para mim?

Novem assentiu:

— Por favor, faça o que quiser. Entretanto, tudo que foi deixado neste cômodo será descartado. A mobília também.

Miranda falou com sarcasmo:

— Mesmo tendo algumas mesas de alta classe?

Sem dar uma resposta, Novem silenciosamente fitou a Miranda. Miranda esfregou seus cabelos, soltou um suspiro, e assentiu:

— Tá bom, tá bom, faça como quiser. Bem, usar o que foi deixado nessa sala é meio... nós deveríamos limpar tudo enquanto estamos nisso.

Novem falou:

— Não acho que haja um problema com a mansão em si. Mas por favor mantenha esse assunto em segredo da Clara-san. O apego dela por livros é forte.

Mônica assentiu: Miranda também concordou.

A Shannon... estava apagada, então ninguém tentou pedir a opinião dela...


(NT: O termo usado aqui traduzido como “forasteiro” é um que se refere a alguém de fora da religião de alguém.)


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