Setes Japonesa

Tradução: Batata Yacon

Revisão: Ana Paula / Delongas


Volume 5

Capítulo 12: Mano-a-Mano


... Finalmente tendo rompido o portão norte, a manada de monstros invadiu com os orcs na liderança.

E diante deles, Aria levantava sua lança.

Os orcs corriam para as paliçadas e as armadilhas de cova cobertas enfileiradas no interior do portão.

As estacas fixadas no fundo das armadilhas soletravam o fim de uma quantidade de monstros, mas alguns dos monstros enterrados usaram seus companheiros como plataforma para pularem para cima e se agarrarem nas brechas das paliçadas de madeira.

Soldados e Cavaleiros com lanças os perfuravam, mas, diferente do portão leste, suplementavam suas forças com puros números.

Eles não foram capazes de preparar óleo a tempo e tudo que podiam montar eram simples buracos.

Um mensageiro veio correndo para informar à linha de defesa da situação no centro.

“O Grifo foi para o centro! Um Hipogrifo para o leste!”

Pegando o mensageiro em pânico, Aria confirmou o estado das coisas:

“Explique direito! Havia dois Hipogrifos, certo? Para onde o que sobrou foi!?”

Sem fôlego, o mensageiro continuou:

“O Grifo e um Hipogrifo... para a posição do capitão representante...”

Capitão representante... isso provavelmente significava o Lyle.

(Só dois de uma vez? Eu tinha certeza que eles atacariam com todos os três.)

Aria olhou para o céu, e descobriu que as bestas voadoras não estavam mais visíveis.

Testemunhando um lampejo de magia, ela não podia fazer nada além de acreditar que o Lyle estava aguentando bem.

“Nós estamos aguentando bem aqui, então diga a ele para não se preocupar. Reforços do leste também...”

Foi nesse momento.

A barreira foi derrubada, e os monstros começaram a entrar.

Com sua lança em prontidão, Aria se virou para perfurar um goblin acercando-se e balançou o cabo em um amplo arco para soltar o corpo do monstro de sua arma.

O mensageiro se afastou um pouco, mas Aria falou:

“Nós cuidaremos das coisas aqui, então diga isso pra ele! Rápido!”

Observando o homem sair correndo, Aria olhou para um orc, que havia pego uma das toras que formavam a paliçada como arma.

Ele derrubou os soldados próximos, e foi diretamente para ela.

(Eles não conseguem nem aprender a se afastar um pouco!?)

“Recuem!”

O cercado que havia sido construído em velocidade máxima era mais frágil do que ela havia pensado, e o buraco nele logo seria preenchido por monstros.

Enquanto Aria levantava sua lança na direção do orc, batalhas corpo-a-corpo irrompiam em todo canto.

Aqueles orcs problemáticos fluíam um atrás do outro, e um deles caiu repentinamente com uma flecha em sua cabeça.

“Clark-san?”

Descendo de sua posição na parede, ele estava em frente a uma fileira de Cavaleiros e soldados, enquanto soltava suas flechas no monstro.

Deixando sua besta no chão, ele puxou a espada em sua cintura.

“Estamos sem flechas! Arqueiros, preparem seus escudos!”

Os soldados ergueram tábuas disformes de madeira e repeliam ataques da frente, enquanto soldados por trás davam estocadas através das brechas nesses escudos com seus piques.

Forçando os monstros a recuarem, Clark em si estava enfrentando um orc.

“Ele não é nada mal.”

Aria usou uma de suas Skills para cortar um orc também. Sangue espalhou-se em seu entorno, e a colisão de metal e os gritos de batalha começavam a ficar altos.

“Todos os feridos, recuem! Nunca deixem a batalha ficar um a um!”

Clark dava ordens, e as tropas ao redor começaram a fazer uma reviravolta, dando alguma liberdade de movimento para Aria.

A partir daí, era a área de domínio da Aria.

“Aha! Vamos láaaaa!!”

Havia a cena se desdobrando em torno dela, e excitada pela visão de sangue, Aria balançava sua arma manchada de carmesim.

Um corpo aprimorado por uma Skill.

Uma lança endurecida para aumentar seu poder.

Ela elevou sua velocidade e massacrou um monstro após o outro.

Vendo sua forma no campo de batalha, Clark murmurou para si:

“... Que proeza. Que valentia. Se ao menos ela fosse um homem, então...”

“Que desperdício” murmurou...

Quando esquivei das garras do Grifo enquanto elas mergulhavam em minha direção, prenderam-se na aljava amarrada em minhas costas, levantando-a no ar.

A besta tentou ganhar altitude batendo suas asas, mas um impacto da aljava a explodiu fora de curso e a fez concentrar sua atenção nela.

(Uma explodiu? Eu realmente tenho que ter cuidado com o uso delas.)

Feliz por não ter explodido enquanto ainda estava nas minhas costas, fiz a mira na aljava cheia de flechas explosivas, e levantei minha mão esquerda.

"Relâmpago"!

A magia aprimorada por uma Skill acertou seu alvo.

Mas o Grifo meramente aterrissou, livrou-se do efeito do impacto, e voltou ao normal.

(Então foi insuficiente? Deveria ter atingido com algo mais forte.)

Enquanto pensando que o ataque não teve efeito, o Segundo me ofereceu algum conselho:

『Não parece que vai voltar para o céu imediatamente... Está funcionando. Bem, provavelmente vai ficar novo em folha rapidinho, todavia.』

O Quinto falou:

『Ah~ é mesmo, Grifos têm aquela resistência mágica deles. Mas é mais potente do que eu pensei.』

“Então, com toda minha força...”

Eu ia usar meu trunfo. Nesse momento, o Segundo falou:

『Tolo. Não ache que ele é um alvo em terra. Olhe, está vindo na sua direção.』

Ele rapidamente começou a correr em minha direção. Seu corpo de leão moveu-se com grande flexibilidade e saltou diretamente para mim.

Eu corri adiante e rolei, passando direto por baixo de sua truculência.

O Segundo falou:

『Um golpe fatal com magia... é possível com minha Skill, sabe, Lyle.』

No momento que ele disse isso, eu larguei meu sabre, agarrei a cauda do Grifo, e usei uma Skill.

“Se for Explosão Total, então...!”

A Skill, 【Explosão Total】… uma Skill para multiplicar as próprias habilidades do usuário por várias vezes... Usando isso, eu tentei agarrar sua cauda, mas quando fiz isso, suas patas traseiras acertaram minha cara.

Eu tentei impedir o golpe com minha mão esquerda, mas senti meu corpo todo subir no ar.

Mas nesse momento, eu não soltei a cauda pega em minha direita.

Talvez tenha sido bom eu ter pulado para trás, já que parou o ímpeto, e fui arremessado voando para as costas da besta, com cauda em mãos.

Meu braço esquerdo doía, mas o osso ainda não havia quebrado. Enquanto desembainhava o meu sabre reserva, o Grifo começou a se debater para me desmontar.

As costas do Grifo fediam a besta...

O Sexto falou:

『Aww yeah, um a um, a batalha de um macho de verdade! Foi por isso que estive esperando.』

“Cala a boca!”

Eu agarrei seu pescoço com meu braço esquerdo, segurei o sabre com meus dentes, e arrumei uma corda tirada da bolsa na minha cintura.

Eu havia preparado isso ao ouvir a opinião do Sexto, mas senti um estranho senso de derrota.

A corda estava em laço desde o começo, e eu a joguei em torno do pescoço do Grifo, dando puxão forte nela.

Minhas orelhas começaram a doer devido ao guincho estridente, então amarrei a corda em torno da minha mão esquerda para não soltá-la. Isso também doeu um bocado.

“Tsc, nesse caso a mão direita.”

Amarrei na direita então, e peguei o sabre com a esquerda quando o Grifo começou a bater suas asas.

“Então ele consegue voar assim. Vamos acabar com isso...”

A Terceira Geração deu um aviso:

『Ah, yeah, certifique-se de fazer isso em um único golpe. O sangue vai fazer com que fique escorregadio aqui em cima. E também, se ele alçar voo, tenha certeza de dar o golpe final em algum lugar que pareça fácil de se aterrissar, ou…』

“Por que vocês todos soam tão relaxados!? Não tem nada relaxante aqui pra mim!”

Enquanto eu dizia isso, o Sétimo respondeu.

Eu entendi seu descarado divertimento pelo quanto ele tentou soar sério.

『Lyle, homens são seres que crescem por lutar contra um oponente digno. É por haver aqueles fortes por aí que todos nós somos capazes de ficar fortes. E veja, é natural que um homem Walt seja capaz de fazer algo desse nível.』

Enquanto pensava sobre quantas coisas exatamente estavam erradas nisso, prendi minhas pernas em torno do monstro em ascensão.

Se eu for derrubado no ar, será perigoso mesmo com a corda.

Eu puxei forte a corda envolta da minha mão direita, e a besta lançou-se diretamente ao céu.

O ar em cima era muito mais frio que em terra.

Em cima das costas do Grifo desesperadamente tentando me sacudir para fora, fui capaz de ver os arredores.

O cenário mudou. O céu estava abaixo, enquanto o chão, acima de mim, e percebi que o Grifo havia começado a girar no ar.

“Se eu cair dessa distância, vou morrer, não vou!? Bastaaaarrdo!”

Com meu sabre ainda preso firmemente, eu usei magia, e soltei cargas elétricas do meu corpo. Enquanto o Grifo continuava a se debater no ar, o cenário continuou a mudar infindavelmente.

Ele continuava girando, e eu grudado desesperadamente nele, aguentando.

Tenho a sensação que seus movimentos ficavam um pouco mais lerdos quando eu usava magia, mas ainda assim, a altitude não baixava. Ele estava decidido a me jogar para a morte.

O Terceiro falou:

『Oh, que alto.』

O Quarto também.

『Se nós pudéssemos fazer isso livremente, seria um negócio e tanto... Útil tanto para transporte quanto para prazer…』

Que tal se preocuparem comigo!? Eu engoli essas palavras, e peguei um pano da bolsa que havia trazido junto.

Embainhei minha lâmina e usei magia para umedecer o tecido, antes de jogá-lo sobre a cabeça do Grifo, despindo-o de sua visão com sucesso.

O Sexto falou:

『Você molhou para congelar nele, não foi? Nada mal!』

O Quinto...

『Se ele cair dessa altura, vai ser o fim… huh? Se você tivesse simplesmente molhado isso desde o começo, ele não teria sido capaz de voar tão alto, teria?』

“… Diga isso logo no começo!!”

Gritando, espiralando, eu usei minhas Skills para me segurar à força nas costas do monstro...

Enquanto estávamos alto no céu, eu passei um bom número de vezes por várias sensações que eu normalmente nunca sentiria.

Nunca pensei que ficaria tão ansioso só em ter o chão tão longe.

O pavor de cair era uma coisa, mas não ter um lugar firme para plantar meus pés, francamente é...

“Apenas... caia de uma vez!!”

Eu criei mais descargas com magia.

A razão pela qual eu não o molhei dessa vez, era porque estava ridiculamente frio.

Meu próprio corpo não seria capaz de suportar isso, ou, mais ainda, eu não seria capaz de me mover. E também, me segurar ficaria um saco.

O corpo do Grifo não estava nenhum pouco queimado. Mas isso certamente estava funcionando, já que a força com a qual ele virava sua cabeça estava enfraquecendo.

Ele começou sua descida de forma vacilante, e eu lutei para usar a corda de constrição e minhas pernas em torno de seu torso para tentar guiá-lo.

(Ah, consigo ver o vilarejo. Agora, desse jeito, eu vou perfurar seu coração... espera, onde diabos isso deveria ser!?)

Enquanto me encontrava empacado a respeito de onde o coração deveria ser, o Segundo ofereceu um conselho:

『Lyle, aqui uma regra geral. Geralmente fica onde os ossos estão estruturados para proteger. Apenas ache uma brecha nos ossos, e perfure.』

“E aqui estou, ignorante de onde fica esse lugar!”

『Idiota, para que você acha que servem minhas Skills?』

Surpreendido, eu usei a Skill do Segundo. O efeito de Ao Máximo estava prestes a ser cortado.

Eu tinha usado uma larga quantidade de magia, mas ainda assim, eu podia entender onde o coração do meu inimigo estava.

A sensação de uma forte luz pulsando.

Dentro daquele brilho, a mais forte luz, e apertando meu sabre em minha mão esquerda, tentei mirar naquela posição.

(Merda, está começando a ficar embaçado.)

Eu usei Skills demais e tenho a sensação que minha Mana havia sido raspada até os ossos. Enquanto minha altitude caía e o vilarejo se aproximava, eu percebi que as batalhas estavam chegando a um fim.

O chão continuou a se aproximar, e pensando que essa queda poderia ser sobrevivida, eu perfurei a lâmina no corpo do Grifo.

Após perfurar mais e mais fundo, o Grifo soltou um guincho, do tipo nunca ouvido antes, danificando meus ouvidos.

Eu puxei meu sabre, e sangue espirrou com um bom dinamismo, e o Grifo começou a cair em direção ao portão norte.

“Esse daí...”

E no momento seguinte...

『Lyle!』

Junto à voz do Segundo, eu dirigi um olhar ao centro do vilarejo.

O Grifo colidiu com uma parede, e meu corpo foi jogado no ar.

... O momento da vitória se aproximava.

O número de monstros caiu, e Shannon sabia dos lampejos do Lyle usando magia no ar.

No portão leste, onde ela exibia um olhar de risco e preocupação por sua irmã, ela viu que o Hipogrifo havia sido deixado em um estado muito lamentável.

“… Um pouco repulsivo.”

Pensando que ela deveria ficar muito mais alerta à Miranda que antes, ela se virou para Norma por perto.

Ela esteve de olho em sua irmã o tempo todo, e apenas ouvia os relatos da Norma de lampejos no céu.

Norma falou:

“Nunca soube que alguém podia lutar assim.”

Em resposta a isso, Shannon retrucou:

“Ele nunca faria isso normalmente. Talvez sua cabeça tenha batido?”

Norma assentiu a isso, mas do ponto de vista dela, se o Lyle pudesse vencer assim, seria sua chance para o sucesso.

Não, ela definitivamente seria promovida. Esse é quão grande a conquista era.

Norma estava rindo.

“Olhando para trás agora, nossa sorte esteve no lado positivo. O Grifo trouxe mais monstros consigo que o antecipado, mas você também pode chamar essa escala de pequena. Em comparação a enfrentar um Grifo, esse gado é só uma saborosa fatia.”

Shannon olhou para Norma um pouco espantada.

E ela falou:

“Eu não posso realmente falar, mas você não pode fazer melhor que isso? Se você continuar vivendo como está agora, você certamente vai falhar eventualmente.”

Nisso, Norma fez uma cara triste por um momento, mas logo assumiu seu olhar condescendente mais uma vez.

“Você é idiota? Esse mundo não é para palavras bonitas. É um onde aquele que é feito de idiota é o culpado por ter sido enganado. Aquele garoto de cabelo azul um dia certamente vai se arrepender de conceder seus méritos para mim.”

Shannon pensou:

(Não, duvido que ele realmente se importe.)

Na verdade, o senso de conquista do Lyle estava bem fora de ordem.

Dessa vez era a mesma coisa, mas a perspectiva da pessoa em si era diferente demais.

Shannon relembrou as seis luzes flutuando no garoto.

O campo de batalha estava gradualmente se aquietando, mas Novem, conduzindo o processo de cura no posto central, estava ficando mais ocupada. Mônica também estava se movendo ativamente com rações emergenciais e trabalhos mistos.

A batalha dirigia-se à sua conclusão, e os aldeões apressados começaram a mostrar suas cabeças.

“Não é bom que eles apareçam, não é?”

Norma falou:

“A batalha pode ter acabado, mas acho que vou enviar alguém para fazer com que voltem para dentro.”

Norma ordenou que um mensageiro próximo avisasse aos aldeões para retornar.

Shannon olhou para o norte.

Sua irmã, Miranda, estava no leste, então ela não estava realmente prestando atenção, e no norte, mesmo sem um Hipogrifo, a batalha com o maior poderio estava sendo conduzida.

Ao invés de aliviada, Shannon sentia desde o começo que o nível de perigo era baixo.

E olhando naquela direção, Shannon...

“Eh? Ele está vivo.”

Ouvindo isso, Norma perguntou...

“O que foi? Alguém ferido...”

Shannon respondeu a Norma em voz alta.

“O maldito Hipogrifo está vivo!”

Ouvindo isso, Norma arregalou seus olhos...

... Os arredores ficaram em silêncio, e os aldeões se abrigando ressurgiram.

Quando os aldeões apareceram, Luka e as outras crianças seguiram atrás.

“Vencemos... nós vencemos!”
“Eles protegeram! Nosso vilarejo foi salvo!”
“Ainda bem. De verdade, ainda bem...”

Dando aos adultos chorosos e berrantes um olhar de soslaio, Luka olhou ao redor, e encontrou o arco do Lyle preso de pé no chão.

A corda havia se partido, e preocupado, o menino correu até lá.

Por uma infeliz coincidência, foi só depois disso que o corredor mensageiro chegou e fez todos os aldeões voltarem ao abrigo.

Tendo corrido para longe, Luka se aproximou do arco, e ficou aliviado com o fato de que o Lyle não estava caído próximo ao mesmo.

“Isso é bom. Parece que o Lyle-sama está seguro.”

Mas uma porção do chão estava escurecida, e ele descobriu que a aljava havia sido despedaçada.

“E-ele está bem, não tá?”

Recuperando o arco, ele olhou em volta em nervosismo, antes de ouvir um intenso som de colisão do Norte.

Lá, ele viu a figura do Lyle movendo suas mãos em cima do Grifo imóvel.

"Incrível! Como imaginei, o Lyle-sama é incrível!”

E próximo às mãos trêmulas do Luka, o Hipogrifo se levantou vagarosamente...

Em uma parte, levemente mais ao norte do centro da cidade.

Tendo se chocado contra e colidido através de uma parede no lado norte, o Grifo não estava se movendo minimamente.

E eu acabei avistando o Luka fora do abrigo.

Preocupado comigo, Clark-san se aproximou.

Eu sabia que ele estaria preocupado após ter sido lançado da besta que bateu no muro norte. Mas havia algo mais importante para mim.

“Lyle-kun, você não deveria se levantar ainda!”

Eu estava vacilante devido ao impacto, mas ainda assim, eu consegui reunir forças para berrar na direção do Luka:

“Saia já daí! Fuja!”

Aria me ofereceu um ombro para me firmar, mas Luka provavelmente pensou que eu estava apenas acenando, enquanto ele segurava meu arco e acenava de volta.

Em volta, havia muitos Cavaleiros e soldados que assumiram que a batalha havia acabado, e muitos deles estavam começando a discutir sobre quem havia derrotado o quê.

Eles estavam convencidos que tudo havia acabado.

Atrás do Luka, eu pude ver a forma do Hipogrifo lentamente levantando seu corpo.

E o Segundo falou:

『Oy, você entende, não é… a situação!?』

As memórias que o Segundo havia me mostrado, abruptamente revividas em minha mente.

Dele agarrando seu primogênito e chorando.

Mas ninguém aqui havia notado.

E mesmo se alguém houvesse, não havia ninguém que chegaria a tempo.

Eu rangi meus dentes.

(Por quê?... Estava tudo indo tão bem, não é?... Então por quê!?)

『Que infernos você está se lamentando!? Há coisas que você pode fazer, e você vai salvar aquela criança!』

A voz do Segundo era desesperada.

『Você vai me mostrar aquela cena de novo!? Se você fizer isso, nunca vou te perdoar, tá ouvindo!? Lyle! Estou te implorando... salve ele!』

Eu baixei minha cabeça, e pus força em meus próprios pés.

(… Eu já entendi disso.)

Levantei meu rosto, e, de forma vacilante, me separei da Aria, firmando-me nas minhas próprias pernas. E ouvi o grito do Segundo:

『Você não pode colocar um homem vivo e um morto no mesmo patamar! Eu já estou morto e enterrado! Eu já te disse tudo o que queria! E é por isso... é por isso... que você não pode deixar uma criança morrer diante dos meus olhos de novo!』

Eu me resolvi.

Minha mão esquerda dolorida agarrou a Joia e a puxou, como se para arrancá-la do meu pescoço.

Mas após a corrente a prendendo se desconectar, ela se amarrou em torno da minha mão, e a Joia começou a emanar luz.

Os ornamentos de prata se expandiram, e tomaram a forma de um largo arco.

Um arco prateado com a Joia azul posicionada em seu centro.

Mas aquele arco prateado não tinha corda para se puxar.

Enquanto os arredores entravam em alvoroço, Aria soltou sua voz:

“Um arco? Tinha certeza que era uma espada enorme antes...”

Clark-san também estava surpreso.

Eu levei minha mão direita à Joia, e após ela soltar alguma luz, uma corda apareceu.

Quando me preparei e a puxei, uma flecha de mana também surgiu.

A pálida flecha azul assumiu uma forma mais clara quanto mais eu a puxava para trás.

『Isso. É assim que deve ser. Use minha Skill... Lyle. Essa Skill já é sua.』

Enquanto puxava o arco, eu estava rangendo os dentes. Um sentimento mortificante e triste.

Eu não queria isso.

Digo...

“Isso mesmo... mas eu... mas eu não queria mais uma separação...”

Quando murmurei isso, Aria falou:

“Lyle, você está chorando...”

E um único Cavaleiro notou, e berrou:

“Oy! O Hipogrifo tá...!”

E os olhos de todos pousaram sobre a figura da besta atrás da criança afobada, pronta para atacá-la a qualquer momento.

『Obrigado, Lyle... foi divertido.』

A forma de seu sorriso acanhado veio à minha mente, e eu usei a Skill:

“Seleção...”

Uma Skill para decidir aqueles a quem eu concederia Skills.

Mesmo se uma bagunça misturada de aliados e inimigos lutassem ao meu redor, era uma verdadeira Skill de suporte para a operação de Skills apenas para aliados.

Por outro lado, também poderia garantir coisas apenas a inimigos.

Ela discriminava um campo de batalha móvel, e fazia com que qualquer coisa, seja Skills ou magia, acertassem seu alvo. Não posso dizer que garantia precisão completa, mas... possuía uma precisão bem alta.

O Segundo disse que usava a Skill para encaixar múltiplas flechas no arco, e acertar vários alvos separados de uma vez.

O terceiro estágio da Skill do Segundo...

Com o Hipogrifo como meu alvo, eu soltei a flecha.

O Segundo...

『... Seja forte.』

(Por que razão…)

A flecha mágica de luz voou diretamente para o Hipogrifo.

No momento em que ela foi libertada do arco, um vento soprou ao meu redor.

(… Por que…)

Luka finalmente percebeu o monstro atrás de si, e se virou assustado.

(Isso é algo para se dizer com tal paz de mente? Eu queria... aprender tantas coisas mais... não é como se eu pudesse te dizer para não desaparecer...)

A flecha traçou um rastro de luz, e após passar através do Hipogrifo em linha reta, continuou voando no céu, até mesmo abrindo um buraco nas nuvens.

Luka tendo caído para trás, e quando desfiz minha postura, o arco prateado desapareceu, deixando as correntes presas no meu braço.

A Joia soltou uma luz azul, e meus joelhos caíram ao chão.

“L-Lyle!”

“Tragam uma maca logo! Rápido, o Lyle-kun...!”

Eu ouvi as vozes da Aria e do Clark-san.

Suportado pela Aria, eu deixei minhas lágrimas escorrerem enquanto sussurrava:

“Eu... nunca tive a chance de dizer adeus... Segunda Geração...”

Enquanto minha consciência se distanciava, eu tive a sensação de quase poder vê-lo caminhando para longe, sua mão direita levantada em um sinal de despedida.

Em autodepreciação: 『Eu fui apenas o simples do bando, então um fim simples assim é melhor para mim』.


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