Volume 12
Capítulo 9: Assuntos Domésticos
— Agora, é por isso que estou aqui. Esta é uma terra onde ninguém jamais pôs as mãos. Mesmo havendo um rio por perto, não está sendo minimamente posta em bom uso.
Olhando para aqueles reunidos e batendo palmas, senti como se fosse o único ficando tão excitado como um idiota.
A fileira de rostos começava com o Leold-kun, então a Clara, antes de incluir mão de obra reunida de vilarejos próximos.
Do nosso lado, além da Clara, havia a Aria, Maksim-san, e Adele-san participando também.
Além deles, as Valquírias batiam palmas para mim inexpressivamente. Me pergunto que coisa é essa... os modelos produzidos em massa pareciam as mais fofas do grupo.
Apesar de haver um rio correndo por perto, o solo tinha grama crescendo até os quadris. Uma floresta estava próxima, e com as Skills — Mapa e Busca — eu pude confirmar que estava cheia de monstros.
Do Portador em larga escala, nós também havíamos reunido as ferramentas que achávamos necessárias. Dentro da presente situação onde realizávamos tais preparações, o Leold-kun levantou sua mão.
— Sr. Lyle.
— Tá bom, em primeiro lugar, tira o “Sr.” Você pode apenas me chamar de Lyle. De qualquer jeito, apenas não adicione um “Sr.”
O informei de um fato crucial. Leold-kun inclinou sua cabeça um pouco, mas assentiu, e continuou com sua pergunta.
— Hm, mesmo que você me chame de repente e diga para “sermos pioneiros”, a Grande Casa Ducal mal está conseguindo sobreviver financeiramente, sabia?
Já que ele sabia da situação interna de sua Casa, não se segurou ao expor o estado da Grande Casa Ducal.
(Bem, pela minha pesquisa, eu sei disso até o último cobre. É verdade que a Grande Casa Ducal não tem dinheiro. Mas continuar assim é problemático.)
Isso. No ritmo em que estávamos indo, o outono passaria antes que a Grande Casa Ducal pudesse obter qualquer fundo extra. Além do mais, com os fundos de guerra e compensação para os enlutados, uma grande parte disso desapareceria.
Eu falei com um sorriso:
— Não se preocupe. O mundo está cheio de dinheiro, se você souber onde procurar. Eu peguei um pouco emprestado para esta operação. Ah, saiba que é só um adiantamento de empréstimo. Eu devolver um dia.
Mais uma vez, eu havia pedido dinheiro emprestado à Vera. Eu não consigo tirar os olhos de desprezo do Fidel-san da minha mente, mas a Vera falou “acho que não tem jeito”, e me emprestou.
Eu certamente não sou a pessoa certa para falar isso, mas a Vera certamente é do tipo de mulher que seria extorquida por um homem.
Leold-kun olhou para mim, e virou seus olhos para a Clara.
— Ele é uma pessoa incrível, não é? Eu só tinha ouvido os rumores.
Clara corrigiu o posicionamento de seus óculos.
— ... Bem, se você apenas olhar o histórico da carreira no papel, ele é perfeito. Se você souber os detalhes, ficará um pouco desapontado, mas esse é o charme do Lyle-san.
Leold-kun lançou um olhar de aspiração para mim. Era como se seus olhos estivessem focados no herói de um conto de fadas.
(Que sentimento é esse... meu coração dói. Já que estou tentando usar Galleria para meus próprios fins, meu coração está doendo pra caramba.)
De dentro da Joia, da Terceira Geração para cima:
『Kuh, esses olhos inocentes queimam!』
『N-não olhe para nós desse jeito!』
『... Naquela época, todos eles também tinham esses belos olhos, não tinham?』
『Essa dor no peito... para um olhar de pureza doer tanto assim...』
『Isso não é bom. Até eu não consigo me levar a tirar sarro dessa criança.』
Limpei minha garganta, e prossegui com as explicações.
— Agora, Leold-kun, dessa vez você será a pessoa responsável pela cultivação desta terra. Esta área tem uma abundância de monstros, e sempre que chove, seu riacho transborda e alaga. Cultivar esta terra será de máxima dificuldade.
A mão de obra reunida também assentiu à essa opinião. Os segundos e terceiros filhos da área, e também seus dependentes:
— Mas então, como você vai cultivar uma terra dessas?
— Eu agradeceria se você apenas expandisse os campos normalmente, sabe.
— Pessoas tentaram cultivar este lugar um monte de vezes, e falharam, pelo menos foi isso que a anciã do vilarejo falou pra mim.
Em resposta aos homens que não estavam realmente a bordo, eu proclamei.
— Esse é exatamente o porquê! Se reclamarmos este ponto, essa conquista irá para o Leold-kun... para o próximo Grão-Duque. Começando devagar com as coisas pequenas! Vamos empilhar resultados aqui, antes de enfrentar um rio ainda maior, que tal!?
Mas o Leold-kun olhou em volta.
— Hm, se realmente vamos fazer isso, este grupo aqui não é pequeno demais em escala?
Eu também achava. Achei que haveria mais mãos livres por aí, mas como adequado a um país que continuou a lutar repetidamente, mão de obra era um recurso escasso.
Também era uma época ocupada, então tudo o que pude reunir foram os fardos do vilarejo, uns dez homens que não iriam suceder suas casas.
— Bem, vamos apenas dizer que estamos trabalhando com uns poucos seletos. Então usaremos magia para terminar com isso rapidinho, cultivar a terra, obter alguns resultados, e reportar à sua irmã mais velha.
Leold-kun, ainda um pouco preocupado, assentiu. E de dentro da Joia, ouvi a voz risonha do Quarto que parecia ter alguma implicação por detrás.
『... Lyle, você está em muito boa forma. É hora de alguns estudos práticos.』
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Conforme o terceiro dia de cultivação passava.
— Gyaaaah, o aterro desabou!!
Rachaduras corriam pela barragem feita por magia, e quando a água vazou, a parede desmoronou, e a água represada explodiu.
Por ter sido represada, a pressão crescera bastante, e como eu estava próximo, fui lavado pela água.
Nisso, Adele-san, que esteve dando ordens por perto, também foi levada. Clara-san tropeçou com o impacto, e flutuava no rio.
Quando ela começou a balançar rio abaixo, eu fui resgatá-la, quando o Maksim-san veio correndo.
— Senhorita! Rápido, seque seu corpo!
Após entregar uma toalha para Adele-san, ele a protegeu dos olhos dos homens em volta. Retirei o corpo da Clara da corrente, mas não tinha uma toalha seca comigo.
Mais que isso, Adele-san estava tremendo enquanto olhava para mim.
— Foi por isso que eu te disse! Eu avisei, construa com mais firmeza. Ou então, faça com que mude o fluxo do próprio rio!
Encharcada, com suas roupas se grudando ao seu corpo, ela reclamava comigo. Cuspindo água, Clara também não ficou em silêncio.
Enquanto limpava seus óculos:
— A pessoa que falou alguma coisa sobre o orçamento e não queria usar as ferramentas corretas foi você, Adele-san. Tenho certeza que falei para reforçar como estava escrito no livro.
Considerando que a atual situação estava sendo considerada como uma expedição do Grão-Ducado de Galleria, Clara estava sendo tratada como assistente do Leold-kun. Usando o conhecimento que havia acumulado, ela deveria bancar um enorme papel no nosso controle de enchente.
Supostamente... mas, não conseguia deixar de entrar em conflito com a Adele-san.
— E eu expliquei que não temos o suficiente para usar o conhecimento do livro tal como está, não expliquei!? Foi por isso que disse para fazer o que pudéssemos, e usar outros métodos para compensar! Em primeiro lugar, tem que haver uma solução mais eficiente aqui!
Enquanto suas duas opiniões colidiam, eu e Maksim-san usávamos todo tipo de gestos para acalmá-las.
Maksim-san, para Adele-san:
— Senhorita, o que está quebrado está quebrado. Teremos que fazer algumas melhorias para a próxima, e continuar trabalhando.
— Wah, nossos fundos foram desperdiçados desnecessariamente de novo...
Tentei acalmar a Clara:
— Clara, não há nenhum outro método? E conhecimentos diferentes ou algo assim?
— Estou certa que escolhi a melhor opção. E se os materiais corretos fossem utilizados desde o começo, pelo menos nada teria sido desperdiçado.
Ambas, Adele-san e Clara, resmungavam reclamações para a outra. Ambos os pontos eram problemas importantes, então não tinha ideia do que dizer.
Mas de dentro da Joia, veio uma voz risonha.
Era a Milleia-san.
『Esplêndido. Que esplêndido, Lyle. Aquele improviso e a falha que levou a progresso absolutamente nenhum na situação, é extremamente divertido de se assistir!』
Essa pessoa tinha uma personalidade consideravelmente terrível. Ela certamente estava fingindo na frente da Sexta Geração. O Sexto não parava de falar sobre alguma irmã bondosa, mas isso era definitivamente uma mentira.
(Como esperado da ancestral da Miranda e da Shannon.)
Ela realmente tinha o que era necessário para ser progenitora das duas com problemas de personalidade, mas isso não era muito diferente dos outros ancestrais.
O Terceiro também estava se divertindo.
『Eu sabia que essa daí definitivamente quebraria desde o começo.』
O Sétimo dava risadas enquanto concordava.
『Isso mesmo. Lyle, você precisa ser cuidadoso com esses tipos de preparações.』
Se eles sabiam, poderiam ter me contado, mas apenas ficaram quietos e assistiram.
Enquanto isso acontecia, Leold-kun correu de dentro da floresta.
— A-alguém! Venha rápido! A Aria-san...!!
Me virei para olhar o que tinha acontecido, apenas encontrando a Aria emergindo da floresta carregando um urso enorme sobre seus ombros.
Ela estava encharcada de sangue, mas eu tinha certeza que era sangue de monstro. Com seus pelos fulvos, o urso-pardo era classificado como um monstro de temperamento forte. Um monstro problemático.
Ao que parecia, Aria o estava carregando para fora da floresta após abatê-lo com uma lança.
— Ah, deixa de frescura. Não faça tanto alarde por um espirro de sangue.
Talvez o Leold-kun realmente houvesse sido criado com cuidados excessivos, já que essa era a primeira vez que ele já havia saído e visto algo assim, pelo visto.
(Então a Gracia-san... era uma brocon.)¹
Quando Aria lançou o urso-pardo no chão, uma das Valquíria lhe entregou uma toalha molhada.
Aceitando, Aria esfregou seu rosto, pescoço e mãos.
— E espera aí, há um monte de monstros. Monstros demais! Maksim-san desapareceu antes que eu percebesse e as outras Valquírias estão ocupadas com o trabalho.
Para abrir a floresta, a maior parte das Valquírias estava derrubando árvores, cortando seus galhos, carregando troncos, e extraindo os tocos.
Aria soltou um suspiro vendo o Leold-kun sentado no chão.
— Olha, se você continuar assim, não será capaz de agir quando estiver no campo de batalha.
Ela lhe chamou a atenção, preocupada com ele.
Mas ao olhá-la, eu...
— Aria, você também estava em um estado horrível no começo, nã...
Na metade, ao receber seu olhar afiado, calei minha boca.
As Valquírias também trouxeram toalhas para o resto de nós. Entreguei a primeira toalha para a Clara, e olhei os arredores.
O solo dos arredores agora estava uma bagunça por ter sido aterrado de modo desleixado. Pensando que seria melhor eu fazer algo a respeito da grama primeiro, soltei um suspiro.
Olhando para o céu, o sol estava começando a brilhar intensamente, fazendo suor escorrer pelo meu rosto.
(... Isso não vai ter nenhum fim fácil. Pensei que acabaria imediatamente com magia.)
E meus pensamentos tinham sido bastante ingênuos, pelo visto.
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Noite.
Enquanto o terceiro dia chegava ao seu fim, não havia praticamente resultado nenhum para se mostrar.
O plano original era realizar o controle de enchentes, construir uma represa, e alterar o curso do rio.
Se tudo fosse bem, não seria estranho se já estivéssemos começado a construir as fundações para o vilarejo.
Com uma sequência de falhas, o plano não estava avançando minimamente, e mesmo se eu buscasse conselhos dos ancestrais na Joia, eles continuavam se esquivando da questão.
Apesar de estar certo que havia uma razão para eles não oferecerem conselhos, eu estava cansado.
Uma barraca havia sido montada ao lado do Portador, e me sentando em uma cadeira de caixotes nela, eu suspirava sob a luz da lanterna.
Com caixas empilhadas e uma tábua colocada por cima para formar uma mesa, eu vislumbrava o relatório da Adele-san.
— Perdemos troncos para materiais brutos... maldição, o tempo continua correndo, e nós apenas continuamos desperdiçando dinheiro.
Mover pessoas também requeria dinheiro. Comida era um dos pontos principais. E cultivação requeria ferramentas. Essas ferramentas se desgastavam. Havia vezes em que quebrariam.
Eram levadas pela água e havia vezes que não podiam ser encontradas.
— Isso não está dando certo.
Quando suspirei de novo, uma voz veio à barraca. Era o Leold-kun.
— Hm, estava acordado?
— Eh? S-Sim!
Convidando-o para dentro, disse para que se sentasse em uma caixa. Sentando-se, ele deixou sua cabeça cair.
— Desculpa.
— Hmm? Pelo quê?
Enquanto seu repentino pedido de desculpas me confundia, Leold-kun prosseguiu quietamente:
— Até agora, eu sempre estive na mansão... Nunca pensei que controle de enchentes e cultivação seriam difíceis assim. Eu tinha o conhecimento, mas mesmo assim, nunca pensei que não conseguiria fazer nada.
Por pensar que seria capaz de fazer muito mais, ele parecia desapontado consigo mesmo. Por volta do meio-dia, ele havia seguido a Aria, e entrado na floresta, mas se arrependeu por não ter realmente conseguido fazer nada por lá.
— S- Lyle... -dono, ouvi que você teve sucesso como aventureiro. Mesmo sendo só dois ou três anos mais velho que eu. Acho que sou patético demais.
Tenho certeza que se ele visse meus fracassos durante o dia, não teria uma impressão dessas. Enquanto pensava que tinha sido uma coisa boa ele não ter visto, o Leold-kun...
— Talvez eu seja apenas conversa. Sempre pensei que se trabalhasse em questões internas, seria capaz de fazer alguma coisa pela Grande Casa Ducal de Galleria. Eu não estava feliz pela minha irmã não estar fazendo nada além de guerras, mas mesmo assim, não fui capaz de fazer nada pessoalmente...
Vendo sua depressão, tentei chamá-lo.
— ... Eu também. Até aqui, estive apenas tropegando por tentativas e erros.
— Você? Não consigo acreditar.
Com o quanto ele se assombrou, me pergunto como exatamente o Leold-kun esteve me vendo, afinal? Dando um sorriso amargo, preparei uma bebida, e a entreguei para ele.
— Fora fracassos atrás de fracassos. Eu causei problemas para muitas pessoas. E presentemente, ainda estou causando problemas. Somando-se a isso, ajudar Galleria é apenas para o meu próprio lucro, sabe?
Leold-kun deu um sorriso torto.
— Ouvi da minha irmã. Quem teria pensado que ela estava trocando cartas com a bruxa de Rusworth. É verdade que se o fato vier à tona, a vida dela estaria em perigo. Mas do meu ponto de vista, ainda é um mistério. Por que você iria tão longe?
De certo modo, eu sou um chantagista que a ameaçou. Mas ao mesmo tempo, eu preveni a captura do aventureiro que havia ajudado com suas cartas até agora.
Apesar de ambos os países estarem em guerra, se fosse sabido que as mandachuvas estavam conectadas nos bastidores, as pessoas em volta não achariam muito divertido.
Ao tê-la protegido contra isso, parecia que eu era uma existência misteriosa para o Leold-kun.
Cocei meu rosto.
— Bem, eu tenho algumas razões próprias. Formar uma união com Zayin e Lorphys. Criar um degrau em Rusworth enquanto isso. Se Galleria se recuperar e receber ajuda dos dois países, além de ter relações favoráveis com Beim, Rusworth instantaneamente se sentirá encurralada.
Ouvindo isso, Leold-kun falou:
— ... Se chegar a isso, minha irmã perderá sua razão de existir. Assassinatos são o resultado quando se manobra mal essas situações.
Eu sorri:
— Nesse caso, eu apenas terei que tomá-la (como companheira). Na verdade, eu quero o poder dela.
Leold-kun fez uma expressão um pouco surpresa.
— ... É mesmo? A Aria-san também era forte. Apesar de ser de um tipo diferente da minha irmã. Gracia tem um estilo de batalha que gera baixas enormes e danos colaterais.
Apesar da Aria poder enfrentar indivíduos, e um grupo um a um, a Gracia-san parecia ser especializada no derradeiro estilo de batalha contra exércitos.
Como tal, eu não tinha objeção nenhuma em tê-la como potencial de guerra. E eu precisaria de tal poder de agora em diante.
— Eu não sou uma boa pessoa. Eu tenho minhas próprias razões para ajudar. Então você deveria apenas me usar para empilhar conquistas para si. Quando tivermos sucesso aqui... Tenho certeza que os olhares em sua volta irão mudar.
Isso terá sucesso? Tais pensamentos cruzaram minha mente, mas imediatamente mudei meus pensamentos. Não podemos falhar.
Ouvindo isso, Leold-kun assentiu com um sorriso.
— Entendido.