Setes Japonesa

Tradução: Batata Yacon

Revisão: Delongas


Volume 10

Capítulo 2: O Quarto de Memórias do Lyle


Dentro da Joia.

Em uma pausa do trabalho, tentei enviar minha consciência para a Joia, apenas para encontrar uma porta que havia aparecido atrás de meu assento de sempre.

As portas atrás dos espaços dos outros ancestrais levavam a espaços que eles chamavam de seus quartos de memórias. Eram salas onde essas memórias eram preservadas, mas...

— Hm, por que todos vocês estão fazendo caras tão cansadas?

Quando perguntei isso com uma cabeça inclinada, o Terceiro sentou-se na mesa redonda para explicar.

『A verdade é, essa porta apareceu há não muito tempo. Eu tentei dar uma espiada quando ela apareceu, mas...』

Você saiu e tentou espiar as memórias de outra pessoa? Era o que eu queria dizer, mas como sua expressão era séria, decidi esperar um pouco mais.

Nisso, o Terceiro esfregou seu cabelo.

『... Mesmo com nós quatro olhando, cada um viu uma coisa diferente. Além do mais, vimos coisas que não podíamos imaginar estarem contidas em suas memórias. Tentei entrar algumas vezes, mas aquelas memórias eram apenas simplesmente bizarras. No meu caso, meu irmão... eu vi uma cena do Dewey vivo. Não, talvez seja mais preciso dizer que o próprio Dewey estava lá.』

Ele fazia uma expressão cansada, sendo uma rara diferença enorme de sua atitude de sempre. Quando lancei um olhar ao Quarto, ele removeu seus óculos, e esfregou suas lentes com um pano.

『No meu caso, minha esposa estava aguardando em uma pose bastante assustadora. Era assustador, então eu nem tentei entrar.』

Ouvindo isso, o Quinto sacudiu sua cabeça.

『Que medo todo é esse? Você foi o único que não se aventurou, sabia? Aproveitando, quando eu abri, era o quarto de uma criança. Cada vez, era o quarto de uma criança diferente, mas toda vez, eu encontraria um filho ou filha minha me encarando.』

Ouvi sobre o que o Quinto havia visto, mas não possuía tais memórias.

Em primeiro lugar, os períodos de tempo em que vivemos eram muito distantes.

O Sétimo falou:

『... O meu foi pior. Uma memória que nem eu conhecia... não, uma cena. Mas o Lyle não estava nela.』

Mesmo eu não estando presente nela, ele havia visto uma cena gravada. A expressão de todos portava uma quantidade de questões, e eu olhei para a porta ao meu quarto.

Me coloquei diante dela, e lentamente a abri.

De trás, veio a voz do Quarto.

『É melhor se preparar. Ela não mostra as coisas mais agradáveis.』

Como ele disse, eu mantive-me em guarda e lentamente a abri, encontrando a figura das costas da Celes. E enquanto eu ficava surpreso, Celes se virou, e dirigiu um sorriso radiante para mim.

『Morra, lixo imundo.』

... Ela disse isso.

No instante seguinte, eu a fechei com toda minha força, e caí para trás de bunda. Os recentes acontecimentos desordenaram minha respiração, e um estranho suor começou a escorrer.

O Quinto se aproximou de mim no chão, e chamou:

『O que você viu?』

Coloquei minha respiração em ordem à força.

『A C-Celes estava lá. Ela me olhou, sorriu, e me mandou morrer... mas eu não tenho uma memória dessas. Não, talvez eu tenha apenas esquecido.』

Agarrei a mão estendida do Sétimo, e me levantei. Pondo-me na frente de meu quarto de memórias, estava curioso quanto ao porquê de eu ter visto a Celes.

O Terceiro falou:

『... Os outros quartos apenas reproduzem memórias. Podemos mudar um pouco, mas desde que não estejamos controlando diretamente, isso não acontece. Eu entrei em seu quarto, e investiguei uma coisa ou outra.』

O Terceiro sentou-se de volta na mesa, e olhou para o telhado.

『É como se elas estivessem vivas, sabe. Se você disser algo, elas respondem. Era exatamente como se eu estivesse falando com o verdadeiro Dewey.』

Por que isso estava acontecendo?

Eu não conseguia entender. A gema azul havia se tornado uma Joia, e as memórias dos ancestrais haviam revivido.

Mas mesmo esses ancestrais não tinham um entendimento completo quando se tratava de Joias.

O Quarto colocou seus óculos de volta.

『Estive me perguntando isso por um tempo. Se as Joias estão realmente lá para transformar Skills em memórias, e deixar tudo ser transmitido... há aquele caso com a Celes também. E a Celes tratou a Joia Azul como se fosse uma falha.』

O Sétimo levou sua mão ao queixo, e olhou para baixo.

『Não são apenas memórias, mas personalidades que são transcritas... talvez as Skills não sejam o propósito principal, mas as personalidades em si. Tentei pensar por essa linha de raciocínio algumas vezes sem resultados.』

O Quinto sentou-se em sua própria cadeira, e cruzou suas mãos atrás da cabeça.

『Por que você precisaria de algo assim? Alguém planejando obter vida eterna? Copiando memórias e personalidades para sempre, e tomando quem quer que coloque as mãos nela... de certo modo, isso seria eternidade, mas não posso realmente pensar que haja sentido nisso.』

Era assustador pensar sobre como uma ferramenta tão perigosa dessas estava sendo vendida nas ruas algumas centenas de anos atrás. O Primeiro comprou uma gema impopular, e ela foi herdada de geração em geração. A gema azul da Casa Walt.

Diferente da Joia Amarela nas mãos da Celes, era uma falha. Aparentemente.

Eu...

— Então poderia a atual Celes ter sido tomada pela megera de trezentos anos passados? A Novem disse que ela era diferente, todavia.

Não havia sido tomada ainda, era como parecia. Certo, ainda.

O Terceiro saiu da mesa, e levantou-se para ficar de frente para mim.

『Qualquer que seja o caso, com tantas personalidades reunidas, não houve um traço de possessão ou nada assim. Não consigo pensar que fazer qualquer coisa assim seria minimamente interessante. Na realidade, nós todos estamos cientes que somos existências gravadas, e não os próprios indivíduos... vida eterna é uma fantasia.』

Quando assenti, ele deu uma batida de palmas.

『Pois bem, parece que os mistérios da Joia aumentaram, mas quem realmente se importa. O problema é como você vai derrotar a Celes. Vamos enfrentar esse problema passo-a-passo, e nos concentrar em invadir Selva por enquanto.』

Cruzei meus braços, e assumi uma expressão de dúvida. Nós estávamos preparados para atacar a qualquer momento. E agora Lorphys também.

— Isso já está acertado, nós partiremos imediatamente. É só que...

O Quarto respondeu.

『É só?』

— Está realmente tudo bem eu não fazer nada?

O dia seguinte.

Os Cavaleiros Sagrados estavam enfileirados desde a manhã, e enquanto os soldados também se enfileiravam, Aura-san veio à praça diante do templo.

Para despachar apropriadamente as tropas antes da missão.

Ela vestia aquele vestido branco que mostrava as linhas de seu corpo, e poderia ser que ela na verdade gosta dele? Pensei nisso, enquanto olhava para Aura-san.

Ambos, Thelma-san e Gastone-san se colocavam um pouco mais atrás.

— Bravos soldados de Zayin! A respeito dos atos injustos de Selva, a hora chegou para nós descermos o martelo!

Os civis que vieram assistir a cerimônia de despacho responderam à sua voz, e aplaudiram.

De dentro da Joia, veio a voz do Terceiro:

『Uma justa causa é importante, mas se você souber o que está acontecendo nos bastidores, não pode realmente se animar com essas coisas. Bem, se eles não puderem vencer, não poderemos seguir em frente.』

Nós iríamos esmagar Selva pelos nossos próprios objetivos. Abruptamente, relembrei das palavras do Capitão dos Cavaleiros Divinos... as palavras de Armand.

(Ir para o inferno, huh? Eu realmente estou destinado ao inferno, sem dúvidas.)

Mas isso não era o bastante para me impedir.

Após reunir todos os olhares na praça, Aura abriu seus braços amplamente.

— Eu aponto o Capitão dos Cavaleiros, Lyle Walt, como o general desse exército. A graça da deusa certamente trará vitória sobre ti e teus homens.

Em um lugar onde me destacaria, desci sob um joelho, e aceitei a tarefa de me tornar um general. Ou melhor, não havia uma pessoa adequada para a tarefa presente.

— Sim! Eu definitivamente atenderei suas expectativas.

O aplauso das pessoas, e os gritos dos soldados, sacudiram a capital.

Aura-san sorriu, e trouxe sua mão direita à área em torno de seu peito.

— Espero grandes coisas de você, Cavaleiro Sagrado Lyle.

Ela realmente falou. Enquanto aqueles em volta davam seus vivas, eu entendi.

(Essa garota está cimentando minha alcunha de Cavaleiro Sagrado. Que cruel!)

Para aqueles que realmente não conheciam sua personalidade, isso certamente parecia como se ela estivesse colocando suas expectativas em mim, e me agraciando com o nome de Cavaleiro Sagrado.

Mas eu entendia. Quando eu estava resistindo ser chamado de Cavaleiro Sagrado, eu reclamei sobre isso com ela uma vez.

Me levantei, e dirigi minha mão direita na direção dela.

— À Verdadeira Donzela Sagrada da Renascida Zayin... Aura-sama, eu definitivamente atenderei a essas expectativas.

Eu falei isso. Seu rosto estremeceu um pouco, e eu sorri. As palavras que a irritaram foram “Verdadeira Donzela Sagrada”, pelo visto.

O exército de Zayin deixando a capital partiu rumo a fronteira de Selva.

Lorphys havia posicionado seus homens próximos a fronteira em seu próprio país.

A razão de termos realizado um plano para operar em dois frontes foi porque isso reduziria o tempo de viagem de nos reunirmos em um ponto só. A princípio, pensei em reunir todas as tropas antes de agir, mas a falta de movimento de Lorphys havia custado tempo demais.

Ao meu lado, em sua armadura vermelha construída às pressas e com lança em mãos, Aria montava seu cavalo em fila. Novem, Miranda, Clara e Mônica descansavam no Portador.

O Portador seguia logo atrás de mim, e ao lado dele, Eva montava um cavalo.

Mas seus movimentos eram rígidos.

Aria a chamou:

— Ei, você parece estar prestes a cair a qualquer momento. Fique firme.

Eva tremeu enquanto fechava a cara para Aria:

— Eu nunca montei um cavalo na minha vida! Isso é inevitável.

Aria suspirou:

— Você sabia que isso estava vindo. Ao invés de cantar suas canções em cada folga que tem, você deveria ter praticado cavalgar.

Eva falou:

— Até você, Aria. Você não estava fazendo nada além de passear pelas barracas de comida! Você acha que eu não sei como você ficou brincando por aí com a Shannon!?

Olhando para a rixa entre as duas, falei em voz baixa:

— Vocês duas. Definitivamente não deixem a Novem, Miranda ou a Clara ouvirem isso. Definitivamente, estou avisando! As coisas foram realmente um inferno no nosso lado!

Nisso, a escotilha no teto do Portador se abriu, e Miranda de repente colocou sua cabeça para fora. Ela sorriu, e continuou com a metade superior de seu corpo, antes de nos olhar, e acenar sua mão.

Os rostos de Aria e Eva estremeceram. Mesmo enquanto a Miranda sorria, seus olhos eram ridiculamente assustadores.

— Você é tão bonzinho, Lyle. Se fosse eu, estaria colocando elas para trabalhos pesados por um tempo. Shannon, que tal eu fazer seu único meio de transporte ser a pé por mais ou menos meio ano? Você vai carregar sua própria bagagem também, é claro. Aria e Eva... é, vamos estudar juntas na próxima vez. Com a Novem e a Clara... Tenho certeza que elas estarão dispostas a ajudar... Vocês não pregarão os olhos até serem capazes de fazer tudo.

Seu rosto havia ficado inexpressivo quando terminou de falar, e depois disso, Miranda desapareceu no interior do Portador.

Ouvi sons da Shannon se debatendo. A porta traseira se abriu, e ela foi jogada para fora.

Com seus pertences nas costas, ela correu até mim.

— O que foi que vocês disseram pra ela!? Lyle, me deixa subir no seu cavalo!

Relembrei a raiva da Miranda, e sacudi minha cabeça:

— Eu pego a bagagem pra você. Caminhe sozinha. E você precisa criar um pouco mais de estâmina.

Shannon reclamou comigo.

— Até a May estava brincando! Isso é injusto!

Eu apontei para o céu.

— Tá de brincadeira? A May está trabalhando de batedora no momento. Apenas desista.

Aria dirigiu sua voz para mim:

— E-ei, a Miranda não está séria, está?

A Eva também:

— E-em imaginar que além de cantar e dançar, estou meio... se fosse música, eu faria meu melhor...

Ambas davam sorrisos forçados, então lhes ofereci um honesto.

— Não se preocupem. Eu vou dar algum tempo de folga a vocês.

Ambas, Aria e Eva, agarraram suas cabeças em seus cavalos.

... O exército de Lorphys havia chegado à fronteira de Selva.

Tendo recebido uma declaração de guerra formal de Zayin e Lorphys, o país de Selva havia reclamado seu segundo Príncipe Dario, e parecia que iriam resistir até o amargo fim.

O exército de Lorphys havia cercado um forte na fronteira, e com os dois frontes de guerra que Selva havia sido forçada, eles lutavam em um terreno bastante favorável.

Eles tinham algumas brigadas de mercenários reunidas desde o começo, mas dois países haviam declarado guerra. Eles podiam apenas dividir sua força de combate, e havia pouco pessoal no forte.

Liderando uma unidade, Alette brandia sua espada sobre seu cavalo.

— Formação defensiva!

Quando ela disse isso, os magos implementaram um feitiço de Escudo Mágico para cobrir a unidade. E um enorme escudo bloqueava a magia que havia chovido do forte.

Quando o Escudo Mágico terminou, foi hora de seus aliados lançarem suas magias, e da fortaleza bloquear. Mas com números menores, eles não conseguiam aplica blindagem o bastante.

Magias acertavam a fortaleza, e ela desmoronava um pouco.

Alette falou:

— A defesa deles é mais fechada do que antecipei.

Ao lado dela, seu ajudante montava um cavalo.

— Essa é a vanguarda no momento. Acredito ser normal eles prepararem uma fortaleza com contramedidas mágicas. Mas não investiram muito ouro nela. A fortaleza vai cair nos primeiros dias.

Um vai e vem de magias, e em meio a isso, armas de cerco foram preparadas para aplicar pressão no forte. A razão de seus oponentes poderem apenas aguentar era devido a diferença em números.

Alette olhou em volta:

— Entre as brigadas mercenárias do nosso lado, a vantagem numérica é por volta de quatro para um. É quase hora de Zayin iniciar seu avanço também. Eu realmente gostaria de atravessar essa linha antes disso.

A razão de Lorphys ter se decidido pela invasão de Selva foi devido a influência das ações do Lyle na câmara de audiências. Sua atitude como se não estivesse sequer levando eles em consideração. E o fato de que até uma qilin o obedecia.

Eles não queriam fazer de inimigo o homem que possuía o próprio símbolo da boa sorte. Ou pelo menos, a opinião do ministro que acreditava nessa superstição foi levada em consideração.

Mas era diferente para Alette.

Era algo mais simples que isso. Ela não queria lutar com o Lyle.

Ao invés de lutar com o grupo do Lyle, o qual ela não conseguia chegar perto de ver suas profundezas, enfrentar Selva parecia muito mais decente.

(Não acho que perderíamos se lutássemos, mas o que é essa ansiedade...)

Um qilin o acatava, e mesmo em uma situação tão urgente, ele havia irrompido em risadas. Além do mais, fora uma risada verdadeiramente agradável. Não uma que ele havia se forçado a dar.

Ele estava realmente se divertindo.

(Esse tipo pode ser assustador. Eles realmente gostam de guerra.)

Lombolt também havia notado aquela loucura no garoto, enquanto freneticamente persuadia a Princesa Real Annerinne em sua decisão de invadir Selva.

(Bem, eu não quero pensar que ela tenha sido convencida pelo amor que esfriou com algo daquele nível, mas...)

Annerinne havia permitido a invasão tão rapidamente que todos presentes foram forçados a se perguntar o que esteve lhes causando todos os seus problemas antes. Além disso, ela havia dado a ordem de apreender a família real antes de Zayin ter a chance.

(Ela realmente consegue quando está motivada...)

A força cercando a fortaleza disparava uma magia após a outra, rachando-a mais e mais.

Para Alette, parecia como se eles estivessem descarregando todas as suas frustrações no pobre edifício...


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