Volume 10
Capítulo 12: Carta Trunfo
Enquanto Sertri tentava arrancar sua segunda cabeça, eu e Mônica a bombardeávamos com balas de canhão, e flechas de luz.
Enquanto a chuva, caía, as balas de canhão explodia, e enquanto ela soltava uma leve luz, sangue se derramou do lugar onde sua cabeça uma vez esteve, enquanto nos encarava.
Mônica havia ficado sem projéteis perfurantes, e havia usado um explosivo. E o avaliou:
— Os projéteis explosivos não são muito efetivos.
Ela deixou o canhão no convés. Devido ao calor que esteve acumulando, a chuva e água do mar que o acertaram levantaram espesso vapor.
— Explodiu espalhafatosamente, do jeito que eu gosto, mas... não fez realmente muita coisa.
Quando falei isso, a silhueta crescente de Sertri olhou para nós com seus olhos vermelhos, antes de se virar aos céus, e soltar um rugido. Ela mergulhou na água com movimentos mais afiados que antes, e começou sua aproximação.
Eu chamei a Vera-san.
— Coloca a velocidade no máximo. Parece que ela ficou séria.
A resposta que veio foi...
『Por que é que abandonar suas próprias cabeças deixou ela mais forte!? Eu só tenho que aumentar a velocidade, né? Né!?』
Mônica pegou um martelo enorme de dentro de seu avental, e assumiu uma postura.
— Não é de se espantar que o desenvolvimento de armas de fogo esteja tão atrasado. Os meios que têm para bloqueá-las são injustos demais. Que merda é essa com aquelas barreiras?
Quem concordou com a reclamação dela foi o Sétimo na Joia.
『Exatamente. O poder de fogo delas pode ser reduzido a tal ponto, e elas custam ouro, então ninguém lhes deu reconhecimento... elas definitivamente são armas superiores, posso garantir.』
Elas definitivamente eram úteis, mas ainda talvez não estivessem em um nível onde se tornariam difundidas.
Puxei meu arco, e disparei uma flecha na água.
Ela perfurou a superfície da água, acertou Sertri no alvo, e explodiu. Mas seus movimentos não entorpeceram como antes.
— Com três cabeças... era difícil mover um corpo só. Está se movendo muito melhor que antes.
Quando a admirei, Shannon — segurada pela May — olhou para os movimentos de Sertri. Ela se virou para mim, e berrou:
— Por que você parece tão feliz!? Acaba com ela antes que fique sério!
Sua opinião estava bem no alvo. Mas eu não a havia derrotado antes disso, então não se podia fazer nada.
— Era isso o que eu queria fazer, mas não deu certo. Bem, eu não odeio aparar aos poucos assim, mas avancemos aos meios seguintes.
Mônica era da mesma opinião.
— Pelos meus cálculos, seus ataques de longa distância não serão capazes de derrotá-lo. Quanto a mim, só tenho um projétil explosivo sobrando.
Diante dessas palavras, os olhos da Shannon ficaram lacrimejantes.
— V-você realmente pode derrotá-lo, não é!?
Usei minha mão direita para virar meus cabelos molhados.
— Que tolice. Se você perder, você simplesmente morre. De que utilidade é pensar no que vem depois de perder? Eu sempre penso apenas em vencer. Esse é meu jeito de viver!
Shannon, segurada pela May, começou a se debater violentamente.
— Quando isso tiver acabado, eu definitivamente vou te dar uns tapas!
— Ei, não se debate. Eu sou a única que você está machucando, sabia?
Eu sorri:
— Esse é o espírito! Depois que vencermos, vou brincar com você o quanto quiser. Agora, não há elegância nenhuma em usar nada além de um arco. A seguir, vamos tentar com essa daqui.
Transformei o arco na alabarda, dei uma balançada nela, e fiz uma pose no convés.
Logo depois disso, Miranda enviou uma transmissão da popa.
『Desculpa interromper sua diversão, mas parece que ele vai nos pegar, sabia? Se ele agarrar o navio, não vai nos arrastar diretamente até o fundo do oceano?』
Eu segurei a alabarda com minha mão direita, e levantei minha mão esquerda ao alto.
— Sem problemas. O meu eu atual pode cuidar de uma Sertri ou duas. Toda a tripulação, vou aumentar a velocidade de vocês, então tenham cuidado... Cima&Baixo.
Quando usei uma Skill, a velocidade do navio subiu de repente, e os movimentos de Sertri entorpeceram. Mas mesmo com isso, ainda estava se aproximando de nós.
Ao arrancar duas cabeças, seus movimentos haviam se unificado, deixando-a bastante problemática.
Levei minha mão esquerda ao queixo enquanto...
— Então era mais fácil derrotar enquanto ainda tinha três cabeças...
Nisso, ouvi a voz da Clara:
『... Por enquanto, estou pensando em criar um registro quando isso tiver acabado. É claro, é um monstro que não posso realmente dizer que será gerado de novo. E os resultados chegaram.』
Com minha Skill... Conexão... nos ligando, informação fluiu em minha cabeça. O que eu a fiz pesquisar foram dados referentes a monstros aquáticos.
Que ataques usavam, e que características compartilhavam...
Olhando para os monstros parecidos com Sertri, realizei algumas conjecturas.
De qualquer jeito, a maioria dos monstros enormes tentam puxar barcos para as profundezas.
— Então eles geralmente tentam nos afundar. Sertri vai fazer isso também? E a outra coisa que eles são capazes é...
Quando pensei, Novem chamou da proa. Ela soava um pouco mais impaciente que o normal.
『Lyle-sama, gelo se manifestou na frente. É bem grande.』
Confirmei através do compartilhamento visual da Novem, e analisando ainda mais rápido que eu, Vera-san reagiu.
『B-bombordo! Todos se agarrem em algo.』
O navio guinou de repente, evitando a montanha de gelo que havia se formado. Mas com nosso curso alterado, Sertri iria nos alcançar.
Saltando da água, como se para cobrir o navio guinado, Sertri pareceu estar tentando acertar sua barriga sobre nós, e nos afundar.
Mas...
— Você não escolheu a melhor hora, Sertri.
Eu ri, saltei, e enfiei minha alabarda na parte sem escamas de sua barriga.
Quando balancei minha arma, senti uma dura resistência antes de poder tocar sua barriga. Mas eu fui em frente, balancei, e infligi um ferimento de alguns metros de extensão.
O sangue não espirrou em mim, mas ao mesmo tempo, eu pude dizer por instinto que não seria capaz de vencer desse jeito.
Quando aterrissei, mal estava na popa do navio.
Miranda olhou para mim:
— Como sempre, você faz algumas coisas perigosas... e espera, tenho a sensação de que é grande demais para derrotar.
Após tentar nos cobrir, Sertri passou por cima do barco, e pude vê-la levantar um enorme espirro de água atrás de nós.
Olhando para minha alabarda, conferi se não estava lascada antes de olhar à superfície de água onde Sertri havia mergulhado.
Miranda olhou para mim:
— Você a cortou, certo?
Eu sacudi minha cabeça.
— Pensei que daria certo com a barriga, mas estava protegida com Mana. Eu fiz um corte, mas... foi raso demais.
Olhando para o corpo gigantesco de Sertri, o corte que eu havia feito era apenas um arranhão.
Retornei a alabarda à forma de Joia, a pendurei em meu pescoço e usei uma Skill... Caixa. Do baú de tesouro que apareceu, eu retirei um sabre.
— Ei, se suas armas de prata não funcionam, o que você está tentando fazer com um sabre?
Em resposta ao olhar duvidoso da Miranda, eu...
— Para os outros monstros. Parece que eles se reuniram.
Miranda notou, e olhou em volta. Um bando de Sahuagins havia se reunido em torno do navio. Sendo mais específico, um grupo de Sahuagins estava atacando o navio.
Essa era realmente a única rota que ela pôde escolher, então não pude culpar a Vera-san por isso.
Ela deu ordens:
『Todos peguem suas armas! Evitem que eles se infiltrem na ponte! Vocês não precisam sair ao convés!』
Seis sabres em minha cintura. E um extra em cada mão. Segurando oito sabres, balancei um horizontalmente em um Sahuagin que havia saltado da água.
Miranda também puxou sua faca, e a jogou em outro que havia aparecido.
— Parece que a cabeça dele está funcionando melhor depois de arrancar um pedaço de si próprio.
Tendo bloqueado nosso caminho inicial, nos enviando em um bando de monstros, Sertri tranquilamente se mostrou da água, e abriu sua enorme boca.
Não era um amontoado de mana dessa vez, ela reuniu a água nos arredores, e começou a comprimi-la.
Eu:
— Novem!
Berrei o nome da Novem, enquanto ela criava algumas paredes de gelo na frente da fera.
Imediatamente depois, lançou água pressurizada, e facilmente atravessou essas paredes. Vera berrou:
『Estibordo!』
O navio foi capaz de evitar a corrente líquida. Derrubando as paredes de gelo em seu caminho, Sertri nadou até nós. Enquanto eu cortava um dos Sahuagins que se aproximava, dei ordens:
『May, como estão as coisas no seu lado?』
『Tudo certo. Além do mais, Mônica veio ajudar.』
No centro do convés, posicionada a fim de proteger Shannon e Novem, May e Mônica enfrentavam monstros.
Eles continuavam a aparecer um após o outro à popa, e quebrando as portas, começaram a se infiltrar no interior do navio.
Miranda criou fios dos dedos de ambas as suas mãos, contendo os Sahuagins circundantes, e os partindo em pedaços.
— Essa daí é bem conveniente.
Quando falei isso, Miranda falou:
— Realmente é. Tem um bom fio, dá para amarrar coisas, e com base em como você usar...
Os fios se amarraram em torno de mais alguns Sahuagins. E enquanto eles agonizavam em dor, as cabeças de todos foram decepadas de modo limpo de uma vez só.
De dentro da Joia, pude ouvir a voz do Quinto:
『... Uma mulher aracnídea, essa daí.』
Eu pensava a mesma coisa:
— Você é como uma aranha, Miranda.
Dando um sorriso, Miranda continuou a enfrentar os monstros circundantes enquanto...
— É mesmo? Quer ser pego pelos meus fios?
Dizia isso.
— É melhor você me amarrar apertado para que eu não fuja. Não, estamos falando sobre aranhas, então... tanto faz. Receberei de braços abertos! Use seus fios para me prender como quiser!
Miranda deu uma leve risada.
— Entendo. Então não vou me segurar... todo mundo está escutando nossa conversa, sabia?
— Isso é um problema?
Quando respondi de cara séria, Miranda pareceu estar se divertindo.
— Muito bem, vou me segurar para não te provocar por essa conversa quando você voltar ao normal. Certifique-se de me banhar com amor, mesmo quando estiver são, Lyle.
— Sempre que você quiser!
Enquanto eu continuava cortando os Sahuagins que se reuniam, os sabres em minhas mãos ficaram ensanguentados, e lascados.
— Hora de trocar.
Enfiei os dois no monstro à minha frente, tirei minhas mãos deles, e chutei o inimigo para longe.
Puxando novos sabres da minha cintura, eu girei enquanto cortava os Sahuagins tentando estocar seus arpões nos meus lados.
Aria soltou sua voz.
『Vocês aí! Parem de flertar no meio da batalha! Os Sahuagins estão chegando até aqui, e... sai do caminho!!』
Eles haviam chegado até a área, e ela os empalava, um por um.
Pelo seu compartilhamento visual, eu podia ver os marinheiros em volta dela recuando. Seu lado um pouco masculino era fofo, mas...
— O que foi, está emburrada, Aria? Eu amo seu lado selvagem também!
Quando falei isso com um sorriso, a Vera-san falou:
『Ei, calem a boca todos vocês! Ah, só estou falando sozinha aqui. Homens, vocês não precisam se forçar a lutar, apenas barrem a entrada da sala! Cuidem deles depois, e se concentrem na Sertri por enquanto! ... Não! É Serpente Tridente, merda!』
Ela parecia confusa, e nossa conversação estava sendo misturada com a que ela estava tendo na ponte.
— Qual o problema com Sertri?
Eu achava que era um nome fofo, mas Vera-san não parecia ter gostado dele. Ela berrava várias ordens na ponte, e fazia bom uso dos marinheiros.
Da Eva...
『... Está quente. Além do mais, tem Sahuagins na porta... estou pingando de suor, e minhas roupas estão...』
A Clara...
『Está tudo bem aqui. Eles estão armados com armas de fogo. Elas realmente são convenientes. Talvez eu também devesse arrumar uma...』
Ela parecia estar mostrando interesse em armas de fogo.
E Nisso, a Mônica...
『Frangote! Os Sahuagins começaram a lutar com a ponte. Se aquele ponto for capturado, não haverá nada que poderemos fazer.』
Além disso, a Novem...
『Sertri está vindo para nos afundar pra valer. O que devemos fazer, Lyle-sama?』
A ponte estava em uma situação apertada, enquanto Sertri estava prestes a atacar o navio.
— Não é óbvio? É só lidar com os dois, e não haverá problema nenhum!
E assim, joguei meus sabres nos monstros, e puxei o quinto e sexto. E meus olhos se viraram ao canhão que Mônica havia deixado no convés.
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... Na ponte, uma batalha feroz ocorria com os Sahuagins que haviam arrombado a porta.
— Kuh!
Vera puxou o revólver de seu coldre negro, e atirou na porta.
O capitão pegou uma arma largada em mãos.
— Milady, por favor, abaixe-se.
Dentro do navio balançante, Vera também lutava desesperadamente pela ponte.
— Ei, o que você está fazendo, de pé! Enquanto eu estou segurando eles, você tem que conduzir o navio direito!
Abrindo o cilindro de seu revólver, ela trocou suas balas. Mas como sua concentração havia se virado ao Sertri que se aproximava, ela acabou errando seu tiro.
(Merda! Não tenho muita munição sobrando...)
Com seu tiro, dois Sahuagins haviam fugido da porta, e o restante se aproximava. Com seu último tiro, ela conseguiu explodir metade de sua cabeça, mas ele continuou a caminhar para dentro.
O capitão também se atrasou em recarregar sua arma. O sacudir do barco havia ficado violento, e Sertri se aproximava mais a cada segundo.
Vera não era a única em pânico.
— Você... sai logo daqui!
Deixando suas tranças asas de anjo balançarem, ela chutou o Sahuagin com sua bota. Nisso, ele voou para fora da porta com um bom ímpeto, e...
— Merda!
Quando a Vera notou, o navio já havia dado uma enorme guinada. Tendo lançado um chute na porta, seu ímpeto a arremessou para fora...
Abrindo sua boca, Sertri emergiu abaixo dela.
Vera abaixou seus olhos para a fera.
(Entendo, então aqui é o fim.)
Enquanto seus arredores pareciam se mover estranhamente devagar, Vera estendeu suas mãos na direção do navio, enquanto voava pelo ar.
Mesmo o capitão e marinheiros na ponte sendo incapazes de alcançar, ela havia estendido suas mãos. Eles estavam berrando algo, mas Vera não podia ouvir.
E enquanto via suas próprias mãos estendidas, a cena se sobrepunha mais e mais com o sonho que ela vira repetidamente.
(Foi um sonho profético afinal...)
Não querendo cair no oceano, estendendo suas mãos. Mas era a imagem de sua própria forma desmoronando uma previsão de sua morte? Vera parecia pensar que sim.
(Entendo, então realmente acaba aqui... Eu realmente deveria ter transmitido meus sentimentos direito.)
Enquanto ela lentamente se aproximava da boca que a engoliria, Vera fechou seus olhos, e esperou...
— Ei, pode cobrir seus ouvidos e abrir sua boca pra mim?
Agarrando suas mãos estendidas, ela abriu seus olhos, encontrando o Lyle no ar ao lado dela, com um enorme canhão em suas mãos.
Puxando-a para junto dele, ela entrou em seu abraço, banhados em espirros de sangue, água do mar, e chuva.
Lyle soltou uma risada.
— Se por fora não dá, então que tal por dentro... se você conseguir aguentar esse, eu te mostrarei meu trunfo, ó Deus dos Mares.
— V-você está... rindo.
— Ei, tapa os ouvidos.
Vera colocou seu revólver em seu coldre, cobriu suas orelhas, e abriu sua boca. Naquele momento, Lyle puxou o gatilho. Ele estava abrindo sua boca, e tinha tampões de ouvido.
Quando o impacto soou, Sertri fechou sua boca sobre os dois...