Segunda Terra Brasileira

Autor(a): Dimas Tocchio Neto


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 3: Espaço

David

Após a decolagem, um jovem alto, de cabelos negros, levantou-se de seu assento e caminhou até o centro da cabine. Com um sorriso confiante, ele se apresentou como Diego Rossi, o líder da missão.

Ele veio até mim segurando minha mão e me levou para o centro. Lá, ele me apresentou aos demais exploradores. Sou David Arcádia, um mago de ranking general com maestria em magias de incorporação, lançamento e defesa, além de ter um QI de 252.

Diego fez o mesmo com os demais, apresentando-os um a um: Igor Taylor, Isabella Faraday, Carlos Darwin, Victor Pasteur, Jose Curie, Akane Kepler, Annie Canon e Ellie Lewis.

Além de serem magos de ranking general, todos eram especialistas em astrofísica e engenharia espacial. Alguns deles, como Carlos e Annie, também eram médicos; Victor e Ellie, botânicos; Diego e Jose, veterinários; Igor e Isabella, linguistas; e eu e Akane, biomédicos.

Embora todos pareçam habilidosos em suas respectivas áreas, não tenho certeza se alguns alcançaram o estágio 10 de magia.

Após a apresentação, começamos a conversar casualmente para nos conhecermos melhor.

— Que tal jogarmos um jogo de cartas para nos conhecermos melhor? — propus.

Todos concordaram animados e nos acomodamos ao redor da ampla mesa localizada na parte inferior da sala de comando, próxima às portas dos alojamentos e das câmaras de hibernação.

Diego lançou a primeira carta, explicando que sua motivação para a exploração era buscar a resposta para a existência de vida fora da Terra. Carlos, Akane e José concordaram com ele e compartilharam suas próprias razões. Mas, para minha surpresa, Igor e Isabella revelaram serem namorados e que seu objetivo era se casar em um novo mundo, algo que, embora possa parecer frívolo, eu compreendi perfeitamente.

— Que romântico! — exclamou Ellie, sorrindo para o casal. — Eu adoraria participar do seu casamento interplanetário!

— Seria incrível! — concordou Annie. — E eu poderia ajudar a projetar um vestido de noiva!

— Talvez eu possa ajudar a preparar um buquê de flores exóticas de outro planeta! — sugeriu Victor, animado.

Igor e Isabella riram, agradecidos pelas ofertas.

— Seria uma honra tê-los em nosso casamento — disse Isabella, sorrindo. 

— E temos muito trabalho a fazer antes disso — acrescentou Igor. — Temos que garantir que esta missão seja bem sucedida.

— De fato, e a boa notícia é que estamos a caminho do planeta Serafim, que parece ter tudo o que precisamos — disse Diego.

— De acordo com as análises, Serafim é um planeta com condições climáticas e atmosféricas semelhantes às da Terra, o que o torna habitável para nós — explicou Carlos.

— Além disso, a presença de água líquida e uma variedade de recursos naturais é promissora para nossa missão de exploração e colonização — acrescentou Akane.

— E acredito que a combinação de nossos conhecimentos em ciência e magia pode ajudar a descobrir ainda mais sobre este planeta misterioso — disse Jose.

Ellie sorriu animada e jogou sua carta na mesa.

— E eu estou nessa missão em busca de novos animais fofos que adoro e novas espécies de plantas para estudar! — falou ela, entusiasmada. — Mal posso esperar para explorar Serafim e ver o que ele tem a oferecer.

 Então peguei minha carta e a joguei na mesa.

— Desde a infância, viajo com meu pai em suas expedições arqueológicas por antigos reinos como o Egito. Em uma dessas viagens, encontrei uma escritura suméria que falava sobre a Casa dos Deuses no espaço, indicando um possível ponto de origem da vida no universo. Desde então, tenho procurado por respostas e essa missão para Serafim pode ser uma oportunidade única para encontrar mais informações sobre essa possível civilização alienígena — expliquei, com um tom de mistério.

Akane levantou uma sobrancelha intrigada.

— Interessante, mas o que te fez pensar que Serafim seria o lugar certo para procurar essas respostas? — perguntou ela.

Peguei um mapa holográfico e mostrei a localização de Serafim.

— É aqui, no setor 12 do universo conhecido, onde a escritura suméria indicava que a Casa dos Deuses poderia estar localizada. Além disso, as análises feitas por nossa equipe científica mostraram que Serafim é um planeta com as condições perfeitas para a existência de vida inteligente — respondi, esperando ter esclarecido a dúvida de Akane.

Diego sorriu satisfeito e recolheu as cartas.

— Muito bem, agora que o jogo acabou, vamos falar sobre como vai funcionar a hibernação. Como vocês sabem, nossa nave possui tecnologia avançada que permite a hibernação prolongada dos tripulantes. Durante a maior parte da viagem, ficaremos em estado de sono profundo para economizar recursos e minimizar os efeitos do tempo e do espaço. Mas, antes disso, precisamos fazer um último check-up médico e garantir que tudo esteja em ordem antes de entrarmos em hibernação.

Assim que sairmos do Sistema Solar, sete de nós entraremos em hibernação, enquanto três ficarão acordados durante seis meses para monitorar a nave e garantir que tudo esteja funcionando corretamente. Esses três serão eu, David e Ellie, então precisamos estar prontos para assumir essa responsabilidade — explicou Diego, olhando para nós com seriedade.

— E falando sobre a viagem em si, mesmo com a tecnologia avançada que temos, a jornada até Serafim ainda vai demorar cerca de dois anos. E vale lembrar que, mesmo usando anti matéria como combustível, ainda estamos sujeitos às leis da física. Serafim está a exatos 1 ano luz de distância, orbitando uma pequena estrela anã laranja. Portanto, é importante que todos estejamos preparados para lidar com as adversidades que possam surgir durante a viagem — acrescentou Diego.

Eu assenti, concordando com Diego, enquanto pegava meu diário espacial.

— Por isso estou anotando tudo em um diário espacial que irei usar durante todo o tempo que estiver acordado. Registrarei nossas experiências, descobertas e qualquer evento significativo que ocorra durante a viagem. Acredito que pode ser útil para as futuras missões e para a humanidade como um todo — expliquei, mostrando meu diário aos outros tripulantes.

Alguns de nós decidimos sair da sala de controle e ir até os alojamentos para pegar algumas câmeras, já que logo mais Júpiter estaria visível nas janelas da frente da nave.

Algum tempo depois, pudemos avistar Júpiter através das janelas da nave.

— É impressionante como ele é grande! — comentou Akane, maravilhada.

— Júpiter é o maior planeta do Sistema Solar, possui mais de duas vezes a massa de todos os outros planetas juntos! — acrescentou Diego, apontando para o gigante gasoso.

— Incrível! — exclamou Ellie. — E pensar que estamos tão próximos dele agora...
Após passarmos por Júpiter, continuamos nossa jornada rumo a Plutão. 

Durante o percurso, começamos a discutir sobre como seria a jornada de hibernação para aqueles que ficariam inconscientes por dois anos.

— Eu nunca dormi por tanto tempo assim... — disse Igor, parecendo um pouco apreensivo.

Igor

Enquanto observava o Sistema Solar passar pela janela da nave, não pude deixar de pensar em como minha vida mudaria nos próximos anos. Além de ser uma missão importante para a humanidade, essa viagem também seria um momento importante para mim pessoalmente.

Durante a noite em Serafim, eu planejo pedir Isabella em casamento. É uma ideia que tem me acompanhado desde o início da missão e que me faz sentir feliz e empolgado. Eu só espero que tudo corra bem e que ela aceite meu pedido.Nesse momento, David se aproximou de mim e puxou assunto:

— O que está pensando, Igor? — perguntou ele.

— Estou pensando na nossa chegada em Serafim e em como será a partir daqui. Além de cumprir nossos objetivos científicos, cada um de nós tem seus próprios planos e sonhos para essa viagem, sabe? — respondi, dando um sorriso de lado.

— Claro que sim! Eu, por exemplo, mal posso esperar para explorar as paisagens e belezas naturais de Serafim. Sem contar que será uma ótima oportunidade para registrar tudo em meu diário espacial — disse David, animado.

— E você, tem algum plano em mente? — ele me perguntou, curioso.

Hesitei um pouco, mas decidi compartilhar meu segredo com ele:

— Bem, na verdade... Planejo pedir Isabella em casamento durante a noite em Serafim — revelei, sentindo meu coração bater mais forte.

David arregalou os olhos, surpreso.

— Wow, Igor! Isso é uma grande decisão! Tenho certeza que ela ficará muito feliz. Você já sabe como vai fazer o pedido? — perguntou ele, sorrindo.

Continuamos a conversar sobre nossos planos para Serafim e para o futuro da missão, enquanto eu sentia a ansiedade crescer dentro de mim.

De repente, uma pergunta me veio à mente:

— David, e se encontrarmos alguma forma de vida alienígena hostil em Serafim? O que faremos? — perguntei, tentando esconder o medo em minha voz.

David olhou para mim com seriedade e respondeu sem hesitação:

— Nós a eliminaremos, sem dúvida alguma. Nossa missão é a exploração, mas também temos a responsabilidade de manter a segurança da tripulação e da Terra.

Senti um calafrio percorrer minha espinha ao ouvir sua resposta. Eu sabia que era uma possibilidade remota, mas o pensamento de ter que enfrentar uma ameaça alienígena me assustava.

No entanto, David parecia ter uma solução para esse problema. Ele me convidou para segui-lo até o porão da nave, onde mostrou um arsenal de armas enviado da Terra. Havia armas a laser, rifles de plasma e até espadas de um metal inovador chamado "fichyo", que era resistente como a fibra de carbono e leve como o alumínio.

Fiquei impressionado com a quantidade de armas que havia ali, e com a tecnologia avançada das mesmas. David explicou que essas armas foram projetadas para garantir a segurança da tripulação durante a missão, e que seriam utilizadas apenas em casos extremos.

Olhei em volta do porão e vi que havia muitas prateleiras com munição, coletes à prova de balas e outros equipamentos de proteção. O espaço era bem organizado e limpo, com luzes brancas brilhando em todo o lugar.

Me senti mais seguro ao saber que tínhamos esse tipo de equipamento à nossa disposição, mas também me perguntei se algum dia teríamos que usá-lo.

David olhou para mim com seriedade e disse:

— Igor, se encontrarmos alguma forma de vida alienígena hostil em Serafim, nós faremos o que for necessário para proteger a tripulação e a Terra. É uma questão de sobrevivência da humanidade.

Senti um arrepio percorrer meu corpo, mas sabia que ele estava certo. A missão era importante demais para colocar em risco por medo ou hesitação.

A porta do porão se abriu e Diego entrou, perguntando o que estávamos fazendo ali. David explicou a ele sobre o arsenal de armas e a necessidade de manter a segurança da tripulação e da Terra durante a missão.

Mas Diego tinha algo importante para contar. Ele revelou que o verdadeiro objetivo da missão era estabelecer contato com uma raça inteligente em Serafim. Eles receberam um sinal vindo do planeta, em um idioma que os humanos compreendiam, pedindo para que fossem até lá. Esse sinal indicava que essa raça já havia visitado a Terra em algum momento.

No entanto, Diego também compartilhou uma notícia alarmante. Ele explicou que a magia que os humanos tanto usavam havia sido descoberta como um poluente mortal para o planeta, e que a Terra estava secando em um ritmo muito mais rápido do que se acreditava anteriormente. Em apenas 20 anos, a humanidade estaria enfrentando o fim.

Isso colocou ainda mais pressão na missão em Serafim. Não só era importante estabelecer contato com a raça alienígena, mas também encontrar uma solução para salvar a humanidade da destruição iminente.

Enquanto Diego continuava a falar, eu não conseguia deixar de pensar em Isabella, minha namorada que estava em outro cômodo da nave. Esperava que pudéssemos voltar para casa e ter um futuro juntos, mas agora a situação parecia muito mais grave. Eu precisava me concentrar em cumprir essa missão e encontrar uma solução para salvar a humanidade, para que pudéssemos ter um futuro não só para nós, mas para todas as pessoas da terra.

— Igor, não conte nada sobre o que acabamos de dizer a ninguém por enquanto. Precisamos avaliar a situação com cuidado antes de compartilhá-la com a tripulação — disse Diego, olhando para mim com seriedade.

— Claro, entendo — respondi, assentindo com a cabeça.

Nós três saímos do porão e voltamos à sala de comando, onde encontramos os outros tripulantes sentados, olhando para o espaço. Avistei Isabella em uma poltrona e corri em sua direção, envolvendo-a em um abraço apertado.

— Parece que você está preocupado, amor — disse Isabella, preocupada.

— Não é nada, só algumas coisas da missão que precisamos avaliar com cuidado antes de compartilhá-las com a tripulação — respondi, tentando esconder minha inquietação.

Mas Isabella sabia que eu não estava bem e me abraçou ainda mais forte.

— Não se preocupe, tudo dará certo enquanto estivermos juntos — ela disse, me confortando.

Eu me senti melhor com suas palavras e retribuí o abraço, sentindo sua presença acalmar meu coração. Juntos, enfrentaríamos qualquer desafio que a missão nos apresentasse.



Comentários