Volume 8
Capítulo 123
Já que em qualquer canto que eu cavasse uma fonte termal aparecia, tive a brilhante ideia de construir uma do lado da mansão também e já fazia algumas semanas desde que a população me ajudou a torná-la utilizável, construíndo a estrutura. “Esse é o banho pessoal do senhor feudal, galera! Vamos dar o nosso melhor!”, ou assim eles disseram entusiasmados.
Eles inclusive incluíram um caminho feito com pedras de mármore desde a mansão até o banho e plantaram algumas árvores para obstruir a visão de qualquer um que tentasse espiar pelo lado de fora. Não pude deixar de agradecer por terem expandido o muro que cercava a mansão para abrigar a fonte térmica e fiquei realmente surpreso com a velocidade com que tudo isso foi terminado.
Para ser bem sincero, embora tenha colocado todo esse mármore de boa vontade, a verdade era que ele era muito escorregadio, então as quatro pessoas que faziam uso da fonte, incluindo eu, não tiveram uma impressão muito boa disso. Agora, se ignorarmos isso, não havia qualquer reclamação com relação ao banho em si ou sua localização.
Hoje novamente, uma estranha sensação de alguém nos espiando no banho estava me incomodando sendo que nesse exato momento, éramos apenas Lahsa e eu. Obviamente, esta era a fonte do senhor feudal, portanto ninguém mais estava autorizado a usar.
— Aniki, vou saindo primeiro.
Cobrindo as partes importantes com uma toalha, Lahsa me avisou de que estava saindo e partiu.
— Claro, até mais~
Acenei para ele enquanto ainda relaxava com os olhos fechados e, depois que o som dos seus passos sumiram, mergulhei na água outra vez. Comparado a mim, a duração do banho dele é consideravelmente curta.
Não era como se eu demorasse ou coisa assim, apenas que acontecia que esta era uma oportunidade perfeita para relaxar aproveitando o melhor do calor da fonte e do frio da noite, nem que fosse por um segundo a mais. Por causa disso, acabou se virando um hábito meu ficar mais tempo que o Lahsa.
— Fuuu…
Acho que é hora de sair.
Depois de ver como as minhas bochechas estavam quentes, decidi que já era hora de voltar. Uma dose deliciosa de água gelada do poço estaria me aguardando assim que me levantasse.
Aah~ eu já me sinto refrescado só de pensar nisso.
No início nem percebi como a água de Helan era boa até que uma vez vi o Lahsa enchendo a barriga de água e dizendo “Sério, a água de Helan é tão deliciosa!”, depois do banho, então passei a gostar da de fazer isso também.
Falando nisso, ele tem a mania de beber tanta água que seu estômago fica inchado e fazendo barulho, o que sempre acaba me fazendo pensar “Será que ele não está bebendo demais?”. Não consigo deixar de me preocupar que algum dia virá um carta da capital com reclamações por Lahsa ter engordado ou coisa assim.
Depois de pensar tanto sobre a água, já não pude mais me controlar e saí correndo para o poço e foi então..
— Hm? Quem está aí?
Assim que tomei um gole, abri os meus olhos e percebi a presença de dez figuras usando máscaras escuras no rosto.
Este era um banho exclusivo, então mesmo se Eli estivesse junto, ainda haveria alguns intrusos no meio deles. Bem, eu duvido muito que ela se juntasse com esse scaras, então provavelmente todo mundo aqui era um intruso.
— O senhor é o Kururi Helan-dono, certo?
— É, sou mesmo, mas e daí?
O homem que estava na frente perguntou a minha identidade, então só respondi honestamente. Eu estava me sentindo um pouquinho para baixo porque sabia que dali só viria problemas.
Quero dizer, é no meio da noite e eu estou peladadão agora. Queria ao menos estar de calção porque mesmo se fize alguma coisa grandiosa aqui, não vou parecer nada legal se estiver com as minhas “coisas” para fora.
— Só para ter certeza absoluta, o senhor se chama Kururi Helan, não é?
Não apenas o cara na frente, mas até o cara perto do muro queria saber a minha identidade? Para que isso? Não acabei de responder ao outro cara nesse instante?
— Sim, foi o que acabei de dizer.
Talvez por ter entendido que aquilo me deixou de mal humor, o homem fez uma expressão de como se estivesse lamentando.
Se você é capaz de ler a atmosfera assim, eu preferiria que não escolhesse atacar um homem quando ele está completamente pelado.
Bem, talvez aqueles caras não tenham tido escolha já que era o trabalho deles. Mesmo assim, que tipo de negócios eles teriam comigo? Se fossemos pensar de maneira lógica, seria assassinato, não? Ah, agora eu quero ainda mais um calção.
— Eu realmente sinto muito, mas o senhor poderia confirmar novamente…?
— PORRA, EU JÁ NÃO FALEI!? MEU NOME É KURURI HELAN!
Quando um outro cara que estava escondido atrás de uma moita chegou me perguntando pela terceira vez, aí eu fiquei puto.
Vocês são retardados!? Precisava mesmo perguntar esta merda três vezes???
— Olha, vocês estão tirando uma com a minha cara!? Qual é o trabalho1 de vocês!? É perguntar o meu nome!? CLARO QUE NÃO! Então bora logo, o que é que vocês querem, seus cuzões!?
Pode parecer estranho vindo de um cara com a sua bengala de fora, mas alguém precisava dizer isso.
O homem atrás da moita ficou intimidado. Pelo visto ele tinha suas razões para perguntar.
— Qual é, se vocês têm alguma coisa para dizer, então digam logo!
— Tudo bem mesmo?
— Apenas fale.
— Bem a verdade é que… todos aqui são assassinos diferentes…
— …Como é que é?
— Como posso dizer…? Confirmar a identidade do alvo não faz parte da estética do nosso trabalho? Como esse pessoal chegou na minha frente primeiro, eu… faço isso toda vez, então só pelo costume… não é como se eu não fosse capaz de analisar a situação ou coisa assim…
Ele está dando uma desculpa!
— Calma aí, deixa ver se eu entendi. Todos vocês são de grupos diferentes de assassinato?
Aparentemente todos eles estavam perplexos pela situação já que só conseguiram assentir com a cabeça vagamente.
— Olha só, vamos organizar essa bagunça aqui. Quem faz parte do grupo de quem? Vamos se juntem com seu time, agora!
Sobe o meu comando, eles se organizaram em fileiras por equipe.
O que estava perto do muro tinha dois capangas consigo, resultando em três caras querendo me matar.
O que estava na frente também tinha dois aliados, aumentando o número em mais três.
O de trás da moita tinha outros dois, fazendo com que fossem nove agora.
Hm? Nove?
— Ei, e você aí, meu filho?
— Ah, desculpe, eu vim sozinho. Só não me pronunciei antes porque o clima parecia muito pesado para perguntar o seu nome, então fiquei na minha.
Finalmente alguém com um pouco de bom senso! Como esperado de um cara que faz o seu trabalho sozinho! Ele tem as suas qualidades!
Não, pera, isso não tem a mínima importância agora! Como assim diferentes grupos de assassinos? Quer dizer que tem quatro pessoas diferentes querendo me matar? O que foi que eu fiz para atrair tanto ódio assim!?
Bem, ao menos de um eu sabia.
O cara gordo do outro dia, se não me engano, o nome dele era Alegraden Fonteyne ou algo assim, certo? O nobre que mais parecia um porco.
— Ei, qual de vocês aí foi mandado pelos Fonteyne? Bora, eu não tenho a noite toda, vou lutar com vocês primeiro.
…Mas nenhum deles respondeu.
Acho que ninguém seria idiota o suficiente para dizer o nome do cliente, não é?
…Ei, não vai me dizer que nenhum desses aqui foi mandado por eles, vai?
— Qual é, vocês não sentem orgulho do trabalho que fazem?
Todos eles olharam para mim como se o que acabei de dizer não fosse mais do que o óbvio.
— Tudo bem, pelo menos me deixem vestir um calção primeiro. Se for para morrer, quero ao menos um pouquinho de dignidade.
— Isso seria inconveniente para nós. A nossa ideia é fazer com que pareça ter sido uma morte por afogamento.
O homem na frente tomou postura e sacou a espada em suas costas.
Ei, isso é completamente oposto do que acabou de dizer. Como assim vai fazer parecer um afogamento se você está se concentrando em me matar com uma espada!?
O homem deixou escapar a sua sede de sangue.
Cara, que problemão. Eu só queria me vestir!
— Não se precipite, se você der um passo para frente agora, pode acabar morrendo.
Estendi a mão para frente a fim de que o homem parasse.
— Você acha que eu…!
Sem ao menos terminar sua sentença, o homem avançou contra mim, só que ele acabou pisando no mármore escorregadio e bateu a cabeça forte no chão. Quem imaginaria que um assassino seria a primeira vítima do chão desse banho…
Já que tinha avançado com tanta força, essa mesma força foi aplicada em sua cabeça. Infelizmente, ele não estaria acordando tão cedo.
— Quem vai ser o próximo?
Embora estivesse nu, misteriosamente me sentia cheio de confiança. Com a fonte termal atrás de mim, abri bem os braços.
— Tenho certeza de que cada um de vocês conseguem dar o seu melhor em certas condições especiais, não é? Em dias de chuva, dias ensolarados ou mesmo dias com vento forte. Pelo que posso ver, a especialidade de vocês são em noites escuras, mas sabem de uma coisa? Vocês fazem ideia de qual situação eu me saio melhor?
A expressão dos assassinos ficaram tensas.
— É logo depois que dou um mergulho numa fonte termal! Vocês acharam que conseguiriam a minha cabeça quando estivesse relaxando, mas isso só mostra o quão estúpidos vocês são! Este banho inteiro é o meu território e se acham que o cara inconsciente ali é só coincidência, saibam que estão completamente enganados!
Pude ouvir um deles murmurando “nã-não vai me dizer que…”.
— EXATO! NÃO FOI UM ACIDENTE, TUDO EM VOLTA DESTA ÁREA ESTÁ SOB MEU TOTAL CONTROLE!
Então, por favor me deixem vestir logo o meu calção.
Infelizmente nenhum deles caiu na minha persuasão e sacaram suas espadas. Pelo visto, a pressão que eu fiz só serviu para deixá-los ainda mais motivados em lutar.
Bem, se eu não quiser morrer acho que minha única escolha vai ser lutar pelado mesmo.
Tendo reunido a minha determinação, caminhei na direção dos inimigos com a fonte termal em minhas costas, mas foi aí que uma sombra se aproximou vindo de onde ficava a mansão.
— Queria que não fosse caso, mas… bem, assassinos… parece que foi a decisão correta trazer minha espada.
Com uma voz clara e passos quietos, Lahsa apareceu segurando uma espada.
— Como senti uma sensação ruim, trouxe sua espada também, Aniki.
Talvez para suavizar a situação, Lahsa estava falando com um largo sorriso no rosto.
Embora eu preferia mais um calção do que uma espada.
— Você pode descansar agora, Aniki. Para gente desse tipo, sou mais do que o suficiente.
Lahsa sacou sua espada e liberou uma intensa intenção assassina. Durante o tempo na capital isso já tinha ficado claro para mim, mas em pensar que ele seria tão forte… que bom que nós somos aliados.
— O crime de apontar uma espada para o meu Aniki é imperdoável, mas fiquem tranquilos, vou manter pelo menos um de vocês vivos já que preciso fazer algumas perguntinhas mais tarde.
Lahsa disparou em direção aos inimigos, fechando a distância em um instante e tudo o que tinha de fazer agora era espetar a barriga desprotegida do inimigo, mas…
— Awawawaw!
Ser capaz de acelerar em um instante era bom e tudo mais, só que não conseguir na hora de acertar o inimigo fez com que ele esbarrasse contra o assassino que ia cortar.
Quero dizer, o chão era bem liso, sem contar que estava tudo molhado agora.
Depois de fazer a mesma coisa mais 3 ou quatro vezes, ele finalmente ficou sério, então se colocou na minha frente e declarou com firmeza.
— Ha! Enquanto o Aniki estiver seguro, a vitória será nossa! Não há a menor necessidade em atacar primeiro!
Essa frase ficaria muito legal se você já não tivesse tomado a iniciativa, mas tudo bem enquanto eu não precisar lutar pelado.
A situação mudou e ficou exatamente como Lahsa tinha dito. Os assassinos queriam a minha cabeça, portanto vieram todos de uma vez, só que Lahsa bloqueou o caminho de cada um deles.
Com um trabalho de pés habilidoso, eles continuaram a fazer os seus movimentos, mas nenhum deles conseguiu superar a linha defensiva. Lahsa supostamente era para ser mais forte do que eles, mas surpreendentemente a batalha estava se estendendo.
— Sinto muito, Aniki. Por alguma razão, sinto como se o meu corpo estivesse um pouco pesado… Por favor, aproveite um pouco mais a água do banho enquanto cuido desses caras.
Sente um pouco pesado? Por acaso não está ouvindo o barulho de água que a sua barriga está fazendo? Pare de beber tanta água depois do banho! Como é que ficou com esse bucho tão inchado? Quanto água foi que você bebeu???
A barriga dele estava completamente redonda e a batalha ia se tornando mais longa. Não conseguindo mais assistir aquilo, achei que havia chegado a hora de engolir o orgulho e lutar pelado, mas foi aí que…
Mais quatro figuras apareceram por cima do muro.
Por um instante, achei que fosse um novo grupo de assassinos, mas isso acabou se mostrando errado.
Enquanto eu olhava para eles, Lahsa se defendia contra o ataque dos outros nove. A repetição sucessiva de ataque e defesa que parecia não ter fim, subitamente se encerrou.
Por nenhuma razão, os nove pararam de se mexer. Não, não foi por nenhuma razão, o motivo estava bem claro para mim. O corpo dos nove foi imobilizado por um fio de aço e, assim como um inseto preso na teia de aranha, eles não conseguiam se mover.
— Sentimos muitíssimo por chegarmos atrasados.
As quatro sombras vieram até o meu lado e nenhum deles era um estranho para mim.
O grupo deles foi chamado “Diamantes Bravos”. Onde será que tinha se escondido até agora? Aparentemente, eu que tinha escolhido o nome, mas ainda era inacreditável. Não consigo deixar de pensar que tinha alguma coisa de errada com a minha cabeça antes de perder as memórias.
Aqueles eram quatro irmãos que agiam como ladrões honrados sob o meu comando. Aparentemente eles trabalhavam como assassinos na capital, mas depois de perderem um luta para mim, se tornaram meus vassalos.
— Não, vocês fizeram um bom trabalho.
Afinal, graças a vocês eu não precisei lutar sem roupa.
Ficaria tudo bem contanto que se desculpassem com Lahsa por o terem usado como distração enquanto montavam essa armadilha.
— Hmph, esses caras são muito burros.Quem imaginaria que tentariam assassinar Kururi-sama, que possui o ex-melhor esquadrão assassino da capital sob seu comando.
A irmã mais nova do grupo de assassinos foi a primeira a falar.
É mesmo, seria muito bom se esses caras deixassem de ser assassinos também.
— Muito bem, agora é hora de extrair algumas informações.
Mas primeiro, vamos vestir umas calças.
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