Se der Ruim, Viro Ferreiro Japonesa

Tradução: Rudeus Greyrat

Revisão: Asura


Volume 8

Capítulo 118

Desde que comecei a passear com o Lahsa e a Iris, meus dias têm sido um paraíso. Não só comemos todo tipo de carne, como a quantidade de doces é tão que tenho estufado a minha barriga como se não houvesse amanhã!

Os dois me disseram que no passado eu costumava engolir uma pilha enorme e variada de comida todos os dias, mas pelo amor de Deus, quantas lojas eu costumava frequentar para eles me dizerem esse tipo de coisa?

Como não tenho qualquer lembrança desses dias não sei bem o que dizer quanto a isso, mas é bom deixar claro que o meu estômago não nega que é capaz de botar todo tipo de comida para dentro. Sem dúvida.

Mudando de assunto, o ovo enorme que estou carregando nas costas começou a se mexer e está até mesmo fazendo barulho.

Embora algumas pessoas digam que estão bem vivendo sozinhas por muitos anos, qualquer uma delas ficaria comovida se passasse por este tipo de situação. Eu mesmo mal posso esperar para quando esta coisa nascer!

Está realmente tudo bem continuar vivendo de forma tão despreocupada? Justamente quando comecei a refletir sobre isso, o Príncipe Arc veio trazendo uma resposta para mim.

— Lahsa, Iris, por quanto mais tempo vocês pretendem ficar mimando esse cara?

Porque Iris e eu estávamos muito perto um do outro, Arc fez questão de me puxar pelo ombro para mais longe dela.

— Mas irmão, agora que ele finalmente voltou para a gente, eu queria continuar assim por pelo menos mais um mês.

Um mês? Se eu deixar a Eli um mês cuidando da loja sozinha, ela vai ficar doida comigo.

— Negativo, esse cara tem muito trabalho à fazer antes de voltar para o território Helan.

— É assim mesmo? Que pena, nesse caso, quando tiverem terminado, podemos continuar nos divertindo por um mês, Kururi, Lahsa!

Ei! No final, continua sendo a mesma coisa!

No entanto, o fato de me quererem tanto por perto me deixava comovido.

— Tudo bem… mas na próxima que saírem para se divertir, me levem também!

Aha! Então você ainda tem um lado humano dentro de si, meu caro príncipe!

Apesar de que pensei que ele estava levando as coisas um pouco a sério demais, talvez os problemas acumulados até hoje por causa da minha ausência estivessem lhe pressionando.

— Muito bem!

Estalando os dedos, o Príncipe apontou com o indicador para mim.

— Kururi, há pessoas que você precisa encontrar agora.

— Tudo bem, vamos indo. Mas antes disso, posso perguntar uma coisa?

— O que é?

— Não tem problema se eu for carregando esse ovo?

— Particularmente não me importo. Hoje em dia, andar com um ovo não é considerado descortesia e, para dizer a verdade, Iris estava carregando o dela durante nossa cerimônia de casamento.

Ora, ora, vejam só.

— Me perdoe por aquilo, Iris. Se você quisesse, nós poderíamos ter casado só na semana seguinte.

— Não, não se incomode! Na verdade, fiquei tão feliz com o presente que você me deu naquele dia que eu só queria celebrar!

Só por essa troca pude entender que o relacionamento amoroso deles não era assim tão simples.

De qualquer forma, aposto que o príncipe comprou um monte de coisas caras para ela, só para ter tudo sendo rejeitado no final.

Hohoho, até consigo ver isso!

— De qualquer forma, vamos indo. A primeira pessoa que veremos será Toral Helan.

— Toral… Helan? Por Helan você quer dizer…?

— Exatamente. Estamos falando de seu pai e também o atual senhor de Helan.

Se não estou enganado esta pessoa tinha abandonado suas obrigações com o território. Mais importante, se ele estava na cidade, por que não tinha vindo me visitar até hoje!? Já faz três  longos dias que me hospedei aqui, não foi!? Me pergunto se há alguma razão para não ir voando me visitar.

Nesse momento, comecei a ficar ansioso.

Que tipo de pessoa era o meu pai?

— Toral está vivendo no Palácio.

Esse desnaturado mora aqui e não veio me ver ainda!

— Ei, o que o meu pai está fazendo no palácio? Na verdade, estou com um mal pressentimento sobre isso…

— Do que está falando? Tora é um homem extremamente confiável.

Enquanto me guiava até onde meu pai estava, o príncipe me contou as qualidades de meu pai com uma expressão séria.

Hã? Meu pai é esse tipo de cara? Sério?

Pouco tempo depois, chegamos até uma pequena porta.

— Seguindo o próprio desejo de Toral, ele tem trabalhado aqui.

— Que tipo de trabalho ele faz?

— Ah, é o pintor real.

Abrindo a porta, a imagem de um homem bonito e elegante surgiu de dentro do quarto, segurando um velho pincel em sua mão manchada de tinta, com diversas telas espalhadas pelo interior.

— Hm? Se não é o Príncipe Arc! Você tem negócios a tratar hoje? Em que posso serví-lo?

— De certa maneira, tenho. Veja, aqui. — O Príncipe aponta para mim.

O homem à nossa frente olhou para mim, deu um leve sorriso e levantou a mão.

— Ora, se não é meu filho Kururi. Já faz algum tempo.

…Só isso?

SÉRIO? NÃO VAI ME DIZER MAIS NADA?

 (Ei, príncipe. Tem alguma coisa errada com ele?) — Cochichei em segredo com o príncipe.

— (Ele nunca foi um cara normal para início de conversa.)

— Não esqueça de visitar sua mãe depois, filho.

Tá de brincadeira comigo!? É quase como só fizesse três dias desde a última vez que nos vimos! São três anos! TRÊS ANOS!

— Ele pode parecer assim, mas a verdade é que ele é um gênio sem igual na pintura. Ser capaz  de descobrir um talento assim na sua idade é algo realmente maravilhoso.

— Não, espera, mas e quanto ao território? Ele passou o tempo todo pintando aqui? Por que não vai ajudar agora que Helan está passando por problemas?

— Bem, o seu pai é esse tipo de pessoa. — O Príncipe colocou a mão no meu ombro como se entendesse muito bem como me sinto.

Que tipo de relação  o meu pai e eu tínhamos antes de perder as minhas memórias? Por hora, não faço a menor ideia.

— Foi ele quem pintou o quadro de Iris. Todos aqueles no mercado são cópias do trabalho de Toral.

— Eh? Incrível.

Não sei porque, mas tenho a impressão de que estou sendo enganado. Não tem como esse cara ser incrível, ele é um vagabundo! Estando a par com qualquer inválido!

— Toral, nós conversamos sobre isso no outro dia. Você se importaria de passar o seu título de Lorde e os direitos sobre as suas terras para seu filho, Kururi Helan?

— Sim, maravilhoso. Filho, se você planejar construir outra Fonte Termal, não esqueça de vir avisar seu pai. Eu adoraria tomar um banho nela.

Olha só a cara de felicidade que este homem está fazendo! É quase como se vivesse em um mundo completamente alheio ao nosso!

— Bem, assine aqui, por favor.

— Claro.

Usando o pincel que estava usando no quadro até agora a pouco, ele assinou os papéis entregues pelo príncipe. Pode ter sido apenas por um instante, mas meu pai assinou com tanta velocidade e técnica que não pude deixar de me sentir irritado por algum motivo.

— Muito obrigado. Com isso terminamos os nossos assuntos aqui. Ah, sim meu pai pediu para informar que ele o está convidando a se juntar a nós no jantar de hoje à noite.

— Assim como ontem, huh? Certamente, diga-lhe que estarei lá.

— Irei avisá-lo.

Curvando-se em cumprimento, o príncipe e eu saímos do quarto.

— Meu pai e eu temos um bom relacionamento. Tenho certeza de que no jantar de hoje conversaremos sobre muitas coisas interessantes.

Você tem um grande apreço pelo seu pai que governa este país? A sua vida deve ser muito mais fácil que a minha então. Cara, isso me deixa furioso!

— Kururi, espero que não esteja cansado ainda. O próximo lugar que vamos agora definitivamente será o melhor! Mas saiba que estou tentando desesperadamente esconder isso de Lahsa e dos outros, porque se descobrissem, tenho certeza de que iriam querer vir junto.

Isso quer dizer que é um lugar perigoso, não é?

— Não fique assustado, estarei lá com você.

Percebendo a preocupação em meu rosto, o príncipe decidiu tentar parecer legal para me tranquilizar. Vamos tentar aumentar minha opinião sobre ele só um pouquinho.

— Este lugar aqui é a sede da família Dartanel. O que iremos fazer agora poderá causar uma grande ofensa, mas é importante que procedermos com isso para o que virá a acontecer no futuro.

— Ah sim, aquela família que queria tomar o nosso território.

— Exatamente. Os Dartanels são excelentes em obter ganhos, mas a verdade é que todos eles, sem exceção, são burros.

— Vai ficar tudo bem? Depois daqui nós vamos ter que ir na Companhia GAP?

— Não se preocupe com isso. Nós já conseguimos o apoio de Toto Gap. Ele ficou extremamente contente que você seria o novo Lorde, porque assim poderá se concentrar apenas em desenvolver suas ervas. Esse é um bom amigo que você tem.

— Sim, totalmente.

Se não fosse pelas ervas medicinais que ele me deu, o Lahsa poderia ter acabado comigo na mesma hora.

— A família Dartanel está cheia de gente perigosa. Vamos com cuidado.

E pensar que nós dois viríamos sozinhos apesar disso… bem, não é como se eu não gostasse de uma boa briga.

Guiado pelo príncipe, cheguei em frente a uma enorme mansão no bairro dos nobres. Mesmo se comparada às mansões vizinhas, aquela a qual estávamos indo se destacava bastante. Para ter dois porteiros, me pergunto se ela seria muito cara.

— Avise ao Frregen que seus melhores amigos, Príncipe Arc Kudan e Kururi Helan chegaram.

Com um sorriso destemido no rosto, o príncipe se aproximou dos porteiros.

Ouvindo o nome completo de um membro da realeza, um dos porteiros congelou enquanto o outro saiu às pressas para dentro da mansão. Como se tivesse voltado a vida, o porteiro que ficou exalou profundamente e então abriu os portões para nós.

— O mestre o aguarda lá dentro.

Em completo contraste ao meu passo nervoso, o príncipe avançou pela propriedade dando passos sonoros e cheios de confiança.

Só pelo que podia ver do lado de fora, já me dava uma ideia de como era a decoração lá dentro e a limpeza era impecável, mostrando a dedicação que os servos tinham.

Tirando isso, uma coisa que me preocupava era que por onde quer que eu olhasse, tudo era feito de ouro. As janelas eram de ouro, as maçanetas eram de ouro e até no quadro de quem acredito ser o dono dessa casa, alguns dos dentes da pintura foram detalhados em ouro!

Tinha tanto ouro aqui que machucava os meus olhos.

— Esse é um mal gosto horrível, você não acha?

— Com certeza.

Quanto ouro é que a gente vai ter que ver antes de chegar na sala de visitas?

Quando finalmente entramos no quarto esperado, havia uma enorme mesa com um único cara sentado num canto, descansando os pés sobre ela.

Mas que falta de educação! Esse cara sabe como causar uma péssima primeira impressão.

— Príncipe Arc, nos conhecemos a tanto tempo e ainda assim parece que você está tentando fazer graça de mim?

O homem rapidamente quebrou o gelo.

Foi só por alguns instantes, mas percebi que os dentes da frente dele eram todos de ouro também, o que significa que o quadro não era só para chamar a atenção, mas para deixar uma imagem clara dele?

— Você mandou avisar que Kururi Helan estavam aqui também? Não me venha com historinhas, esse cara não morreu anos atrás?

— Fregen, por acaso você está com problema de visão ou algo assim?

Respondendo a pergunta do tal de Fregen, Arc apontou para mim.

A linha de visão dele finalmente foi para a minha direção e, como se as palavras do príncipe não fossem suficientes, ele correu até onde nós estávamos.

— Não… NÃO PODE SER! POR QUÊ ESTE CARA AINDA ESTÁ VIVO!?

Apesar de não parecer completamente convencido de que eu ainda estava vivo, seu rosto ficou pálido, como se tivesse visto a imagem do próprio diabo.

— AUUU! MEU ESTÔMAGO!

— Desde o dia em que você deu uma surra nele, Fregen sofre com dores agudas no estômago sempre que vê o seu rosto.

Como é que é? Que merda foi que eu fiz!?

— PARA DE RIR DA MINHA CARA! FALE LOGO QUE PORRA VEIO FAZER AQUI!? RÁAAAAAAAAAPIDO!!!

— É a respeito do território Helan. Você queria aquelas terras para si, mas agora um candidato muito melhor apareceu, então sua ambição agora é coisa do passado. Só para saber, essa questão já foi decidida em uma reunião parlamentar com o rei.

— BESTEIRA! ESSE CARA ESTÁ MORTO! ESTÁ MORTO! É UM IMPOSTOR! VOCÊ ESTÁ QUERENDO ARMAR PARA NÓS!? AAAAAAAAAUUU, MEU ESTÔMAGO!

Meu irmão, só de olhar para isso dói. Eu realmente lamento muito.

— Tenho um documento aqui comigo detalhando a sua desistência total de qualquer direito sobre o território. Vamos, assine.

O príncipe tirou um documento parecido com o que deu ao meu pai e o entregou nas mãos de Fregen, mas o clima na sala não era nada propício para este tipo de coisa.

— ASSINAR!? COMO SE EU FOSSE FAZER ISSO! AAAU!

Contrariando a sua declaração, a dor no estômago era tão forte que sua figura não parecia nada além de deplorável.

— Já que é assim, ficaremos na mansão até que o documento seja assinado. Você se importa com isso, Kururi?

— Claro que não. Na verdade, que horas vocês servem o jantar?

Arc e eu puxamos algumas cadeiras e nos acomodamos ao lado de Fregen na mesa.

Este lugar era irritantemente dourado, mas se levarmos em consideração o grau de limpeza, eu não me importaria de passar alguns dias ali.

— VÃO EMBORA DAQUI! VÃO EMBORA DAQUI! VÃO! VÃO! ME… MEU ESTÔMAGO!

— Não vamos a lugar algum.

— Qual vai ser o menu de hoje?

— ARRRRRRRRRRRRGGGGGGGGGGHHHHH!!!

No final, a nossa estratégia foi um completo sucesso conseguimos a assinatura dele em segurança e, no momento em que deixamos a sala, a dor de Fregen parecia ter sumido.

Que alegria é saber que as negociações terminaram de maneira benéfica para todos. E com isso, embora de maneira forçada, fui oficialmente apontado como o novo senhor do território Helan.

Bem, não é como se eu pudesse continuar me escorando no palácio para sempre.

Agora era hora de voltar para Helan!


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