Se der Ruim, Viro Ferreiro Japonesa

Tradução: Rudeus Greyrat

Revisão: Fefe & Ma-chan


Volume 1

Capítulo 20

*Perspectiva da Primeira Princesa, Maria*

— Nee-san, por que você ainda está aqui?

Me encontrando após um longo tempo, a face de meu irmãozinho, Lahsa, estava espantada enquanto ele gritava em voz alta.

— Por quê? Não é apenas natural que eu volte para casa às vezes? Mesmo que seja no Palácio Real da Capital Imperial, não?

— … Mas ambos, Nii-san e Aniki, saíram já faz duas ou três semanas. Por que Maria-neesan veio pra casa quando as aulas estão para começar?

Ambos, Nii-san e Aniki? Quem é Aniki? Quase respondi “Garoto, você está bem da cabeça?”, mas me contive. Me pergunto se as pessoas me acham estranha também.

— Eu estava esperando uma encomenda chegar, e como ela finalmente chegou, agora posso ir à escola.

— Uma encomenda?

Como resposta ao meu irmãozinho, abri e mostrei a caixa.

— Veja.

— Um colar? E não tem qualquer joia, apenas pedras. — Confuso, ele inclinou a sua cabeça. — Você está certo, isso não é uma gema, mas sim uma pedra com uma história interessante por trás dela. — Sorri para ele.

— Maria nee-san, de novo? Você tem adquirido inúmeros itens suspeitos e agora vem com mais um?

— Ei, nunca me envolvi com coisas suspeitas. Estes são artigos genuínos.

— Nee-san, você pode ser um gênio capaz de aprender qualquer coisa em pouco tempo, mas é bem ingênua quando se trata dessas coisas, sabia?

— Isso não é verdade!

Meu irmãozinho estava me encarando com um olhar suspeito.

— Então, que tipo de poder essa pedra supostamente possui?

Era apenas em momentos como esse que meu irmãozinho fofo parecia intimidante.

— Me foi dito que, se eu segurasse essa pedra, seria capaz de me deparar com eventos estranhos, como se guiados pelo destino.

O olhar de Lahsa se tornou mais frio.

— Eventos estranhos? Quer dizer, perigosos?

— Não se preocupe, sou a pessoa mais forte que conheço. — respondi orgulhosamente.

— Heh? Então está pronta para ser a última colocada na Academia por uma coisa dessas? Será que você não pode ser um pouco mais parecida com o Aniki, Nee-san?

— Hmph. Lahsa, você não está esquecendo de uma coisa?

— O que quer dizer, Nee-san?

— Que ainda há três dias até a cerimônia de abertura.

— Normalmente levaria uma semana para uma carruagem chegar até a escola. Você não está sendo muito descuidada?

— Não se preocupe com isso. Eu vou usar um dos cavalos treinados diretamente pelo mordomo-chefe. Eles não se cansam com facilidade.

— Não é com o cavalo que me preocupo…

— Oh?

Eu acariciei a cabeça de meu irmãozinho e dei uma piscada para ele.

— Eu sou a maior irmã do mundo, não se preocupe, nada irá acontecer.

— *Suspiro* … Por favor, não volte a fazer algo assim no futuro. Embora ache esse seu lado incrível, nee-san. Ao invés de um covarde como eu, uma pessoa cínica como nosso irmão é mais apropriada para ser o Rei deste país.

— Oh, você está falando sobre mim?!

As bochechas de Lahsa eram incríveis, veja como elas esticavam para os lados. Era para ser apenas uma brincadeira, mas ele realmente considerou isso como uma punição.

— Bem, acho que já está na hora de partir. Diga a nossa mãe que mandei um tchau a ela.

— Entendido, espere só um instante enquanto chamo os servos para—Ei! Nee-san?! Onde você está indo?!

 

◇◇◇

 

Antes que Lahsa pudesse dizer qualquer coisa, eu já havia passado pela porta, já que não queria ser atrasada pelos servos.

Descendo rapidamente pela estrada, o galope de meu cavalo favorito, Shiro-chan, ecoava afora enquanto mantinha o mínimo de comida e água em minha bolsa.

Da última vez, fui capaz de chegar à Academia em apenas três dias, mas, desta vez, iria tentar fazer isso em apenas dois e meio!

Na manhã em que saí do palácio, nenhuma alma podia ser vista na estrada. Em outras palavras… Trânsito zero! Sim. Esta era a melhor condição para uma cavalgada em alta velocidade! Provavelmente iria bater um novo recorde agora.

— Bom trabalho, Shiro-chan!

Shiro-chan, que não tinha sido capaz de correr à vontade por um longo tempo, parecia estar muito feliz.

— Com licença, pessoa no cavalo! Por favor, pare um instante!

Depois de cavalgar por um tempo, uma voz veio, de súbito, ao meu encontro. Quando me virei, um menino de 7 ou 8 anos de idade estava me chamando.

— Você precisa de algo, garotinho? Estou com um pouco de pressa aqui.

— Me-me desculpe por lhe chamar assim. — O menino parecia a ponto de chorar.

— Estou em uma jornada, mas não tenho como terminá-la à pé. Você tem como me emprestar o seu cavalo?

— Isso é um pedido bem irracional, sabia?

— Eu não tenho muito dinheiro, então, posso compensá-la de outra forma?

Hmm… O que fazer? — Não sei, por que não conta sua história?

— Minha avó irá morrer em breve, então eu queria poder dar seu bolo favorito antes que ela parta. Viajei até outra vila para comprar ele, mas em minha pressa acabei torcendo o tornozelo. Não posso chegar a tempo se continuar assim… *Hic* — O menino começou a chorar no meio de sua história.

Estas circunstâncias eram difíceis de se lidar, principalmente para uma criança, mas se eu entregasse o meu cavalo, não seria capaz de chegar na Academia a tempo.

— Não posso dar o meu cavalo. Esse é um pedido irracional.

— Sério? Entendo… Sou grato que você ao menos tenha parado, desejo-lhe uma boa viagem.

— Posso não ser capaz de entregar ele, mas nada me impede de te dar uma carona.

O rosto do menino ficou brilhante. É claro que não poderia simplesmente abandoná-lo. Bem, não iria poder quebrar meu recorde de velocidade, mas poderia fazer isso um outro dia.

 

◇◇◇

 

— Vovó! Eu trouxe o seu bolo favorito!

— Oh, muito obrigada, Jaro. Deve ter sido uma viagem dura.

— Não foi nada, vovó, faço qualquer coisa pela senhora.

— E-eu estou tão feliz. Minha vida foi boa e longa.

Sim, tinha sido difícil no começo, mas eu estava feliz em ter oferecido ajuda. Ela tinha um ótimo neto, então eu estava certa de que a vovó poderia descansar em paz.

— Parece que você tomou conta de meu filho e, por causa disso, poderemos desfrutar desses últimos momentos com minha mãe. Tome isso como agradecimento, me perdoe por não poder lhe dar nada extravagante.

Da mãe do menino, recebi um bracelete feito com contas de vidro e palavras de agradecimento. Para mim, isso não era muito, mas devia ser uma quantia considerável para um plebeu, então não poderia recusar um presente desses.

— Bem, preciso me apressar e ir para o meu próximo destino.

— Sim, tenha uma viagem segura. Nunca esquecerei do que você fez.

— Vamos, Shiro-chan!

Só teria tempo o bastante para chegar lá, o desvio me atrasou um pouco, mas ainda seria capaz, já que melhorei muito em cavalgar desde o último ano.

— Com licença! A pessoa montada no cavalo aí! — Pela segunda vez fui parada na estrada.

— Você precisa de algo? Estou com pressa.

— Oh, minhas desculpas, não é uma questão assim tão importante, mas…

Então não me pare!

— Poderia me mostrar o bracelete de vidro que está usando?

Isso? Mas é algo que você pode comprar sem gastar muito. — Entreguei o bracelete que estava em meu pulso direito.

— Oh, como imaginei. É igual ao que dei a minha esposa, estou me sentindo de certa forma nostálgico.

Me pergunto se a mulher que me deu é a esposa dele. Oh, bem, deve que é melhor não perguntar muito.

— De alguma forma, os sentimentos que eu tinha antes estão crescendo dentro de mim mais uma vez. Não possuía nada de valioso, mas havia amor. Nossos corações estavam entrelaçados e sabíamos que nada além disso importava. Nossos estômagos estavam vazios, mas nossos corações cheios. Eu era tão feliz naquela época.

— Sua esposa parece uma ótima pessoa.

— Era, mas nos separamos já faz um bom tempo. Aquela paixão fervorosa que tínhamos esfriou. Ela está indo embora em um navio e sinto que nunca mais nos veremos.

— Entendo…

De alguma forma, esta era uma história triste, mas foi bom ter ouvido.

— Queria vê-la novamente… Apenas por lembrar como me sentia… quero ver a minha preciosa Medea, mas o navio deverá partir em breve. Não há como chegar a tempo indo a pé. Eu trouxe tantos problemas a ela que penso ser justa a sua partida. —  lágrimas começaram a cair de seus olhos.

Me pergunto por quê? Hmm… Será que devo ajudá-lo? Ou deixá-lo? Argh, tanto faz! Vamos fazer isso!!! — Ei senhor, suba no cavalo! Vou te levar até o porto!

— Mas senhorita…

— Suba, AGORA!

— SIM!

 

◇◇◇

 

Um outro desvio até o porto…

— Medea, tenho algo para dizer!

— Já é tarde demais, nossa relação acabou há muito tempo.

— Não diga isso! Hoje eu vi um bracelete igual aquele que lhe dei há muitos anos e, no momento em que o vi, todos os sentimentos que eu tinha transbordaram em meu coração novamente.

— É assim mesmo? Isso é ótimo, mas eu preciso embarcar agora.

— Medea, por favor! Eu te imploro, não vá!

— … Me diga, o que é isso? —  Medea mostrou seu braço direito ao homem.

— Isso é… O bracelete que lhe dei há anos! Pensei que você já tinha se livrado dele!

— Como se eu fosse descartar algo assim.

— Medea….

— Querido…

O amor do casal foi restaurado, que bom que eu ajudei este senhor. Desejo aos dois muitos anos de felicidade!!!

— Muitíssimo obrigada por trazer meu marido até aqui. De agora em diante, irei cuidar para que nossa relação cresça ainda mais forte. Aqui, pegue essa chave de prata que eu estava indo trocar por dinheiro em outro país e tenha uma viagem segura. — Recebi uma misteriosa chave de prata.

Eu me pergunto, o que ela abria? Será que seria caro? Bem, contanto que o casal estivesse feliz, era isso que importava.

— Se me derem licença, estou com pressa aqui.

— Obrigado mais uma vez!

— Não há de quê! Vamos, Shiro-chan!

Demorou um tempo para perceber, mas Shiro parecia cansado de todos esses desvios, então não poderia continuar parando para as pessoas, pois eu tinha minha própria agenda a cumprir.

— Com licença! A pessoa no cavalo aí!

Ignore isso, ignore-o.

— Por favor, espere!

Me desculpe, mas estou com muita pressa.

O homem que me chamou saltou para o meio da estrada e eu quase não consegui parar a tempo. Ao invés de mim, acho que o Shiro-chan era quem estava mais frustrado por ter a sua corrida sendo interrompida a todo momento.

— O que foi isso?! O que houve de tão ruim para você se jogar na frente de um cavalo?!

— É algo da maior importância.

— Bem, mas dá para se apressar?!

— Claro, mas, primeiro, posso ver a coisa que você está segurando em sua mão?

Segurei firme a chave de prata que estava em minha mão.

— Assim como pensei, esta é a chave usada para selar o antigo Rei Vampiro que afligiu medo no coração de todos os homens. Desde a geração do meu bisavô, há mais de cem anos, a buscamos, e agora eu finalmente a encontrei.

— Você quer isso? Aqui está.

— Você vai me dar?! Devo ter muita sorte em tê-la encontrado! — Ao receber a chave, o homem caiu de joelhos e irrompeu em lágrimas. — Mãe, pai, avô, todos os meus antepassados, oh, como vocês me provocam! Para me permitir encontrar a chave que procuramos durante tanto tempo, mas não me dão tempo suficiente para chegar ao selo! Uma vez que o sol nasça no dia seguinte, já será tarde demais! Mas não há como chegar à caverna antiga andando! Descobrindo-a no último momento, apenas o que eu valho?! — O homem bateu a cabeça no chão e golpeou a sujeira com os punhos. — Por que, ancestrais?! Por quê?!

Por que eu tive que ouvir sua história?! Por quê?! — Eu não vou te levar…

— O que?

— Eu disse que não vou levá-lo !!

 

◇◇◇

 

— Para cumprir a única coisa que o Clã Earl jurou fazer, encontrar a chave para completar o selo…

— Com esta chave, o selo deve estar completo! Que seu terror nunca mais veja a luz do dia!

— Não! Minha ambição!! Não!!!! — com isso, o Rei Vampiro, ou qualquer outra coisa que seja, foi selado dentro da caverna.

— Oh, antepassados, o desejo da nossa família finalmente foi cumprido neste dia, que todas as suas almas possam descansar em paz!

Eu não chorei dessa vez. Teria sido melhor simplesmente o ignorar.

— Minha jornada já está acabada, então essa espada lendária não é mais necessária. Você a receberia como prova de minha boa vontade?

Eu realmente não precisava disso, mas o homem continuou olhando para mim com uma expressão grata.

A jornada de sua vida acabou, então como eu poderia não recebê-la? — Agora, se você me der licença, realmente estou com pressa.

— Oh, grande viajante, agora você é a benfeitora do país de Sonata, estaremos sempre em dívida.

— Isso é bom, vamos Shiro-chan!

Logo depois fui chamada por outra voz.

SERÁ QUE NÃO VAI PARAR?!!

 

◇◇◇

 

— Com licença! Alto lá, viajante!

Eu queria ignorá-los, mas sempre parava por reflexo. Isso era péssimo, estava ficando realmente cansada.

— Essa espada presa à sua cintura, não é a espada usada pelo homem sábio?

— Você precisa de uma carona para algum lugar?! Eu vou te levar até lá, então basta subir rápido!!!

— Na verdade sim.

— ONDE?!

— Academia Elenowar!

— … Bom, vamos lá.


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