Volume Único
Capítulo 9: Lago Biwa parte II
— Ei, eu também queria ir pescar! — disse Aki.
— E o que você quer pescar? — perguntou Sue.
— Uma baleia!
— Filho, não tem baleias em lagos…
— Então um polvo gigante?
Sue acenou negativamente com a cabeça.
— Ah, mas perolas vocês disseram que tem, certo?
— Isso tem… eu acho.
— VOU FICAR RICO! — Aki imediatamente correu para procurar conchas no lago, o que obviamente seria uma tarefa difícil.
Pouco tempo depois, para a surpresa da mãe, ele voltou animado, dizendo ter encontrado uma.
— … é uma pedra.
Aki jogou a pedra no chão, decepcionado, desistiu de procurar conchas, mas encontrou um novo objetivo: encontrar pedras preciosas. Dessa forma, Aki voltou a procurar.
— MÃE! Achei! É uma pedra preciosa, não é?
— … Agora, sim, é uma concha.
— Mas dessa cor?
— Sim.
— E tem pérolas?
— Muito difícil.
— Toma. — Aki entregou a concha para sua mãe e foi procurar outra coisa para fazer.
Aki, enquanto andava, se deparou com uma garota que parecia ter sua idade, cavando um buraco na areia, o que o deixou intrigado.
— Ei…
— Ah! Quem é você? Não é legal assustar as pessoas assim! — exclamou a garota.
— Eu sou Aki, o que você está fazendo? — disse ele, direto como de costume.
— Estou procurando uma entrada subterrânea para um tesouro escondido! ...Meu nome é Mie.
— Hm… Parece divertido, vou te ajudar! — Aki havia encontrado seu semelhante.
O som das pessoas se divertindo na costa podia ser ouvido de dentro do barco, onde Hiroshi e Sota pescavam, mesmo já estando longe, pois havia um silêncio total, que, com o tempo, se tornou insuportável para Sota, que tentou puxar assunto com Hiroshi.
— Então…
— Silêncio, vai espantar os peixes.
— Mas eu nem falei nada!
Ao se pronunciar, Hiroshi rapidamente ergueu a vara de pesca. Sota ouviu uma grande agitação na água a alguns metros de distância, mas não havia nada na linha de seu adversário.
— Viu só, espantou a carpa gigante que eu iria pescar.
— Ah que mentira... Quero dizer, tá bom. — Sota inicialmente pensou ser uma piada, porém logo depois viu um peixe enorme indo embora, envergonhado, ele aceitou se calar.
À medida que o tempo ia passando, Hiroshi acumulava vários peixes pequenos, enquanto Sota não pescava nenhum.
— Ah, qual é! Você é um ímã de peixes?
— Não.
— Qual é o segredo, então?
— Os peixes sentem sua ansiedade.
— Que mentira!
— Pesquei nove peixes, e você, nenhum, ache o que quiser.
Sota tentou pensar em uma resposta, mas, sem conseguir, jogou sua vara de pesca no lago novamente.
— Por que você é bom em tudo que faz?
— Eu não sou bom em tudo que faço.
— Ah, é? Fale de algo que é ruim, então.
— Estou tentando aprender a cozinhar, mas não consigo.
— Mas por que quer aprender algo tão inútil?
— Como assim inútil?
— Você é forte, pode mandar as pessoas cozinharem para você.
— Por que eu mandaria alguém cozinhar para mim?
— Você nunca fez isso? O livro estava mentindo para mim…
— Não sei que bobagens você tem lido, mas a única coisa que fiz foi treinar.
— Impossível, nem com 100 anos de treino alguém conseguiria fazer aquele movimento que você usou.
Hiroshi pescou mais um peixe e, enquanto colocava a isca no anzol, respondeu:
— Treinei todos os dias desde a minha infância até hoje. Se lutar é a única coisa que você consegue fazer, eventualmente se torna bom nisso.
— Por que você parece tão para baixo falando disso? Ser o forte em certas áreas é, sem dúvida, melhor do que ser uma pessoa meia boca em tudo.
— Mas você, sobretudo, deveria ter saber disso. A esgrima só procura destruir a vida de outras pessoas e trazer vingadores para si. O que há de bom nisso?
— Ei, sabia que recentemente descobri quem matou meu pai?
O rosto de Hiroshi ficou completamente sério, como se estivesse pronto para começar uma luta ali mesmo.
— Não, agora eu sei que não foi você, você só… Tsc! No final das contas, meu pai só morreu porque não era forte o bastante para defender a justiça que pregava. Se fosse forte, não teria morrido. Isso é mérito seu.
— Vai desistir de se vingar então?
— Não, vou ser forte o bastante para não perder nem para o cara que matou meu pai, nem para você!
— E o que você fará se ficar forte assim? Completar sua vingança? Eu já passei pela mesma situação, se vingar não traz prazer algum, você deveri-
— Não, não é nada disso, eu vou me tornar forte o suficiente para aplicar a justiça verdadeira. — Ele prosseguiu, quase cochichando, virando a face de vergonha. — E vou ganhar de você, para depois te perdoar completamente, assim como você fez comigo.
Hiroshi ficou em choque, então começou a rir, deixando Sota com um misto de ódio e vergonha.
— Ei, o que foi? O que eu disse foi vergonhoso demais? Argh, eu devia ter praticado melhor…
— Não, o que você falou é bom, mas, na verdade, eu nunca te poupei.
— O quê? O que quer dizer com isso?
E Hiroshi continuou pescando silenciosamente, mas com um olhar mais sereno.
— Será que… estou morto, na verdade? Esse é o pós-vida? Então fui para o inferno como você!?
— Pare de dizer coisas sem sentido, vai espantar os peixes.