Sakurai Brasileira

Autor(a): Pedro Suzuki


Volume Único

Capítulo 9: Lago Biwa parte II

— Ei, eu também queria ir pescar! — disse Aki. 

— E o que você quer pescar? — perguntou Sue. 

— Uma baleia! 

— Filho, não tem baleias em lagos… 

— Então um polvo gigante? 

Sue acenou negativamente com a cabeça. 

Ah, mas perolas vocês disseram que tem, certo? 

— Isso tem… eu acho. 

— VOU FICAR RICO! — Aki imediatamente correu para procurar conchas no lago, o que obviamente seria uma tarefa difícil. 

Pouco tempo depois, para a surpresa da mãe, ele voltou animado, dizendo ter encontrado uma. 

— … é uma pedra. 

Aki jogou a pedra no chão, decepcionado, desistiu de procurar conchas, mas encontrou um novo objetivo: encontrar pedras preciosas. Dessa forma, Aki voltou a procurar. 

— MÃE! Achei! É uma pedra preciosa, não é? 

— … Agora, sim, é uma concha. 

— Mas dessa cor? 

— Sim. 

— E tem pérolas? 

— Muito difícil. 

— Toma. — Aki entregou a concha para sua mãe e foi procurar outra coisa para fazer. 

Aki, enquanto andava, se deparou com uma garota que parecia ter sua idade, cavando um buraco na areia, o que o deixou intrigado. 

— Ei… 

Ah! Quem é você? Não é legal assustar as pessoas assim! — exclamou a garota. 

— Eu sou Aki, o que você está fazendo? — disse ele, direto como de costume. 

— Estou procurando uma entrada subterrânea para um tesouro escondido! ...Meu nome é Mie. 

— Hm… Parece divertido, vou te ajudar! — Aki havia encontrado seu semelhante. 

O som das pessoas se divertindo na costa podia ser ouvido de dentro do barco, onde Hiroshi e Sota pescavam, mesmo já estando longe, pois havia um silêncio total, que, com o tempo, se tornou insuportável para Sota, que tentou puxar assunto com Hiroshi. 

— Então… 

— Silêncio, vai espantar os peixes. 

— Mas eu nem falei nada! 

Ao se pronunciar, Hiroshi rapidamente ergueu a vara de pesca. Sota ouviu uma grande agitação na água a alguns metros de distância, mas não havia nada na linha de seu adversário. 

— Viu só, espantou a carpa gigante que eu iria pescar. 

— Ah que mentira... Quero dizer, tá bom. — Sota inicialmente pensou ser uma piada, porém logo depois viu um peixe enorme indo embora, envergonhado, ele aceitou se calar. 

À medida que o tempo ia passando, Hiroshi acumulava vários peixes pequenos, enquanto Sota não pescava nenhum. 

— Ah, qual é! Você é um ímã de peixes? 

— Não. 

— Qual é o segredo, então? 

— Os peixes sentem sua ansiedade. 

— Que mentira! 

— Pesquei nove peixes, e você, nenhum, ache o que quiser. 

Sota tentou pensar em uma resposta, mas, sem conseguir, jogou sua vara de pesca no lago novamente. 

— Por que você é bom em tudo que faz? 

— Eu não sou bom em tudo que faço. 

— Ah, é? Fale de algo que é ruim, então. 

— Estou tentando aprender a cozinhar, mas não consigo. 

— Mas por que quer aprender algo tão inútil? 

— Como assim inútil? 

— Você é forte, pode mandar as pessoas cozinharem para você. 

— Por que eu mandaria alguém cozinhar para mim? 

— Você nunca fez isso? O livro estava mentindo para mim… 

— Não sei que bobagens você tem lido, mas a única coisa que fiz foi treinar. 

— Impossível, nem com 100 anos de treino alguém conseguiria fazer aquele movimento que você usou. 

Hiroshi pescou mais um peixe e, enquanto colocava a isca no anzol, respondeu: 

— Treinei todos os dias desde a minha infância até hoje. Se lutar é a única coisa que você consegue fazer, eventualmente se torna bom nisso. 

— Por que você parece tão para baixo falando disso? Ser o forte em certas áreas é, sem dúvida, melhor do que ser uma pessoa meia boca em tudo. 

— Mas você, sobretudo, deveria ter saber disso. A esgrima só procura destruir a vida de outras pessoas e trazer vingadores para si. O que há de bom nisso? 

— Ei, sabia que recentemente descobri quem matou meu pai? 

O rosto de Hiroshi ficou completamente sério, como se estivesse pronto para começar uma luta ali mesmo. 

— Não, agora eu sei que não foi você, você só… Tsc! No final das contas, meu pai só morreu porque não era forte o bastante para defender a justiça que pregava. Se fosse forte, não teria morrido. Isso é mérito seu. 

— Vai desistir de se vingar então? 

— Não, vou ser forte o bastante para não perder nem para o cara que matou meu pai, nem para você! 

— E o que você fará se ficar forte assim? Completar sua vingança? Eu já passei pela mesma situação, se vingar não traz prazer algum, você deveri- 

— Não, não é nada disso, eu vou me tornar forte o suficiente para aplicar a justiça verdadeira. — Ele prosseguiu, quase cochichando, virando a face de vergonha. — E vou ganhar de você, para depois te perdoar completamente, assim como você fez comigo. 

Hiroshi ficou em choque, então começou a rir, deixando Sota com um misto de ódio e vergonha. 

— Ei, o que foi? O que eu disse foi vergonhoso demais? Argh, eu devia ter praticado melhor… 

— Não, o que você falou é bom, mas, na verdade, eu nunca te poupei. 

— O quê? O que quer dizer com isso? 

E Hiroshi continuou pescando silenciosamente, mas com um olhar mais sereno. 

— Será que… estou morto, na verdade? Esse é o pós-vida? Então fui para o inferno como você!? 

— Pare de dizer coisas sem sentido, vai espantar os peixes. 



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